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sábado, 26 de abril de 2014

mais da 37ª Corrida da Liberdade - Lisboa - 25 de Abril de 2014 - 40 anos de Liberdade

Com o intuito de comemorar, recordar e avivar a Revolução de Abril de 1974 e os seus ideiais, a Corrida da Liberdade realizou-se pela 37ª vez, neste ano de 2014 em que o 25 de Abril faz 40 anos.

Organizada pela Associação das Colectividades do Concelho de Lisboa, Federação das Colectividades de Cultura Recreio e Desporto do Distrito de Lisboa e a Associação 25 de Abril, com o apoio da Camara Municipal de Lisboa e outros, a Corrida tem inscrição gratuita e oferece 11 Km da cidade de Lisboa para percorrer em comemorção da Liberdade, num percurso bonito e totalmente sem trânsito (3 corridas com 3 locais de partida e distâncias diferentes e o mesmo local de chegada). Há abastecimento de água a meio da prova (na de 11 km pelo menos) e também no final assim como é oferecida uma t-shirt de algodão a todos os participantes chegados à meta.

Inserida nas comemorações da data, a Corrida reveste-se fortemente de um simbolismo especial, ideal de muitos dos participantes. Animação na Partida e na Chegada e tem tudo para agradar aos corredores, mais ainda se considerarmos o custo zero para o participante.

Que Abril se mantenha vivo assim como a Corrida da Liberdade. Parabéns e obrigada a toda a organização e entidades envolvidas que nos ofereceram uma manhã de Corrida, amizade e festa.

A minha Corrida:

Descobri-a tarde. Por motivo nenhum especial, mas nunca tinha calhado por isto ou por aquilo. Mas desde que a conheço e a senti (a primeira vez no ano passado) conto voltar sempre a ela, mantendo vivo o espírito. O de Abril. Mesmo com tudo de que nos queixamos hoje, continuo a ser uma fiel defensora do 25 de Abril e tudo o que significa, na prática e na teoria.

Lembro-me por exemplo que comecei a correr, integrada num clube, em 1976 ou 1977, altura em que nascia a Corrida para todos, e só graças a esse e outros movimentos associativos que proliferavam entusiasticamente na altura, só permitidos no pós 25 Abril, fui a criança que fui e sou o adulto que sou. E isto só para referir a Corrida e o papel de Abril nela.

Volto ao presente. 2014. O meu pai está melhor e vai acompanhar-me à Corrida. Parece pois que está tudo em ordem e regressa o normal. Estou pouco treinada, gorda e cansada. Exacta e precisamente tudo normal então.

Deixo o pai nos Restauradores e vou de Metro para o ponto de Partida: Pontinha, junto ao Quartel - Regimento de Engenharia nr. 1, precisamente onde na noite da revolução, a 25 de Abril de 1974, se instalou o Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas e a partir daí se dirigiu e coordenou todas as operações militares que permitiram o derrube do regime de ditadura vivido até aí, e onde hoje existe um núcleo museológico que recria essa noite que virou uma página na nossa história.

Encontro alguns amigos, outros não os vejo apesar de os saber lá (Eugénia?) e tenho bastante pena, mas a vida é mesmo assim, feita de encontros e desencontros e a minha amiga já deve estar bem posicionada na Partida e eu estou cá bem atrás pois a minha prestação será bem mais modesta. Por outro lado, à espera da partida encontro o amigo Albísio, e a troca de palavras é surpreendentemente agradável, consolidando-se posturas e ideias já dadas a conhecer pelo mundo virtual.

A Partida é dada e sigo sozinha, pois cada um tem de encontrar o seu passo, como na vida, e segue só, apesar da multidão. No entanto, por momentos acompanho este e outro amigo. E mais outro ali. Há conversa, amizade, camaradagem e por vários metros nos entreajudamos e os sentimentos são simples e genuínos. Sincero e verdadeiro prazer em os rever. Depois, uns vão para a frente, outros ficam para trás. É a vida a correr pelas artérias da minha cidade. Já mais de meio da prova foi corrida e avisto o Joaquim Adelino. Espera-me? Não sei, mas ele parece dizer-me isso. Assim que o avisto, corro mais. Corro muito e junto-me a ele para juntos corrermos os cerca de 5 km que faltavam. Juntos, até à meta. Não pensei largá-lo e vamos bem! Bem! Há séculos que não me sentia assim "bem" a correr. Ritmo vivo! Bem! E descemos a Avenida da Liberdade de alma elevada e coração cheio. O meu pai estará lá à frente à minha espera. Corro. Corro muito! Corro forte! Emociono-me. Não choro. Gosto disto. Revejo tantos amigos... Uma cumplicidade natural leva-nos juntos até à meta! Corto-a! Mais amigos. Feliz! Uma excelente prova! Eu que nos treinos me via aflita para correr 6 km, hoje corri 10,830 Km em 1h02m02s, numa média de 5:44 / km e senti-me estupendamente bem! A provar que mesmo os treininhos lentos que tanto me custam e mesmo de distâncias curtas, dão os seus resultados. Treinar qualquer coisinha, já faz diferença! Não que considere uma grande marca, porque não o é, nem para a minha pessoa, mas a forma "bem" como me senti durante toda a Corrida é a prova de que os treininhos dão resultado (como se isso fosse novidade, mas senti-lo na pele e nos ossos, dá-me vontade de o referir, de o repetir, de o interiorizar e sentir mais e fazer mais!)

Até para o ano Corrida da Liberdade


A Partida:
Durante a Corrida:













No final da Corrida:
A aguardar a água e a entrega da t-shirt



Entre amigos

O meu pai:
A Corrida em video, por Joaquim Adelino - especial destaque lá para o minuto 7:21 - Correr, tocar e cantar ao mesmo tempo: Abril sempre!


Mais fotos:
da AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras, aqui
do Joaquim Adelino, o Pára que não pára, aqui
do João Lima / Mafalda Lima: no seu album, aqui

NOTA: Obrigada a TODOS os amigos que com o seu contributo em termos de fotos, tornam este blogue mais colorido e mais bonito! Obrigada!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A 37ª Corrida da Liberdade - 25 de Abril de 2014

No fim da Av. da Liberdade, quase a chegar à meta, acompanhada pelo meu amigo Adelino, o Pára que não pára
O meu pai
 

Os Restauradores

O Amigo Joaquim Adelino e o Melro, meu pai, já no final da etapa

Decorreu hoje a 37ª Corrida da Liberdade, no dia em que o 25 de Abril comemora 40 anos. 

Corri 10,830 Km em 1h02m02s - média de 5:44 / km  (à primeira vista diria que nem sei como, mas...Sei sim!)

Amanhã talvez, deixarei aqui mais qualquer coisa desta boa vivência a que me permiti e obriguei!

Milhares de fotos desta Corrida da Liberdade, pela AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras, aqui

segunda-feira, 21 de abril de 2014

"Era de Noite e Levaram" - por UHF

Aproxima-se a comemoração dos 40 anos do 25 de Abril e mais que nunca quero assinalar a data, para não esquecer. Não esquecer que este país viveu no Fascismo. Não esquecer o tempo das perseguições, das bocas amordaçadas e famintas. Da comida racionada. Da porrada levada e das atrocidades cometidas.

Não, não me venham dizer que hoje há isso tudo e ainda mais como se fosse isso argumento válido para o desvalorizar...que eu, menina de 5 anos de idade nesse dia longínquo e recente, serei sempre, mas sempre, uma fervorosa defensora do 25 de Abril, pelas correntes cortadas, pela Liberdade conquistada. Liberdade de pensar, de falar, de viver, de ser!


Agora...palavras de UHF:


"Nos 40 anos do 25 de Abril escolhemos uma canção do José Afonso para erguer a taça e celebrar.

Para dizer aos mais novos que o 25 de Abril não foi assim há tanto tempo, apesar do tempo que passou, maior que a sua idade. Porque cada feriado nacional tem uma história.

Guardamos desse tempo a arte da canção, a poesia, a coragem dos
cantores perseguidos, aprisionados, com os discos censurados e os
espectáculos proibidos. E mesmo assim havia arte musical sobeja.



"Era de Noite e
Levaram"’, poema de Luís de Andrade e música de José Afonso, editado
pela primeira vez em 1969,
(exactamente há 45 anos, a idade que eu tenho hoje), no LP “Contos Velhos, Rumos Novos”.



"Um tema que transmite a emoção
de um tempo que partiu, a noite arbitrária do fascismo. E por isso a
gravámos. Porque da música séria nasce a alegria da vida."
- palavras de UHF, e numa interpretação que acho absolutamente excepcional, para ouvir e sentir:




quinta-feira, 17 de abril de 2014

O treino e o pai

Disse a muito poucas pessoas, mas o pai esteve bastante doente. Não sendo propriamente grave, mas o suficiente para o impedir de andar mais de 10 metros (completamente curvado e a coxear) sem ter de se sentar.
Dor ciática, foi o diagnóstico. Dose cavalar de injecções diárias durante mais de 10 dias, sem surtir qualquer efeito significativo e comprimidos que se tomaram até há 2 dias atrás e agora sim, podemos dizer que o pai já está melhor e da dor que o impedia de andar resta já só uma subtil lembrança e o medo que se venha a repetir.
Não que isso tivesse relação directa com os treinos da rapariga, que não tem, mas a vida desta rapariga está repleta de relações indirectas e complexas, conforme sabemos.
E hoje, já o pai a acompanhou de novo no treino dela. Sim, porque ela voltou a correr hoje. Pelo 3º dia consecutivo a fazer jus à sua fama de "tudo ou nada" e "quero tudo e agora", o que só se poderia revelar prejudicial se tivermos em conta que não corre com regularidade desde Dezembro passado, mas que vamos considerar aceitável tendo em conta as distâncias aplicadas e os ritmos.
Estaria isso tudo muito certo se as ditas distâncias e os ritmos aplicados não estivessem a roçar o seu limite máximo neste momento.

Correu hoje 6 km, em 39m25s, com o pai e o Tejo por companhia. Valeu-lhe também um companheiro que a apanhou quando ela se aproximava do seu 5º km, altura em que mental e fisicamente lutava para pelo menos atingir os 5 km de treino, e depois com ele, na conversa acabou por correr os 6. Tudo isto leva-nos a pensar que ela quer é conversa.

Amanhã não correrá, pensa hoje. Dará algum alívio às pernas que estão piores hoje do que no dia seguinte à sua última Maratona!

Quer salientar ela, que o pai está de volta, e com ele, ela! E hoje, por aqui e por tudo isto, foi um bom treino.


Parece que viu bicho...e é verdade, o bicho está dentro dela e não é fácil espantar





Até amanhã querido diário

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O Processo

Conheço por demais bem O Processo. Ele é o peso no corpo. Ele é a dificuldade em deslocar-me em passos de Corrida. Ele é o peso a mais e a dificuldade na respiração. Ele é de novo conter-me e cuidar-me na alimentação que adopto. Ele é progredir lentamente, quer na Corrida quer na perda de peso. Ele é chamado de recomeço, para mais uma vez perder peso e melhorar a forma (física e psíquica). Ele, o Processo, é abraçado de novo para progredir muito lentamente. Com alguns tropeços, mas com persistência e paciência, o objetivo é sempre atingido: perda de peso na ordem dos 8 a 10 quilos que é aquilo que engordo desde que "páro" (ou entro num outro processo, chamado este de destruição) e a  forma (sempre modesta) é consideravelmente melhorada, o que não é difícil tendo em conta o patamar até onde me deixo cair.

Farta destes recomeços e recuos. Uns meses "bem" e depois outros a destruir aparentemente de forma propositada tudo o que consegui. Para depois "recomeçar". Melhorar, tentar e conseguir. Subir ao pódio da vida e ouvir os aplausos fantasmas. Conheço tão bem o sabor desta "vitória" fútil. E depois...depois caio. O grave é que cada vez estou mais velha e estes desequilíbrios não fazem nada bem ao corpo e este começa a queixar-se. Coração, articulações, músculos e tendões, em cada "recomeço" sinto que correspondem cada vez com mais dificuldade.

Percebo por fim que não há recomeços. Não há dias para começar nada. Há apenas dias para viver. E da forma de o fazermos no imediato, depende de facto a nossa vida. Hoje. No caminho da vida. Ou podemos dizer que recomeçamos todas as manhãs que acordamos, com pequenos ou grandes passos.

Quando a batalha vencida é acordar e sair da cama para viver, como se isso fosse algum desafio para alguém (pensarão muitos e eu também gostava de pensar como eles), a decisão está tomada e há já uma pequena grande vitória.
 
Hoje, este cenário que me vê terminar o treino, este Tejo cinzento onde saltam os peixes e mergulham as aves que o sobrevoam, olha-me de soslaio  e vê-me derreada após estes 45 minutos em que corri 7 Km, exausta, vermelha, com a sensação de "nem mais um passo", em muito pior estado do que quando há uns meses atrás terminava no mesmo exacto lugar um treino de 34 km...

O Processo, portanto, encontra-se novamente em marcha. Encontra-se a rapariga no ponto de retorno, outrora chamado de recomeço... (antes isto que desistir de vez, pensa a rapariga e segue confiante - não muito - que ainda vai conseguir correr os 11 km da Corrida da Liberdade no dia 25 de Abril, os 15 km da Corrida 1º Maio e os 20 Km dos Trilhos das Lampas, a 10 Maio)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

8 anos


A 14 de Abril de 2006, escrevia:

«Sou a Maria Sem Frio Nem Casa

A solidão leva-nos a estas coisas. A necessidade de comunicar, de transmitir e de ter a ilusão que alguém nos escuta, leva a este fenómeno dos blogs. É por isso que eu estou aqui. É por isso que vocês estão aqui. É por isso que aqui nos encontramos, sem nunca nos encontrarmos.
              
Hoje, 14 de Abril de 2014...
 ...


Hoje. Hoje sei melhor que nunca que Solidão é um estado interior, agarrado à alma do ser, completamente alheio ao que o rodeia. Hoje sei que ter a ilusão que nos ouvem (ou outra ilusão qualquer) é totalmente insatisfatório e sei também que ter a certeza que nos ouvem pode ser igualmente insatisfatório. Hoje sei que um blog pode ser muitas coisas para além do acima descrito. Hoje sei que afinal há muitos encontros para além do ecrã e das palavras escritas. Hoje sei que após oito anos, ainda tenho palavras, e mesmo em dias alternados, a Maria Sem Frio Nem Casa ainda faz algum sentido. E enquanto assim for, ela continuará por cá. Com mais visitas, menos visitas, mais elogios, menos elogios, mais depreciações, menos depreciações, enquanto fizer sentido para ela, e há dias em que ainda faz, ela por aqui continuará.

domingo, 6 de abril de 2014

Conselhos

Muitas vezes somos muito bons a dar conselhos aos outros, conselhos esses que temos uma dificuldade tremenda em aplicar na prática em nós próprios.

Por isso, quando vendo o meu peixe incentivando alguém que está a começar a correr, que pode/deve alternar a Corrida com a caminhada nos seus treinos, que deve ser paciente, persistente e regular nos seus treinos, não se deixando desanimar por não estar a correr como se desejava, que devemos manter o foco, etc e tal, que mais dia menos dia verá melhorias e resultados, estou longe de conseguir aplicar esses magníficos conselhos a mim mesma.

Por isso, tu ouve-me rapariga:

Não podes querer correr 12 km seguidos,de forma contínua e confortável, como se tivesses 10 kg a menos e estivesses mininamente em forma para o fazer, como era o teu caso em Dezembro do ano passado! Simplesmente não podes! Porque se o esperares, só vai acontecer uma coisa: desilusão e desânimo. Tens de te contextualizar no presente! Nas condições e circunstâncias actuais! As tuas!

Por isso, o facto de, ao invês de milhentas coisas que poderias fazer/não fazer, o facto de teres saído para correr e teres percorrido os tais 12 km da sequinte forma:

5 km - a correr, 32 min.
0,5 Km - a andar
1 km - a correr; 6:21
0,5 Km - a andar
1 km - a correr; 6:21
0,5 Km - a andar
2 km - a correr; 12:39
1 km - a andar

foi espectacularmente BOM! Para ti... HOJE!

E é este o estado da rapariga hoje e amanhã é outro dia.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Dizem que...





Dizem que são "de Trail". São, por definição (ou deveriam ser) especialmente concebidos para Trail portanto, com caracterísiticas especiais adequadas à prática do Trail, o que significa, no meu singelo entendimento da matéria, e só para começar, uma melhor aderência em pisos derrapantes, assim como uns bons pneus de automóvel em tempo de chuva com estradas alagadas e cheias de lama, areias e pedras. Deveriam manter-me firme e sólida em contacto com o solo em cada passada.

Dizem que são de Trail... Então porque escorregam que nem manteiga nas calçadas dos passeios molhados e me fazem ir tão segura como elefante em loja de cristais?


Se calhar é porque a calçada portuguesa molhada não será propriamente considerada piso de Trail...mas nas serras também apanhamos pedras e pedrinhas e pedragulhos que molhados não escorregam menos...

terça-feira, 1 de abril de 2014

Às vezes

Às vezes, quando todos mal terminaram o jantar e já saem da mesa ainda com a sobremesa na mão, apressados para as suas tarefas, ela, fica mais um pouco, então sozinha na mesa. Vai comendo devagar, como gosta. Um pouco mais e só um pouco mais ainda, uma migalha de pão, um naco de queijo ou um pedacinho minúsculo de carne, com o cuidado de deixar as doses necessárias para os almoços do dia seguinte. Bebericando do copo em pequenos golos, lentamente, e fica assim, a ouvir o rádio, comendo, bebendo, e às vezes chora.

Nesse tempo só dela, em que lhe apetecia conversar mas tem só os pratos vazios e sujos para levantar. Aconchega-a a ideia de que fez um bom jantar, que mais uma vez alimentou a família e mais uma refeição foi servida, mesmo que os elogios não surjam, como é costume.

Às vezes, quando todos mal terminaram o jantar e já saem da mesa ainda com a sobremesa na mão, apressados para as suas tarefas, ela, fica mais um pouco, então sozinha na mesa e às vezes chora.