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domingo, 31 de julho de 2011

Coração

O coração do Pai precisa de ser ajudado a bater num ritmo que lhe permita continuar vivo. Ser-lhe-á colocado um "pacemaker" dentro de poucos dias. Continua internado portanto. Em situação "estável" , dizem. Significando isso batimentos cardíacos muito irregulares, oscilando bruscamente de ritmo, sendo no entanto, um ritmo demasiado baixo o dominante durante a maior parte do tempo (arritmias e bradicardia, se é que as designações interessem a alguém para além de àqueles que sabem exactamente o que fazer com elas). Para a filha, o pai está "apenas" por um fio, com um coração a ameaçar dar o berro a qualquer momento.

O coração da filha tem batido também em ritmos calmos, mas, não preocupantes e regulares - acha ela -, pois não consta que tenha corrido nos últimos dias, a não ser que correr todos os dias para o Hospital possa ser considerado de facto correr, e consequentemente treino.

Nota: agradeço do fundo do coração, a todos que quer aqui quer por outros meios se têm manifestado, desejando votos de melhoras ao Pipas e que de alguma forma estão a torcer por ele. Obrigada. Todos os fins de tarde, quando estou com ele, as vossas mensagens são-lhe transmitidas e muito apreciadas.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Rotina e o Elevador

O elevador desce. No Piso zero aguardam-no calmamente um enfermeiro vestido de branco, alto e forte, de rosto reluzente e de abdómen proeminente, onde a camisola branca estava já amarelada denunciando o mau hábito de afagar aquela zona corporal, talvez mesmo por se orgulhar dela, ou talvez por ela , devido ao seu vasto perímetro e involuntariamente, encalhar em tudo e em todos e seja por isso difícil evitar a acumulação de sujidade e transpiração especialmente naquela área, dando ali uma feia tonalidade amarelada. Descansa as mãos sobre uma maca que transporta um doente ligado, de boca entreaberta e olhar perdido num horizonte imaginário.

Quando o elevador chega e as portas se abrem, sai de lá um funcionário de bata verde que traz dois contentores do lixo, também eles verdes. Estes saem e dão lugar aos primeiros e o elevador volta a subir.

O elevador desce de novo. No piso zero, onde ela está, sai um doente numa cadeira de rodas, uma perna amputada, um braço inerte pousado no colo, mas com os outros dois membros funcionais que lhe restam, manobra a cadeira com uma perícia admirável. Passa a porta, deixando cerca de 3 mm de cada lado que é o espaço exacto para a cadeira passar, dirige-se à máquina do café, introduz as moedas, retira um cigarro do bolso do pijama e coloca-o atrás da orelha, tudo só com um braço, retira o café e manobra a cadeira até ao átrio na rua onde como ontem e anteontem irá degustar o café e o cigarro depois do seu jantar.

Ela distraiu-se com esta rotina e eis que o elevador desce de novo. Ao chegar ao piso zero, as portas abrem-se e desta vez o elevador está vazio. Uma brincadeira ou engano de alguém que o chamou indevidamente. O elevador volta a fechar as portas e por instantes parece que nada se passa. Só existe o cinzento metálico e frio das suas portas a fitarem-na a ela agora.

O Pai continua internado, e ela hoje não correu.

Até amanhã querido diário

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Melro - Correr com ele e por ele

Tenho vontade de correr. Posso correr. Tenho duas pernas e saúde e já só por isso posso correr. O meu pai, o Melro, fica feliz a ver-me correr. Fica feliz por saber que eu corro, mesmo sem me ver. Fica feliz por saber dos meus progressos, ganhos e proveitos e perdas e prejuízos nos meus treinos e provas mais ou menos felizes. E eu corro. E fico feliz por correr e fico ainda mais feliz por ele ficar feliz. E hoje, saí de casa de madrugada e corri

8,250 Km em 47m15s, numa média de 5:43 / Km

Treino feliz por estradas já com algum movimento de um dia a nascer. Como é bom correr! Como é bom recordar e sentir a energia e disposição com que se começa um dia depois de se ter corrido logo de manhã e entrar em casa treino acabado às 7:00 Hrs da manhã em ponto.

Obrigada Pai.


E o meu pai continua no Hospital. Funções cardíacas monitorizadas 24 horas por dia desde que chegou. Ligado a máquinas. E logo ficará feliz quando lhe disser que hoje já corri. Como se... eu o tivesse levado a correr comigo, a passear correndo, e tivesse corrido com ele e por ele e partilhado com ele cada passada que dei, cada inspiração do ar fresco da manhã que inalei, cada batimento do meu coração jovem e cada gota de suor que escorria do meu rosto. E no fundo, ele sabe que de facto assim é. Ele sabe que está sempre comigo porque o trago sempre comigo.
Agradeço a todos que aqui expressaram os seus votos de melhoras, votos esses que já fiz chegar ao Melro. E ele sorriu ao ouvir-me, com o seu rosto inchado e cheio de hematomas, coberto de pontos, agora sem voar, numa cama de hospital, entubado e cheio de fios e cabos por tudo o que é corpo, olhando o céu lá fora por uma frincha da janela que fica mesmo ao lado da cama. Cama número sete de um quarto qualquer...

Até amanhã querido diário

segunda-feira, 25 de julho de 2011

PAI!!!!


Sentia-me cansada hoje. Certamente do treino de ontem. De qualquer forma resolvi ir treinar ao fim da tarde. Peguei no meu pai e lá fomos nós para o Parque como é habitual. Ele iria caminhar e eu correr.

Agora, em casa, digo que fui correr e deixei o meu pai no Hospital. Está lá agora, neste preciso momento e passará lá a noite. Não o trouxe de volta comigo para casa. Voltei para casa sozinha.

Passo a explicar: o treino acabou abruptamente, tão abruptamente que nem desliguei o cronómetro. Ali, são muitos os que me conhecem. Um "olá Maria" já não me surpreende, e eu, péssima a fixar fisionomias, todos me parecem familiares mas de facto conheço ou reconheço muito poucos. E andava eu às voltas há cerca de 45 minutos ou pouco mais, quando junto aos balneários, um jovem me chama "Ana", e continua a falar e a gesticular apontando para a casa de banho. Não percebi o que dizia, estava muito vento e eu ainda um pouco afastada. Temi o pior. Corri mais depressa para ele e ouvi o que não queria "O seu pai caiu, está aí dentro".

Sangue, sangue, sangue. Um buraco no sobrolho que jorrava sangue pela camisola e pelas calças, a cara rasgada, nas maçãs do rosto, nos lábios já a inchar, as mãos e os braços de pele esfolada e a sangrar também. Mas o pior, o pior era o buraco sobre o olho, que ele, a tentar estancar o sangue, tapava com papel higiénico que se tingia de vermelho rapidamente. "Já chamei uma ambulância", "ele caiu redondo no chão", "estava desmaiado quando cheguei ao pé dele", "essa zona - o sobrolho - é uma zona sensível, é natural sangrar muito", "é melhor ir ao hospital, deve ter de levar pontos", "não deve ser nada mas é melhor ir ao hospital", "ele esteva inconsciente"- olhava-os completamente desorientada e aturdida à medida que cada um falava. Agradeci e certifiquei-me que a ambulância sabia onde nos encontrávamos. Agradeci a todos e voltei a agradecer e agradeço agora a todos estes desconhecidos de rostos conhecidos.

Fixei a imagem do Bombeiro, de costas para mim, a limpar-lhe a ferida. Alto, jovem, costas largas másculas e calças ligeiramente descaídas a revelar a roupa interior do rapaz, roxa e de seda lustrosa e brilhante. Sabia que não eram horas para devaneios, mas no momento foi onde fixei os olhos, sem saber se achava aquela imagem natural ou bizarra, mas sem dúvida preferível em alternativa à ferida aberta a sangrar que me causava ligeiras náuseas e da qual me afastei propositadamente. Tem destas coisas o nosso inconsciente.

As consequências da queda parece que não são graves e estarão tratadas. Mas ficou no Hospital para observação e para se tentar perceber o motivo do desmaio.

"PAI!!!!!!!!!!!" - tenho um sangue frio do caraças. Parece que não sinto nada. Reajo. Tratei do que devia. Fui a casa dele buscar-lhe os documentos. Folheio as páginas plastificadas da carteira dos documentos onde está a informação da sua situação clínica e da medicação que faz, e deparo-me com uma foto da neta mais nova, a minha filha. Aquele momento não é hora para lamechiches. É seguir e fazer chegar o papel ao Hospital, junto dele.

"PAI!!!!!" - toda a sua fragilidade foi por fim revelada. E dentro de mim, há só um grito mudo, que insiste em silêncio, como que a querer-se libertar: PAI!

Hoje não tenho mais nada a dizer, a não ser que corri cerca de 45 minutos, e cerca de 7 Km

Até amanhã querido diário, e... peço aos crentes que rezem pelo meu Pai, que ele ainda me faz muita falta

Obrigada

domingo, 24 de julho de 2011

Masoquista

De forma clara e inequívoca, confirma-se uma vez mais o meu lado masoquista.

Porque:

- Ao longo da minha já longa vida, tenho demonstrado uma tendência a procurar e manter situações que não me trazem nada de bom (mas já estou bem melhor - a cura está em progresso todos os dias);

- Em 4 meses, de forma saudável, sensata e regrada, perdi 14 Kg (vim dos 72 e meio e fui até aos 58,1 g), e em 2 semanas - as últimas - engordei de forma consciente e dir-se-ia até propositada, não fosse isso um atentado à inteligência dos meus leitores (os que vêm aqui ler as minhas parvoíces e outras coisas), nada mais nada menos que praticamente 6 Kg (SEIS quilos!!!) - como? um dia explico, mas não foi a beber copos de água nem a comer bem, asseguro;

- Atrevo-me a partilhar a ideia mais estúpida que por vezes me assalta e justificar a "engorda" com a frase também mais estúpida que já ouvi algures, mas que infelizmente compreendo bem demais e que é: "depois de emagrecer, se não voltar a engordar, como tenho então o adorável e inigualável prazer de voltar a emagrecer tudo de novo?"

- Estive sem treinar 11 dias (ONZE!);

- Hoje... à pior hora do dia - por causa do sol abrasador e do calor, mais concretamente entre as 12:30 Hrs e as 13:30 Hrs estive a treinar.

Digam lá se não é de masoquista? Claro que sim, mas como em tudo, há sempre um lado positivo:

Corri 10,310 Km em 1 hora certinha, média de 5:50 / Km

E não esqueço que só faltam 7 semanas para a 35ª Meia Maratona de S.João das Lampas (10 de Setembro de 2011 às 17 horas) e não há tempo a perder porque eu já me inscrevi, e quero fazer uma marca jeitosinha, o que para mim seria abaixo das 1h50m. Demasiado ambicioso? Despropositado? Não sei, quer dizer eu acho que não, mas digam lá vocês então!

Até amanhã querido diário

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Dias...

... de férias, dias de trabalho, dias... dias da minha vida. Dias que já foram e outros mais que hão-de vir. Dias de férias, dias de trabalho, todos eles "apenas" dias da minha vida. Porque se vive todos os dias, e todos os dias são únicos e irrepetíveis, sem hipótese de repararmos as nossas acções em cada um deles que já passou. Resta-nos sempre e só o "dia de hoje", e comportarmo-nos de forma a não o querermos emendar amanhã, porque não vai ser possível.

As recentes férias foram para passear (não muito longe que a gasolina está cara, fazer praia (mas quando é que pára o vento?!), estar com quem amamos e descansar também.

"Esqueci-me" foi de correr. Corri muito pouco. E pior! Houve muitos excessos: comida e bebida! Resultado: uns quilos a mais - sim, porque a mim, basta-me comer sem preocupações ou cuidados e logo engordo 4 ou 5 Kgs em igual número de dias. Por isso, na minha forma e preparação física, estas férias provocaram um verdadeiro retrocesso. Nada que não se repare e recupere. Nada que seja de extrema gravidade, mas isso ainda só se verá quando voltar a calçar os ténis e voltar a correr, o que ainda não aconteceu hoje nem se prevê que aconteça amanhã.

Até depois querido diário

Algumas imagens destas férias

O mar e as minhas meninas:
Passear (adoro conduzir, já vos disse não já?):

Brincar e mexer-me ao ar livre, em plena liberdade, a fingir que sei jogar, pois passo a vida a ir apanhar a bola ao chão:
A fotografar, que também adoro:
A caminhar no meio da Natureza:
Treinos: 0 (zero)

domingo, 17 de julho de 2011

Cabelo oleoso e Treinos

Sabemos que estamos há demasiados dias sem treinar quando já nos habituáramos a só tomar banho e lavar o cabelo após um bom treino diário, quando, dizia eu, verificamos ao espelho e confirmamos ao passar a mão pelo cabelo, que a nossa peruca está nojenta, assustadora e completamente oleosa e pastosa...

domingo, 10 de julho de 2011

XVI Corrida da Lagoa de Santo André

Sábado, 9 de Julho de 2011, fim de tarde

Lagoa de Santo André

A 16ª Corrida da Lagoa

Estive lá, corri e venci. Cada um de nós tem as suas lutas e os seus monstros. Cria as suas batalhas e luta para as vencer. Alcança a Vitória à sua maneira. E eu na XVI Corrida da Lagoa de Santo André, não tenho dúvidas nenhumas: corri e saí vencedora!

A Medalha, em barro, pintada à mão:
Já em prova, pouco depois da Partida:
Já depois do retorno, lá para o Km 8 ou 9:
A centenas de metros da Meta:
O meu pai:No fim, a ostentar a medalha, como se esse fosse "O Prémio":Corri a distância da prova: 1o Km em 49:48, média de 4:59 / Km

Fui:

323ª classificada entre os 505 atletas chegados à Meta

6ª no escalão (VET 1 - F 40 a 44 anos) entre 13 classificadas

Classificações no site da Xistarca

Fotos da XVI Corrida da Lagoa de Santo André:

Na galeria de Fotos da AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras

Carlos Lopes - A Minha corrida - ao qual agradeço a disponibilização das fotos que aqui utilizo, e a excelente reportagem que fez, aproveitando para lhe desejar as melhoras das suas lesões e que volte depressa (e bem) a fazer-nos companhia a correr por aí

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Véspera de prova - 16ª Corrida da Lagoa de Santo André

Se eu não me sentisse um logro por ter anunciado empolgada e excitadíssima que ia a Corridas e depois nada ter acontecido, eu diria que hoje estou toda contente porque amanhã vou participar na XVI Corrida da Lagoa de Santo André, prova que tem os medalhões mais bonitos e originais que conheço: em barro com pintura original feita à mão, representando ave da região da Lagoa. Estas são as que eu já ganhei e espero ganhar uma outra pela minha participação amanhã:
O que eu sei realmente é que hoje corri uma vez mais:

10,210 km em 56:30, média de 5:31 / km

Sei também que esta semana tinha estipulado o Objectivo de correr 45 Km, e que esse objectivo foi atingido! 45.720 metros corridos! iupi!! iupi! Às vezes eu consigo, eu consigo!!! E olhem que para uma baldas e irregular que eu sou no que a treinos diz respeito, não é propriamente fácil. Mas consegui!

E também sei que mesmo sem saber se amanhã irei a Santo André correr, HOJE eu sei que estou contente por achar que vou!

Complicado? Não! De todo! Apenas a consciencialização que o certo e real é o nosso passado e o nosso presente! Hoje é o que temos! E hoje eu estou feliz!

Até amanhã querido diário

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Treinos e Retratos


Instituiu-se que devemos sorrir para os retratos. Como que a mostrar que o exacto instante da circunstância casual que a fotografia congela no tempo e regista imutável, não fosse mais que a constância da nossa felicidade e alegria permanente.

Hoje fui treinar. Sem pai nem mãe, namorado, filho ou cão, amigo ou paparazi que registasse o momento numa imagem fotográfica.

Nem por isso deixei de sorrir. Corri o risco de parecer uma maluquinha mas fartei-me de sorrir, ofereci sorrisos aos carros que passavam e seus ocupantes, ofereci sorrisos às aves, ofereci sorrisos às abelhas e outros insectos, ofereci sorrisos aos cavalos que pastavam, ofereci sorrisos ao Sol e ao vento, ofereci sorrisos à Vida! E se houve os que pareceram ignorar-me, a Vida, essa, sorriu para mim!

Corri 8,260 Km em 48:00, média de 5:48 / Km num percurso em asfalto com subidas e descidas, que eu gosto!

Até amanhã querido diário e um grande Sorriso para ti que me lês!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Tão pouco e...

...tãããooo bem que me soube e tãããooo bem que me fez sentir!

Tem destas coisas a Corrida. O poder misterioso de nos fazer sentir ... "assim"! Altera-nos o estado de espírito, modifica-nos o humor e a perspectiva sobre a vida e seus "quês". A nossa forma de olhar e enfrentar a besta fica sempre mais positiva e optimista, e por mais desanimados ou para baixo que estejamos, é pôr os pés a caminho, dar uma corridinha, e sempre, mas sempre mesmo, acaba-se com um ânimo bem melhor! A sua preservação no tempo, é que é outra história dependente de inúmeros factores tão vastos quanto o Universo e os Homens.

Mas o que importa, é que tem este poder e este efeito em mim, a Corrida. Se dura mais ou menos o seu efeito de bem-estar, é carregar a dose se for necessário! Por isso a nossa relação que vem de há décadas, é para a Vida, não tenho qualquer dúvida.

Hoje, hora de almoço, sol abrasador apesar do vento, recta de asfalto com curtas inclinações e corri na estrada, ao lado do trânsito, apenas:


Corri 7,040 km
em 39m43s, média de 5:38 / Km

"Nada mau" - penso

Depois, já ao final da tarde, um passeio com as minhas meninas, as minhas mais que tudo:
1h a caminhar ao passo da quatro patas:
"Excelente" - penso.

E desta vez, para além de pensar, agi, e melhor: estou certíssima naquilo que penso, pelo menos eu penso que sim, que estou certa, e vocês não concordam?

Até amanhã querido diário

domingo, 3 de julho de 2011

Domingo, dia de...

... podia ser de missa ou de prova, mas para mim, excluindo definitivamente a primeira pois de hipocrisia, ostentação e palhaçada já basta o que sou obrigada a assistir sem ter de ir à Igreja, e excluindo hoje a segunda hipótese, a de prova, para mim hoje, foi só dia de Treino!

E hoje houve treino e hoje levei a minha malta para apanhar ar (e que ar, com o vento que estava, ar não faltou!), andar e ... fazer outras coisas, claro:
Corri 9,140 Km em 50m19s, média de 5:30/Km

Resto de bom domingo para quem hoje aqui passou, e... até amanhã querido diário

sábado, 2 de julho de 2011

Sábado, 2 Julho 2011

Repousavam há demasiados dias debaixo do alpendre. Inactivos, inúteis numa dormência de sentidos e acções, aguardavam. Impotentes, total e completamente dependentes dela, não podiam fazer mais nada para além de aguardar. Aguardar o dia que ela voltasse a pegar neles, calçá-los e correr com eles. Era disso que eles gostavam. Era por isso que eles aguardavam, pacientes embora preocupados. E se ela os tivesse substituído? E se ela tivesse desistido deles? E dela? Não, isso não ia acontecer outra vez. Eles acreditavam que já não ia demorar muito para ela os voltar a chamar à vida. À vida dela, da qual eles fazem parte.

Foi hoje. Ao fim da tarde, ela pegou neles, e levou-os a passear:

Correu com eles 11.060 metros num tempo de 1h:00m35s, numa média de 5:28 / Km, contra um vento forte, por vezes muito forte, mas também por vezes a favor. Assim como na vida, ora o vento sopra contra, ora sopra a favor, tal e qual como no treino de hoje.

"Ela, a doninha, não me levou hoje. Foi correr para aquela serra verde ali ao fundo. Ai...como eu queria que ela me tivesse levado... Só me resta esperar que ela chegue e me leve a passear. Ela chega sempre, e depois, leva-me sempre a passear, que eu sei."