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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Grande Prémio Fim da Europa - Uma linda aquarela colorida, para durar

Ouçam... "Aquarela" - Toquinho

E façamos durar colorida esta Aquarela que foi o Grande Prémio Fim da Europa 2008

Em 2009 lá estarei para de novo dar e dessa forma trazer, cor para a minha vida

19º Grande Prémio Fim da Europa – 27 de Janeiro de 2008

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Pela décima nona vez se realizou este mítico e verdadeiro Prémio que promete levar-nos ao fim. Da Europa.

Levado a cabo pela Câmara Municipal de Sintra conjuntamente com o Sport União Colarense, com o apoio da Xistarca, pela décima nona vez se realizou este Prémio que promete levar-nos ao fim. Da Europa, mais precisamente. Para além da prova principal de 17 Km, em simultâneo realiza-se também uma prova de Cicloturismo e uma Mini corrida acessível a todos.

Partindo-se de Sintra, onde cheira a bolos quentes adocicando-nos os sentidos, se levantam os dorsais, e se pode entregar saco com pertences à organização que o fará chegar à meta, inicia-se a travessia da serra num ascendente ziguezaguear colorido por entre o verde pelos equipamentos dos atletas, delineando o caminho a percorrer.

O objectivo é chegar ao Cabo da Roca, ponto mais ocidental da Europa – Latitude 38º 47’ Norte, longitude 9º 30’ Oeste. Já o poeta o disse de outra forma: “onde a terra se acaba e o mar começa”, e podemos nós atletas dizer que vamos a correr até à meta lá ao pé do mar, e afinal estamos todos a dizer a mesma coisa.

O carrossel desce também. E volta a subir. E o verde a envolver-nos. Olhamos os trilhos de terra perpendiculares ao nosso caminho, desejosos de neles penetrar, mas teremos de os guardar para outras corridas. Agora é seguir pelo asfalto. Lentamente, como só nos é permitido. A estrada levar-nos-á lá. Até ao fim.

Mais do que um ponto de abastecimento durante o percurso, estrategicamente colocados para que o folêgo das subidas não nos impedisse de beber. E precisávamos, pois estava um dia bonito e solarengo, quente para um dia de Janeiro, em contraste com a edição de 2007 que nos brindou com neve durante a prova.

Só verde. E melros. E outros bichos talvez escondidos. E nós. Veículos motorizados não foram daquele mundo naquela hora.

Atravessa-se uma estrada (nacional talvez) de forma perfeitamente segura pelas autoridades competentes, e uma cortina se rasga e o verde fica para trás para dar lugar ao mar lá ao fundo, chamando-nos. E o Farol. O farol do Cabo da Roca, a funcionar desde 1772, sendo o terceiro mais antigo em Portugal e mesmo o primeiro a ser construído de raiz no nosso país, visto os outros terem sido instalados em construções já existentes.

E o Farol chama-nos. Cada vez com mais força. E alargando o passo, numa descida contínua, a ele chegamos. Os fotógrafos da AMMA aguardam-nos, registando momentos únicos como todos o são as nossas corridas.

Cortamos a meta e a par do ano passado uma espaçosa tenda com bebidas, das quais destaco o chá, e vários tipos de biscoitos e bolos, são-nos oferecidos e servidos amavelmente.

Devolvemos o ship, alongamos e este ano não precisamos abrigar-nos na tenda. Cá fora o sol aguarda-nos assim como os vários autocarros disponibilizados para nos trazer ao ponto de partida, depois de termos resgatado o nosso saco com roupa seca.

Uma medalha, uma t-shirt, e um espectacular CD da Real Companhia são os prémios de presença que destaco.

Uma prova bastante bem conseguida, e sem dúvida a repetir ou a experimentar. Ah, e tudo isto por EUR 2,5.

De regresso ao carro, ouço o Cd e “Aquarela” não me sai do ouvido. E Sintra, o Cabo da Roca e o Grande Prémio Fim da Europa são uma aquarela linda, como esta, que não resisto a transcrever:

“Aquarela”

Numa folha qualquer eu desenho um Sol amarelo

E com cinco ou seis rectas é fácil fazer um castelo

Com o lápis em torno da mão e me dou uma luva

E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel

Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu

Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul

Vou com ela viajando Havai, Pequim e Istambul

Pinto um barco à vela branco navegando,

É tanto o céu e mar num beijo azul

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grenat

Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar

Basta imaginar e ele está partindo sereno e lindo

Se a gente quiser ele vai pousar.


Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida

Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida

De uma América à outra eu consigo passar num segundo

Giro um simples compasso e num círculo eu faço o Mundo


Um menino caminha e caminhando chega ao muro

E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar

Não tem tempo, nem piedade nem tem hora de chegar

Sem pedir licença muda a nossa vida

E depois convida a rir ou chorar


Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá

O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar


Vamos todos numa linda passarela

De uma aquarela que um dia em fim...descolorirá

Numa folha qualquer

Eu desenho um Sol amarelo (que descolorirá)

E com cinco ou seis rectas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)

Giro um simples compasso

Num círculo eu faço o mundo (que descolorirá)”

(Toquinho/Vinícius de Moraes/G.Moura/M.Fabrizio)

E naquela manhã o Grande Prémio Fim da Europa foi aquarela colorida para todos os que a correram e só dessa forma especial a sentiram, dando-lhe pinceladas de cor, de todas as cores, contribuído para uma verdadeira e bela e nova obra, digna de se ver, que se quer repetir por muitos e bons anos.

domingo, 27 de janeiro de 2008

19º Grande Prémio Fim da Europa

Estive lá! Corri! Mas ainda não escrevi...

Fotos da prova em:

http://www.ammamagazine.com/

Resultados em:

http://www.revistaatletismo.com/Resultados/GERAL_fimeuropa08.txt

A minha prova em imagens (algumas):






Fotos de Carlos Viana Rodrigues e de José Gaspar. Para eles os meus agradecimentos.
"Só" fiz mais 10 minutos que no ano passado, ou seja, cortei a meta com 1h38m. Bonito! Está bonito está!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Quando o rei faz anos

Não. Não foi por hoje o rei fazer anos (mas sim porque faço anos eu hoje), que me dei ao luxo de treinar a uma quinta-feira, dia da semana completamente útil, às nove da manhã, ao sol fresquinho e tímido, sem coragem de derreter a geada da noite cobrindo as ervas e a relva do Parque da Paz ainda meio adormecido, mas já rodeado de filas intermináveis de automóveis que diariamente fazem parte do inferno de se viver na vaidosa cidade, que pretensiosa finge ser mais que a aldeia parola, mas que afinal está cheia deles, de parolos dessa aldeia que é o resto de Portugal, e eu, cada vez mais ambiciono voltar à aldeia. Talvez a parola seja eu.

O Parque da Paz, em Almada, é paraíso no meio do bulício, é paz no meio da guerra, chegando-nos ainda o respirar do urbanismo à sua volta, mas satisfatoriamente longe. Se nos conseguirmos abstrair, estamos connosco. Preferimos os melros, os cisnes, os patos, os pardais, o lago, as giestas, os medronheiros, a terra molhada, os pinheiros e as raízes, um conjunto de coisas da natureza que exalam odores que inalamos com deleite.

Um treino calminho, embora a porra das subidas (ligeiras comparadas com o que me espera domingo) me deixassem sem fôlego e de rabo e pernas pesados que nem chumbo.

Mas, com a minha amiga Paula, a coisa fez-se muito bem!

É mágico o Parque da Paz. É mágica a Paula. E lá, com ela, torno-me eu um bocadinho mágica também e sem saber como, corremos em plano, subimos, descemos, repetimos os passos vezes sem conta, e acabamos com 1h38m! Isso mesmo: uma hora e trinta e oito minutos.



A Alma das coisas – Acreditar, Acreditar sempre!

As pessoas que amamos e que nos amam nunca partem completamente, nunca nos abandonam, nem sequer quando morrem. Ficam em pedaços nos corações de quem as ama e que elas amaram, e se as amamos com todo o nosso coração, conseguimos preservá-las inteiras, e senti-las!

Obrigada Paula pelo presente que foi este treino no dia dos meus anos (presente que não se vê e que não consigo traduzir em letras que formem palavras suficientemente claras para se encaixarem umas nas outras, formando frases que digam o eu sinto). Deixo as palavras e só sinto. Obrigada.


As prendas de maior valor: Nota: para os curiosos, aqui a senhora não se importa nada de dizer que atinge hoje a bonita idade de 39 anos, pois nasceu no ano de 1969, aquele em que o homem pisou o solo lunar pela 1ª vez

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Não me tinha prometido que esta semana me ia mexer? Ai pois prometi!

E se ontem nada fiz (salvo seja), já hoje foi:
1 hora contínua de Ginástica Aeróbica+Localizada+alongamentos: muitos e bons!

E se à mesa me tenho portado bem (não, não passei a comer no sofá ou noutra peça de mobiliário da casa), o pior é este ratinho que praticamente de 3 em 3 horas (quando não é antes!) me aparece no estômago.
Pois, eu sei que não se deve “passar fome” nem estar muitas horas sem comer. Eu sei. Eu sei que se reduzirmos demasiado a ingestão de calorias com a intenção de emagrecer, o nosso organismo reage precisamente ao contrário do que queremos, e como defesa e precaução – não vá o combustível deixar de entrar! – reduz o metabolismo ao mínimo para poupar as reservas que tem – a gordura que envolve músculos e órgãos e se deposita por todo o lado, desta forma dificultando o emagrecimento. Para se evitar essa reacção do organismo, deve ser-lhe assegurado sempre comida (calorias) em quantidade suficiente para o metabolismo base (respiração, movimentos cardíacos, funcionamento dos rins, e tantos outros que esta máquina maravilhosa faz) se efectuar sem problemas. Claro, depois falta a parte da qualidade, mas já estou um bocado cansada para falar disso agora.

Voltando ao ratinho no estômago… Garanto que dou cabo dele! Nem que seja com estricnina!

Estou a brincar. A fome é um sinal do nosso corpo, e é bom e saudável senti-la!
(hummm... desde que haja comida na despensa e/ou frigorífico, e massa na carteira para a comprar, claro!)


Até amanhã

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O sino da minha aldeia

O sino da minha aldeia(*) dá as seis badaladas. Hora de largar a labuta que trará o pão no final do mês às formigas que alimentam e suam a cidade, tornando-a viva no seu frenesim de ir e vir carregando para o formigueiro. Descem a calçada já húmida da noite que entra, dando outro cenário e outras personagens ao palco da capital.

Apanha o barco, atravessa o rio e passa… para a outra margem. A sul. Vai para a fila do autocarro. Apanha-o. Desce na sua paragem. Olha o relógio. Já não passa pelo minimercado para comprar pão e leite, que faltam em casa, mas ainda chegam para amanhã.

Vai a casa e a correr muda de roupa e calça os ténis. Antes de sair, apanha a roupa estendida no arame e mete-a no secador, já que a partir de agora, só humidade da noite apanhará. Tira um bife do congelador para quando voltarem, enche uma garrafa de água, coloca uma toalha ao ombro, veste o colete reflector e entra no carro. Vai para o local de treino. Um local qualquer na margem sul. Pára no caminho pois tem de pôr combustível no carro. Paga. Segue viagem até ao local escolhido e possível.

Breves alongamentos e são 19:40 Hrs. Dá início ao treino. A correr, corre no único tempo que lhe resta: 40 minutos. Rápido. Respiração ofegante. Dói-lhe o tórax, dói-lhe tudo: pulmões, esófago, diafragma, fígado, ela sabe lá! Deve ser do ar frio. Não se sente pesada, ESTÁ pesada. E custa-lhe respirar. E corre. Quer despachar-se! Tem a filha a sair da aula de patinagem, que podia ser de outra coisa qualquer, e corre, e ainda bem que vai só pois se tivesse companhia não conseguiria falar.

40 minutos. Pára o cronómetro. Gasta entre 3 a 5 minutos em alongamentos, dá uns golos de água e o carro dirige-se velozmente para o clube onde a filha a espera. Explica sinteticamente o seu estado aos pais e mães que a interrogam sobre o equipamento e “arzinho” que ela deve apresentar, e ignora os que a olham de lado.

- Porque estás assim vestida? – uma menina pergunta com a frontalidade típica das crianças que infelizmente tem tendência a desaparecer com a idade, salvo raras excepções.

- Porque estive a correr perto da estrada e é para os carros me verem bem. – responde-lhe.

A pequena não se dá por muito satisfeita, pois continua a fixá-la com um ar perplexo, mas não há tempo para mais. Os pais que lhe expliquem. Há que pegar na mochila e na sua própria pequena e regressar a casa onde a labuta continua.

Por fim, noite dentro, deveres cumpridos (os imprescindíveis), banhos tomados, barrigas cheias, o silêncio na casa conforta-a num abraço que hoje não é frio. A pequena dorme, e o sossego e a paz (que nem sempre teve) dão-lhe um conforto e um bem-estar que sem dúvida se deve também àqueles 40 minutos em que a correr, correu.


...................................


Esta história nada tem de invulgar, original ou especial. Podia ser acerca de qualquer pessoa. Qualquer mulher ou qualquer homem.

Mas é acerca de mim. Fui eu que hoje corri a correr e fiz 40 minutos
.

(*) – Igreja dos Mártires, em Lisboa, onde Fernando Pessoa foi baptizado

domingo, 20 de janeiro de 2008

Amigos, O Encontro e Promessas


Amigos

Acordei e não me apetecia treinar. Tenho a minha filha doente (nada de grave) e apetecia-me mesmo era ficar em casa com ela, a levar-lhe leite com mel quentinho e torradas ao sofá. Mais que a tratá-la, a mimá-la. Como ontem.

Mas a pequena até já está bem melhor que ontem, e hoje estava combinado ela ir passar o dia ao pai, e eu ir treinar com uns amigos.

Mas não me apetecia ir treinar. Mas quando temos um treino combinado, há sempre várias razões para não falharmos: eles estão a contar connosco, e o facto de ser um treino conjunto, pensei: eles levam-me! Só tenho de mexer as pernas e sei que quando der por isso, terei perto de hora e meia de corrida. E assim foi, eles “levaram-me” e corremos 1h25m. Na Herdade da Apostiça, ou Mata dos Medos, local que ainda não percebi muito bem a quem aquilo pertence e se o facto de pular a cerca se poderá considerar invasão de propriedade e consequentemente não me possa queixar de nada que lá dentro me aconteça. Mas propriedade de quem? De um particular? Do estado? Da NATO – que tem as instalações logo ali? Alguém que o saiba que me explique por favor.

A mata, pelas suas características excelentes é usada durante todo o ano por caminheiros, corredores e ciclistas para a prática de exercícios físicos mas também tem outro tipo de utilizador, como proxenetas e afins, seitas religiosas e trabalhadores (exploração do pinhal). Depende do dia da semana e do horário escolhido para a probabilidade de encontro com determinado tipo de utilizador se potenciar. Hoje, domingo de uma manhã de Janeiro até caçadores de colete reflector vestido e seus cães com coleiras também reflectoras avistámos…

A Mata da Apostiça, é um local belo ainda, mas não aconselho a ninguém ir para lá sozinho. Quilómetros e quilómetros sem vivalma. E o problema não é esse. Era bom se fossemos só nós e os bichos selvagens, era bom era! O problema é precisamente o oposto: se nos cruzamos com uma alma pouco pacífica ou mesmo mal intencionada. Ou ainda, com animais que poderão ser perigosos, ABANDONADOS pelos outros animais, aqueles que se dizem racionais.


O Encontro

A Paula já vinha a ouvir latidos há um tempo. Nem eu nem o António nos apercebemos disso, mas as pegadas ENORMES de cão na areia eram inequívocas: andaram por ali cães e a avaliar pelas pegadas, cães de grande porte. Bom, esse facto já não era novidade. Até passou por nós um ciclista com seu canito correndo velozmente ao lado da bicicleta. Lindo, de língua de fora quase a tocar-lhe o pescoço como se fosse um cachecol. Nada de medo, por enquanto.

Até que… ao aproximar-nos de um cruzamento avisamos um cão GRANDE deitado. Deitado? Mas nem se levanta com a nossa aproximação?

- Passa pela esquerda – adverte o António, visto o animal estar na berma direita.

Era enorme. Um corpo possante e imóvel. Sem coleira. Adormecido? A aguardar a nossa passagem? Não, o animal estava parado demais. Inerte, diria.

Sempre correndo, chegamos perto. A cabeça do bicho pendia para uma poça de água. Sangue escorria-lhe do crânio e alastrava na água tingindo-a de vermelho. A boca entreaberta mostrando os dentes, os olhos abertos e baços, perdidos no horizonte. A cabeçorra raiada de sangue vermelho escuro, escorrendo para o focinho e finalmente libertando-se para a água. Quente sem dúvida, a avançar na água.

Não mostrava sinais de luta. Dir-se-ia que foi uma valente pancada (pouco provável pois os raros veículos que ali passam andam sempre bastante devagar) ou … um tiro, viemos a imaginar (ou não) mais tarde quando avistamos os caçadores.

Que sentir? Que pensar? Pobre cãozinho? Pobre Pit bull assassinado? Pobre pit bull abandonado? Matar é um prazer? A caça é um desporto? Importa assim tanto o que se mata? Homem mau, pobre cãozinho?

Não sabemos a história mas sabemos que se tivéssemos chegado ali minutos antes, o encontro teria sido bem diferente e o desfecho também. Com que armas lutaríamos nós singelos e quase despidos corredores se o animal nos atacasse revoltado pelo abandono do seu dono talvez? Que fazia ali um pit bull?



No entanto, ficar deitado na berma do caminho, com a cara a tocar uma poça de água colorindo-a com o seu próprio sangue, nem um pit bull merece. Não, eu também não o trouxe às costas para lhe dar um enterro decente. Limitamo-nos a continuar o treino, e se todos os que por ali passaram fizeram o mesmo que nós (incluindo os implicados na história), daqui por umas semanas, a sua carcaça estará no mesmo sítio a apodrecer, até ser esqueleto apenas.


Promessas:

Mudando de assunto, pelo Grande Prémio Fim da Europa, esta semana prometo:

- que me vou mexer, seja lá corrida, saltar à corda ou luta livre!;

- não vou comer que nem uma besta como se a vida não tivesse mesmo mais nada de interesse (mas tem?);

- e o meu blog será mesmo um Diário, até porque esta semana é a última em que posso dizer que tenho 38 anos.

PS: Lénia!!!!!!! Por onde andas tu??

sábado, 19 de janeiro de 2008

Se quer ver as figuras que tenho feito aos sábados de manhã, carregue na imagem.
Hoje, sábado dia 19 de Janeiro de 2008, peso 63,5 Kg. Absolutamente de forma inexplicável peso menos 500 gramas que na semana passada.

Começo a acreditar no sobrenatural, pois as fatias de torresmos, o chocolate consumido em excesso, e ainda umas certas bolachas altamente calóricas, um bife com natas, e pão com manteiga e queijo, e batatas fritas e… mais uma carrada de alimentos ricos (excessivamente ricos) aliados à falta de exercício físico, faziam prever tudo menos 500 gramas a menos! Terá avariado a balança? É uma séria hipótese a considerar!

A continuar assim, estava mesmo a pensar alterar o nome do Blog para qualquer coisa como:

“Como engordar com facilidade e manter o excesso de peso”

ou

“Como se tornar uma baleia e não voltar a perder peso”

ou ainda:

“Dicas para o suicídio através do comportamento alimentar versus exercício físico”


De 2ª a 6ª : não fiz nada (salvo seja). Estamos apenas a falar de exercício físico no âmbito desportivo, ok?

O Fim da Europa para a semana? Está lá, à minha espera, e com mais quilos ou menos quilos, não faltarei!

domingo, 13 de janeiro de 2008

Perto do céu

Se declinei a ideia tentadora de ir ao Grande Prémio de Barcarena, já fiquei com alguma pena ao ver as mais de 2000 fotos tiradas pela AMMA, que se podem ver na Galeria, divididas em dois álbuns), pois se os meus motivos foram de índole logístico mas também de coerência em relação ao tipo de treino de que preciso – uma prova desnivelada de apenas 4 km, não é propriamente o que eu preciso agora para ir ao G.P.Fim da Europa e aos 20 km Cascais, o certo é que ao ver as fotos recordei a adrenalina daquelas provas rápidas, de que também gosto. De competir. É porque é muito bonito dizer que competimos connosco próprios, mas o certo é que eu gosto de competição. Em prova. Com os outros! Ridículo dizer isto na minha forma actual? Talvez… mas que gosto de competir, ai isso gosto! E Oeiras tem tanta mulher a correr…

Bom, mudando de assunto, dormimos um bocado mais, providenciei quem ficasse com a filhota, e decidi subir a serra. Mais propriamente resolvi ir ao Parque Urbano de Santa Iria da Azóia. Um parque de manutenção construído sobre um aterro sanitário, oferecendo agora à população um espaço de lazer, desde parque infantil, a trilhos de terra batida, excelentes para correr, passando por um espaço ideal para Aeromodelismo. Fica no alto da Serra de Santa Iria de Azóia. Isso mesmo, a tocar o céu.

E saindo de Vialonga, já não é a primeira vez que para lá vou treinar. Mas sair de casa a correr e subir aquela serra a correr, ai isso sim, foi a primeira vez! Pensei (e bem) que seria um excelente treino para o Fim da Europa. Subi, subi sem parar até alcançar o Parque. Muito vento sempre!
Tão perto do céu que tive a certeza se esticasse o braço tocava a barriga dos aviões a passar sobre a minha cabeça. Dei umas voltinhas lá dentro e regresso. Oh pá, isto a descer e com vento a favor, foi um pulo! Ups… chego ao sopé da serra, terreno plano agora. Mas… e forças nas pernas para continuar a correr em terreno plano? 1h10m e parece que as baterias se acabaram. Completamente. Insisto. Quero correr! Mas agora o vento está de novo contra e as pernas… simplesmente não posso com elas! Insisti até o cronometro marcar 1h15m, depois caminhei até casa.

Pois… a super mulher não existe. Um mês parada, ontem 1h30m em terreno desnivelado e hoje queria subir a serra, fazer plano, descer a serra, e correr na maior de novo em terreno plano? Pois queria…

Parece que já ouvi falar em “tempo de recuperação”. Hoje senti bem o que é falta disso. Do treino de ontem para hoje. Não houve recuperação. Gastei as pilhas antes do tempo que tinha estipulado na cabeça. É que a cabeça manda, mas o físico tem também de ter condições para responder, porque se não as tiver, não responde mesmo! Foi o que me aconteceu hoje.

Moral da história: aprender a respeitar o corpo. O treino (carga) tem de ser introduzido por fases, gradualmente e com regularidade. Não faz bem a ninguém, estar parado 5 dias seguidos, e depois, querer correr hora e meia em dois dias seguidos. Só eu... Bem de qualquer forma, deve ter cá ficado alguma coisa, se não, não me doía assim tanto todos os músculos das pernas…

sábado, 12 de janeiro de 2008

Elefante


Hoje acordei elefante. Por isso, hoje é assim:

Absolutamente tresmalhada da manada que sempre se junta para treinar, a elefanta matriarca, também porque, a horas impróprias para correr e próprias para pastar, avançou sozinha pela savana e desbravou mato.

Começou pelos trilhos civilizados, semi-alcatroados, mas depressa passou para os de que mais gosta, embora mais duros, mas onde cheira a terra molhada e a uma mistura indecifrável de ervas e arbustos, onde tem de subir, pisar areia onde se lhe enterram as patas pesadas, atrasando o passo já de si lento. Respira fundo, resvala nas pedras soltas mas continua a subir. Pouco, que nem o terreno nem ela podem fazer mais. Agora desce exausta, com a respiração em recuperação. Mantêm a energia. Gasta-a! Salta raízes, põe a pata de lado alternando da esquerda para a direita, ziguezagueando, evitando raízes proeminentes e ameaçadoras, para tornar o trilho menos íngreme e evitar que a gravidade atraia em demasia o seu volumoso corpo, obrigando-a a um contacto corpo-a-corpo. Depois, dá-se ao luxo de descansar as pernas e a respiração na relva plana, correndo devagar mas sem parar, para logo a seguir escolher novo trilho, e avançar com a força que lhe resta. Chega ao cimo quase sem conseguir respirar, mas… ai, como lhe sabe bem vencer tão pequenos desníveis. E os pinheiros sobre ela, sorriem e desejam-na ali mais vezes.

A brincar a brincar, corri 1h30m em terreno desnivelado. Chamaria um fartek natural. Sem dificuldade de maior. Porque quis e porque pude. Condições nem sempre coincidentes…

5 a Zero! - ou - Nada como os 5 dias úteis da semana para nos trazer à realidade

De 2ª a 6ª:

Corrida: nada
Natação: nada
Ginástica: nada
Outros exercícios físicos dignos desse nome: nada

Pesagem hoje: estava-se mesmo a ver não estava? 1 quilinho ganho!



Castelos: ainda no ar.

Moradias térreas: 2 para breve:

27 de Janeiro 2008: Grande Prémio Fim da Europa 3 de Fevereiro 2008: 20 Km de Cascais
Pois entrei com a Lénia no Projecto Cascais, mas como tenho a mania que sou muito boa, tive de inventar outro projecto antes desse: Projecto Fim da Europa, onde depois da experiência do ano passado, muito pouca coisa me levaria a faltar.

E em relação e este “Projecto”, como diz a minha amiga Paula, se a prova é dura, mais dura sou eu!

Como farei estas povas? Só depois das corridas contarei, se não se importam. É para não revelar a estratégia fantástica.

Ah, mas ainda não contente com este programa das festas, amanhã mesmo sou capaz de alinhar aí numa prova qualquer. Depende de como acordar amanhã. E … se acordar, claro! ... a horas, queria eu dizer.

Até logo.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Castelos

. Castelo de S. Jorge, Lisboa, Portugal


Lá dizia alguém que “Só não consegue quem desiste” , e se esta brasileira se refere essencialmente ao emagrecimento, o certo é que esta frase se aplica praticamente a tudo, com excepções óbvias como tentar reanimar um cadáver ou voltar a confiar em quem nos apunhalou pelas costas e pelas frentes, tantas vezes até ao cúmulo do infinito, e outras situações irreparáveis.

Pois eu, tendo corrido pela última vez na Meia Maratona de Lisboa, aquela que estava mal medida e onde por isso fiz só 1h56m, no início de Dezembro, hoje, 6 de Janeiro de 2008, sem o fantasma da desistência da Maratona do Porto e sem a obrigação de limpar essa nódoa, e por isso fardo, da Maratona de Sevilha, também porque pude, calcei os ténis e fui correr.

1h20m, em terreno desnivelado. Não faço ideia de quantos metros percorri. Simplesmente corri durante 1h20m. Sem parar. Mais ofegante nas subidas, confortável nas descidas e em terreno plano.

E porque

“De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos" - Fernando Pessoa,

hoje enquanto corria apesar de desperta eu, os sonhos voltaram. Altos. Tão altos que até tenho medo de os dizer em voz alta, com medo do ridículo. Mas voltei a sonhar hoje enquanto corria! Não! Claro que não foi com a Maratona de Sevilha já para o mês que vem! Claro que não! Sonhar sim, mas com o mínimo de hipóteses de os conseguir realizar. Irei? Ou não? 80% dependerá de mim. Voltarei a este sonho mais lá para a frente.

Hoje:

Ele: - Mas andas a treinar sem objectivos?
Ela: - O objectivo é ser feliz.

Ele: -Hummm… isso não é um bocado vago?
Ela: - Não, desde que eu saiba o que me faz feliz, e é muita coisa é verdade, mas uma delas é sem dúvida correr, por isso aqui estou. A correr.

Claro, claro, ele não sabe é que na cabeça dela já o castelo começa a ser construído. Sem objectivos, hein? Estás a tentar enganar quem, rapariga?

sábado, 5 de janeiro de 2008

Feliz Ano Novo!

“Ano Novo, Ana Nova” – diz-me um amigo.

Sorrio ao ouvi-lo, buscando a ingenuidade e pureza há muito perdida e resgatando a esperança trazida nos olhos dele, e acredito que exactamente às 24 horas do dia 31 de Dezembro de 2007, se vira uma página qualquer para além da do calendário e de novo acalento sonhos antigos e congemino outros novos a olhar o fogo de artifício no céu estrelado.

2008 – Ser real. Ser somente. Ser!

Sonhar, sonhar sempre. Mas para evitar frustrações desnecessárias, há que optar pelo realismo em oposição ao excesso de lirismo e de imaginação.

Por isso, meus amigos, o “grande” objectivo que tinha de tirar a desforra da minha desistência na última Maratona do Porto, no final de Fevereiro na Maratona de Sevilha, apagou-se como linhas a carvão em folha de papel de cozinha caída no chão sob uma chuva intensa incessante.

Os sonhos estão agora a salvo, a tinta azul de esferográfica em caderno de capa florida, .

Há sim e sempre, que sonhar, criar objectivos, lutar por eles, e tocar essa música toda que é muito bonita, mas há também que ter o cuidado de saber que os sonhos são realizáveis sem prejuízos que não queremos ter. Tudo na balança, há que haver equilíbrio, os sonhos num lado e o que eles nos exigem para serem atingidos no outro. Equilíbrio. Nos sonhos também. É preciso. E eu, neste momento, para realizar o sonho da Maratona de Sevilha, o prato do que precisaria para o alcançar está demasiado pesado. Tanto, que não posso com ele! Aliviei-o! Tirei a Maratona de Sevilha 2008, e logo a balança se equilibrou pois no outro prato diminuiu drasticamente a carga.

Sonhos e objectivos realistas, e “exigências” ao meu alcance. Ainda que com esforço, pois sem ele, insípida é a vida e a vitória.

Agora em Português: ajustei os meus objectivos às condições e circunstâncias da minha vida hoje. E hoje, não posso nem de perto nem de longe querer fazer uma maratona.

Mas afinal que objectivo tenho? – perguntarão.

- Ser feliz! – responderei. – O que não me parece que seja sem correr ou sem escrever, por isso…


"Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada."


(Fernando Pessoa)