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sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Molly meu amor

Pelos primeiros dias de Janeiro 2021

Molly, meu amor

Que guardas de mim? Que vês? Que guardas de mim e levas contigo meu amor?

Eu de ti guardo já onze anos de muitas alegrias, traquinices, companheirismo, lealdade, dedicação, cumplicidade, partilha e também algumas preocupações, despesas, trabalho, mas indiscutivelmente sobressai do saldo, amor, muito amor.

E tu? Que guardas de mim? Quando me olhas assim, nestas madrugadas frias no Outono da vida, em que vamos ao jardim, nesse momento só nosso tal como o jardim, as árvores e os melros e pardais que acordam e nos rodeiam saltitando e esvoaçando, indiferentes aos nossos teatros mal ensaiados, nestes momentos parados no tempo, em que sou só eu e tu e tudo o resto se cala, olhas-me como nunca me olhaste. Ficas parada sem te mexer, buscas-me os olhos e fixas-me o olhar, bem directa aos meus olhos e entras em mim como nunca o fizeste, atravessas carne e ossos e músculos dilacerando veias e rasgando carne e músculos e órgãos e tendões e chegas ao coração e vais mesmo além dele, despedaçando-o, sangrando e tocas-me a alma e eu nesse momento sei. Simplesmente sei. Agacho-me e afago-te a cabeça, o pescoço, percorro a mão pelo teu corpo quente, estranho as saliências dos ossos que no dia anterior não estavam lá e termino na pontinha da pata traseira ou da cauda, para retomar a carícia na cabeça e repetir o gesto vezes sem conta na madrugada fria e falo-te. Não só com os olhos e a alma, mas com palavras também porque tu entendes. Entendes tudo. Não te deixarei aqui meu amor, nem penses que te deixo aqui, nem penses que te deixo desistir, nunca te deixarei meu amor. Nem neste relvado gelado onde te deitas, te recusas a andar e mexer, e imóvel pareces implorar-me o que eu não te consigo dar. Não princesa Molly, nunca te deixarei e nós não vamos desistir. E se tens de ir, leva-me contigo meu amor, leva-me aos pedaços contigo, arranca pedaços de carne deste coração e leva-me, leva-me contigo meu amor. Porque eu nunca te deixarei e porque quando existe amor, nunca há separação ou despedida possível. Sei que assim será. Quando chegar o dia levarás pedaços de mim. E eu, guardo já pedaços de ti dentro de mim, tantos, tantos, meu amor.  

Amanhã outro dia minha pequenina. Somos fortes e vamos vencer esta batalha. Cada dia uma batalha e nós estamos juntas e somos fortes. E cada dia é uma bênção e uma vitória. E ainda temos muitas histórias para viver juntas minha pequenina, ouviste?!

Muito feliz por te ter na minha vida, minha doce Molly.



quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Esperança

Sentas-te à mesa diante do copo que a vida te estendeu, e com ambas as mãos pegas nele com força excessiva e aparentemente desnecessária, como se tivesses medo que ele te escapasse e num piscar de olhos desaparecesse, e sorves em tragos, ávido e sôfrego, réstias de Esperança que alguém te deu e que mal cobrem o fundo do copo, no entanto claramente suficentes para te manter vivo por mais um dia, o de hoje. E mais não é preciso. 

Esperança. Fé. Acreditar. É preciso acreditar. Ter Esperança. Que uma bondosa mão divina, meio à socapa te seja estendida por debaixo da mesa do pequeno almoço, do almoço ou do jantar, que tu não és esquisita na hora de comer, e rendida ao teu olhar de cachorro pobrezinho que passa muita fome, traga nela um bocadinho de pão, de preferência broa de milho que tu adoras e te ofereça com amor, de preferência repetidas vezes, que a memória da dádiva tem duração curta porque a cabeça da avó já não é a mesma. 

É preciso acreditar. Ter Esperança. E nós temos. 

Tão bom ter-te connosco Princesa Molly. 





sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Mensagem de Ano Novo

 1 de Janeiro de 2021

Os ponteiros do relógio continuaram a mover-se, alheios às nossas preocupações e desejos, e avançam vagarosa e impiedosamente. É o tempo a passar, vagarosa e impiedosamente, alheio às nossas preocupações e desejos.

E num exacto milésimo de segundo, saímos de 2020 e entramos em 2021. 2021 anos contados desde que se começou a contar, neste mundo e civilização que conhecemos. 

E acordamos e diz o calendário que estamos em 2021. Sorte a nossa de termos acordado e acompanhado mais este virar de ano. Com sorte e a vã  mas tão necessária ilusão e esperança que teremos a partir de hoje 365 dias para viver. Não temos. Lamento ensombrar o vosso conto de fadas, mas não temos.

Mas é importante acreditar. Fingir que acreditamos ter mesmo 365 dias pela frente. Ter fé e esperança que teremos efectivamente 365 dias para viver da forma que achamos verdadeiramente valer a pena. Com momentos e pessoas e sentimentos e emoções reais a encherem a nossa vida e a dos que nos rodeiam, com a única riqueza válida da vida. 

Mas mais importante ainda que acreditar no futuro, é termos consciência que na verdade só temos o momento, este momento. Nós e os outros. Os de quem gostamos. E a vida não espera. Passa, indiferente aos nossos planos de deixar para depois, fazer e viver isto e aquilo noutro dia qualquer. O dia que temos é apenas este. O dia, o momento. Este. Vivam-no! Não deixem para depois. Sejam felizes e façam os que vos rodeiam felizes também. Não noutro dia, não noutra altura, não depois, nesse momento futuro imaginário, existente apenas na neblina da vossa cabeça, ainda assim com existência sólida e de certeza arrogante, para vossa própria segurança e conforto emocional, assim o construíram e assim o imaginam. Pura ilusão. Ele não existe. Só existe o agora.

Bom Ano Novo para todos, a começar por hoje, por agora, por este exacto momento: Bom dia para todos, com saúde e tudo que vos encha a alma! 

E não esperem, façam acontecer! Feliz Ano Novo!