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quarta-feira, 25 de abril de 2007

Há já um ano que este blog subsiste. Alegre ou triste, subsiste. Tal qual como eu.

Mergulho no Arquivo, prateleiras cheias, meticulosamente arrumadas e divididas por meses, e de Abril de 2006 parto e folheio e releio algumas partes, salto outras, avanço no tempo e no espaço também e chego de novo a hoje, a esta casa de quem não tem casa.

Poucas coisas parecem ter mudado. Porque eu não quis nem quero o suficiente. Enigmática explicação esta, fácil e levianamente traduzida e interpretada como estupidez e debilidade.

As roseiras do meu quintal continuam a crescer selvática e assustadoramente, no meio de um emaranhado de arbustos silvestres e ervas daninhas e outras que parecem querer engoli-las e encostá-las ao muro, esmagando-as, mas elas, as roseiras por podar insistem em crescer e viver e avançam em direcção ao céu. Já ultrapassam o muro do meu quintal, e eu, perante a selvajaria que se apoderou dele, prostrada e inerte, através da vidraça, só as vejo se levantar os olhos para o céu.
Fui vencida e já perdi o controlo, embora teime muitas vezes em dizer o contrário. Mas é preciso que o continue a dizer sempre. Pois o dia em que deixar de o fazer, não será só a esperança a ter morrido.

Lá fora passa a vida. E eu aqui, sem ninguém para impedir que o Sol me acorde e invada a casa todas as manhãs e me fira e magoe como raios de lume e ferros em brasa que me espicaçam a carne e a estorricam deixando no ar um odor nauseante e fétido, obrigando-me a levantar e suportar-me mais um dia.

Enjoada. Estou enjoada. Enjoada de mim, como se viajasse há demasiado tempo em jangada de madeira à toa em mar tempestuoso. À deriva, sem timoneiro e à mercê da ondulação que eu própria gero.

Hoje não corri. Simplesmente porque não quis.

sábado, 21 de abril de 2007

Sportzone 6.ª Milha Urbana Cidade de Ovar - 21 de Abril de 2007

Foi Primavera em Ovar!

Pegou-se em cerca de 150 crianças, com a mesma delicadeza de quem pega no caule de um dente de leão e sopra para que as suas sementes voem e se espalhem pela terra, e aqui e ali venham a criar raízes, e ganhar vida e crescer com saúde e vigor e garra, e foi esta a grande inovação da Sportzone 6.ª Milha Urbana Cidade de Ovar.

A mim impressionou-me especialmente este empenho da Organização (Habitovar), com a habitual dedicação mas não vulgar nem fácil de encontrar noutras personalidades, da campeã Aurora Cunha, não só durante a prova, mas em autêntica campanha pré-Milha directamente nas escolas do concelho. Angariaram nada menos que cerca de 150 crianças para participar e muito provavelmente ter o primeiro contacto com esta vertente do Atletismo: a Corrida.

O dia estava maravilhoso: de autêntica Primavera. As provas foram dadas dentro dos horários previstos e decorreram com bastante entusiasmo. No total 366 atletas, englobando as crianças das escolas, os atletas de elevado valor e os outros como eu que só lá vão para participar, correr um pouco, conviver, fazer alguma coisa pela sua saúde, mas não deixando por isso de dar o seu melhor.

Uma autêntica pista de asfalto (estrada) separada por arbustos baixos a fazer de separador central e com rotundas nos extremos, onde se virava, foi o palco escolhido, e duas voltas perfaziam a distância da milha. Um óptimo cenário onde só faltaram umas bancadas para o público, e um cronómetro à chegada.

Tudo muito bem organizado e do agrado senão de todos, pelo menos da maioria: entrega de dorsais, partidas, classificações, balneários à disposição, prémios, dos quais destaco não o medalhão em si (que merece) mas o facto de o mesmo nos ser colocado ao peito à chegada. A todos sem excepção. Um pequeno pormenor de muito valor. E se pensarmos nas crianças que o receberam assim colocado, o pormenor ganha ainda uma outra dimensão que nem todos alcançarão.

Não vou falar de resultados e de grandes planos que também lá estiveram, pois para isso há já bastante informação por aí. Resumo apenas que esta Milha na sua 6ª edição é já uma Milha de elevada qualidade e que pode ainda e tem condições para se tornar de elevado nível também internacionalmente. Falo na vertente competitiva mas também na do desporto para todos, duas vertentes que são perfeitamente coabitáveis numa tarde de atletismo como foi aquela. Tem como base um grupo coeso que funciona na perfeição e só uma equipa assim poderia obter este resultado, este ano vendo ainda qualitativamente o seu valor subir em flecha com o dinamismo e entrega invulgar de um novo elemento, de seu nome Joaquim Margarido. A todos eles os meus parabéns!

Agora… a minha Sportzone 6.ª Milha Urbana Cidade de Ovar:

Acordo com o odor do pão fresco, o borbulhar do café e com o riso das crianças em sussurro. Ovar recebe-me de braços abertos nas ruas de azulejo e de janelas ímpares sob um sol maravilhoso que empresta um brilho a tudo e a todos. O mercado com os seus sons e cheiros e cor, invade-me os sentidos até à alma e lá no fundo sinto o calor da amizade dos que estão comigo.

A tarde começa cedo com as várias partidas das crianças. A minha menina também correu. Feliz a pequena, feliz eu.

As partidas vão sendo dadas por escalões, e as provas decorrem rápidas.

Em quase todas as séries há amigos e conhecidos para apoiar. Palmas, gritos de incentivo e depressa chega a minha hora de aquecer. Uns 20 a 25 minutos talvez. Depois a chamada e a seguir o tiro. Parto. Imponho o que chamo um ritmo rápido mas que afinal significa apenas que estou quase no meu limite e nada mais, e sigo sorrindo ainda para os que me incentivam agora eles. Estou atrás (donde aliás parti) e tento manter não largando as da frente (minha frente, entenda-se!). Ainda passo duas ou três, mas a partir da segunda volta, o esforço já não me permite sorrir e esboço apenas um esgar indecifrável com pressa de acabar. Dói-me o abdómen, o fígado e o esófago e sei lá mais o quê! Temo que as pernas não me obedeçam e fraquejem não sem aviso. Sou passada. Muito poucas atletas seguem atrás de mim. Mas será que os 1609 m são assim tão compridos e difíceis de concluir? Bolas que isto é pior que uma meia maratona!


A meta! Ali!

“Boa Ana, muito bem!” – ouço.

Mas não é nada bom nem está nada bem! Valho neste momento 6m48s à Milha! Mais palavras para quê?

À chegada, colocam-me o medalhão ao peito, dão-me um saco e a filhota abraça-me e amigos vários felicitam-me. Volto a sorrir, claro! Que outra coisa poderia fazer? O resultado? Foi o único possível e o já esperado.

– Feliz Ana? – alguém me pergunta
– Sim, claro! – respondo de novo com o sorriso inicial, mas muito mais vermelha e reluzente.


Resultados em:

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Que é feito da Primavera? As flores nascem e os pássaros cantam é verdade. Mas eu não corro.

E tenho os pés molhados da água da chuva acumulada nas estradas, bermas e passeios. E as calças encharcadas até aos joelhos. E os ossos frios agora que a roupa me seca no corpo.

Uma molha. Há muito tempo que não apanhava uma. Mais valia ter andado a correr à chuva. Um milhão de vezes mais! Ai isso é que é verdade.
No entanto, não tenho corrido, mas fiquei molhada secando a roupa em cima do esqueleto enquanto aguardo a hora de me fazer à estrada para amanhã estar presente na Milha de Ovar.

Eu numa Milha… Espero não ficar em última e obrigar a organização a me retirar de prova dado o exagerado tempo que levarei para cortar a meta.

Não tenho velocidade nem resistência. Apenas força suficiente para lá estar e participar e vestir pela segunda vez a camisola do AFIS.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Não sei se foi da escolha da hora (14:00hrs e um sol escaldante a fazer lembrar o Verão), se do cansaço da prova da véspera e treino da antevéspera sem ter havido recuperação neste corpo agora pouco habituado a correr, se ainda de me andar a alimentar de forma inadequada (muito e mal), ou ainda do facto de estar gorda que nem um porco pronto para a matança, o que é certo é que o treino que se pretendia de duração mínima 1 hora, acabou aos 40 minutos com cessação do passo de corrida para dar lugar ao de caminhada.

Ao caminhar os braços tendem a baixar e as mãos a inchar, pelo que instintivamente levei as mãos à cintura enquanto caminhava. Oh céus! Que é isto? Um pneu a toda a volta da cintura. E é dos bons, largos, daqueles que dão estabilidade aos carros e os agarram à estrada. Agora sim, percebo porque corro assim: agarrada à estrada.

Para agravar a situação, não me posso pesar pois a balança deu o berro. Mas só serviria para me dizer que já vou nos 60 e muitos. Resta saber quanto é “os muitos”.

Li algures que “Só não consegue quem desiste”. E de facto assim é. E uma das principais causas para a desistência (nas mais vastas áreas) é o facto de se querer obter resultados fácil e rapidamente. Ora como raramente isso se consegue, há a tendência para a desistência, pela facilidade e comodismo que isso representa.

Ora, tanto a perda de peso como o melhoramento da forma física e consequente facilidade de corrida são dois bons exemplos em que a teoria anterior se aplica.

Por isso aqui deixo a minha barriga. Tal qual ela é hoje. Sem vergonha ou pudor. E se ela está assim é única e exclusivamente responsabilidade minha, consequência da falta de exercício físico e de inúmeros ataques vorazes à mais calórica comida existente nas proximidades.

Não falarei mais na minha barriga, ou coxas, ou sequer no peso do rabo quando corro. Daqui a um mês (16.05.2007) voltarei a focar de perto este “assunto”.

domingo, 15 de abril de 2007


Grande Prémio 18 de Maio – OuturelaTroféu Câmara Municipal de Oeiras -15 de Abril de 2007

As portas abertas

Hoje voltei ao Troféu das Localidades, organizado pela Câmara Municipal de Oeiras, sempre em conjunto com as várias Juntas de Freguesia, Associações e clubes locais.

Hoje, foi a vez do G.P. 18 de Maio, em Outurela, em que a Associação de Moradores 18 de Maio teve papel activo, e onde estiveram presentes 16 equipas.

Voltei ali porque, se corro desde que me lembro que existo (7 anos de idade), foi neste Troféu que há cerca de onze anos ganhei o hábito e o gosto da participação em provas, e tenho por ele especial carinho e muito boas recordações.

O Linda-a-Pastora me acolheu na altura e hoje mantém as portas abertas. Nem outra coisa seria de esperar pois as razões que me fizeram abandonar o troféu e consequentemente a equipa foram única e exclusivamente de índole particular.

Assim, hoje que me foi possível, lá voltei. Muitos reencontros, muitas ausências pelos mais variados motivos da vida e da morte de cada um, e muitas caras novas também.

Outras caras mas com a mesma representação e significado foram as das muitas crianças, trazidas pelos vários clubes, grande parte delas de bairros socais e de famílias carenciadas.

As provas continuam a ser duras, e sem treinos, até a minha prova de apenas 4 km foi dura de roer. Subir, descer e subir e descer. E para se correr 4 km, não dá para se ir fazendo. É acelerar até dar. Deu-me até à meta e gastei 20m41s.

Sempre teve e continua a ter aquele troféu uma boa participação feminina, o que sempre é de enaltecer.

Por tudo isto hoje, e aos anos que dura e a evolução que tem tido, está a Câmara Municipal de Oeiras de parabéns. Que continue este fabuloso trabalho.

nota. Mais fotos da prova - outros atletas - no meu Álbum, em:

http://www.pbase.com/mariasemfrionemcasa

sábado, 14 de abril de 2007

Os amigos imaginários

Pobby e Dingan

Li e amei. Recomendo: "Pobby e Dingan", Ben Rice

"Pobby e Dingan vivem em Ligthning Ridge, em New South Wales, capital das opalas, na Austrália. São amigos de Kellyanne Williamson, filha de um mineiro; na verdade, apenas Kellyanne os pode ver: Pobby e Dingan são amigos imaginários.

Ashmol Williamson, irmão de Kellyanne, acha que a irmã devia crescer e deixar de ser assim chalada - até ao dia em que Pobby e Dingan desaparecem, o mesmo dia em que o pai é acusado de ratoneiro, o pior crime que um mineiro de opalas pode cometer.

Enquanto Kellyanne, roída de mágoa, começa a definhar, Ashmol convoca toda a povoação para procurar Pobby e Dingan. Porém, acaba por descobrir que só ele os pode encontrar, e só os poderá encontrar se também começar a acreditar que são reais."

A dificuldade que temos em acreditar no que não vemos. E no entanto, o poder que o invisível tem…Um livro extraordinário este, pela sua simplicidade, ternura e sensibilidade.

O papel e a necessidade de amigos, qualquer que seja a nossa idade, e o poder estrondoso da fé, seja lá no que for.

Hoje, eu acreditei, abri só um pouquinho a cortina, e o Sol invadiu a minha sala (Obrigada José que também corre), e fui correr. Não sozinha, pois estavam comigo alguns amigos.

1 h de corrida contínua lenta e 20 min de ginástica localizada.


"Kellyanne abriu a porta do carro e enfiou-se no meu quarto. Trazia o rosto esbaforido e pálido, todo franzido. Mal entrou disse:

"Ashmol! O Pobby e a Dingan estão talvez mortos." Foi assim que ela disse.

- Ainda bem - disse eu.- Talvez agora comeces a crescer e deixes de ser assim chalada.

As lágrimas começaram a correr-lhe pelas faces. Mas isso não me fazia ter pena nenhuma dela, e vocês também não teriam se tivessem crescido com Pobby e Dingan.

- O Pobby e a Dingan não estão mortos - disse, disfarçando a fúria com uma golada de Mello Yello.- Nem nunca existiram. O que nunca existiu não pode morrer. Topas?

Kellyanne fixou-me por entre as lágrimas com o mesmo olhar de quando eu tinha batido com a porta da carrinha na cara de Dingan ou daquela vez em que eu tinha pisado no sítio onde ela dizia que Pobby estava sentado e dei socos e pontapés no ar onde era a cabeça dele para mostrar a Kellyane que Pobby não passava de uma ficção saída da sua imaginação.

Já perdi a conta do número de vezes que me sentei à mesa a dizer:

"Mamã, por que tem de pôr lugares para o Pobby e a Dingan? Nem sequer são reais."

E também lhes punha comida nos pratos. Dizia que faziam menos barulho e se portavam melhor do que eu e que bem mereciam o que comiam."

.../...

Não dormi nada o resto daquela noite, mas assim que a manhã despontou entrei no quarto de Kellyanne para lhe contar o que se tinha passado. Havia um cheiro a doente no quarto todo. Abanei Kellyanne pelos ombros e disse:

- Acorda, mana. Tenho uma coisa para te mostrar. Acorda!

Kellyanne pestanejou e entreabriu os olhos. Tinha um aspecto de quem já não tem muita vida. Senti-me como que desesperado. Ia ser eu contra a morte. Eu sem ninguém a ajudar.
…/…
- Fiz o que tinhas dito, Kellyanne, e fui ao fundo da mina…/… A cobertura tinha caído numa das galerias … O Pobby e a Dingan ficaram debaixo dela… Sei isso porque encontrei a opala que a Dingan tinha no umbigo… Estavam ali deitados todos pisados na mina…Estavam lá… E estavam mortos. Mas tinham um ar sereno… Estavam deitados um ao lado do outro de mãos dadas… e ainda estavam um bocadinho quentes e tudo.

Começaram a correr-me lágrimas dos olhos, talvez por estar estafado, mas também estava com um medo danado que Kellyanne não acreditasse numa palavra do que estava a dizer.
…/…
- Posso ver a opala? – murmurou Kellyanne daí a instantes.

Tirei o sapato e estendi a opala na palma da mão que tremia como um peixe. De repente fiquei mesmo aflito porque pensei “Não tem nada o ar de uma opala que alguém pusesse no umbigo”. Era grande demais.

Mas Kellyanne sentou-se de rompante e passou-me os braços à volta do pescoço a dizer:

- Ashmol! Encontraste os corpos. Encontraste o Pobby e a Dingan ! É isto! È esta a pedra que a Dingan usa no umbigo!

Quando ouvi isto , fiquei de um momento para o outro desoprimido e aliviado e alvoraçado. Havia um grande sorriso no rosto de Kellyanne. Era como se lhe tivessem tirado de cima uma grande pedra. De súbito pensei:

“Óptimo! Já passou! Consegui! Agora a Kellyanne vai ficar melhore vai tudo ficar fixe” – Mas Kellyannne olhou para mim e disse:

- Agora a única coisa que tens de fazer , Ashmol, é tratar do funeral.

- Quê? – por instantes pesei que estava a falar do funeral dela.

- Toda a gente tem um funeral. E o Pobby e a Dingan também têm de ter. Não descanso enquanto eles não forem sepultados, Ashmol. Eu tratava disso, mas não posso porque tenho de ir para o hospital de Walgett por uns dias.

Voltou a fitar-me com aqueles olhos de olheiras escuras. Não estava completamente convencido que o hospital a livrasse delas.
…/…

…o mais importante de tudo era que a Kellyanne ficasse boa, e que se isso significasse trocar uma magnífica opala por uma campa para Pobby e Dingan era isso mesmo que iria fazer.

- Só faço isto se ficares melhor e deixares de afligir assim a mamã e o papá – disse eu num tom firme. – E só se prometeres não morrer porque se não lá tenho de fazer outro funeral e ter uma trabalheira dos diabos.

- Prometo – disse Kellyanne. – Obrigada Ashmol. E agora promete-me também uma coisa. Promete que não dizes nada à mamã nem ao papá que encontraste a opala da Dingan.

- Está bem, está bem.

- E que não a mostras a mais ninguém a não ser ao senhor da agência funerária.

- Prometo.

- E que não vais estar a ver se ganhas algum dinheiro com ela. A opala não é tua, nem do papá, Ashmol. É o umbigo da Dingan. Não é uma pedra qualquer para sacares uma data de massa com ela.

Fiquei um bocado a pensar naquilo, e pensei na pena que era deitar assim fora a primeira vermelho e preto que encontrava. E então disse:

- Prometo não ganhar dinheiro com ela.

Depois saí do quarto, já cansado de prometer tanta coisa.
…/…

E quando chegamos junto delas, a mamã girou a cadeira de rodas para nos mostrar que Kellyanne estava também a sorrir. E Kellyanne Williamson ficou a sorrir para o resto da vida dela.”

…/… continua... o fim desta história não é cor-de-rosa não...

Ben Rice – nasceu em Devon, Inglaterra, em 1972
“Pobby e Dingan” foi o seu primeiro livro

quinta-feira, 12 de abril de 2007



"-Podias fazer o favor de me dizer para onde devo ir a partir de agora?

-Isso depende muito de para onde é que queres ir. – disse o Gato.

-Não me importa muito onde... – respondeu Alice.

-Então também não importa para onde vás – disse o Gato

- ... desde que chegue a algum lado.... – explicou Alice.”

Lewis Carrol in Alice no Pais das Maravilhas

.../...

São escassos e brandos os abraços
Os beijos e os afagos

Precárias as pessoas e
Levianos os sorrisos
Que se quebram débeis
E somem…
Num piscar de olhos

Falta o pão
O sol e
O beijo
E o Sal

Falta o Amor
E de novo o Pão
Na mesa vazia
Onde pousa ainda cheio
Um copo com água
Que não chegará
Para matar a sede
Dos que morrem já...
......./......

Hoje não corri.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Só por esta noite

Esta noite vou fechar a porta
Nem que seja só por esta noite
Meu amor
Vais-me perdoar
Esta noite quero fechar-me
Que ninguém me encontre,
Que eu não encontre ninguém
Que a vida se feche cá fora a não se atreva a entrar
E eu não me atrevo a sair
Pelo menos esta noite
Nem que seja só esta noite
Meu amor e amante querido
Perdoa-me
Que me deixem em paz por favor
Fantasmas e espectros que me habitam
E tomaram já conta de mim
Já não sei nem quero, rir, falar ou estar
E tenho medo
Medo de já não conseguir voltar a voar
Esta noite vou fechar a porta
E não me deixarei sair
Mas a seguir a esta noite, eu sei
Outras noites virão
Tão ou mais negras que esta
E cada vez a luz do dia estará mais distante de mim
Por favor não batam nem por mim perguntem
Que eu deixei de existir
Por esta noite pelo menos
Deixem-me ter descanso
Por favor
Nem que seja só…
Por esta noite.


Claro que não tenho corrido (desde domingo passado em Constância) pois se assim não fosse, não teria escrito essa porcaria aí em cima, e esta noite, a porta estaria aberta de par em par para deixar entrar o luar e o ar fresco da noite

domingo, 8 de abril de 2007

20º Grande Prémio de Constância - 7 de Abril de 2007



..........................................................Com a minha filha e o Óscar

..................................................Com o meu amigo Carlos Lopes
...................................................Com a minha nova equipa: AFIS

..........................................................................A partida


...................................................................Os mais rápidos



................................................Os mais lentos, onde eu obviamente me incluo


......................................................Com o meu Amigo António Pereira


......................................................................Os Prémios



20º Grande Prémio de Constância – 7 de Abril de 2007

Constância… Um dia radioso e uma vila enfeitada e acolhedora nos espera, onde o Zêzere emborca no Tejo para juntos procurarem e se fazerem ao mar.

Pela 20ª vez se realizou esta prova num cenário luxuoso: pela estrada junto ao Zêzere, sem trânsito, apenas o verde e o rio e as cores, nossas e das “canoas” que navegam nas águas.

Prova com inscrições gratuitas, teve uma boa participação nos escalões jovens, e 444 atletas chegados na prova principal.

Na minha opinião uma prova muito bonita e bem organizada, mas que peca num aspecto: os prémios de presença não chegaram para todos os presentes. Entre esta situação e o limitar o numero de inscritos, optou a organização pela 1ª hipótese, o que em minha opinião em nada abona a seu favor, pois (apesar das inscrições gratuitas) o atleta classificado em 400º e 401º deveria ter exactamente o mesmo prémio: o de presença, que constava de: t-shirt, um azulejo alusivo à prova, mel, e bolos da região, sumo e água, e ainda a revista da prova, onde sou surpreendida (pág.6) por uma foto de uma menina pequenina (5 anos), a minha filha, há 4 anos atrás, quando correu ela pela 1ª vez numa prova, precisamente ali, em Constância. Coração derretido de mãe babada…

Situação esta do prémio de presença e do número de inscrições admitidas deveria ser revista, em meu entender.

Constância –Vila Poema, anunciam os cartazes turísticos. E de facto respira-se poesia nesta vila. Os rios, as árvores em flor, o verde, as águas, as casas enfeitadas com flores de papel colorido, constantemente renovadas pelas mãos das gentes, quando as gotas de chuvas destroem o trabalho da véspera, as gentes, os sorrisos, os cheiros, o ar que se respira nas ruelas e becos que descem ao rio. É um luxo correr ali. Voltarei sempre que possa.

A minha prova

Faço-me acompanhar de família e amigos e lá reencontro muitos mais.

Entre o azul do céu e do rio e o verde que nos envolve, fiz os 10 Km em 51m53s. Fui 17ª entre 30 Veteranas. O meu cronómetro é que conta. Esforço doseado e controlado e posso dizer que a prova me correu muito bem, ajudada sem dúvida por todo o ambiente envolvente, desde o apoio e carinho dos amigos, à própria organização que nos deu todas as condições para usufruirmos da beleza e poesia em que Constância se insere, de tal forma que entra em nós e nos exalta a alma.

Muito diferente para mim esta prova este ano. Repleta de um novo significado na minha vida. Ingressei no AFIS – Atletas Fim Semana, Ovar. Apesar da leveza e da frescura acrescida pelo tamanho exagerado da camisola do clube, senti-lhe o peso. O peso da camisola. Senti e gostei. Gostei muito e sinto-me grata. Verdadeiramente grata, como poucos poderão compreender.

Enverguei-a com brio, pois a mim só me honra suar tal camisola. É bom pertencer a um grupo. Todos sabemos disso. Um grupo de amigos, uma equipa. É bom ter isso, é bom merecer isso, é bom alguém me proporcionar isso. E se hoje pela primeira vez levo ao peito o AFIS, é bom que se saiba que não penso voltar a despir a camisola por motivos alheios à minha pessoa e conduta, como já chegou a acontecer no passado com outros clubes, de forma bastante lamentável e triste.

Mas as pessoas – porque os clubes são feitos de pessoas – são todas diferentes, espero que este seja o início de uma relação duradoura e sólida. Da minha parte tudo farei para
continuar a merecer o respeito, consideração e confiança que depositaram em mim.


quinta-feira, 5 de abril de 2007

Cenário - Baía do Seixal

E foi neste cenário que hoje treinei. 1 hora de corrida contínua lenta. Abracei a baía contornando-a lenta e docemente. Uma hora de contemplação harmoniosa. Onde deixei tudo como estava. A mais, apenas pegadas e a minha imagem de passagem dando mais vida ainda à paisagem.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Mais fotos de Mafra - Corrida dos Sinos

Olho-me... a correr... como filme a passar, diria, mas não. Sou eu que faço o filme! Faço o filme correr... feliz.