Pesquisar neste blogue

quarta-feira, 27 de junho de 2012

"A Corrida Volkswagen, pela Maria", "Conversa da Treta" ou "Prenúncio"

Assim que teve conhecimento da Corrida da Volkswagen, de imediato sentiu o apelo, pela originalidade, oportunidade de conhecer e correr num cenário bem distinto dos usuais e este "conhecia" ela bem mas apenas por relações profissionais e nunca no terreno, e por tudo isso, numa questão de horas estava inscrita. O dorsal 64 pertencia-lhe e as expectativas foram sempre aumentando assim como o seu entusiasmo, até ao dia da Corrida. Inversamente mas na  mesma proporção, esteve a sua preparação, pois a perna continua a doer-lhe de forma contínua e progressiva, e na tentativa de a poupar, os treinos têm-se resumido a correr nas provas aos domingos (errado!)

E neste estado, chegou a sábado, véspera da prova e cumpriu uma lista de tarefas que se dispôs a fazer, das quais se destaca pela sua importância, ter ido dar sangue de manhã e levantar o dorsal da prova à tarde na Soauto, concessionário Volkswagen à beira Tejo plantado.

Domingo. Dia da prova. Um nervoso miudinho sem razão aparente ou visível. Excitação, entusiasmo e medo dissimulado. Sim, medo. Não sabe se consegue correr sem coxear, e se aguentará as cerca de 5.000 passadas que a sua perna esquerda terá de dar e igual número de impactos no solo duro de asfalto a provocar invariavelmente a difusão da dor desde meio da canela até ao joelho, como feixe de luz ou cor a percorrer-lhe a tíbia, por vezes a ameaçar uma falta de força na perna que a fará cair, que até hoje ela conseguiu evitar, precipitando a passada da perna direita e avançando mais um passo.

O ambiente é muito festivo. Depressa encontra os seus amigos. Um, outro, ali outro, e mais outro. E sempre a Corrida à sua espera para a abraçar. Está em casa, portanto.

Bebe um bom café das máquinas disponíveis, vai à casa de banho e depois atreve-se a aquecer tentando acompanhar a coreografia dos animadores ginastas, mas depressa percebe que não pode saltar pois é o pior que pode fazer para acordar a dor aguda. Faz outros movimentos deixando-se contagiar pela música e completamente indiferente à figura que deve estar a fazer tal é a sua falta de coordenação e flexibilidade. Vai depois correr um pouco, já quente, e é hora de alinhar na Partida.

Parte no 1º terço do pelotão. Está animada e sente-se enérgica (só pode ser o efeito do café), e avança relativamente bem talvez nos primeiros 3 kms. Depois, sente já o efeito da falta de treinos, sente-se cansada e a perna doí cada vez mais. Modera o passo, e tenta correr sempre a proteger a perna esquerda.

Começa a ser ultrapassada por todo o cão e gato, e é por esta altura que lhe assalta o pensamento uma expressão bem conhecida e que se aplica irónica e literalmente nesta situação "Fiquem lá com a bicicleta!". É que o prémio para os primeiros era uma bicicleta... e se porventura ela se considerasse uma candidata (como nos tempos em que fazia os 10 km em 40 minutos), a partir de determinada altura, desiste de lutar, abranda drasticamente e só quer é acabar! "Levem lá a bicicleta", e ri-se para si mesma, conformada e satisfeita só pelo simples e magnífico facto de estar ali a correr. Claro que jamais se considerou candidata à bicicleta e este pensamento foi uma resposta humorística e sarcástica do seu subconsciente, para o facto de se estar a sentir mal. De se estar a sentir derreada, derrotada, não tanto pelo parte respiratória e muscular (mas também) mas principalmente derrotada pela danada da dor na perna.

Sente vontade de chorar por instantes (menina mimada e mal agradecida pela benção que é a sua vida!!!), mas sorri. Sorri aos amigos que a passam e  a cumprimentam. Aos já conhecidos e a desconhecidos que a cumprimentam, que a "conhecem" precisamente deste espaço onde escreve o que lhe vai na alma.

Numa corrida com cerca de 1250 participantes, parece-lhe que nunca tanta gente a tinha abordado como nesta prova. Amigos amigos, que lhe conhecem o nome e muito mais, e depois imensos conhecidos e desconhecidos, que a tratam por Ana, por Maria,  por qualquer coisa como "é aquela rapariga que tem um blogue...uma vez apareci lá numa fotografia...até deixei um comentário".

As conversas distraem-na e as caras e as vozes que variam (pois está a ser ultrapassada por "n" atletas), dão-lhe alento mas também não deixa de sentir tudo aquilo como um prenúncio. Um prenúncio do fim. E é aí que lhe apetece chorar outra vez. Como se todos se despedissem dela... Até a própria Corrida parece levá-la em braços, com suavidade e doçura, muito devagarinho, para a depositar em lugar seguro daqui a nada e a abandonar.

O mundo de cada um a cada um pertence, a não ser que deixemos alguém entrar, e ela não deixou. Não naquela hora que duraram os seus 10 Km. Hoje, está aqui, como livro desenvergonhadamente aberto nas páginas centrais, mas hoje, já o seu mundo é outro e o livro já tem escritas mais páginas.

Desperta-a de novo o Pedro Carvalho que acompanha o Hugo, um amigo estreante e que também a apanham vindos de trás do pelotão. Não os acompanha mais de alguns passos. Algumas (poucas) palavras trocadas e está de novo no seu mundo. Km 7 e entra-se na fábrica. A Corrida já a leva ao colo. Alguém a avisa que está ali o seu pai, e anima-se a sério. Corre. Parece que tem força de novo nas pernas. Entra mesmo nos pavilhões da fábrica. Uma sombra refrescante e um cenário deslumbrante. Uma fábrica de produção automóvel. Não percebe nada, apenas o suficiente para perceber a magnitude da indústria automóvel, as linhas de produção, de controle, qualidade e automação. Anima-se. Transcende-se para um patamar qualquer da existência e corre com mais energia. Recupera alguns lugares e apanha o Pedro Carvalho e o seu amigo Hugo, o estreante. Fala, está contente, animada de novo e vai com eles. A dor lembra-a que não se deve esticar tanto, mas disfarça, embora no seu íntimo tema seriamente que "quebre" e vá parar ao chão numa queda aparatosa ou não. Os empregados da fábrica, a Cruz Vermelha, os bombeiros, os seguranças, os diversos elementos da organização, dão-lhe uma força especial. Ajudam-na a avançar sem o saberem. Ou talvez o saibam e por isso ali estão.

Já há muito que agradeceu a boleia nos braços da Corrida e pediu-lhe que a colocasse de novo no chão. Agora corre pelos seus próprios pés, e alcança a meta triunfante e vitoriosa. Pateta, pensarão alguns, mas ela já se dá por feliz por o prenúncio, apesar de continuar a pairar sobre ela, ficou ainda por se cumprir, e foi-lhe possível terminar mais esta prova, sorrir, abraçar e ser abraçada. Agradece a todos que contribuíram para que ela tivesse uma manhã melhor e despede-se sem saber até quando, sendo quase certo no entanto que não vai pôr os pês nas Fogueiras... mas com ela... nunca se sabe!

terça-feira, 26 de junho de 2012

1ª Corrida Volkswagen




A fábrica abriu as portas e os portões neste domingo, 24 de Junho de 2012, e chamou de dia aberto a todos e chamou a população a conhecer a fábrica. De produção automóvel, a maior de Portugal, chamada Volkswagen Autoeuropa, sita em Palmela teve cerca de 10.000 visitantes e várias actividades neste evento, desde "workshops" a várias actividades desportivas, passando por acções de sensibilização ambiental inseridas no âmbito do programa de modelo de desenvolvimento da Volkswagen, o «Think Blue Factory»,
mas das quais sobressai indiscutivelmente como a mais notória, a 1ª Corrida Volkswagen, a primeira em Portugal a par do que a Volkswagen já vem fazendo lá fora.

Com organização a cargo da própria Volkswagen Autoeuropa com apoio técnico da HMS Sports Consulting, a Corrida na distância de 10 Km teve cerca de 1250 atletas chegados à meta e centenas de participantes na Caminhada com a distância de 4,5 Km.

A Corrida teve Partida na fábrica, fez-se nas estradas ladeadas de pinheiros numa boa parte do percurso, na zona envolvente à fábrica, com o trânsito totalmente cortado, em perfeita segurança, num percurso bem marcado e plano, acompanhado quer por elementos da organização e forças policias quer por elementos da Cruz Vermelha, num apoio constante, um abastecimento de água, um sol escaldante, para por fim ao km 7 retornar à fábrica e levar os atletas a percorrer as linhas de produção já dentro da fábrica, em agradabilíssimas e refrescantes sombras e apreciar as várias fases da produção de um automóvel. Absolutamente extraordinária experiência, onde nos surpreendem ainda no meio do metal e do automatismo inerente à produção automóvel, mais uma vez elementos da organização em apoio caloroso assim como operários ilusoriamente apanhados de surpresa nas suas funções habituais.

A meta é de novo na rua, mas dentro da fábrica em ambiente muito animado e vivo.

Voltando à Partida, e mesmo antes disso, a corrida teve uma inscrição de EUR 6,00, uma entrega de dorsais em dias antecedentes à prova e no próprio dia, deu acesso a transportes públicos no dia da corrida, facilitou estacionamento, premiou todos os participantes com uma t-shirt técnica, um boião para água, barra energética, bolsa para usar no braço, e medalha num misto de cortiça e metal, com um design que considero de extraordinário bom gosto e simplicidade para todos os chegados à meta. Além disso, mais alguns brindes dos diversos parceiros do evento foram oferecidos: livros, postais, porta-chaves, etc.

Dorsal personalizado com o nome do atleta, controlo por chip. Aquecimento antes da partida com exercícios de ginástica e aeróbica, bem acompanhados por música animada. Máquinas de café disponibilizadas, assim como casas de banho em número suficiente.

Prémios para os primeiros classificados de cada sexo: uma bicicleta assim como troféus para os 3 primeiros, e ainda prémios Isostar para os 4ºs. Para todos, também um diploma disponibilizado no site da prova pouco depois desta terminar, assim como as classificações.

Quando se "temia" um excesso de zelo por questões de segurança, e consequente limitações no acesso à fábrica, verificou-se de facto um dia aberto da fábrica a todos, que deslumbrou a maioria dos participantes, sem no entanto essa mesma segurança deixar de ser garantida, embora discretamente mas sempre presente. Permitido também um bom trabalho à imprensa, nomeadamente aos fotógrafos que tiveram condições para realizar uma boa reportagem, que pode ser vista na AMMA - Atletismo Magazine Modalidade Amadoras.


Assim, a 1ª Corrida Volkswagen foi uma prova em estreia, de sucesso alcançado, em moldes a raiar a excelência quando se pretende chamar o indivíduo à Corrida e nessa perspectiva não lhe encontro falhas notórias. Atrever-me-ia mesmo a classificá-la de excelente. Preencheu todos os parâmetros que considero essenciais e até os secundários para uma prova de sucesso no que à Corrida para todos diz respeito, e nessa óptica dou-lhe os meus Parabéns e os maiores louvores, desejado somente que mantenha o nível e que tenha vindo para ficar em moldes iguais, ou melhores, se for possível.

Ana Pereira


1º classificado masculino: Bruno Fraga, com 31m52s
1º classificado feminino: Ana Teresa Machado 39m5s 


A Corrida da Maria com conversa da treta (só para pessoas muito especiais que gostam de a ler - és uma delas? só amanhã meus queridos, ou mesmo só depois de amanhã, que agora, embora tenha um turbilhão de emoções e palavras na cabeça sobre a que foi a minha 1ª Corrida Volkswagen, tenho de ir dormir...

Até amanhã querido diário

domingo, 24 de junho de 2012

1ª Corrida Volkswagen

Chegar ao Parque da Autoeuropa e estacionar a viatura... e depois...depois tirar fotos junto das outras viaturas, novinhas em folha...esta por exemplo, digam lá que não me ficava bem?

Descontrair um pouco antes da Partida


Já a chegar à Meta, com 10 Km corridos, 1 hora gasta a correr, e a companhia do Pedro Carvalho e de um seu amigo "estreante"
Prova acabada, com o meu pai e a medalha

Fotos da 1ª Corrida Volkswagen no site da AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras

Classificações e outras informações (mais fotos prometidas) no site da organização

Gostei imenso da prova mas para falar dela aqui, só amanhã

terça-feira, 19 de junho de 2012

1ª Prova do Sal

O aquecimento com a animadora: ginástica ao ritmo da música, ao qual curiosamente só aderiram mulheres...

A entrega dos dorsais
Eu no meu aquecimento
O meu pai a aguardar que os atletas alinhassem para a Partida
A Partida

A extensão da prova
Lá ao fundo, a Ponte Vasco da Gama, a qual alcançamos passando por baixo dela pouco antes do retorno, e muito lá ao fundo, a Ponte 25 de Abril e o Cristo Rei, Lisboa e Almada

A minha chegada


A chegada do meu amigo Pinho
 
O estado dos ténis e das pernas, no fim da prova, cheios de areia e água do rio
Os alongamentos

A animadora sempre a dinamizar a manhã, pedindo opiniões a todos e mais alguns

Por fim, ainda fui fazer o outro gosto que tenho: fotografar!
O pódio, original, de baixíssimo custo e funcional, aqui com as meninas
O meu pai, com um elemento da Organização
Um dos prémios de participação: o Sal que dá o nome à Prova, para além da t-shirt
A Meta


1ª Prova do Sal

Quando infelizmente se extinguem provas alegadamente por falta de verbas, apoios e meios, nasce e surge a Prova do Sal. Inovadora, fresca e molhada, a 1ª Prova do Sal, sob a organização da Associação Alcochete Aktivo, com o apoio da Câmara Municipal de Alcochete, Junta de Freguesia de Alcochete, Junta de Freguesia do Samouco, Águas Vimeiro, Salinas do Samouco e Lebres do Sado, decorreu na manhã de 17 de Junho de 2012,em Alcochete, na margem esquerda do Rio Tejo, na linha da água do rio, bem junto a este, em piso de areia molhada e por vezes pedras e algas.

Com um blogue de apoio, toda a informação necessária foi divulgada com  dinamismo, onde se facilitava a inscrição (de custo EUR 8,00), e onde as classificações foram prontamente divulgadas após a prova.

A prova, com um número limite de 200 participantes, acabou por ter cerca de centena e meia de atletas chegados à meta, número que não se aconselha ultrapassar muito mais, pois o retorno pode-se tornar complicado com os primeiros atletas a cruzarem-se com os outros.

A distância da prova (cerca de 8,950 Km) ficou bastante aquém da anunciada (10 Km).

A entrega de dorsais foi perfeitamente regular, e a animação no local da Partida era patente. A Praia dos Moinhos foi o palco da partida (e também da Meta), que foi dada a horas por uma simples mas funcional fita. O piso era areia molhada, com muitas conchas mortas e vazias, e muitos caranguejos vivos e irrequietos. Algumas pedras mais à frente, zonas com muitas algas e piso bastante molhado, mas sempre a areia molhada e plana a permitir-nos avançar com ritmo, assim o tivéssemos. O retorno faz-se já depois de se passar por baixo da Ponte Vasco da Gama. Abastecimento de água, e uma muito original e feliz ideia: a fita de controlo que era um colar com uma conchinha enfiada, mas infelizmente e encantadoramente a muitos atletas foi dito que não valia a pena levarem e para seguirem, porque as fitas se embaraçaram umas nas outras de tal forma que não se conseguiam separar e retirar uma que fosse...Foi pena pois seria uma bela recordação que muitos atletas não tiveram.

Alguns membros da organização pelo percurso, alguns transeuntes e está-se de novo na Praia dos Moinhos, onde se corta a Meta, delineada por dois corta ventos enterrados na areia e grades. Somos gentilmente recebidos, e recebemos água e Sal, e temos à disposição laranja e banana, não esquecendo a t-shirt de algodão que já nos tinha sido entregue aquando da entrega do dorsal.

Há balneários à disposição e os prémios por classificação: Flor de Sal para os 3 primeiros de cada escalão, são entregues no local, com relativa rapidez e dinamismo.

A prova, que correu bem, mostra um empenho invulgar, meritório dos mais sinceros aplausos, sendo no entanto um evento a raiar o familiar, mas também talvez precisamente por isso, se detectar um carinho especial com que os atletas são tratados.

Uma prova nova, que se deseja tenha nascido para ficar.

Vencedores na classificação geral:

Masculinos: 1º lugar - Paulo Marques do Clube Praças da Armada com 00:32:30

Femininos: 1º lugar Verónica Correia - Individual, com 00:40:07


Ana Pereira

Fotos da 1ª prova do Sal na AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras


A minha prova

O Rio Tejo, a Margem Sul, Lisboa na outra margem, a água do rio a molhar-me os pés e os caranguejos a atravessarem-se à minha frente. Uma temperatura amena, um céu cinzento, com um sol a aparecer mais para o final. Os pés a enterrarem-se na areia molhada em cada passada, eu e a água, o rio, os amigos que correm comigo, os que ficam "em terra" e ainda assim estão comigo. Nunca tinha estado tão perto do Tejo, tão dentro do Tejo nem o Tejo tão dentro de mim. Perguntem aos meus ténis se não foi assim, seria esta uma oportunidade para me despedir deles...
Sinto-me bem de cabeça e alma, mas o corpo está desconfortável, experimenta a lembrança de correr depois de uma semana parada, e doí-me a perna. Tenho duas. Uma doí, a outra não. Aguento. Corro com a direita e apenas transporto a esquerda. Sorrio e finjo que vou bem também fisicamente mas é mentira. Eu, o Pinho, o Sousa e um companheiro de circunstância (que acabou por ficar comigo até à meta). O Pinho também não está bem. Mas aguenta, como eu. Seguimos juntos, grande parte do percurso em fila indiana. Um escolhe o melhor caminho (areia mais firme) e os outros seguem-no. Por mais que uma vez ia ficando com os ténis presos no areal a parecer lodo. Mas o cheiro a maresia é constante e dá-nos ânimo. No retorno, verifico logo que a prova não ia ter os 10 Km e parece que me sinto com mais força. Bebo água e avanço agora com mais energia. E lamento não ter tido o colar com a conchinha... pois estavam todos emaranhados e presos uns nos outros... Mas sorrio diante das palavras e dos gestos da rapariga a desculpar-se atrapalhada ... Acontece, penso. E logo sigo. Mas fico com alguma pena de não ter sido presenteada com o dito colar, assim fiquei "apenas" com a vivência e essa, é, no meu ponto de vista, o mais importante dos "prémios". Sigo. O Sousa acompanha-se com toda a facilidade e até puxa por mim, o nosso novo companheiro segue-nos de perto, mas o Pinho ficou para trás. Como na Vida, na Corrida também abandonámos e somos abandonados. Tal e qual como na Vida. E tal e qual como na Vida, é perfeitamente compreensível e acabámos por nos reencontrar no final num abraço fraterno depois de cada ter percorrido o seu caminho ao seu ritmo e é mesmo assim que tem de ser. Às vezes acompanhamos e somos acompanhados, outras vezes temos mesmo de seguir o nosso caminho sozinhos. Mas eu acabo por acusar o esforço do "arranque" e quebro. Ainda passo uma atleta, mas já vou em dificuldades. O Sousa continua para a frente e já só o vejo a muitas dezenas de metros de mim. E sigo junto com o companheiro de hoje. Acabámos juntos e agradecemos a companhia casual, sem por isso deixar de ter sido importante e fundamental para o desenrolar da prova. Tudo é importante e tudo faz a diferença. Por fim a Meta instalada na areia seca que custa a enfrentar nestes últimos passos. Mas corto a meta! A correr! Os meus fotógrafos, os rostos conhecidos de amigos, dão-me água e um saco de sal, tenho fruta à disposição e saio dali feliz e contente, por ter adicionado mais um pouco de sal à minha vida. Obrigada Prova do Sal. Para o ano quero de novo te provar!

Maria Sem Frio Nem Casa


domingo, 17 de junho de 2012

1ª Prova do Sal


1ª Prova do Sal 

Decorreu hoje em Alcochete e eu estive lá e adorei cada passada molhada!

Por hoje apenas isto e amanhã cá estarei com a minha opinião, contar a minha experiência, essas coisas sobre as quais eu gosto de escrever e alguns de vós gostam de ler.

O percurso e a minha prova ao detalhe:

Fotos da 1ª Prova do Sal no site da AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras

Mais fotos, classificações e mais dados no blogue da prova 

Até amanhã querido diário

quinta-feira, 14 de junho de 2012

XVIII Grande Prémio de S.Vicente de Fora, Coisas em que se reparam

Curiosamente, cerca de 12 horas depois da Corrida de Santo António, gigantesca máquina, polvo poderoso a chamar e a captar as massas para correr, decorreu na mesma cidade, capital de Portugal, no domingo dia 10 de Junho, quase em silêncio, o XVIII Grande Prémio de S.Vicente de Fora, a cargo da Junta de Freguesia com o mesmo nome. Curioso também é ser este santo, S.Vicente, ele o padroeiro de Lisboa, e não Santo António como a maioria dos portugueses julga (obrigada Mário Lima)  e ainda assim ele usufruir nem de um décimo da popularidade do primeiro, tal qual como a Corrida.

No entanto, ou precisamente por isso, não  deixa de ser o Grande Prémio de S.Vicente de Fora meritório dos mais rasgados elogios, pois realizou-se pela 18ª vez, com os escassos meios que facilmente se adivinham, em contraste com a titânica vontade das pessoas.

Assim tivemos de novo um caixote do lixo acompanhado das fitas plásticas a marcar a meta, o apoio inestimável, incansável e grandiosamente humano dos Bombeiros, uma Polícia que não aparece a horas e quando aparece não é em número suficiente, "obrigando" a encurtar a prova das Veteranas para uns rápidos e violentos 1.600 metros para evitar problemas com o trânsito que se manifestaram na prova maior, onde os atletas tiveram de ir a outras artérias da cidade, e onde apesar do voluntariado do pessoal da organização, não se conseguiu um controle adequado do trânsito. Houve suficientes abastecimentos de água, muitas taças para todos os escalões e para as equipas, tendo mesmo ficado taças por dar devido ao número insuficiente de participantes.Uma manhã de desporto e de convívio em que se promoveu a Corrida para todos. Numa época em que se ameaça extinguir muitas Freguesias do Portugal dos pequeninos, deseja-se a esta prova e a esta gente que tenha força e meios para a continuar a realizar, pois estão claramente de parabéns e promovem de facto a Corrida.


Tudo isto ali, vida que fervilha e sangue que pulsa, bem no coração de Lisboa, no Campo de Santa Clara, à volta do Panteão Nacional, onde jazem distintas figuras...mas mortas.












Corri a minha prova de 1,600 Km em 9m44s, com muita vontade, mas falta de pernas e fôlego nas subidas e completamente "a travar" nas descidas (nas descidas é quando me doí mais a perna), parte essa do percurso que percorremos 2 vezes e onde fui estupidamente ultrapassada, se não foi por todas as atletas que ainda seguiam atrás de mim nessa altura, foi quase.

terça-feira, 12 de junho de 2012

2ª Corrida de Santo António

Lisboa, 9 de Junho de 2012, sábado ao fim da tarde, Rossio (Praça D.Pedro IV)

Isto é Lisboa, capital de Portugal

Cidade de riqueza e miséria. De elitismos e de bairrismos onde o popular domina. Santo António é padroeiro da cidade e as festas populares estão aí. A juntar-se a elas neste mês dos santos populares e das festas e das sardinhas assadas, esteve na sua 2ª edição, a Corrida de Santo António. Com organização da HMS Sports Consulting, Lda. em parceria com a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural e a Câmara Municipal de Lisboa, a Corrida de Santo António, a par da 1ª edição demonstrou uma engrenagem gigantesca e profissional que sabe o que faz e pôs cerca de 2500 pessoas a correr e a caminhar com a satisfação da maioria delas. Cumprindo os pontos básicos para uma corrida de sucesso, tendo certamente para isso todas as condições necessárias reunidas, pontos base esses como o são uma boa divulgação e promoção, um custo de EUR 8,00 (no prazo em que a inscrição é mais barata), facilidade de inscrição, trânsito plenamente cortado, uma cidade à disposição com percurso plano e agradável, perfeitamente delineado e assinalado, controlo por chip, prémios de agrado geral (t-shirt e manjerico - símbolo das festas populares da cidade), 2 pontos de abastecimento, para além da água e bebida isotónica no final, um diploma personalizado disponibilizado no site da organização, muita animação, boa e bem organizada entrega de dorsais, apoio médico da Cruz Vermelha e temos praticamente tudo para a prova ter sucesso. E teve! Apesar dos prémios por classificação (Troféus) serem apenas para os 3 primeiros homens e para as 3 primeiras mulheres, independentemente do escalão. Mas o atleta de pelotão, as massas que são chamadas para a Corrida que assim ganha novos adeptos, não é isso que procuram. Procuram o que a Corrida de Santo António dá. E por isso encheram o Rossio e as ruas de Lisboa. E certamente muitos voltarão para 2013, ano em que se deseja se realize a 3ª edição da Corrida de Santo António. A todos os que proporcionaram a troco de oito euros, neste fim de tarde de Sábado, uma Corrida muito agradável e com excelentes condições a 2500 participantes, os meus parabéns!

A minha Corrida de Santo António

Sinto-me uma privilegiada e uma palerma. Uma palerma que corre e insiste em continuar a correr, mesmo cansada ou gorda ou desanimada, devagar devagarinho, apenas pelo que a Corrida lhe dá secreta e espalhafatosamente, e escreve num blogue há mais de seis anos, sobre Corrida e sobre ela própria, indissociável uma da outra, com o desejo pouco secreto de ser útil a alguém, de que o seu escrever sirva para alguma coisa e para mais alguém para além dela própria.

E se há quem a leia há 6 anos, há quem tenha desistido pelo caminho, mas também surgem novos leitores que a fazem continuar. Que a fazem pensar que vale a pena continuar. A correr e a escrever. E a Inês e a Pizza são 2 exemplos. Hoje correu com elas e adorou. Uma nova geração a aderir à Corrida. A amar correr, a fazer da Corrida este meio de ganhar e melhorar a qualidade de vida, em busca de satisfação e de uma vida saudável. E ela, pateticamente sente-se a fazer a ponte entre os "velhos" companheiros de corrida, e uma nova geração que adere à Corrida. E acredita que tem uma ínfima influência. Mas mesmo ínfima que seja, ela sente que vale a pena! E por isso continua.

Corremos as 3 juntas a prova toda. Fizemos os 9,980 Km em 58m53s, numa média de 5:54 / Km. Conversámos. A Pizza (em crescente e espectacular evolução) a puxar para a frente, a Inês a baixar de ritmo de quando em quando e eu atenta no meio delas e a "mantê-las juntas". Os ritmos não seriam muito diferentes se fossemos cada uma por si, mas tenho a certeza que a prova teria sido muito diferente para cada uma de nós, se assim fosse. Assim, juntas...foi espectacular!

Se a minha perna doeu? Ai pois claro que doeu! E depois? Tudo na balança, dor e prazer, ganhou o prazer indiscutivelmente e por isso é continuar.

Aqui, a minha, e que foi "a nossa" prova, e algumas imagens:
Com o meu pai

Com os homens da AMMA, Carlos Viana Rodrigues e José Gaspar, seus criadores e mentores, e o meu pai à esquerda, fiel colaborador no que à Fotografia diz respeito - sem eles (e outros colaboradores) a Corrida estaria muito mais pobre e menos colorida

Com as meninas, Inês e Pizza, a nova geração recém chegada mas já claramente apaixonada pela Corrida, e por quem tive o prazer de ser acompanhada nestes 10 Km de prova, em conversas interessantes intercaladas com o silêncio, onde cada mundo se fechava por momentos, para logo de seguida se abrir e partilhar numa espectacular hora de convívio.




Na Praça do Comércio
Já no Rossio, a escassos metros da linha da Meta

E no fim, já meta cortada e já com o tradicional e popular manjerico na mão, a casualidade  juntou-me à velha geração, aqui com Henriqueta Solipa e José Lopes
Até amanhã querido diário, que esta rapariga no dia seguinte, 10 Junho, foi participar noutra prova - Corrida de S.Vicente de Fora, e tem outra história para contar.