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terça-feira, 30 de maio de 2006


2ºfeira, 29 de Maio de 2006

Arrelia!

A notícia vem escrita numa folha A4, meticulosamente dobrada em quatro, dentro da mochila junto com o equipamento. A notícia podia ser boa, mas não é.

Se até aqui julgava que nem os 350 km de viagem rigorosamente a meio da noite, a conduzir sozinha, depois de um dia bem preenchido e agitado, e as três escassas horas em que me seria possível dormir, me iam impedir de participar na Corrida das Festas Cidade do Porto no dia 18 de Junho próximo, hoje os meus planos caíram por terra ao ler aquela folha de papel.

Estar em dois lugares que se quer muito, em simultâneo, é simplesmente impossível. Não há força de vontade, loucura, energia ou versatilidade que alguma vez tenha alcançado tal proeza.

Por isso, inevitavelmente, prevalece o que mais pesa. E o que mais pesa não é a minha participação na Corrida das Festas, mas sim estar presente para a minha filha em momentos que se pretendem únicos e marcantes. E eu, assim a providência o permite, estarei presente, não ausente.

Por isso este ano, a par do ano passado, vou ficar por cá, embora em circunstâncias muito diferentes.

No ano passado desisti da minha participação em prol de uma ténue tentativa de desaparecer do planeta. Mas resisti eu e resistiu o planeta. Não desapareci e o planeta também não. E este ano cá estamos de novo os dois, espero é ainda continuar a estar, daqui por um ano, e a Corrida das Festas também, que eu ainda não a consegui fazer desde que a Runporto a organiza. Sou ainda do tempo em que esta distinta prova era organizada pelo Pedrosa. Era uma das melhores corridas que se realizava em Portugal (fins anos 90). Era a Corrida S.João. As garrafas de vinho do Porto com o rótulo alusivo à prova, foram guardadas com carinho, até ao dia que fui obrigada a deixá-las para trás assim como tanta e tanta coisa que se deixa pela vida fora… Não importa. O mais valioso tenho sempre comigo, onde quer que eu esteja, pois dentro de mim habita e o meu tesouro está aqui a dormir, como um anjo da guarda, que ainda os há.

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