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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

XXII Grande Prémio Fim da Europa, por Ana Groznik

Acabei 2010 e comecei 2011 de uma forma que jamais imaginaria. Acontecimentos sérios e graves levaram-me ao afastamento e consequente silêncio no blogue, para que não gritasse o que precisava (e ainda preciso), mas que deve continuar silenciado e guardado, só para a quem diz respeito.

Deixei de correr, o Grande Prémio Fim da Europa ficou completa e absolutamente fora de questão, não apenas por falta de preparação, que isso raras vezes me impediu de alinhar onde sinto que devo e preciso estar, mas precisamente o dia 30 de Janeiro revelou-se o dia da chacina, pela qual ainda choro sem lágrimas e me enluto em silêncio, e por isso foi-me de todo impossível comparecer.

No entanto tive lá amigos. E a Ana, tendo feito esta Corrida pela 1ª vez e respondendo ao meu desafio, trouxe de lá estas palavras que vos deixo de seguida. E assim, retomo o blogue, com as palavras da Ana, pois as minhas, na ânsia de preservar o que de mais íntimo tenho, soariam falsas e vazias, sem sentido e ocas, enquanto falaria de banalidades evitando o âmago da minha alma, aquele sítio que me doí. E se dessa forma eu também sei escrever, não gosto. Não gosto de escrever assim, sem sentir. E por isso me calo. Até poder escrever de novo o que sinto, quando o sentir for outro. Não este sentir. É demasiado. Talvez daqui a dias o sentir seja outro, não que este desapareça, mas que haja também outro sentir. E nesse dia, escreverei sobre ele, abafando este que sinto agora. Desculpem-me e muito obrigada Ana por me fazeres retomar o blogue.



Sintra, 30 de Janeiro de 2011

XXII Grande Prémio Fim da Europa, por Ana Groznik

"Correr até ao fim da terra

Já tinha estado várias vezes em Sintra, quer sozinha quer com amigos que me visitavam em Lisboa, e quase sempre apanhávamos um autocarro de Sintra para o Cabo da Roca.

Quando há alguns meses atrás ouvi falar que havia uma Corrida entre estes dois belos e magníficos pontos, fiquei imediatamente tentada a ir.

O percurso da Corrida tem pouco menos de 17 Km e eu diria que no total são aproximadamente 300 m a subir e 400 m a descer. Os primeiros 3 Km são uma subida constante: subir, subir, subir. Do Km 3 ao 10 há algumas oscilações moderadas numa subida praticamente constante.

Cerca do Km 10, surge a última (e a mais intimidante) subida, apesar de não ter mais de 1 km de extensão. A partir do Km 11, é uma verdadeira prova de "dowhhill", sempre a descer até à Meta.

A Partida é em frente à bela e famosa fonte em Sintra.Logo após a partida e todo o caminho até os últimos quilómetros, a estrada asfaltada leva-nos através da floresta verde (bem, para mim é ainda bastante surpreendente e agradável ver uma floresta verde em Janeiro ...)

Até ao Km 11 km, temos breves vislumbres do Oceano, mas logo depois do início de descida grande, há uma vista deslumbrante sobre o imenso oceano profundo em todo o horizonte. Bem, nós fomos realmente abençoados com o tempo este ano: um sol brilhante de Inverno, e apenas uma pequena amostra de nuvens brancas no contraste do azul do céu a tocar o azul do mar...

Esta corrida prometia ser muito desafiante, bonita e diferente. E de facto, foi tudo isso!

A organização foi muito boa e houve um bom apoio (e foi inteiramente minha culpa, pelo facto do meu Português não ser bom o suficiente para entender exactamente quando era a hora limite para entregar os sacos com roupa seca e quente para serem transportados até à meta, e por isso deixei o meu com um prestável guarda do parque em Sintra).

Havia dois abastecimentos de água, em lugares estratégicos do percurso. Embora houvesse cerca de 1500 participantes na Corrida maior, tudo foi muito bem gerido, e também durante o percurso, definitivamente não senti que houvesse sobrelotação. Seria difícil melhorar alguma coisa, e eu não tenho nenhuma sugestão ou comentário notáveis, apenas os meus parabéns e apreço.

Ou talvez tenha um comentário geral. Percebi que aqui em Portugal os participantes nas corridas são predominantemente homens: se virmos com atenção os dados publicados, as senhoras eram menos de 10% dos corredores que terminaram este XXII Grande Prémio Fim da Europa.

Se por um lado é bom estar na minoria feminina, eu acredito que a participação das mulheres corredoras deveria ser mais activamente apoiada. Talvez os escalões para as mulheres devam ser definidos como para os homens, para premiar e motivar as mulheres (e os clubes para incentivar as mulheres), mesmo que em alguns grupos etários, presentemente haja poucas participantes. Ou talvez outra coisa qualquer, mas alguma coisa dever-se-ia fazer ...

Pessoalmente, fiquei feliz com o meu esforço e o meu resultado final. O meu tempo de chip foi 01:31:28 (o tempo oficial, exactamente 1 minuto a mais). Subi a serra com um ritmo moderado e constante, apenas para jogar pelo seguro.

Eu não estava no meu melhor, e pensei: eu já estava a andar há cerca de 300 m na última subida, o que não teria sido realmente necessário, sabendo agora que esta última subida era relativamente curta e não era terrivelmente íngreme. Mas eu esforcei-me sobretudo na descida: as pessoas passavam por mim em grande número, como o vento, e eu estava absolutamente impressionada! No últimos 3 quilómetros segui um corredor simpático que tinha um bom ritmo forte, trocámos algumas palavras e ele era uma "lebre" ideal para mim (obrigada!).

Devo admitir que raramente participo em corridas organizadas. Correr para mim é sobretudo uma meditação, e eu adoro correr em zonas verdes e tranquilas, sobre superfícies macias, não em zonas cinzentas e monótonas. A minha zona favorita de Lisboa é o Monsanto, o que diz tudo.

Eu também gosto verdadeiramente de correr sozinha e, por vezes, com amigos. Mas finalmente decidi no ano passado, fazer algumas corridas em Portugal, só para sair da minha zona de conforto e correr em lugares novos, de preferência fora de Lisboa - e isso acabou por ser uma boa idéia e eu gostei muito de todas as cinco provas que fiz no ano passado.

Este "Grande Prémio Fim da Europa" foi a primeira Corrida para mim este ano, com certeza não será a última, e no próximo ano espero repetir esta Corrida, talvez sem caminhar e com algum treino em declive. E espero que lá vá também a minha amiga "Maria Sem Frio Nem Casa" ... Sem ti, Ana, eu não teria sequer ouvido falar desta corrida, e tu e o António também me ajudaram a obter o dorsal: muito obrigada, malta, vocês facilitaram-me as coisas!

Outra Ana"


Ana Groznik
Class. geral: 933º
Class. escalão: 10º
Dorsal 284
Tempo chip: 01:31:28
Tempo Oficial: 01:32:28
Natural de Eslovénia


Resultados no site da Organização

Fotos no site da AMMA




Muito obrigada Ana

Para ler em Inglês, na língua originalmente escrita pela autora, ver aqui

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Resoluções para o Feliz Ano Novo

Todos fazem. Consciente ou inconscientemente todos fazem. Com excepção daqueles cujas circunstâncias e armadilhas e partidas da vida, os obriga MESMO a ter outra vida, a ser OUTRO dentro de si mesmo, todos os indivíduos ilusoriamente planeiam, prometem a si próprios e desejam mudar isto ou aquilo, vivem misticamente a viragem do ano como se de uma porta se tratasse e naquele último minuto exacto do dia 31 de Dezembro, algo mudasse no universo e dentro deles algo se iniciasse, e outro algo ficasse para trás. Pura ilusão. Pura, nua e crua em que queremos acreditar.

Não sou excepção. Como é evidente. E a minha primeira resolução de Ano Novo, é:

para além de não frequentar o ginásio, o que já vinha acontecendo há demasiadas semanas, decido nesta viragem de ano... o quê? o quê? .... deixar de pagar o ginásio! Parece-me sensato, no mínimo!

Resolução tomada. Acção desencadeada e tomada. Página virada. Sou outra vez e oficialmente um indivíduo que não frequenta o ginásio. E para além de o não frequentar, também não o paga, o que me retira de um grupo onde não gostava nada de estar instalada: os que pagam e não vão.

Beijinhos e abraços e venham, não mais resoluções e propósitos de Ano Novo, mas sim... mais acções em cada dia da minha vida! E as acções, meus amigos, ao contrário das resoluções que acabam por morrer em breve na maior parte dos casos, dão-me uma satisfação tremenda.

sábado, 1 de janeiro de 2011

36ª S.Silvestre da Amadora




Realizou-se como habitualmente na última noite do ano. Foi a 31 de Dezembro de 2010 e realizou-se pela 36ª vez aquela que é em minha opinião, a S.Silvestre mais popular de Portugal.

Organizada pelo Desportivo Operário do Rangel com o apoio da Câmara Municipal da Amadora e Hipermercado Continente, a 36ª S.Silvestre da Amadora colocou nas ruas sumptuosamente iluminadas a marcar a época natalícia em que nos encontramos, 93 mulheres e 685 homens, número de atletas chegados à meta.

Com o apoio técnico da Xistarca, a prova teve controlo por chip, insufláveis a marcar as partidas e a meta, e decorreu em ruas com o trânsito totalmente cortado, onde o público deu o mote, habituado já ele, a participar também nesta despedida de ano velho. De facto, o apoio popular é muito marcante e nota muito positiva. O público faz a prova com os atletas. Senti isso. Jamais estive sozinha.

A prova é também caracterizada pelos sucessivos desníveis, tem um abastecimento de água e marcação de quilómetros. A partida das mulheres dá-se 10 minutos antes da masculina.

Tem prémios monetários por classificação, e um t-shirt SportZone, um calendário de secretária e uma barra de cereais, como prémio de presença para todos. Água na chegada não faltou.

Entrega de prémios no local, com rapidez e divulgação das classificações no site da organização em poucas horas.

As inscrições e o levantamento de dorsais decorreram de forma regular e esta é em minha opinião uma São Silvestre muito querida de todos, bem organizada, a permitir boas corridas, quer em termos competitivos, quer para o atleta de pelotão. A moldura humana das gentes da Amadora embelezam esta São Silvestre de forma ímpar.

Está pois a organização de parabéns e conto dia 31 de Dezembro de 2011 lá voltar para a correr de novo e a manter viva pela 37ª vez.



A nível competitivo, no pódio masculino, esteve Nicolas Korir, do Quénia, com 29:09 na 1ª posição, logo seguido de Manuel Damião do GDR Conforlimpa com 29:10, e de Goitom Kifle, da Eritreia com 29:16.

No sector feminino, obteu a 1ª posição, Sara Moreira, do Maratona com 33:56, com uma vantagem clara e significativa, sobre as Russas, Eugenia Danilova e Maria Kovaleva, ambas com 35:13.




Classificações no site da organização


Fotos da S.Silvestre Amadora no site da AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras


A Minha Corrida

A Maria não tem frio. A noite está boa. Muito boa para correr. Há uns anos que já não fazia Amadora. Foi este ano de novo. No último dia do ano, carregado de misticismo, viu amigos e amigos e amigos! Gostou de os ver. Muito. A todos. Agradeceu o ano que passou com eles a correr, e desejou sinceramente que mais um ano venha, e que a saúde não falte a uns e a outros e que mais um ano corram juntos.

A prova é dura. Sobe e desce inúmeras vezes. Parte só com as cerca de 100 mulheres. Jamais é deixada só. Por companhias momentâneas por alguns quilómetros, e constantemente pelo público. Há sempre público. Sempre! A puxar por ela. A não a deixar baixar os braços nem render as forças. Exceptuando uma ou outra piada menos feliz a lembrar-nos que ainda estamos presos a uma mentalidade que deveria de estar ultrapassada e que diz respeito ao facto das mulheres correrem e dos atletas lentos e muito lentos correrem. Nada de novo portanto. Combater a correr. É o que ela pode fazer. E a escrever. E ela corre e ela escreve como se as palavras lhe corressem nas veias e tropeçassem muitas vezes, mas ainda assim saem para serem lidas mesmo que incompreendidas.

Corre o tempo e corre ela. Termina feliz, como sempre quando corre.

10,120 Km em 57m34m média de 5:41 / Km


Um Feliz Ano para todos e até amanhã ou depois querido diário