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sexta-feira, 29 de setembro de 2006


6ª feira, 29 de Setembro de 2006
Faltam só e apenas 16 dias para a Maratona do Porto

Cinco e vinte da manhã e os pés descalços vêm-me acordar.

"Amor? Isso não tocou?" ("isso" é o despertador evidentemente)

O coração salta-me! O pânico da manhã ir já demasiado adiantada assalta-me e salto da cama num pulo.

Mas não. "Aquilo" não tinha tocado porque ainda faltavam uns escassos dois minutos. Tudo dentro do previsto então. Abraço-o e ainda me introduzo na sua cama para apenas repousar a cabeça no seu peito quente. Ele afaga-me os cabelos e beija-me com doçura nos lábios, o que eu retribuo com prazer. Acho que o amo mas ele não pode saber, pois quando amamos ficamos expostos e frágeis. E tontos e ridículos! E eu tenho de ser forte. E fria. E … inteligente!

Fiz hoje 50 minutos de corrida contínua a um ritmo médio. Este médio talvez só eu o entenda. Mas o que quero dizer é que não ia a um ritmo demasiado confortável. Ia em algum esforço. Isto é absolutamente independente da velocidade, mas sim directamente relacionado com a nossa forma física. Como me senti? Nem sei bem… foi tudo tão… rápido! Isto significa que me senti bem! Estipulei o treino a fazer, 25 minutos para lá e retorno, e fiz! Sem nada de especial a notar.

De novo à volta da baía, apenas iluminada pelos ainda acesos candeeiros. Do princípio ao fim. Já que o dia só acordou já eu tomava o pequeno almoço na cozinha, e pouco faltava para, não iniciar o dia, mas sim, dar-lhe continuidade.

Os treinos de madrugada têm o dom de nos dar energia e boa disposição. A perspectiva com que se vê e enfrenta toda uma rotina diária, é totalmente diferente de quando não se treina de manhã. Alargam-se-nos os horizontes e o dia é pintado de outras cores que não o cinzento.

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

4ª feira, 27 de Setembro de 2006
Faltam apenas 18 dias para a Maratona do Porto

Vida

Nunca me senti assim. Uma inconstância constante que me torna a vida num verdadeiro paradoxo.

Trémulas estão as minhas pernas enquanto descem ou sobem escadas, ou de “x” em “x” passos enquanto corria no treino de hoje. Débeis e inseguras, como que a confirmar que a única coisa segura é a própria insegurança.

Esquecemos isso facilmente. Julgamos firmes paredes que derrocam afinal num abrir e fechar de olhos. O que hoje é certo, daqui a menos de um segundo…

Queria falar de tanta coisa, mas não posso. Emerge a necessidade do anonimato sobrepondo-se à intrepidez de sermos muito assumidos (Aonde? Num blog? Não me faças rir e não sejas ridícula).

Fiquemos por aqui. Olhemos esta Baía à noite.



Hoje dei-lhe a volta quase completa. Saí do Seixal, e voltei. Fui até à Amora velha, contornando aquele lençol de água onde repousam os barcos e sonhos de gente.

Fiz 1 hora de corrida contínua não muito lenta. As pernas fraquejam de vez em quando como se recebessem uma leve e seca pancada por trás dos joelhos. Nada de preocupante. Mantive o ritmo, acho até que a 2ª metade foi mais forte que a 1ª, e acabei bem. Uma hora apenas. À volta da Baía perfumada de mar e do cheiro do carvão em brasa esperando o peixe para o jantar.


segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Domingo, 24 de Setembro de 2006
Faltam apenas 21 dias para a Maratona do Porto

"Tomou um banho com a água bem quente e perfumada a acariciar-lhe o corpo. Limpou-se à toalha mais macia que tinha, hidratou a pele com creme suave que a deixava macia como a de um bebé. Perfumou-se no pescoço, pulsos, interior dos cotovelos, por trás dos joelhos e entre os seios. Uma gota do néctar desceu-lhe pelo ventre.

Vestiu-se bem. Uma lingerie sexy mas confortável, e roupa prática mas sensual. Preta. Queria sentir-se bem. Até se maquilhou. Lápis e rímel nos olhos, uma cor nas pálpebras e nos lábios e penteou-se de forma simples. Cabelo solto, comprido a moldar-lhe o rosto, por trás das orelhas onde os brincos eram simples mas esplendorosos.

Estava pronta. Meteu-se no carro e acelerou ao som da canção. As palavras eram para ela. As palavras eram dela. A canção era dela. Aumentou o volume. Pisou o acelerador quase a fundo. As costas encostaram-se ao banco. Gostou da sensação. A paisagem voava ao seu lado e os outros viram-na avançar parados eles.
O asfalto à sua frente esperava-a, chamava-a. A estrada era dela e era ela. Aumentou mais o volume e simultaneamente carregou mais no acelerador. Só ouvia a canção. Lentamente, em contraste com a velocidade com que tudo o que a rodeava decorria, levou a mão direita ao fecho do cinto de segurança e em plena auto estrada, soltou-o.
Não sabe quanto tempo depois, acordou no hospital. Uns tubos no nariz e nas veias dos braços. A boca seca e o corpo praticamente dormente. O branco envolvia-a. Paredes, lençóis e a bata daquele homem que falava com uma enfermeira que em total incompreensão recalcitrava apontando para ela ali deitada imóvel. Uma náusea invadia-a. Estava viva…"

Alguém sabe o que sente um falhado suicida que até no acto mais cobarde falha, pois nem na fuga à vida é capaz de levar a missão por diante? O barco a um porto qualquer, já que o bom porto parece estar reservado apenas para alguns? Um porto qualquer serviria, mas nem na morte ele é bem sucedido…



Hoje, fui fazer mais uma sessão longa. Queria correr 3 horas. E o treino teve efectivamente a duração de 3 horas. Mas infelizmente não de corrida contínua, pois a partir talvez dos 40 min, comecei a sentir-me cansada. E do cansada depressa passei ao exausta, e já só ouvia a minha respiração ofegante, os pés a arrastar no solo, e na minha cabeça só me martelava a voz dos demónios que nos incapacitam: não vais ser capaz… a sentir-te assim como serás capas de correr continuamente por mais de 4 horas? Para quê tudo isto? Provar o quê? A quem? Vencer-me? Superar-me? Mas para provar o quê?! Que preciso eu de mostrar? A mim mesma, aos outros? Que gozo isto tem?

E se pudéssemos dizer que no fim me senti muito bem por ter conseguido fazer um treino de 3 horas, é mentira! E se quando pisar a meta da Maratona do Porto vos disser que me sinto muito bem por a acabar com quase 5 horas, será mentira! Já não sei se isto vale a pena… O que vale a pena nesta vida? Porque corremos? Porque vivemos?

O treino teve vários abastecimentos, boa companhia e o local é agradabilíssimo. Terra batida molhada pela chuva da noite, e agora os raios de sol, fazendo emanar aromas de todas as plantas e arbustos, e da própria terra mãe.

Contabilizando, foi assim:

2h20m – corrida contínua
5 min – caminhar
5 min - corrida contínua
5 min – caminhar
10 min - corrida contínua
5 min – caminhar
10 min - corrida contínua

Tempo total do treino: 3 horas, conforme previra, mas que raio de treino foi este? Miserável!

Como me senti depois e agora: pernas sem força, doridas e trémulas. Psiquicamente: em estado quase deplorável, com a teimosia no entanto de que hei-de fazer a Maratona do Porto seja lá em que estado for, mas também com a mesma firmeza: sem possibilidade e motivação para me preparar e fortalecer quer física quer mentalmente, não será tão depressa que me meto noutra!

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

4ª feira, dia 20 de Setembro de 2006
Faltam 25 dias para a Maratona do Porto


De que vale levantarmo-nos muito cedo se chegamos ao local de trabalho atrasadíssimos e quase cinco horas depois?

Com cinco horas gastas desde que uma pessoa se levanta até enfrentar o ar crítico e fulo do chefe (e desta vez com razão) bem que podia pensar em ir trabalhar para o Porto ou para Faro!
Pelo menos o tempo que passava dentro do carro seria em deslocação e não nesta bicha infernal!


E foi assim: Excepcionalmente tive a oportunidade de treinar de manhã, quer dizer, noite ainda.

Fiz um treino de apenas 45 minutos sob um céu escuro e estrelado. Regresso a casa e o céu aclarou um pouquinho só.

Como me senti no treino: mal.

O que quero dizer com isso? Quero dizer: cansada, exausta, pesada, respiração descontrolada, trôpega, etc.

Esta é a minha 4ª maratona e é sem dúvida alguma aquela para a qual mais mal preparada vou.

Enquanto corro penso vezes sem conta como é que eu a sentir-me assim vou correr durante mais de 4 horas? Como?! Isto é uma loucura. Mas no entanto não desisto dela, assim como de outras...

domingo, 17 de setembro de 2006

Ainda Viana do Castelo, Domingo, 17 de Setembro de 2006
Faltam 28 dias para a Maratona do Porto

Acordamos cedo (cedo para um Domingo) e passados 15 minutos estávamos já na rua a correr.

Ai os desgraçados dos músculos… Tensos, presos, emperrados. Parece que os ouvia indignados: “Eh pá! O quê?! Já é para acordar?! Já é para trabalhar?!” - perante a brusquidão com que se viram obrigados a acordar e a trabalhar, depois do treino da véspera.

Mas é mesmo assim a vida, e nunca ouvi dizer que vida de músculo fosse fácil.

Fomos até Darque, Praia do Cabedelo e voltamos a Viana. 1h10m de corrida contínua.


Depois do banho, do substancial pequeno almoço, como quem não tem nada melhor para fazer subimos a pé os muitos degraus (não tive paciência para os contar) que nos levam de Viana do Castelo à Basílica de Santa Luzia, numa fantástica viagem de mais de 800 metros num desnível constante de cerca de 25%, não contanto com a claustrofóbica subida ao zimbório.

Depois, a respectiva descida e creio que este exercício deve ter valido por um treino específico: degraus!

Tudo parece estar no bom caminho, não parece? Eu não diria isso. Pois rodemos então lá a Terra e escutámos a conversa entre o gnomo, a rã e a princesa, na orla da floresta negra:

- Que farás tu à tua vida quando encontrares o verdadeiro amor? Alguém que mereça o teu coração? Porque fazes isto agora? Estás a estragar a tua vida. – dirige-se-lhe a rã.

A princesa baixa os olhos, encolhe os ombros, e responde baixinho:

- Não vou encontrar ninguém assim... E estragada já a minha vida está.

- Olha princesa, nunca deixes de acreditar, e lembra-te que Amor não é mais que partilhar vivências, sentimentos e afectos, e ter um prazer imensurável nessa espontânea partilha. – reforça o gnomo.

- Eu sei isso tudo gnomo, mas já não acredito – duas lágrimas rolam pelo rosto ainda bonito da princesa.

- Não digas isso princesa. Até eu um dia me vou transformar em príncipe. – diz a rã brincando.

A princesa sorri tristemente e volta para a densa, fria e negra floresta. Ninguém a verá nos próximos dias. Pelo menos tem sido assim, até ao dia em que ela desaparecerá para sempre nessa bruma fantasmagórica.

sábado, 16 de setembro de 2006


Viana do Castelo, Sábado, 16 de Setembro de 2006
Faltam 29 dias para a Maratona do Porto

Vejo-me aqui em Viana do Castelo. Um treino longo para fazer. Prefiro fazê-lo hoje pois dúvidas pairam sobre mim como nuvens negras sobre a cabeça num dia de trovoada. Assim, o que for será, e depois do desastre em S.João das Lampas, este treino longo é quase como um tira-teimas. Ou as coisas melhoram, ou o melhor é encostar-me à box.

E as coisas melhoraram. Eu, o António e o Eduardo. A descobrir Viana. 2h50m de corrida contínua. Muito bom!

Quer dizer a corrida não foi bem contínua, pois a uma dada altura (tinha 1h34m de corrida) resolvi tropeçar e estatelar-me ao comprido numa estrada de calçada romana, entre campos de milho, a serra e o mar.

Uma pessoa parece que vai devagar, mas experimentem lá mandar-se para o chão enquanto correm! O balanço é jeitoso e o travão para parar o pesado corpo foi o tórax, abdómen, e coxas, que paralelas ao sol se deslocam uns metros a velocidade alucinante! Pelo menos foi o que me pareceu ali com o chão tão perto!

O rosto foi levantado por instinto, e quando finalmente paro, braços estendidos à frente do rosto, que também por instinto assim reagiram, a minha principal preocupação foi deslocar lentamente e com dificuldade a mão direita, que a sangrar e a doer se moveu a menos de um escasso centímetro do solo até encontrar a esquerda, levantei o polegar direito o que me provocou uma dor intensa pela mão toda, e desliguei o cronómetro.

Entretanto enquanto executava esta complicada operação, já os rapazes estavam a tentar levantar-me segurando-me nos braços. Gritei:

“Parem! Parem! Esperem, a sério!”

Precisava verificar como estava, não me podia voltar a posicionar na vertical assim de repente. Tinha de ver os estragos.

Forço as mãos contra o chão. Tudo dorido, mas inteira. Os joelhos empurram o chão obrigando-me a ficar de gatas. Estou inteira. Agora sim, posso levantar-me.

“Temos de ir! Vamos!” – recomeço de imediato a correr e o cronómetro retoma o seu trabalho.

Toda esta operação não demorou mais de 30 segundos.

Custa-me respirar nos minutos seguintes, mas ao fim de pouco tempo tudo está de novo controlado.

Cai porque ia em esforço, como habitualmente, pesada e trôpega. Mal conseguia levantar os pés. Mas dali a pouco parece que a coisa começou a melhorar. Caminhos sem saída, ladeados e salpicados pelo mar e com o farol a marcar o retorno obrigatório, parece que me entusiasmaram, e acabei por me sentir bem durante praticamente toda a segunda metade do treino.

O que restou: Uma sessão longa realizada, um corpo dorido e uma mão intensamente dorida, umas nódoas negras e umas arranhadelas. Nada de especial portanto com excepção do treino que me devolveu algum optimismo e confiança.

Amanhã, outro dia para treinar.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006


4ª feira, 13 de Agosto de 2006
Faltam 32 dias para a Maratona do Porto,
apenas

Hoje, depois de digerir (mal) a porcaria que fiz e o que constatei no sábado passado, aquando da minha participação na Meia de S.João das Lampas, lá me decidi a voltar a treinar ainda com o objectivo inicial: A Maratona do Porto.

Sim, porque cheguei a colocar a hipótese de mandar a Maratona às favas! Sim, se no ano passado fiz 1h49m em S.João das lampas, e acabei por fazer 4h02m na Maratona do Porto, este ano, com 2h02m nas Lampas, a Maratona será feita em quê? 5 horas?!

Oh meus amigos, isto da participação é muito bonito, blá blá, mas eu ando a competir! Ai ando sim senhora. O meu principal adversário sou eu própria. Se acho um determinado objectivo alcançável e razoável, então todo o resultado aquém disso não tem outro nome senão Fracasso e Derrota! Gosto muito de flores, mas não vamos encher esta história de floreados e dizer que estive muito bem nas Lampas, blá blá, e que estou no bom caminho para o Porto. É mentira! Nas Lampas fiz a minha pior marca de sempre!!! Daqui a 32 dias estou a correr uma maratona?! A correr a Maratona ou a rastejar penosamente pela estrada?!

E para além do cronómetro e da distância há outro factor que mais mal me faz sentir: como me sinto nos treinos e provas, salvo raríssimos dias: sempre pesada, cansada, trôpega e obesa!!! Nem sei quanto peso! Acho que já não estou tão gorda como quando comecei esta viagem, mas não me sinto nada menos gorda!

Bem, ainda não desisti, até porque não o penso fazer!

A minha mensagem anterior teve um comentário do meu amigo Álvaro. Gostei de ler e fez-me reflectir. O Indivíduo! O que o rodeia e o que o influencia. Aplicando a mim mesma, o que está a falhar? Tanta coisa a falhar que não sei se o que sobra será suficiente para levar o barco a bom Porto.

Hoje voltei a treinar: apenas 51 min no ritmo habitual. Depois foi chegar a casa (a correr) e correr para o fogão, e para a filhota e para tanta coisa e para nada. A questão que levanto é mesmo: se não ando a correr para Nada.

Só eu poderei responder, eu sei.
Até amanhã talvez

sábado, 9 de setembro de 2006


Sábado, 9 de Setembro de 2006


A minha pior Meia Maratona de sempre!

Era o dia da 30ª edição da Meia Maratona de S.João das Lampas. Tendo lá estado o ano passado, com o tempo de 1h49m, este ano sabia perfeitamente que estava em pior forma, pelo que esperava fazer entre 1h55m a 1h58m. Se as coisas corressem mal (quem correu mal fui eu e não as coisas!) chegaria ou ultrapassaria as 2 horas.

E as coisas (eu!!) correram mal! Pessimamente mal!!

Esforço mal gerido. Uma pessoa por muita experiência que tenha, muitas vezes ainda não consegue moderar-se num ritmo que esteja de acordo com a sua forma e a distância a percorrer.

Aquecimento 20 min, e na parte inicial da prova andei a cerca de 5m15 e 5m20, para evidentemente estoirar entre o km 9 e 10 e a partir daí ver-me passar por tudo que eu tinha passado antes!

Tempo de reflexão este. Triste reflexão.

Acabei com 2h02m08s!!! A minha pior marca de sempre!!! Toma! É bem feita! Quando a cabeça não tem juízo quem é que paga?

nota: pedi a um amigo para me fotografar antes e depois da prova. Antes, é essa coisa que está aí em cima, (ainda não sabia a experiência que me aguardava ansiosa!). Mas à chegada à meta fui esquecida e a imagem de uma mulher desesperada e desanimada não a posso colocar aqui. O que vale é que outros amigos me fotografaram, mas só daqui a uns dias terei a foto, e nessa altura, já será tarde. Enfim, estamos sempre a aprender com quem podemos contar e com quem simplesmente não podemos contar. Ou será que não aprendemos?

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

5ª feira, 7 de Setembro de 2006
Faltam 38 dias para a Maratona do Porto


A contagem decrescente veloz assusta-me. Só faltam 38 dias para a Maratona do Porto.

E eu como estou? Ainda muitas sessões longas por fazer e o sentir em cada pequeno treino uma dificuldade que já devia estar ultrapassada.

Muitas vezes, ao fim de 10 a 15 minutos de treino parece que estou de rastos, cansada e pesada. Desejosa de parar pois parece que não aguento nem mais 3 minutos. Na maior parte das vezes, incluindo os treinos mais longos que já fiz, depois desta sensação quase inicial mas que se pode prolongar por mais de meia hora, já perto dos 45 ou 50 minutos de treino parece que começo a sentir-me melhor. E realmente melhor me sinto a partir dessa altura.

Penso que isto seja tudo físico, mas na maior parte dos dias acaba por ser-me bastante difícil manter o moral elevado lutando contra o corpo durante 45 minutos, para depois quando fisicamente me sinto melhor, ter vontade de correr o mesmo tempo ou mais do que aquele que acabei de fazer em esforço físico e mental.

Não sei se perceberam alguma coisa, ou se por ventura alguém tem sensações idênticas, provavelmente sim, mas não me ocorre nada melhor ou original para contar, e o sono aperta.

Pois hoje, quase véspera da Meia Maratona de S.João das Lampas, corri apenas 40 min em ritmo suave, o que significa lentinho, como se estivesse a descomprimir para a Meia e esperasse fazer uma grande marca. Lá grande vai ser ela vai! Pelo menos longa e extensa no tempo!

Foi aqui, ao longo da Baía mais linda de Portugal. Qual Cascais qual quê! Alguém sabe o que é correr ao fim do dia nesta paisagem? Felizmente já muita gente vai sabendo, para bem da corrida!

quarta-feira, 6 de setembro de 2006


4ª feira, 6 de Setembro de 2006
Faltam 39 dias para a Maratona do Porto


Procuro as palavras, o verbo, um poema, o poema. Que diga o que eu não consigo dizer.

Porque eu não consigo. Mas vou ter de o fazer, pois não há no mundo poema com tais dizeres.

Vou ter de dizer que me tornei numa pessoa má, negra e sombria como um corvo, fria, triste, alimentada a ódio, e que esse mesmo ódio que me alimenta me corrói e destrói. A cada segundo que passa.

Não suporto o riso das crianças, o canto dos pássaros e o brilho do sol. A Felicidade. Porque a minha jamais voltará a existir. O som da alegria fere-me como punhais e fecho os olhos como se pudesse deixar de existir e de sentir. Mas não posso...

É triste. Sei que é triste sentar-me perante mim, despir-me e ver-me aquilo em que me tornei. É muito triste, garanto-vos.

Queria que me devolvesses a inocência e a pureza para poder voltar a acreditar nas pessoas e na nobreza de sentimentos e de valores.

Mas é mentira, nem tu consegues, nem eu consigo. Jamais deixarei que cheguem a mim e me toquem . O risco é demasiado grande mas o preço é também demasiado alto.

Racional. Somos animais racionais. Para que nos serve o raciocínio afinal se vivemos impulsionados pelos sentimentos, dos mais baixos aos mais nobres?

É tudo mentira! Até isto. E isso que dizem e pensam agora, e o que dizem que pensam, também, porque neste mundo já não se aproveita ninguém.

Eu queria um poema. Para dizer isto e fingir que não sinto, que era só um poema... de outro alguém.

É óbvio que hoje não treinei. E precisei de escrever isto porque não encontrei um poema bonito e triste, arrumado e certinho, para fingir que estava a fingir...

terça-feira, 5 de setembro de 2006


3ª feira, 5 de Setembro de 2006
Faltam 40 dias para a Maratona do Porto

Graças a tantas coisas que de aparentemente tão pequenas e vulgares fizeram o meu dia grandioso, hoje sinto-me bem! As coisas estiveram sempre lá e estão sempre a acontecer. Eu é que muitas vezes as não vejo, ou distorço-as como um espelho da feira popular. Passei o dia a correr mas foi bom o movimento!

E hoje voltei a treinar. 51 m corrida contínua lenta, bem nas calminhas como a água da minha baia que tantas vezes me acompanha.

O treino em si nem correu bem nem mal. Continuo a sentir-me pesada e mal preparada seja lá para o que quer que seja! Estipulei o tempo e corri. Sem pressa ou esforço por aí além.

Faltam apenas 40 dias para a Maratona e as dúvidas continuam a existir. Quer dizer, eu fazer a
Maratona faço, mas se passar das 4 h e .... 5 ou 10.... é uma verdadeira decepção. Isto para mim pessoalmente! Pois uma Maratona é sempre uma vitória e essa lenga lenga toda continua a ser válida, mas sabendo eu as capacidades que tenho, se ultrapassar essa marca significa apenas que não fui persistente e forte o suficiente para me preparar nas condições mínimas para poder usufruir da Maratona com todo o prazer e não transformá-la numa tortura que não o é!

Bem, já no próximo sábado tenho a Meia Maratona de S.João das Lampas. Bem ou mal, é com a preparação que tenho (ou que me falta) que a vou fazer. No ano passado fiz 1h49m, para depois na Maratona do Porto fazer 4h02m num esforço imensamente mal gerido!

E este ano como será? Veremos. A vontade vai e vem, como as marés. E milagres não há.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006


2ª feira, 4 de Setembro de 2006
Faltam 41 dias para a Maratona do Porto


Nostalgia

Antes, quando eu era feliz, eu corria feliz.

Deixava a cama quente e partia para o dia ainda por nascer. O corpo quente do meu amor ficava enroscado agora só e eu treinava quando a minha ausência seria menos notada. No quarto ao lado o nosso bébé dormia como dormem todos os bébés. Olhava-a enternecida sempre antes de sair de casa. Levava o cão. Feliz ele, feliz eu!

Outras vezes corria à noite. Chegava a casa ensopada em suor. Soltava o cão, dáva-lhe água limpa, e depressa ia tratar daquela menina de bibe da escola ainda com o sobretudo posto e chucha na boca, aguardando a mãe. O meu tempo tinha acabado. Agora era hora de tratar daquela menina de cabelos encaracolados sobre a testa e olhar doce. O mesmo que tem hoje!


Mas hoje eu não corri...

domingo, 3 de setembro de 2006

Domingo, 3 de Setembro de 2006
Faltam 42 dias para a Maratona do Porto

Quando há perto de vinte anos atrás, andava eu num curso intitulado "Detecção e Dissuasão de Alcoólatras e Toxicómanos", e num dos muitos trabalhos realizados em campo, perguntei a um viciado em drogas duras se ele tinha a mínima consciência que a sua conduta era uma forma de suicídio lento, ele, tranquilamente, como se tivesse todo o tempo do mundo, enrolando um charro, respondeu-me que não tinha pressa.

Penso nisto até hoje. Nem sei sequer se ele já chegou ao inevitável, sem pressas, como fez questão de mencionar, em tranquilidade num chão de uma casa de banho pública imunda de excrementos e sangue, ou talvez nos lençóis onde os pais o haviam de encontrar, se é que havia pais.

Isto para dizer que há muitas formas de nos suicidarmos, de nos deixarmos morrer, ou deixarmos que nos matem, aniquilando-nos, submetendo-nos sem força para acabar com tudo de vez, quer isso signifique viver ou morrer.



J.Henrich Fussli - Suiça - 1741 - 1825


É necessária uma acção. A indefinição é o limbo.

Não corri sexta, sábado nem hoje domingo. Este fim de semana teria sido dia de sessão longa. Não foi. Que estou a perder? Que estou a fazer?

Estou "assim" porque não corri? Ou porque não corri estou "assim" ?