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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Alguns Amigos e Eu, na 5ª Maratona do Porto

Na feira, eu e filhota:




Em conversa com Tatiana e Helena, do Apoio Psicológico ao Maratonista:


O meu pai:

Já depois de almoço, na sobremesa:


O dia da prova, 26 de Outubro de 2008, momentos antes da partida. O meu pai e amigos, Daniel e João:
Com Luís Mota e família, António Almeida e família e Miguel Paiva, os 3 estreantes na distância:



O início. Deixar partir os Maratonistas, os atletas da prova de 14 Km, e até os Caminheiros. Só depois nós. Na cauda da Caminhada:

Durante a caminhada, conversas e risos:





E agora, alguns amigos na Maratona...


José Capela, a 50 metros de bater o seu record pessoal na distância.

Fernando Sousa, que outra vez não conseguiu fazer abaixo das 3 horas...


Herculano Araújo:


Fernando Andrade:

Elísio Costa:

Margarida Pinto:

Chantal Xhervelle e Jaime Lamego (ele há fotógrafos que cortam as pessoas ao meio...):

José Valentim:

E António Pereira:

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

5ª MARATONA DO PORTO – 26 de Outubro de 2008

Não Fiz a 5ª MARATONA DO PORTO

Estar na Maratona do Porto e não a correr é… é… é como comer rebuçado com papel, beijar sem amor, degustar imaginativo e carente. Carente do sal do suor, do pulsar do sangue, da garganta apertada, dos sorrisos, olhares e toques de mãos. Dos passos no asfalto, o olhar no rio, o transbordar em silêncio de um rio de emoções que nos jorra do peito em catadupas que se sucedem ao ritmo dos passos.

Este ano, não me consegui motivar o suficiente para demover montanhas e vales, diques e rios, e só dessa forma conseguir treinar e preparar uma maratona. Não o consegui de novo. E nem sequer corri os 14 Km, prova que decorria em simultâneo com a Maratona. E fiquei-me apenas pela participação na Caminhada. 6 Km com partida na cauda da avalanche vermelha constituída por milhares de pessoas que participaram na 5ª Maratona do Porto (no total das 3 provas).

Estive lá, mas um véu invisível, uma película transparente, deixou-me ver mas impediu-me de tocar e sentir. Ela, a Maratona estava lá, mas apenas 583 indivíduos a viveram e sentiram o seu próprio pulsar, sendo esse o número deles chegados à meta dela. 5h30m de corrida. 5h30m de vida de um Veterano 5.

Mostrou-se inacessível para mim ela. No dia 26 de Outubro de 2008. A 5ª Maratona do Porto. Com um número de participantes bastante interessante para uma Maratona em Portugal, mais ainda se considerarmos que é uma Maratona muito jovem (4 anos apenas), a 5ª Maratona do Porto veio confirmar o que se tinha suspeitado nas edições anteriores: veio para ficar e tem já um lugar no calendário nacional e promete ter no internacional.

Num percurso propício a boas marcas, salvaguardando o empedrado tradicional das ruas à beira Douro, esta Maratona detém o melhor tempo na Maratona em solo português. Atletas de elite e de pelotão são bem tratados. Desde a divulgação da prova, passando pela Feira, entrega de dorsais e sacos, e chegando ao dia e às classificações da prova, serão poucos os pontos a aprimorar.

Sem a correr, estive lá, bem perto e vivi-a com os olhos e o coração de quem me levou a correr, consigo, ao longo das margens do Douro. E não foram poucos, por isso posso sem erro escrever o que escrevo.

Destaco:

A Feira e a Pasta Party. Organizada, bonita e acolhedora ao mesmo tempo. Gabinete de Apoio Psicológico ao maratonista (ou aspirante a maratonista), e diversos outros stands. Um espaço muito agradável onde se fez a entrega dos dorsais e onde se podia comer um bom prato de massa;

Os muitos e bons abastecimentos ao longo dos 42195 metros, e negativamente, a sua escassez no final, consequência da inequívoca ganância dos próprios atletas (desengane-se quem pensa que este – mundo da corrida - é um mundo aparte, onde as pessoas são diferentes, amigas, solidárias, correctas, civilizadas, etc., pois não o são);

A beleza do percurso, a sua sinalização, marcação de Kms, controlo, a constante presença de atentas equipas médicas, assim como a segurança, com excepção de bicicletas que admito serem de muito difícil controlo;

A partida, com oferta de café quente, e guarda da roupa dos atletas, e a chegada, segura e digna de uma Maratona, até ao último chegado;

Resultados colocados no site da organização em poucas horas, assim como fotografias da prova;

Os prémios de presença, sobressaindo aos demais a garrafa de Vinho do Porto com o logótipo da Maratona, a camisola de corrida e o medalhão;

Massagem no final;

E por tudo isto que vi – passaram por mim todos os atletas chegados à meta e todos eles tiveram as minhas palmas, pois numa Maratona não há vencidos – é também a Runporto merecedora das minhas palmas! Pela magnífica Maratona que organizou - a 5ª MARATONA DO PORTO, que sem sombra de dúvida dignificou o nosso país e a cidade do Porto.

sábado, 18 de outubro de 2008

Peso e reeducação alimentar

Uma semana passada. Correria, correria. Sem tempo sequer para correr. Ou para viver. Ou para morrer. Essa queria eu ver! Como logo o tempo parava e as tarefas obrigatórias se tornariam ridículas e absolutamente desnecessárias.

Dando uma volta pelos blogues cujo tema é o emagrecimento, reeducação alimentar, controlo de peso e assuntos afins, assustadoramente se verifica que quer o número de visitas quer o de comentários nesses blogues é bastante elevado, mesmo quando 95% deles se limitam exclusivamente a dissecar o problema existente entre comer uma ervilha ou duas ervilhas, ou se ingerir metade de um queque irá comprometer uma eficiente perda de peso. É de facto impressionante a necessidade e a procura que estes problemas (obesidade e distúrbios alimentares) suscita, demonstrada na proliferação e procura deste tipo de blogue.

Nesse tema também este blogue se foca de vez em quando, tema aparentemente frívolo para os mais desatentos e desinteressados. Eu tenho andado a emagrecer. Com cuidados alimentares fundamentalmente. Infelizmente o exercício físico tem sido quase nulo.

Hoje, o meu blogue vai também parecer frívolo e apenas dizer que depois de semanas e semanas a “comer bem” (leia-se saudavelmente) esta semana tive um deslize. Um deslize grande. Uma escorregadela. Um trambolhão. Ventas no chão!
Comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi… Sim, isso tudo e ainda mais! Não só a quantidade foi excessiva como a qualidade foi bera também.

E hoje é sábado, dia de pesagem! Treme a balança e tremo eu! Ainda assim, dispo-me corajosamente aqui e e na casa de banho, e subo para a balança.

Fica já a promessa, como se a vida se pudesse parar e recomeçar outro dia, como se se pudesse adiar e fazer promessas apenas para mais logo quando nem sabemos se iremos cá estar: nesta semana, que se inicia hoje), a disciplina vai voltar! Garanto-vos que vai! Afinal tropeços todos temos ou não? É preciso é não nos deixarmos ficar caídos. Levantar! Levantar! 2000 gramas (2 Kg soa demasiado duro) de aumento de peso numa semana? Não admira tendo em conta as porcarias que ingeri compulsivamente.
Até amanhã querido diário

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Convite para um chá... especial: O Chá dos Cinco

Porque a vida os uniu nalgumas passagens, com laços e correntes de resistência variável, por vezes tão frágeis quanto cristal, por vezes tão sólidas quanto grilhetas, agora que o Outono se aproxima, eles juntaram-se à volta de uma mesa. Uma mesa onde se serve chá numa sala onde se convida todos a entrar e a tomar...

O Chá dos Cinco

domingo, 12 de outubro de 2008

Transporte para Maratona do Porto


Domingo passado corri pela última vez pelos AFIS, em Ovar.
Esta semana, duas situações diferentes mas similares:

1)
- Então companheira, sempre vai aceitar o meu convite para nos representar esta época?
- Não, não me parece. Deixei os AFIS sim, mas acho que não me quero vincular a ninguém. Obrigada…
- A minha amiga é que sabe. Como deixei claro desde o 1º convite, só pretendia que nos representasse nas provas onde estivéssemos de harmonia. As únicas provas que peço sempre aos atletas para tentarem dentro das suas possibilidade estarem presentes é as integradas no troféu de atletismo do Seixal todas as outras o atleta têm opção de escolha
- Eu percebo, mas ainda assim não. Agradeço, mas não, obrigada.
- Tudo bem, se mudar de ideias e nalguma prova nos quiser representar terei todo o gosto em tê-la integrada na nossa equipa.

2)
- Podias ir pela equipa. Posso fazer as inscrições, corrias pela equipa…
- Não, obrigada, mas não…. - Bem, já sabes, estás à vontade. Dormida podemos arranjar-te, mesmo que não corras por nós, estás à vontade.
- Arranjavam-me dormida? Isso pode ser decisivo para fazer a diferença entre o ir e o não ir… humm… isto está a tornar-se interessante… (risos)
- Sim, mas se quiseres, podes correr por nós.
- Não obrigada. – um nó na garganta, assuntos mal resolvidos nos quais não quero remexer.


Diz assim a canção dos Tribalistas, e eu hoje como nunca, tenho-a na cabeça e canto-a baixinho sorrindo:

“Eu sou de todo mundo... E todo mundo me quer bem. Eu sou de ninguém. Eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também."

A próxima:
26 de Outubro 2008 – prova de 14 Km integrada na MARATONA DO PORTO

Relembro os atletas Lisboetas e dos arredores que a organização da MARATONA tem ainda alguns lugares disponíveis para transporte ida e volta para o Porto, quer para Maratonistas, quer para qualquer participante em prova associada à Maratona ou mesmo apenas acompanhantes, pelo custo de EUR 10,00, ida e volta.

Contactos: Ana Pereira, Telef: 964 937 456, mail: anamariasemfrionemcasa@gmail.com

Até lá: a vida rodopia e vai correndo sobre rodas (literalmente). Com mais ou menos velocidade, com paragens, quedas e recomeços, sozinhos ou acompanhados, sonhos e desilusões, clareza e distorção, mas sempre a rodar. De sapatilhas para correr, é que desde Ovar... não se tem ouvido falar...



11 de Outubro 2008 -XXV Seixalíadas 2008 - Patinagem Artística, onde o Clube do Pessoal da Siderurgia Nacional alcançou um honroso 1º lugar em esquemas de grupo, com o o esquema "Estátuas"

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

20ª Meia Maratona Cidade de Ovar

Uma história

A uns passos da meta - Foto de Mário Jorge, e propriedade dos AFIS

Certamente uma boa parte de Ovar ainda dorme quando a 350 Km de distância ela acorda. Quatro da manhã. Desperta a filha, apanha o pai e os três seguem com amigos estrada fora, noite ainda rumam ao Norte.

Não foi convidada mas Ovar convida. É prova organizada pelo clube que representa há pouco mais de um ano. AFIS. Conhece a Meia Maratona Cidade de Ovar desde os seus primeiros anos, em consequência da empresa onde ela trabalhava ser assíduo e antigo patrocinador da Meia, até há muito pouco tempo, mas só a sentiu desde finais dos anos 90, quando a correu pela primeira vez. E desde a primeira vez a cativou. Sempre que pôde, lá voltou a cada dia 5 de Outubro.

E a 5 de Outubro de 2008, para participar na 20ª edição, ela moveu céus e a terra moveu alguém por ela.

O certo é que lá estava. Na partida. Numa festa de cor. Num ar que se respira fresco e alegre, pronto a acariciar os corpos assim que estes partirem.

A par da Meia, uma caminhada onde ela levou o pai e a filha, que decidiu ir mesmo à última da hora. Prova de amor incondicional que fica guardada e por contar. A corrida também serve para estas coisas. Para as pessoas mostrarem e provarem o que são e o que sentem. Também uma corrida para jovens levou centenas de crianças e adolescentes a correr em Ovar neste dia de festa.

Ovar não me surpreendeu. Apenas manteve o nível e o encanto. Carinho no ar, que se bebeu em tragos em cada passo pela cidade, ladeados pela floresta e lavados pela brisa do mar no rosto. Aplaudidos e cuidados (a presença da Cruz Vermelha e de membros da organização fizeram-se notados ao longo da prova), os atletas correm ao som de palmas e de incentivos do público que acorre às ruas. Porque há público em Ovar. Colorido como as casas de azulejos e doce como o pão-de-ló húmido das gemas de ovo.

Custo razoável, inscrições de forma simples e regular, assim como a entrega de dorsais com o especial destaque do envio de dorsais para residência de muitos inscritos, e muito boa organização nos momentos que antecedem a prova. Partida da caminhada a distância suficiente da partida da Meia, sem por isso deixar de encher as ruas de rostos de gente, que estão ali para correr ou para andar. Para passarem uma manhã a praticar exercício físico.

Ruas muito coloridas e zona muito animada. Corre-se em Ovar como gaivota voa sobre o mar. Assim se sentiu ela. Os quilómetros marcados não lhe pareceram excessivamente longos e sente-se muito bem. Como sempre ali se sentiu. Muito acarinhada, mesmo quando nem sequer sonhava vir a ser um AFIS.

Sem trânsito, dá por si a correr ora em ruas estreitas de casas de azulejo, ora entre pinheiros e um mar de caminheiros ao lado, ora ainda com a brisa do mar no rosto e as palmas no coração. Transporta consigo tesouros que engrandece em Ovar. Tempos de passagem são anunciados e o controle é feito por pulseiras, lembrando-a que a Meia Maratona Cidade de Ovar merecia já um outro rigor nesse controle.

A chegada à meta é única em Ovar. As placas anunciando os metros em contagem decrescente, o funil de gente empurrando-a para a meta sob um céu azul e envolta em cor que não vem só da publicidade dos muitos patrocinadores, fá-la sentir no céu. Felicitam-na e um saco bem recheado de produtos alimentares diversos e o prato de louça alusivo à prova, devem satisfazer a maioria dos atletas. A ela satisfez, apesar de pensar que um medalhão enriqueceria ainda mais o já farto saco de brindes, onde não faltou também a t-shirt, este ano particularmente bonita e entregue com o cuidado de acertar o tamanho desta ao do indivíduo que a recebe.

Classificações postas on-line rapidamente e um razoável serviço fotográfico, disponibilizado no site da organização.

Por tudo isto, está o AFIS de parabéns por ter levado a cabo pela 20ª vez, de forma quase perfeita, a Meia Maratona Cidade de Ovar.


Um único senão, um reparo, um passo atrás, uma ideia retrógrada a tresandar a xenofobismo sob uma capa qualquer que deixa mais que o rabo de fora, é a persistência da organização em permitir a participação de Atletas estrangeiros, apenas a atletas a convite da organização. Argumento algum poderá sustentar de forma séria, justa e humana, esta retrógrada cláusula do regulamento.

Participar na prova é pactuar com isto? Talvez pareça que seja. Mas participar na prova e denunciar o que em minha opinião é um erro grave de uma organização experiente, dedicada e empenhada e séria, é tentar que alguém veja e reveja essa cláusula sob um outro prisma, sob outros olhares que não o do seu próprio umbigo e talvez quem sabe corrigir e deixar a Meia Maratona Cidade de Ovar crescer, não tanto em quantidade mas em qualidade, evoluindo, para que a igualdade entre os homens passe de uma utopia, de um conjunto de palavras reunidas em papel ou em mesas de assembleias. E ela, deve de estar é na rua, onde os homens vivem, onde os homens correm. Em todo o lado. Também em Ovar.


E no final da prova, me despeço, não de Ovar, não dos amigos, não da Meia Maratona Cidade de Ovar. É apenas... o fim de um AFIS:

Foto de Joaquim Margarido

Mais algumas fotos da prova e deste dia 5 de Outubro de 2008, absolutamente memorável por feliz que me foi, no meu Album

domingo, 5 de outubro de 2008

20ª Meia Maratona Cidade de Ovar


"- Não queiras que te explique como nem porquê, porque eu não tenho resposta lógica para as tuas questões dogmáticas e irritantes. Mas que consegui, consegui! Corri feliz 21097,5 metros em 2h03m18s na 20ª Meia Maratona Cidade de Ovar. "– Adiantou-se ela antes que ele, Senso Comum se atrevesse sequer a tentar dissecar com explicações desgastantes um feito surpreendente, até chegar a uma conclusão tão lógica quanto desprovida de prazer e de sal.

É claro que o feito “surpreendente” foi o dela após andar a correr Meias uma vez por semana, com marcas de 2h17, e 2h18 e na semana imediatamente anterior a esta prova ter corrido apenas 1 vez durante escassos 60 minutos, ter chegado a Ovar e ter conseguido correr feliz e contente e terminado a Meia com 2h03m18s.

Nada de especial dirão alguns. Pois, mesmo nada de especial, dirão alguns. Mas não ela!

Muniu-se do amor do pai e da filha que a acompanharam, do carinho e estima de tantos amigos, e dos beijos trocados num curta paragem em plena prova com o seu grande amigo Manuel Ramos, surpreso de a ver por ali depois dela ter anunciado que não ia, e ganhou forças vindas de parte incerta.

Valeu-se da força do coração pleno de tanta emoção e comoção, alimentada pela chama interior, e correu feliz em OVAR, dignando pela última vez a chama que trazia ao peito e que não era dela: a camisola dos AFIS.

Outros detalhes de maior importância sobre a prova muito em breve aqui neste mesmo espaço.


As meninas na Caminhada:
No final: com Célia Azenha, Dina Mota e a minha fiha:
Classificações da prova aqui

sábado, 4 de outubro de 2008

20ª Meia Maratona Cidade de Ovar

O ditado
Entrou na sala austero, e como Futuro sentia-se no direito de ditar os seus desígnios, a seu único e belo prazer, ignorando por completo os dela.

Desprevenida ela, sem sequer um esboço plausível de ditado para além da ida a Ovar, ele aproveitou e desenhou-lhe um futuro próximo, imediato até, que ao invés do apenas delineado dela, tinha contornos fortes capazes de alterar qualquer futuro. Ditou-lhe ele que já não iria ela a Ovar, cortou-lhe as pernas, a cabeça, operou-lhe o espírito, matou-a sem a matar ainda.

Chorou ela, ao ler o ditado. Amigos todos temos, familiares também, mas os nossos problemas são apenas nossos. Muito raramente outro alguém interfere.

Pegou num papel ela, riscou as frases ditadas por ele futuro, e escrevinhou outras dela por cima, encavalitadas sobre as dele. Mas faltava ali a linha condutora, o fio que levaria a história do princípio ao fim, com sentido e viabilidade de passar ao real. Apagou, borrou, escreveu de novo, caíram-lhe lágrimas sobre o papel e sobre as frases. Passou-lhe a mão para limpar a lágrima mas foi só e apenas capaz de borrar ainda mais o papel.

Já via Ovar por um canudo. A despedida dos AFIS feita sem se ter dado conta dela na última prova.

Depois de dar voltas ao papel e ao lápis e à cabeça e não encontrar espaço em branco para ditar novas ordens ao futuro, fechou os olhos e chorou e dormiu na esperança de ao acordar que as palavras ditadas pelo futuro não passassem afinal de um pesadelo.

Acordou com o telefone. Novas palavras límpidas e claras do outro lado da linha. Nova luz sobre o futuro. Como ela precisava. Pegou nelas e no papel e ditou elas essas novas palavras deste futuro já tão próximo que quase se confunde com o presente.

Resignado, pelo menos até à hora em que escrevo, o futuro franziu o sobrolho, fez o ditado que da boca dela saia como ordens e deixou ficar assim a folha de papel, com o ditado dela.

Até amanhã em Ovar

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Ano e meio com o AFIS - recordações...

Para recordar o meu ano e meio com o AFIS, aqui ficam algumas imagens do que fiz:





No próximo domingo, dia 5 de Outubro de 2008, na 20ª Meia Maratona de Ovar, suarei a camisola AFIS pela última vez, com o mesmo brio e dignidade que sempre senti ao envergá-la, onde quer que tenha ido.


O objectivo é ... correr 21097,5 metros sem parar e de preferência nuns minutinhos menos que aquilo que tenho andado a fazer ultimamente...

Depois... depois não sei o que o futuro me dita, nem sequer tenho eu ditado preparado para lhe fazer...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Despir a camisola



Entrei para o AFIS pela mão do Joaquim Margarido, logo amparada pelas mãos do presidente (naquela altura), Manuel Ramos, que por sua vez tinha trazido até mim o Margarido uns meses antes. Círculos …

Amigos. São eles amigos que tenho no coração, como tão bem o sabem. Amigos. Que num momento de fragilidade (minha), me quiseram dar (e deram) a mão. Passei a representar o AFIS. Pela primeira vez em Constância na Páscoa de 2007. Com gosto, prazer, carinho e entrega, a possível, a única que sei, usei e suei a camisola com a chama ao peito interiorizada.

Representando um clube a 300 km de distância, a maior parte das vezes sozinha em provas por todo o país, enverguei a camisola e a chama que ardia era a minha, de mais ninguém.

Muitas vezes me questionavam como é que eu sendo de Almada, andava a representar um clube de Ovar. Respondia que tinha lá amigos. Tinha. E tenho. Amigos não se perdem. Mas hoje, vejo nitidamente que confundi as pessoas com o clube, e que só por isso lá estava. E só isso nitidamente não é suficiente.

Como num casamento apenas gasto pelo tempo, se não se encontra um motivo, uma razão ou acontecimento marcante que nos leve a sair, já o facto de não se encontrar uma razão igualmente forte para ficar, é, a meu ver, motivo mais que suficiente para sair.

E olho, e não encontro motivos para ficar. A chama (só a da camisola) extinguiu-se e o meu coração não bate por ela nem é ela que o alimenta. É preciso amor. Eu preciso de amor. Até para correr. E o AFIS não me ama, assim como eu nunca o amei, confesso. Consideremos um namorico, um curto episódio de um livro de muitas páginas.

No fundo, para mim, pertencer a um equipa significa convívio, espírito de equipa, camaradagem, cumplicidade, apoio, tanta coisa que à partida se sabe que 300 Km de distância tornam praticamente inviável. Ainda assim, não me arrependo de forma nenhuma destes tempos em que transportei a chama AFIS ao peito e o “Saramago” nas costas. Mas à medida que o tempo passou, senti falta. Faltas. De uma equipa. De pertencer a uma equipa. Sozinha por sozinha, dispo a camisola e sigo sozinha.

Sem mágoas mas também sem quaisquer culpas, domingo dia 5 de Outubro, na 20ª Meia Maratona de Ovar, será a última vez que representarei os AFIS.