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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Até me andava a "portar bem"...

Até me andava a "portar bem"... mas sou humana. Humana. Essa qualidade que nos torna absolutamente fascinantes. Com força de leão umas vezes e fraqueza de papel à chuva noutras.
Decidida a parar de engordar e até a perder algum peso, - problema que começa a tornar-se verdadeiramente preocupante até em termos de saúde física, a ver pelo contínuo e desmesurado aumento que constato cada vez que subo para a balança ou me visto e as peças de roupa que ainda me servem serem cada vez menos - lutei esta semana para conter uma gula irracional e emocional, mas a pressão, stress ou lá o que queiram chamar, a nível profissional e outros, venceram-me uma vez mais. A racionalidade abandona-me e de novo fica o corpo exposto às tremendas e assustadoras quantidades de comida, com que o enveneno diariamente a cada minuto.
Amanhã subirei para a balança e os estragos estarão à vista. De todos!
Sem promessas e sem treinos
Maria Sem Frio Nem Casa

terça-feira, 27 de abril de 2010

Estrangeirismos e Esta Mulher

A propósito do texto dos 70,1 Kg que escrevi há dias (embirro solenemente em chamar "post" , a uma coisa que é tudo menos um poste, para ler e escrever em português, ou "post" (Power On Self Test) - sequência de testes ao hardware de um computador, que não tem nada a ver com as mensagens deixadas num blogue, sítio na internet de fácil e rápida actualização, ou pior ainda chamar "postagem" ao que escrevo, o que só me faz lembrar pastagem, e aí sim, talvez a coisa não esteja assim tão longe do seu pretendido significado, pois afinal todos nós pastamos, nós que escrevemos e vomitamos ervas, folhas e flores, pastadas na planície, vales e montes da vida, e vós que leis, devorando e ingerindo, digerindo ou não o nosso vomitado mental)... Pois... "post" é também estas linhas aqui deixadas, dita o Estrangeirismo que Portugal tanto ama e aplica mesmo quando não seria necessário, em prol de um hipotético enriquecimento da língua. Esquecem-se é que se esquece a nossa, a língua, empobrecendo-a, mas pronto, isso é outro assunto que agora não me apetece desenvolver e provavelmente nem a vocês ler.

Ora dizia eu que a propósito do texto que escrevi intitulado 70,1 Kg, recebi 3 comentários:


do Miguel Paiva: "Corre mulher! bjs MPaiva"

de Anónimo: "Esta mulher já corre. O peso não é tão importante, mulher!"

do Kim: "Cara amiga eu tenho 93 Kg e vou estar na meia maratona do Douro. A correr... ;-)"


E dos três, embora igualmente apreciados e absorvidos como esponja que sou, sobre vinho tinto maduro (do bom, claro!), o que destaco é o do indivíduo de sexo indefinido, idade desconhecida, paradeiro e rosto misteriosos, assinado por anónimo, por uma simples razão, esse ser, sem rosto nem sexo nem idade, nem.... nada(?), diz uma verdade muito grande. Tão grande que parece que vive comigo, dentro do meu peito a ouvir o meu coração bater: "Esta mulher já corre." Porque sabe que batendo o coração da mulher, a mulher corre. Esta mulher!

E corre sim senhor! E o peso, é importante sim, mas não tão importante assim! Significará apenas, mais, ou menos comida para os vermes que nos hão-de devorar sob ou sobre a terra um dia destes. E eu, estou disposta a dar-lhes ossos, ossos, montes de ossos!

ESTA MULHER JÁ CORRE - Obrigada por me recordares Anónimo!


Pouco, devagar, com grande dificuldade, mas CORRE! Como o coração bate e enquanto bate, ela corre e correrá.


Correu
hoje durante 40 minutos, percorrendo a curta distância de 6530 metros, média de 6m08s / Km

Correr num sítio bonito, com luz do dia, com um sol a pensar em pôr-se mas ainda acha cedo para deitar-se, não é tudo, mas ajuda muito:

Nota1: Obrigada Mãe e obrigada Pai, que me salvarem de mim por esta noite, "obrigando-me" a ir correr.

Nota2: Miguel, vou correr sim senhor! Como vês, já fui! E tem continuação!

Nota3: Kim, mais pesada ou menos pesada, eu também vou estar na Meia do Douro Vinhateiro. A correr... espero :)

Nota4: a alimentação vai bem, com o propósito de perder peso (gordura) - o jantar de hoje:
Nota5: este prato é muito bonito, não acham? O prato mesmo! Era da minha bisavó materna e chegou a mim para meu deleite

Acabaram-se as notas... até as moedas...

Até... depois de amanhã, querido diário

domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril de 1974 - Portugal

Há datas que jamais me passarão ao lado... Para que não se esqueça...

25 de Abril de 1974

Tinha apenas 5 anos de idade, esta criança que fui... Memórias vagas, ainda assim recordo o medo dos adultos, o medo de falar, de pensar, de ser, e de eu não compreender. Lembro-me sim. Dos livros proibidos e das ideias interditas. Dos que eram "apanhados" pela PIDE, contado em conversas surdas, murmúrios em surdina, a medo, medo até que as paredes ouvissem, reforçando o medo, a resignação e silêncio.

Em certo dia houve uma revolução, contaram, o povo andava na rua, os militares derrubaram o governo, éramos livres agora, diziam. Contagiada pela alegria incompreendida, cantei a acompanhar o rádio em altos gritos, agora sem medo, sentada na soleira da porta enquanto a minha tia lavava roupa no tanque, cabelos presos por um lenço, e ela também cantava a "A Tourada", por Fernando Tordo, letra de Ary dos Santos, uma crítica aberta ao então regime fascista, agora em altos berros na rádio, sem medo, e eu cantava com os meus pulmões cheios de ar e de brio, com os meus tenros cinco anos de idade:




E dias depois, enchendo os pulmões e a alma com uma alegria que não compreendia na totalidade, cantei vezes e vezes sem conta, até hoje às vezes:



25 de Abril de 1974

"Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas.
As Forças Armadas portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal, para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderia conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo.”

"25 de Abril de 1974

Os acontecimentos deste dia revelam que o Movimento das Forças Armadas estava organizado e que era mais do que uma organização corporativista. Os militares da Revolução preconizaram um momento da História Portuguesa, com milhares de outros protagonistas anónimos.
Situações impossíveis apenas 24 horas antes, marcaram os derradeiros momentos do Estado Novo. Imaginemos o Terreiro do Paço entre as 8 e as 11 da manhã, o Largo do Carmo ao meio-dia, e, mesmo, a tensão vivida na António Maria Cardoso durante toda a tarde.
Foi a Revolução dos Cravos.

00:20
A Rádio Renascença transmite a canção "Grândola, Vila Morena",


de José Afonso, segundo sinal do MFA, para que os militares dessem início às operações previstas.
Grândola, Vila Morena, José Afonso, 1971
Zeca Afonso




03:00
Início do cumprimento das missões militares, de acordo com o "Plano Geral das Operações".
As principais forças do MFA são as seguintes:
• Regimento de Engenharia N.º 1 (RE1), Lisboa
• Escola Prática de Administração Militar (EPAM), Lisboa
• Batalhão de Caçadores N.º 5 (BC 5), Lisboa
• Regimento de Artilharia Ligeira N.º 1 (RAL1), Lisboa
• Carreira de Tiro da Serra da Carregueira (CTSC), Lisboa
• Regimento de Infantaria N.º 1 (RI1), Lisboa
• Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea e de Costa (CIAAC), Lisboa
• Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa (RAAF), Lisboa
• 10º Grupo de Comandos, Lisboa
• Escola Prática de Infantaria (EPI), Mafra
• Escola Prática de Cavalaria (EPC), Santarém
• Escola Prática de Artilharia (EPA), Vendas Novas
• Regimento de Cavalaria N.º 3 (RC3), Estremoz
• Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), Lamego
• Agrupamento do Norte
São consideradas forças inimigas:
• Guarda Nacional Republicana (GNR)
• Polícia de Segurança Pública (PSP)
• Direcção-Geral de Segurança (PIDE/DGS)
• Legião Portuguesa (LP)
• Regimento de Cavalaria N.º 7 (RC7)
• Regimento de Lanceiros N.º 2 (RL2)
Plano Geral das Operações de Otelo Saraiva de Carvalho


03:10
Principais movimentações das forças do MFA:
• Quartel General da Região Militar de Lisboa, ocupado por uma companhia do BC 5;
• Rádio Clube Português (RCP), defendida por outra companhia do BC 5 e ocupada pelo 10º Grupo de Comandos;
• Rádio Televisão Portuguesa (RTP), estúdios do Lumiar ocupados pela EPAM;
• Emissora Nacional, estúdios ocupados pelo CTSC;
• Posicionamento de uma bateria da EPA em Almada;
• A EPC dirige-se ao Terreiro do Paço;
• EPI sai para ocupar o Aeroporto de Lisboa;
• Companhias de Caçadores ocupam as antenas do RCP;
• 5º Grupo de Comandos sai de Tomar para intervir no RC 7;
• Força do RI 14 junta-se à da Figueira da Foz;
• Sai uma força da EPE de Tancos;
• O CIOE vai ocupar a sede da PIDE/DGS no Porto.


04:00
O BC 5 garante a segurança da residência do General Spínola.


04:20
O Rádio Clube Português transmite o primeiro comunicado do MFA. O Aeroporto de Lisboa é ocupado pela EPI.
Transmissão do primeiro comunicado do MFA emitido às 04:20 pelo Posto de Comando
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 04:20h


04:45
Transmissão do segundo comunicado do MFA.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 04:45h


05:15
O Aeródromo de Tires é ocupado é ocupado pelo CIAAC. Transmissão do terceiro comunicado do MFA.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 05:15h


05:45
A Escola Prática de Cavalaria ocupa o Terreiro do Paço. Transmissão do quarto comunicado do MFA.
O Terreiro do Paço ocupado no final da madrugada do dia 25 de Abril.
As tropas de oposição ao governo ocupam o Terreiro do Paço no final da madrugada do dia 25 de Abril.


06:00
A EPC cerca os ministérios, a Câmara Municipal de Lisboa, os acessos ao Governo Civil, o Banco de Portugal e a Rádio Marconi.
O Tenente de Inf. Nelson dos Santos, em frente ao Ministério do Exército, no Terreiro do Paço, aguarda com outros oficiais, para proceder à prisão das altas individualidades militares.


06:30
Chegada ao Terreiro do Paço de um pelotão do Regimento de Cavalaria 7, fiel ao Governo, comandado pelo Alferes Miliciano David e Silva que, após conversações, se coloca às ordens do MFA.


06:45
O Posto de Comando toma conhecimento de que Marcelo Caetano, Presidente do Conselho de Ministros, está no Quartel do Carmo.
Marcelo Caetano


07:00
O Agrupamento do Norte dirige-se ao Forte de Peniche, prisão da PIDE/DGS. O RAP 2 toma posição junto à ponte da Arrábida e a EPA junto ao Cristo Rei, em Almada. No Terreiro do Paço, oficiais da Polícia Militar e o Capitão Maltez da PSP, põem-se às ordens de Salgueiro Maia após conversações.
Os instruendos da Escola Prática de Cavalaria utilizam as carrinhas da PSP como protecção, ainda no Terreiro do Paço.
Capitão Salgueiro Maia, Tavares de Almeida e o Alferes Miliciano Maia Loureiro mandam descongestionar o trânsito no Terreiro do Paço, aos guardas da PSP, que entretanto se puseram à disposição da Escola Prática de Cavalaria.


07:30
Transmissão de outro comunicado do MFA. Chegada à Ribeira das Naus de nova força do RC 7, comandada pelo Tenente-Coronel Ferrand de Almeida.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 07:30h
Ao largo da praça do Município instruendos da EPC, pertencentes ao 5.º pelotão de atiradores esperam, as forças leais ao Governo.
Na praça do Município instruendos da EPC, pertencentes ao 5.º pelotão de atiradores esperam, de armas na mão, as forças leais ao Governo.


08:00
Uma força do Regimento de Lanceiros 2, contrária ao MFA, toma posição na Ribeira das Naus, em Lisboa. Prisão do Tenente-Coronel Ferrand de Almeida por Salgueiro Maia.
Ferrand de Almeida, Salgueiro Maia e o seu adjunto Assunção, são os protagonistas dos primeiros momentos de tensão, quando forças fiéis ao governo, progrediram do Cais do Sodré em direcção aos blindados da EPC.


08:30
Uma força da PSP chega ao Terreiro do Paço, mas nem tenta entrar em confronto com as tropas de Salgueiro Maia.
Capitão Salgueiro Maia, Tavares de Almeida e o Alferes Miliciano Maia Loureiro mandam descongestionar o trânsito no Terreiro do Paço, aos guardas da PSP, que entretanto se puseram à disposição da Escola Prática de Cavalaria.


09:00
A fragata "Gago Coutinho" - que integrava as forças da NATO em exercícios – toma posição frente ao Terreiro do Paço, recebendo ordens para disparar sobre as tropas de Maia, mas não chega a fazê-lo.
O dispositivo militar ocupa o Terreiro do Paço na madrugada do dia 25 de Abril e surpreende-se com a presença dos navios da Nato que já deviam ter-se feito ao largo para partirem no exercício "Dawn Patrol".


09:30
Os ministros da Defesa, da Informação e Turismo, do Exército e da Marinha, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o Governador Militar de Lisboa, o sub-secretário de Estado do Exército e o Almirante Henrique Tenreiro fogem por um buraco que abriram na parede do ministério do Exército e dirigem-se para o Regimento de Lanceiros 2, onde instalaram o Posto de Comando das forças leais ao Governo.
Buraco aberto na parede do ministério do Exército por onde fugiram vários ministros e o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, dirigindo-se para Posto de Comando das forças leais ao Governo.


09:35
Forças leais ao Governo, comandadas pelo Brigadeiro Junqueira dos Reis, chegam ao Terreiro do Paço.


10:00
Na Ribeira das Naus, o Alferes Miliciano Fernando Sottomayor, do RC 7, não obedece às ordens do Brigadeiro Junqueira dos Reis para disparar sobre Salgueiro Maia e as suas tropas, o que leva o Brigadeiro a dar ordem de prisão a Sottomayor e a ordenar aos soldados que disparassem. Tendo-se estes recusado também a disparar, Junqueira dos Reis dispara dois tiros para o ar, abandona o local e dirige-se para a rua do Arsenal.
Na Rua do Arsenal, tanques da Escola Prática de Cavalaria barram o caminho às forças fiéis ao Governo. Salgueiro Maia regressa ao Terreiro do Paço e em cima do carro de combate, reconhece-se o Alferes Cardoso, hoje Tenente-Coronel.


10:30
Rendição do Major Pato Anselmo, do RC 7 e transmissão de um novo comunicado do MFA.
Jaime Neves e Pato Anselmo entre outros, são os protagonistas dos primeiros momentos de tensão, quando forças fiéis ao governo, progrediram do Cais do Sodré em direcção aos blindados da EPC.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 10:30h


10:45
Na Rua do Arsenal, o Brigadeiro Junqueira dos Reis dá ordem de fogo sobre o Tenente Alfredo Assunção, que fora enviado por Salgueiro Maia para negociar com as forças de Junqueira dos Reis. Tendo sido, de novo, desobedecido pelos seus militares, acaba por dar três murros no Tenente Assunção.
Na Rua do Arsenal, tanques da Escola Prática de Cavalaria barram o caminho às forças fiéis ao Governo, uma parte recua sob o comando do Brigadeiro Reis e outra passa-se para o lado dos revoltosos.


11:30
O Posto de Comando envia uma coluna militar, comandada pelo Major Jaime Neves, para ocupar a Legião Portuguesa na Penha de França e uma coluna, comandada por Salgueiro Maia, para o Quartel do Carmo, onde se encontravam Marcelo Caetano, Rui Patrício, ministro dos Negócios Estrangeiros e Moreira Baptista, ministro da Informação e Turismo.
Salgueiro Maia comanda as forças da EPC que vão cercar o Quartel da GNR no Largo do Carmo, em Lisboa.
Salgueiro Maia atinge o Largo do Carmo. Em segundo plano o Capitão Tavares de Almeida e o Aspirante Laranjeira à civil.


11:45
O MFA informa o país, através do RCP, que domina a situação de Norte a Sul.
Foi cumprida a missão inicial: ocupar a Baixa de Lisboa.
Dono da situação, Salgueiro Maia reorganiza a força, que conta agora com carros de combate pertencentes às unidades até há pouco leais ao governo.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 11:45h


11:50
Os oficiais feitos prisioneiros no Terreiro do Paço são enviados para o Posto de Comando, na Pontinha.


12:00
Uma força do Regimento de Infantaria 1 tenta impedir o acesso da coluna da EPC ao Quartel do Carmo, mas Salgueiro Maia convence-os a juntarem-se às suas tropas.
Salgueiro Maia atinge o Largo do Carmo e manda ocupar as ruas envolventes e cerca o quartel.
Salgueiro Maia e o Tenente Santos Silva conversam com o Major Velasco da GNR, acompanhados dos homens das transmissões, no Largo do Carmo.


12:15
A coluna da EPC, comandada por Salgueiro Maia, chega ao Chiado pela Rua do Carmo, envolvida por uma multidão de apoiantes civis.
Capa do jornal A Capital do dia 25 de Abril de 1974
A confiança expressa desde a primeira hora pela multidão transmite-se aos soldados do Alferes Marcelino, Comandante do 1.º pelotão de atiradores.


12:30
As forças de Salgueiro Maia cercam o Largo do Carmo e recebem ordens do Posto de Comando para abrir fogo sobre o Quartel da GNR, para obter a rendição de Marcelo Caetano.
O dispositivo militar instala-se no Largo do Carmo.


12:45
A população distribui comida, leite e cigarros pelos militares presentes no Largo do Carmo. Forças da GNR tomam posição na retaguarda das tropas de Salgueiro Maia, em defesa do regime.


13:00
O Brigadeiro Junqueira dos Reis tenta cercar as forças de Salgueiro Maia com a ajuda da GNR, da Polícia de Choque e uma companhia do RI 1. Forças do RC 3 chegam à ponte sobre o Tejo e dirigem-se ao Largo do Carmo. É transmitido novo comunicado do MFA.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 13:00h


13:30
Um helicanhão sobrevoa o Largo do Carmo, provocando ansiedade entre militares e civis.


13:40
Forças do MFA ocupam a sede da Legião Portuguesa.


14:00
A companhia do Regimento de Infantaria 1 que apoiava Junqueira dos Reis, passa-se para o lado de Salgueiro Maia. Iniciam-se as conversações entre o General Spínola e Marcelo Caetano, para a obtenção da rendição do Presidente do Conselho, através de intermediários.
Capa do jornal Diário de Notícias do dia 25 de Abril de 1974


14:30
Transmissão novo comunicado do MFA, informando que estavam ocupados os principais objectivos. O esquadrão do RC 3, comandado pelo Capitão Ferreira, cerca as tropas do Brigadeiro Junqueira dos Reis.
Transmissão de um comunicado do MFA emitido às 14:30 pelo Posto de Comando
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 14:30h


15:00
Por ordem do Posto de Comando, Salgueiro Maia pega num megafone e faz um ultimato à GNR para que se renda, ameaçando rebentar com os portões do Quartel do Carmo. É transmitido novo comunicado do MFA.
Salgueiro Maia pega num megafone e dá ordens à GNR para que se renda, ameaçando com fogo sobre os portões do Quartel do Carmo.
Transmissão de um comunicado do MFA emitido às 15:00 pelo Posto de Comando
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 15:00h


15:15
Forças da EPA recebem ordens para libertar os militares presos no Forte da Trafaria, na sequência do 16 de Março.
A saída em falso do Reg. das Caldas da Rainha a 16 de Março de 1974, como reacção à demissão de Costa Gomes e de Spínola, constituiu o ensaio militar do dia 25 de Abril.


15:30
Disparos sobre a fachada do Quartel do Carmo, por ordem de Salgueiro Maia, o que obriga ao reinício das conversações para a rendição de Marcelo Caetano.
Disparos sobre a fachada do Quartel do Carmo, sob as ordens de Salgueiro Maia, obriga a população a refugiar-se.


16:15
Elementos da PIDE/DGS abrem fogo sobre a multidão que cerca a sua sede, na rua António Maria Cardoso, provocando um morto e vários feridos.
Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.
Forças de cavalaria, de infantaria e da marinha ocupam as entradas da rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.


16:25
Em consequência da não evolução das negociações para a rendição de Marcelo Caetano, Salgueiro Maia coloca um blindado frente ao Quartel e inicia a contagem para abrir fogo, quando é interrompido por Pedro Feytor-Pinto e Nuno Távora, da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, que se dizem portadores de uma mensagem do General Spínola para Marcelo Caetano. Salgueiro Maia autoriza a entrada no Quartel desses dois mensageiros.
Cartoon de Augusto Cid, no jornal República do dia 27 de Abril de 1974


16:30
Contactos telefónicos entre o Spínola, Marcelo Caetano e o Posto de Comando do MFA.


17:00
Salgueiro Maia entra no Quartel do Carmo e exige a rendição a Marcelo Caetano, que lhe responde que só se renderia a um Oficial-General para que o Poder não caísse na rua. O Posto de Comando mandata o General Spínola para ir receber a rendição de Marcelo Caetano ao Quartel do Carmo.
Os militares experimentam cada vez mais dificuldades para conterem a multidão que aguarda o carro em que se transporta o General Spínola.


17:30
Transmissão de outro comunicado do MFA.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 17:30h


18:00
Spínola chega ao Largo do Carmo e, acompanhado por Salgueiro Maia, entra no Quartel para dialogar com Marcelo Caetano.
Spínola chega ao Largo do Carmo completamente rodeado pela população em euforia.


18:20
Transmissão de novo comunicado do MFA.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 18:20h


18:30
A Chaimite Bula entra no Quartel do Carmo para transportar Marcelo Caetano à Pontinha.
Reportagem sobre a entrada da chaimite Bula no Quartel do Carmo
Aceite a rendição de Marcelo Caetano, iniciam-se os preparativos para o transporte até à Pontinha do chefe do Governo e respectivos ministros, que abandonam o local num blindado.


18:40
Declaração do MFA na RTP.


18:45
Decreto-Lei 171/74: extinção da PIDE/DGS, Legião Portuguesa e Mocidade Portuguesa.
Extinção da Direcção-Geral de Segurança, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa (Dec.-Lei 171/74 de 25 de Abril)
Destituição dos Dirigentes Fascistas (Lei 1/74 de 25 de Abril)
Cartoon de C. Brito, no jornal República do dia 10 de Maio de 1974


19:00
Marcelo Caetano e os ministros Rui Patrício e Moreira Baptista entram na Chaimite Bula.
Aceite a rendição de Marcelo Caetano, abrem-se os portões do quartel do Carmo e iniciam-se os preparativos para o transporte até à Pontinha do chefe do Governo e dos ministros, que abandonam o local num Chaimite de nome Bula.


19:30
Salgueiro Maia levanta o cerco ao Largo do Carmo e conduz Marcelo Caetano e os ministros ao Posto de Comando, na Chaimite Bula, literalmente envolvida por uma enorme multidão que grita "Vitória! Vitória! Vitória!". A população manifesta-se nas ruas de Lisboa, durante o percurso da “Bula” até ao Posto de Comando e, cerca de 20 minutos depois é emitido novo comunicado do MFA.
Aceite a rendição de Marcelo Caetano, iniciam-se os preparativos para o transporte do chefe do Governo e respectivos ministros. Um coro gigantesco de assobios e palavras de ordem acompanham a saída da coluna de passageiros.
Capa do jornal República do dia 25 de Abril de 1974
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 19:50h
Reportagem sobre a saída do Professor Marcelo Caetano do Quartel do Carmo e entrega do poder ao General Spínola


20:00
Transmissão da Proclamação do MFA através do RCP.
Proclamação do MFA, distribuído à Imprensa no dia 25 de Abril de 1974
Reportagem sobre a Proclamção do MFA


21:00
A Chaimite Bula chega ao Posto de Comando com Marcelo Caetano e os dois ministros, que ali ficam detidos até ao dia seguinte.
Elementos da PIDE/DGS disparam sobre a população que cerca a sua sede, causando 4 mortos e 45 feridos. Forças da Marinha juntam-se ao MFA, alcançando a rendição da PIDE/DGS.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 21:00h
Forças de cavalaria, de infantaria e da marinha ocupam as entradas da rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS.


22:00
Forças de paraquedistas chegam à prisão de Caxias, onde a PIDE/DGS ainda resiste. É transmitido novo comunicado do MFA.
Comunicado do MFA do dia 25 de Abril de 1974 às 22:00h


23:30
São promulgadas a destituição dos dirigentes fascistas (através da Lei 1/74) e a extinção da PIDE/DGS, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa.
Destituição dos Dirigentes Fascistas (Lei 1/74 de 25 de Abril)
Extinção da Direcção-Geral de Segurança, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa (Dec.-Lei 171/74 de 25 de Abril)"


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Pouco depois da Revolução de Abril, comecei a correr, quando o associativismo comunitário proliferava e se faziam coisas! Correr, proporcionar a corrida para todos, foi uma dessas coisas. Da qual beneficiei desde os seus primeiros tempos. Livre!



25 de Abril de 2010 - 36 anos depois da Revolução dos cravos


Um exemplo:

Somos livres... De pensar, de dizer, de ser... - dizem. É verdade. Somos livres...

Livres de dizer que o Estado nos rouba. Quando nos obriga a descontar mensalmente para a Segurança Social uma boa fatia dos nossos rendimentos, para depois quando necessitamos de cuidados de saúde, esperarmos quatro meses (quando não é mais) por uma consulta de saúde mental, sermos medicados com uma droga qualquer, à experiência, e mandarem-nos depressa dali para fora para lá voltarmos dali a outros quatro meses. E quando aviamos os medicamentos a comparticipação do estado vai de mínima a nula. Claro que a consulta custa "apenas" EUR 4,90, mas e o serviço? Vale menos que isso, garanto-vos! Corresponderá este apoio social de saúde ao que eu desconto mensalmente? A resposta não deixa espaço para dúvidas. A resposta é NÃO!

Livres... de dizer o que sentimos... De agirmos? Isso já é outra conversa...

25 de Abril SEMPRE, mas ainda há muito a fazer para nos podermos considerar livres.



O meu dia 25 de Abril de 2010

Não corri, não andei em manifestações, nem me exaltei com ninguém defendendo uma revolução com armas e de peito cheio, nem nada disso.

Olhei para o ponteiro do gasóleo do carro, e "livremente" não saí com ele. Está a entrar na reserva e ainda faltam uns dias para o fim do mês.

Não comprei pão nem fiambre. "Livremente" aguento-me assim até final do mês, com os restos que ainda há na despensa e no frigorífico, altura em que priveligiadamente receberei uma remuneração por um mês de trabalho, 40 horas por semana. "Livremente" tenho um trabalho remunerado, que me permite subsistir, e sinto-me completamente felizarda por isso. Uma sortuda da sociedade portuguesa!

Livremente não faço exercício físico hoje e livremente decido que o meu peso NÃO VAI SUBIR MAIS!


Esclarecimento: JAMAIS ponho em causa a importância do 25 Abril, do qual sou defensora a raiar o inflamado, Fascismo NUNCA MAIS! Não deixando no entanto de sentir um grande desalento e falta de esperança no regime actual, nos moldes em que temos vindo a ser governados... e questiono-me muitas vezes de que nos serve na prática a conquistada e hipotética Liberdade...

sábado, 24 de abril de 2010

70,1 Kg


"Ponho!" - replicou ela quando ele sugeriu que ninguém tinha nada com isso, com o peso dela, os problemas "ocos" dela...
"Mas para quê? As pessoas riem-se, vangloriam-se com o fracasso alheio . Para que te expões tanto?!"
"O facto de esconder não melhora nada nem faz as coisas desaparecerem! Pelo contrário! Quanto mais assumo perante os outros, estou cada vez mais consciente de mim própria, a assumir perante mim própria! Isso é que me importa! E preciso! Faz-me bem!Ponto final!"




24 de Abril de 2010. Peso-me e tenho 70,1 Kg, o mais alto peso que alguma vez tive.

Se fosse uma adolescente, ser-me-ia permitido dizer que não há saída, que o fim é mesmo esse, o já conhecido e inevitável. Absolutamente inevitável... E gritaria a pedir ajuda. A chamar a atenção ao mundo, indiferente, apenas curioso e ávido das desgraças alheias.

Mas eu sou uma mulher de 41 anos, mãe de filhos, já devia ter idade para ter juízo, e há coisas que me estão vedadas. Como se a completa disfunção no que ao comportamento alimentar diz respeito, apenas fosse direito adquirido de adolescentes mimadas.

Já não sou adolescente, há muito tempo, apesar de continuar a receber muitos mimos, felizmente.

O peso. o corpo. Uma preocupação aparentemente vã, fútil, frívola, absolutamente superficial... Tenho-a. Perfeitamente consciente que não é mais que uma consequência de outras, muito pouco
vãs, fúteis ou frívolas, e de uma profundidade assustadoramente esmagadora.

Até amanhã querido diário

terça-feira, 20 de abril de 2010

XXII Grande Prémio de Atletismo Moinho de Maré


Palavras...

Ainda há. Provas com inscrições gratuitas, sustentando e fazendo prevalecer o princípio da corrida para todos.

O Grande Prémio de Atletismo Moinho de Maré é uma dessas provas. De inscrições gratuitas.
Realizado no Miratejo, freguesia de Corroios, concelho do Seixal. Cidade dormitório da metrópole, de população maioritariamente oriunda das antigas colónias portuguesas, das ilhas da Madeira e Açores, e dos locais recônditos de Portugal, como a Beira Baixa e Alentejo, e ainda imigrantes de Leste e da Ásia.

E ontem, pela 22ª vez, realizou-se esta corrida. O XXII Grande Prémio de Atletismo Moinho de Maré, organizado pelo Clube Recreativo e Desportivo de Miratejo, com o apoio da Câmara Municipal do Seixal e Juntas de Freguesia do Concelho. Prova integrada no Troféu de Atletismo do Seixal.

Numa manhã chuvosa, não compareceram mais que escassas dezenas de atletas.

Entrega de dorsais e secretariado na sede do clube, e partida junto à mesma sob uma chuva miúda que se veio a transformar em intensa durante uma boa parte da prova.

Circuito de duas voltas perfazendo cerca de 6320 metros, bastante mais curto que o anunciado, com trânsito condicionado permitindo uma corrida em segurança com a devida boa prestação das forças policiais assim como o apoio constante dos Bombeiros Voluntários. Controlo por fitas, abastecimento de água a meio da prova, funil para a meta, água e tangerinas à chegada para todos, e taças e medalhas por classificação e escalão, e ainda por equipas.

Entrega de prémios de forma rápida, facilitada pelo número reduzido de atletas.

Uma prova rápida, com ligeiras subidas e descidas.

Sem grandes e muitas vezes excessivos aparatos, o XXII Grande Prémio de Atletismo Moinho de Maré foi uma prova simples mas a demonstrar uma organização eficaz, a quem não se pode apontar grandes defeitos sem cair num rigor de exigências, desproporcionado e descabido, para uma organização que garantiu perfeitamente as condições essenciais para proporcionar uma manhã de corrida a todos que se atreveram a desafiar a chuva e a participar, não tendo certamente saído dali desapontados, apesar de bem molhados.

Ana Pereira
19.04.2010

Fotos no site da Amma - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras

domingo, 18 de abril de 2010

XXII Grande Prémio de Atletismo Moinho de Maré

Hoje estive no XXII Grande Prémio de Atletismo Moinho de Maré e corri.

Corri 6,320 Km em 36m17s, média de 5m44s / Km

Algumas imagens

Momentos antes da partida:
Eu, a partir na cauda do pelotão, onde é o meu lugar_Durante a prova:
Praticamente a cortar a meta:
Os prémios por classificação num cenário muito próprio do Miratejo:

Depois de acabar a prova, com uma companheira de corrida:
Com a minha filha:A observar e a comer o prémio de presença: uma tangerina, rica, colorida e suculenta:
E com parte da minha equipa, Clube do Sargento da Armada, que conquistou um honroso 3º lugar, e o meu pai, António Melro Pereira, que mais uma vez fez uma boa reportagem fotográfica para a AMMA:
Mais fotos da prova, em AMMA Atletismo Magazine Modalidades Amadoras

Amanhã... palavras da prova, aqui, no sítio do costume.

sábado, 17 de abril de 2010

Recomeço? Outra vez?!

Estou mais gorda.
E depois?
Faltam 5 semanas para a Meia Maratona Douro Vinhateiro.
Sem treinos?
E depois?
Depois não vais conseguir!
Olha, vai p'ro ... olha, p'ráquele sítio que eu agora não me apetece ser malcriada.


Fracassar é não tentar com medo de fracassar.

Fracassar é repetir os mesmos erros infinitamente, como se estes não nos tivessem ensinado nada.

(Meia Maratona do Douro Vinhateiro... ainda vou a tempo? VOU SIM!)

Lezírias do Tejo - Vila Franca de Xira - sábado 17 de Abril de 1010, depois de um pé torcido, um pé curado, muito rabo no sofá e treinos zero, hoje ...
Capela da Senhora de Alcamé, Vla Franca de Xira
Fomos de carro até Vila Franca de Xira. Passamos a ponte para a margem sul. Parámos o carro nas Lezírias de Vila Franca de Xira. Estrada de terra batida.

- Amor? Vamos até aquela igreja!
- Vamos!
- Ou achas que é muito longe?
- Não é nada! Vamos!

Corri 13.450m em 1h32m. Lento pois claro! Mas do que estavam à espera?! No entanto ligeira, feliz e contente!

A Igreja

A Igreja era a Ermida de Nossa Senhora de Alcamé, que é uma capela da autoria de José Manuel de Carvalho e Negreiros, construída em meados do século XVIII, pelo 1º Patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida.

A ermida nasceu em 1746, para acolher agricultores em épocas de intempéries. Por isso está cerca de 2 metros acima da altura das águas do Tejo.

Hoje, a actual imagem da Senhora de Alcamé (uma reprodução) está presente na bênção dos animais e é emprestada pela vila vizinha de Samora Correia, sendo uma imagem em tamanho maior em relação à original (setecentista). Em 1999, a ermida foi alvo de um terrível saque, que destruiu o valiosíssimo retábulo e provocou o desaparecimento da imagem. Até então, a ermida mantinha as portas sempre abertas aos agricultores e campinos da região. Hoje, está de portas fechadas!

A Lenda da Senhora de Alcamé

por alunos do 3º e 4º anos da Escola E.B. 1 nr. 3 Vila Franca Xira (ano lectivo 2002-2003)

"Um dia apareceu ali uma cobra pequenina e um deles tirava o leite das vacas e repartia-o com a cobra, e então começou a chamá-la por meio de um assobio.

Assobiava e a cobra vinha e ele dava-lhe leite. Isto aconteceu durante muito tempo.

Um dia, o pastor foi-se embora para outras terras onde viveu muito tempo. Passados anos, voltou a passar pelo lugar onde pastava o gado, e lembrou-se da cobra. Resolveu assobiar e ela apareceu. Mas quando apareceu, era uma cobra muito grande e valente e começou a andar à sua volta.

Como não tinha leite para lhe dar a cobra atirou-se a ele.

Neste momento ele gritou com quanta força tinha:

- “Valha-me Nossa Senhora”.

Foi então que lhe apareceu Nossa Senhora, que atirou com uma maça à boca da cobra e lhe pós um pé em cima. A cobra parou e já não atacou o homem, salvou-o.

Em homenagem a Nossa Senhora que salvou o homem, construiu-se a capela da Senhora de Alcamé em plena Lezíria onde todos os anos se faz uma romaria."

Alunos do 3º e 4º anos – Professora Rosa Cândido


Até amanhã querido diário, tenho de ir dormir que amanhã há PROVA - XXII Grande Prémio de Atletismo Moinho de Maré !!!!

Beijos e abraços a quem por aqui passou e até aqui leu! Os outros, não saberão o que perderam!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

4 anos da Maria Sem Frio Nem Casa

14 de Abril de 2006 - 14 de Abril de 2010

Faz hoje anos a Maria Sem Frio Nem Casa. Quatro anos. Em homenagem à sua filha mais velha, que adora o Calvin e Hobbes, ela deixa aqui um postal de Parabéns, como se por existirmos, um dia mais, um ano mais, nos fizesse merecer os Parabéns...
Quatro anos. Lembra-se bem da primeira noite. As palavras caem no papel, quase tão actuais como hoje. A solidão é pouco mais que uma lembrança, embrulhada em nevoeiro, bem longe da sua vida hoje. Já os caminhos estão sempre aí. Permanentes e constantes. À espera de serem escolhidos, ou como serra, terreno bravio de mato e pedras, à espera de serem talhados, desbravados, transformados em caminhos de alguém. É essa a dificuldade e o encanto da Vida. Escolher o caminho e fazê-lo a partir do nada ou de tudo o que temos dentro de nós. E degustá-lo vagarosa ou avidamente em cada passo, pequenino ou de gigante. A dez ou a trezentos à hora. Às vezes tão assustadoramente igual... que continuamos sem saber o caminho para casa, para a casa que a Maria não tem...

domingo, 4 de abril de 2010

23º Grande Prémio de Páscoa - Constância

Correr em Constância

O 23º Grande Prémio de Páscoa - 3 de Abril de 2010
Adicionar imagemNão tenho dados, números ou nomes de atletas vencedores. Nem os procuro saber. Bastam-me os nomes dos meus amigos. Por favor permitam-me ser egoísta e egocêntrica por uma vez (ou mais uma vez?), e apenas falar de mim. EU!

Correr em Constância passou a ser para mim, correr com Ana Paula Pinto. Correr em Constância é correr pela Margaret, menina bonita que não conheci e que viveu e morreu com Cancro numa idade em que ninguém devia morrer (24 anos) - Agosto 2007. Deixou a mãe, o irmão, e restantes familiares e amigos. Era amiga da minha filha, logo, minha amiga. Deixou a vida, deixou o mundo.

Despedi-me dela na igreja de Constância, com um beijo no seu rosto frio, ao lado de sua mãe, no alto do cemitério, de onde se avista o Zêzere a morrer no Tejo, para afinal não desaparecer mas antes, engrandecer esse outro rio, o Tejo, majestoso como o conheço tão bem, em Lisboa, onde por sua vez desaparece para engrandecer o Mar.

Assim Margaret não desapareceu. Vive no coração dos que a amaram, marcou mundo e meio segundo os que a conheceram. Eu não. Não tive esse privilégio. Leio-a apenas pela boca da mãe e gosto dela. Gosto. Mesmo sem a ter conhecido. E enquanto a Paula quiser, e eu puder, estarei em Constância a correr pela Margaret.

E não quero saber de tempos, marcas e médias. Nem sequer de organizações e entidades e dorsais, inscrições, segurança, etc e tal. Quero só correr. Ao lado da Paula. Correr com ela. Por uma razão dela. É-me suficiente.

Não me importa as contrariedades que venço para ir correr, nem a culpa que sinto por ser eu, apenas eu...

Corro, e talvez por tudo isto e muito mais, chego à meta e molhada da cabeça aos pés, quando a água já escorre pelo cabelo e me pinga pelo pescoço abaixo, sinto vontade de chorar e de não parar, de ir "assim", a correr, caminho fora, até casa, mesmo que lá não chegue, ou propositadamente eu não queira lá chegar. Apenas correr. Ir e não chegar. Foi o que senti e dei a mão à Paula e ao Adelino, assim como ao António, que cortam a meta comigo e eu com eles. Cada um com um mundo dentro de si. A passar ou não pelas nossas mãos dadas.

...... / .....

Praticamente uma hora antes, na molhada da partida, pega-me nas mãos e diz-me que me quer apenas dizer que gosta do que escrevo, que eu continue. Conheço-o de vista, não lhe sei o nome nem isso importa. Já não sei o que importa. Apenas o momento. Cada momento da nossa vida é o que importa. Gostei daquele.

Cada palavra que dou à luz, é o momento que vivo, que me alegra e apraz. Por isso continuo.

Depois da prova, depois do banho, enquanto almoçamos, olho-os através de uma vitrina, distante. Amigos e conhecidos. Familiares e a minha própria vida. A desfilar à minha frente. Risos, gargalhadas, conversas, afagos, novos e velhos conhecimentos, amizades a nascer, a solidificar, a desaparecer também... Distante, olho-os e fujo dali. Que me desculpem todos... que o que me apetece é partir...

............. / ................

Escreveu e de imediato apagou. A borracha espalmada contra o papel, friccionada violentamente para um lado e para o outro sobre as palavras acabadas de escrever, deixando aparas de borracha sobre o próprio papel e a mesa, que ela sacode com a mão para o chão, a deixar o papel arranhado, irregular, áspero, onde antes estavam as palavras inicialmente escritas sobre um papel liso e macio, suave, e onde ela coloca de novo o bico do lápis e recomeça a escrever exactamente as mesmas palavras. Indiferente ao mundo... ela...é ela. Egocêntrica e egoísta. E escreve, com a gana de quem ralha ou grita. Em silêncio, ela pega no lápis e escreve.


Imagens:

Poucos metros depois da partida, (partimos bem do fim como se vê):
Já no retorno:
E a correr para a Meta, como se a meta fosse a "meta" para estes seres molhados, de camisola agarrada ao peito onde dois olhos vivos de menina bonita se expressam e emanam luz:Corremos 10 km, em 59:36, média de 5:55 o Km

Mais fotos no site da AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras, de autoria de meu pai, que participou na Caminhada, e à chuva fez a sua "reportagem":
Mais fotos da Isabel Almeida que caminhando fez também a sua "reportagem" fotográfica", enquanto acompanha o seu companheiro de vida, por essas corridas fora, António Almeida:
Mais fotos de Joaquim Adelino, o Pára que não pára, que correndo, fez a sua "reportagem" fotográfica" que se pode ver aqui no seu Album Picasa:Classificações - ver link

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A minha semana de férias, ou A Semana "Santa"

2ª feira, 30 de Março de 2010, depois de Fernão Ferro, quis ir treinar. E fui.

Tinha tempo. Queria correr muito. Muito tempo. Todo o tempo que tinha! Pelo menos doze ou catorze quilómetros, mas se conseguisse dezasseis melhor, pensava, tendo em mente a tal Meia que pretendo fazer, a do Douro Vinhateiro, a 23 de Maio.

No entanto, o esforço da prova da véspera fez-se sentir. Mata dentro e quando retorno ao sexto quilómetro e levo com o vento de frente, não pude mais. Dei tréguas ao cansaço que sentia desde o início do treino, e parei o cronómetro, quando este marcava 43m27s para 6,470 Km
Caminho o percurso de volta todo, pensando que o melhor era tirar a ideia da Meia da cabeça etc e tal. Mas claro, sei que o esforço a que não estou habituada estava lá e se fez sentir. Só isso. Há que recuperar e insistir, dando tempo à recuperação, e não querer passar dos zero aos cem como um Ferrari que não sou. Há que dar tempo ao tempo e ir correndo, sem esperar voltar a ser o que era de um dia para o outro. Recuperar leva o seu tempo e assim, fui deixando correr os dias das minhas férias, fui-me divertindo até...até... ir muito bem a caminhar calmamente e simplesmente, torcer um tornozelo e cair de ventas no chão a segurar uma máquina fotográfica que não larguei, perante o olhar incrédulo e indiferente dos que me rodeavam.
Muito gelo, creme anti-inflamatório, divertimento o possível e descanso...
e hoje, 6ª feira, de meia-elástica e pé negro como breu, vou de novo testar o pé. Corro a medo, e não é que não me dói praticamente nada apesar do inchaço e da coloração? Muito devagar primeiro e um pouco menos depois, corri 5,460 Km em 37m29s.

Nada de especial dirão. Nada de especial para vós. Para mim foi muito bom. Sinal que o pé está a recuperar e não me impede de voltar a dar continuidade aos treinos!E assim se acaba a minha semana de férias e amanhã há Constância!!

Beijinhos e abraços e Boa Páscoa!