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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL PARA TODOS!

Também porque este é um meio de que disponho hoje, desejo aqui a todos os que me visitam

UM FELIZ NATAL

Com a permissão dos sonhos e dos desejos renovados uma e outra vez.

Ana Pereira

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Actualização

Porque parece que já nos habituamos a não ter tempo, que quando o temos, temos de arranjar maneira de o matar, a ele, o tempo, e sem outra razão que a acima, dou por mim a meticulosa e organizadamente actualizar os meus contactos. Telefónicos. Ou” telemóvicos”? Visto que se movem comigo para onde quer eu vá e dormem comigo onde quer que eu durma e até se mantenham comigo em noites de insónia ou de conversa animada, e até mesmo me acompanhem no trabalho e no café, e … sabe-se lá mais onde.

Dos números apagados, 5 (cinco) pertenciam a indivíduos já falecidos, e que uma qualquer força (ou fraqueza) me impediu de os apagar até agora, como se o facto de os manter ali me fizesse acreditar que ainda estão vivos. 2 (dois) eram números de indivíduos em que dei por mim a pensar “mas para que raio tenho eu o número de telemóvel deste tipo/a?” pois só ali ficaram por se pensar que o contacto se justificasse e mostrou a vida que afinal não se justificou, nem justifica. E outros 2 (dois) ainda eram de título semi-profissional e que apenas se justificaram enquanto certas negociações decorreram.

Todos os outros se justificam. Pelo menos, por enquanto. Assim é a vida. Assim sou eu na vida das pessoas, assim são as pessoas na minha vida. Como a agenda de um telemóvel. Pessoas que chegam, passam, ficam um tempo, e partem. Todas! Sem excepção.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Memórias

3 de Dezembro de 2008 - outros Dezembros do início da década de 70

Saiu do consultório satisfeita. Não exactamente satisfeita mas antes tranquila. Extremamente tranquila. Não tinha nada afinal. Afinal ela não tinha nada que ali pudesse ser tratado.

Lisboa ao entardecer em dia de Outono ameaça de Inverno. Um céu cinzento com salpicos de chuva sobre os rostos e uma brisa fria que crescia à medida que ela se aproximava do rio. A Baixa está já enfeitada com as iluminações de Natal. Mas àquela hora, apesar de ser hora de ponta (cinco e meia da tarde) há uma tranquilidade reconfortante e estranha, nas ruas, intensificada pela luminosidade própria de um dia chuvoso a dar lugar à noite e permitir às luzes brilharem com todo o seu esplendor. Uma tranquilidade que inequivocamente emana e transborda dela.

Como por magia as ruas estão quase vazias, tranquilas como ela. Tem tempo ainda. Desce a Rua da Madalena, corta para a da Prata e pára numa pastelaria que como as ruas e como ela, está tranquila e serena.

Lembra-se que não almoçou e pediu café com leite e uma bonita bola de Berlim. Com creme pois claro. Sentou-se e lembrou-se dos tempos em que só vinha a Lisboa com a mãe, por ocasiões especiais mas idênticas às de hoje: uma ida ao médico, ou ainda para umas compras de coisas simples que não se encontravam senão na capital. Dias especiais esses, em que se parava sempre para lanchar. Na Baixa, no Chiado, no Rossio ou na Praça da Figueira.

É bonita Lisboa. Cheira a chuva e o odor do café com leite e do bolo intensificam-lhe a tranquilidade e avivam-lhe as memórias. O cheiro do ar a lembrar outros tempos em que a sua vida era tranquila e as preocupações não lhe cabiam na magia de ser criança.

Hoje, toma o lanche sozinha e estranhamente sente uma solidão raramente sentida. Talvez a proximidade do Natal e das luzinhas a piscar nas montras em frente a façam lembrar outras coisas, outra vida que foi a dela. Mas hoje é esta.

Sentiu vontade de telefonar a uma amiga, uma das poucas que tem, mas inibiu-se. Sentiu-se egoísta por telefonar para satisfação de uma necessidade sua: a de não se sentir tão só. Não ligou. Terminou o lanche, limpou as migalhas ao guardanapo, deu o último trago de café com leite, pagou e saiu. Simpáticos os estranhos. Os empregados e mais dois únicos clientes além dela. Um desejo de boa tarde foi trocado em conjunto com um sorriso e ela seguiu.

Caminhou até ao rio. Do outro lado está de novo a vida dela. Cala a nostalgia sob uma chuva agora intensa e as tarefas quotidianas que se impõem àquela hora do dia não lhe permitem sequer pensar mais em solidão ou lá no que quer que seja que se lhe assemelhe.

Hoje ainda, não correu.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

1º de Dezembro

Dia 1 de Dezembro de 1640 - Dia 1 de Dezembro de 2008

Despertara formoso aquele. Frio e chuvoso este. Às 8 horas e trinta minutos do primeiro, os fidalgos chegavam aos portões do palácio, ao Paço da Ribeira. Às nove badaladas, irromperam impetuosamente. Mataram o secretário de estado D. Manuel de Vasconcelos e prenderam a Duquesa de Mântua, representante do rei de Espanha em Portugal, poder ao qual Portugal esteve submetido durante mais de 60 anos, unido politicamente a Espanha.

Domínio Filipino é a designação dada a esse período, com início em 1581 aquando da aclamação de D. Filipe II de Espanha como Rei de Portugal.

O descontentamento geral dos portugueses levou a esta revolução – Restauração de independência de Portugal. O povo, pelo agravamento dos impostos, a nobreza porque se viu privada de altos cargos a que aspirava e fora obrigada a participar na guerra sem qualquer recompensa e a burguesia porque viu diminuir os seus lucros comerciais com a concorrência de Holandeses, Ingleses e Franceses.

Estavam criadas as condições para a revolta. E a revolta deu-se. Corremos com os Espanhóis e foi aclamado Rei de Portugal D.João IV, Duque de Bragança.

Deu-se no dia 1 de Dezembro de 1640. Que não esqueçamos! De novo uma nação independente (?), sem o domínio espanhol.

Viva Portugal e a Restauração da nossa independência, o que quer que seja que isso signifique na prática e no quotidiano de cada Português.

Quase isto tudo vem no livro de História do 6º ano (com excepção dos habituais comentários polémicos sem por isso deixarem de ser pertinentes, facilmente perceptíveis nas duas últimas frases do texto, da autoria da criadora deste blogue.

Mas quem é que não sabe isto?

Restauração? Hum... Acho que dado o meu descontentamento a nível pessoal com algumas coisas que só de mim dependem (mais ou menos….) acho que vou eu fazer a minha Restauração! Irromper pelo castelo, matar com espada aguçada um ou dois fantasmas que me têm dominado ao longo dos meus 39 anos, e proclamar-me Rainha do meu Reino. Serei eu capaz?

Mas verdade verdadinha, aqui a menina quando correu fora do seu Portugal pela primeira vez, em Abril de 2001, levou escarrapachada ao peito com muito orgulho, a bandeira de Portugal. E ouvir o “speaker” da Maratona de Paris, aclamar ao microfone a sua chegada, com um sonante “Et voilá Portugal!!!! Un grand pays!!!”, sentiu o que não consegue transpor em palavras, e que isso a marcou de tal forma que o sente como se fosse hoje, lá isso é verdade! Vá-se lá saber porquê…

E viva Portugal!

Maratona de Paris, Abril de 2001 - "Et voilá! Portugal! Um grand pays!!" - Inesquecível...

sábado, 29 de novembro de 2008

Sábado






Porque hoje é sábado e como mais uma vez não me apeteceu correr, e antes os apetites foram os de pegar na "Poesia Completa" de Florbela Espanca, e de livro debaixo do braço, na esperança de partilhar esta alma que à vezes parece a minha ou a minha a dela, com amigos, conhecidos e desconhecidos, assim me sentei num lugar à mesa, na




Pedi para me fazerem um chá novo, quente e aromático, pois já tinha deixado arrefecer o que me tinham mandado servir, abri o livro e comecei a ler, fazendo de conta que estava só a fazer de conta falando de mim.


Os amigos ouviram-me. Atentos e felizes alguns por me verem de novo. Sabendo ou não do que eu estava a falar ao ler Florbela Espanca, mas ainda assim sorriam-me, ouvindo-me:



Eu ...



"Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,

Sou a irmã do Sonho,e desta sorte

Sou a crucificada ... a dolorida ...



Sombra de névoa tênue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte!

Alma de luto sempre incompreendida!...



Sou aquela que passa e ninguém vê...

Sou a que chamam triste sem o ser...

Sou a que chora sem saber porquê...



Sou talvez a visão que Alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo pra me ver,

E que nunca na vida me encontrou!"



Florbela Espanca

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"Ansiedad"

Quando há dias atrás escrevi algumas palavras sob o título “Ansiedade” alguém se lembrou e de alguma forma as associou (ou fez corresponder) a estas outras que transcrevo de seguida, canção escrita e composta em 1958, por José Enrique Sarabia Rodríguez, poeta, músico, publicitário, produtor de televisão e político venezuelano nascido em Pampatar, Isla de Margarita em 1936. Interpretada por diversos cantores, dos quais destaco Nat King Cole, é uma canção muito bonita. Bela mesmo. Um poema delicioso, amoroso e triste também, como o são tantas histórias de amor (mas não todas!)

Sendo o meu curto texto “Ansiedade” um estado pouco ou nada relacionado com o poema (será mesmo?), fiquei no entanto muito feliz só por pensar na hipótese de existir alguém a quem eu pudesse escrever aquelas palavras, ou existir alguém que as pudesse escrever para mim. Infeliz e definitivamente, hoje, não tenho. Mas hoje… voltei por instantes a permitir-me sonhar. Sonhar que ainda posso. Sonhar. Ser mulher, amar, desejar e ser desejada. Sonhos... E eu hoje sonhei...

Sem mais outras palavras hoje, deixo-vos estas, de José Enrique Sarabia Rodríguez:

Ansiedad

Ansiedad de tenerte en mis brazos
Musitando palabras de amor
Ansiedad de tener tus encantos
Y en la boca volverte a besar

Ansiedad de tenerte en mis brazos...

Talvez estés llorando
Mis pensamientos
Mis lagrimas son perlas
Que caen al mar
Y el eco adormecido
De este lamento
Hace que estés presente
En mi soñar

Quizás estés llorando
al recordarme
Estreches mi retrato
con frenesi
Y hasta tu oido llegue
la melodia salvaje
Y el eco de la pena
de estar sin ti”

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Os meus meninos

Quem vai lendo este blogue, talvez se recorde que há tempos a Flora perdeu o companheiro, encontrado morto no fundo da gaiola, frio e inerte, de forma inesperada e surpreendente.

A Flora chorou em silêncio e no seu silêncio interrogou-nos pedindo respostas que não soubemos dar. Amamo-la. Nessa altura aprendi o que era amar um “estúpido” pássaro. Na altura, sofremos com ela, impressionadas como cabia imensa dor num coraçãozinho tão pequeno. Sofremos.

Depois do luto, trouxemos-lhe para casa um menino verde, o Ervinha, ligeiramente mais novo que ela, na esperança dela o não rejeitar e de o aceitar como novo companheiro. Dois dias fechada no ninho, espreitando desconfiada, e após alguns “incentivos” para sair do único sitio em que se sentia segura, negando a vida, o desafio, a amizade, o amor, lá conseguimos que a Flora estabelecesse contacto com o Ervinha.

Em menos de uma semana já eram amigos. Ambos de personalidade forte. Amigos e carinhosos num momento para logo discutirem e disputarem um lugar no baloiço, ou um pedaço de pão.

Refilões mas Amigos. Tornaram-se amigos. Namorados. Acasalaram e começaram os treinos para uma alimentação boca-a-boca. Experimentaram o ninho e brincaram aos pais e mães.

Por fim nasceram quatro ovinhos, espaçados por dias. Ela estava sempre no ninho, saindo de vez em quando e não permitindo a entrada do Ervinha sem a presença dela lá. Por vezes, ficavam ambos em simultâneo dentro do ninho, quentinhos e calados, a manter os ovos quentes.

Um dia, um ovo apareceu partido, praticamente vazio, liquido espalhado…

Restam agora três ovinhos mas de forma assustadora e ao contrário do que se passava inicialmente, a Flora passa agora a maior parte do tempo cá fora.

Contentes eles, brincam, ralham, dormem encostados e aconchegados um no outro, cá fora num poleiro, ignorando o que poderiam vir a ser as suas crias. Virão? Alguém me ajuda a perceber o que se poderá estar a passar? A mãe ao perder antecipadamente um filhote, rejeita de imediato os outros, deixando-os ao gelo da noite sozinhos no ninho?

Que se passa? Compreender a Natureza é preciso, mas neste caso… não estou a conseguir… Bem…para dizer a verdade, nem neste nem noutros… mas esses outros, ficam para outro dia.

Os meus meninos:


A Flora:

O Ervinha:

Os ovinhos... nascerão filhotes ou não? A minha inexperiência com periquitos não me permite sequer prever o que se vai suceder, mas temo que pelos longos períodos que os ovos ficam abandonados no ninho... não iremos ter bébés...


Até amanhã querido diário, tu que me lês e ouves...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Carta fechada a uma mãe

Mãe!

É tarde demais Mãe.
As luzes estão apagadas
As janelas e as portas
Fechadas.

É tarde…
O que foi morto,
Castrado assassinado
Não se pode fazer renascer

Apesar do caixão aberto
O corpo está frio Mãe
E agora é tarde demais

As lágrimas que rolam
Gelaram como o coração

E já nada sinto.

E sei que apenas e só
Me suportas…
Como cruz que carregas

Não me peças beijos
Que não os tenho
E abraços perdi-os
Em leitos perdidos

Quantas vezes me interrogo
Se mais não valeria
Teres-me morto à nascença
E evitado tanta dor


Vida desperdiçada
A tua e a minha.

Mãe… é tarde agora
E está frio…
Vou sair agasalhada
Não me esperes mais...


Que eu não sei se volto...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ansiedade


O tempo e a Ansiedade

Jamais saberemos o tempo que temos. Cremos numa verdade mas se pensarmos, duas vezes apenas que seja, veremos quão frágil é a nossa verdade, o nosso tempo, a nossa vida.

Adivinho o fim. O do ano. Antes e depois de outros fins. Adivinho mudanças esperadas. Não espero as inesperadas que nos assaltam quando menos esperamos demonstrando quão inúteis são os pensamentos e as preocupações esperadas.

Ter consciência disso nem por isso diminui a ansiedade, ou o medo, ou o pânico.

O tempo. Escoa. Escrevo enquanto tenho tempo. Respiro enquanto este tempo não se me acaba.

Falta-me o ar. Falta-me o tempo. Faltam-me as palavras. Respiro apenas... e escrevo. Enquanto há tempo...e palavras.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Amigos


Definir amigo…

Pode ser tarefa desgastante e muito provavelmente inútil. Palavras leva-as o vento. Aos Amigos não.

Procurei no dicionário e hipoteticamente esclareço que Amigo é aquele que quer bem.

Se assim é, tenho de facto muitos Amigos e sou Amiga de muita gente também. Mas num lirismo e mania de aprofundar as coisas teoricamente, para hipoteticamente as aplicar na prática, quero mais do Amigo, da palavra e do Homem. Quero atribuir um significado mais profundo, tão profundo que talvez não exista, dando-me a falsa conclusão de que não tenho Amigos e que de ninguém sou Amiga. O que é de todo falso.

Confesso que não me esforço muito para cativar amigos. E que não tenho muitos. Ou tenho?

Reflexões estas com outras à mistura, que me levam a pensar que Amigo não é mais que a consequência de um conjunto de circunstâncias e casualidades. Infelizmente pode ser assim.

Mas Amigo que é Amigo não desaparece. Depois da circunstância e apesar das distâncias físicas e geográficas, continua lá. Ou não? Tudo não passa de uma tábua de salvação imaginária e carunchosa a que nos agarramos em momentos de dilúvio?

Temos nós Amigos? Somos nós verdadeiramente Amigos? O que é ser Amigo verdadeiramente ? Exijo demais? Dou de menos?

E os outros ? E eu? (que sou um dos outros para esses mesmos outros)

Chamamos amigos aos que por diversas circunstâncias a vida nos juntou. Empatia, simpatia e necessidade também, faz do Homem … Amigo. Interesses comuns, partilha de algumas ideias e ideais, e depressa estamos a chamar o outro de Amigo, desenvolvendo-se afectos também, satisfazendo uma fome emocional que necessita ser alimentada.

Não queiramos racionalizar o Amigo. Sejamos apenas. Amigos. Sintamos a Amizade. Dêmos Amizade. A vida é curta demais para vivermos sós. Sem Amigos.

Seja lá como for, às vezes sou surpreendida. Surge-me um Amigo, saltando-me aos pés saído por trás de uma moita, quando caminho descalça e sozinha por entre silvas. Às vezes acontece. Aconteceu-me esta semana.

Sabendo os meus Amigos do que o facto de correr ou não correr, para mim significa e como se traduz em vida, ou não vida, esta semana fui agradavelmente surpreendida. Não que não soubesse que os Amigos estavam lá, mas às vezes, para além de não nos esquecermos que temos nós de abrir as portas, é bom também vê-los entrar, dar o passo para a porta aberta (assim não a tranquemos nós). Saber apenas que estão à soleira não é suficiente… Pelo menos para mim não é. Manias…

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ecos

Por vezes dou por mim a pensar que este blogue não passa de um caderno amarrotado e amarelecido pelo tempo, e por lágrimas e suor também, que ninguém lê, ou que muito pouca gente lê. De utilidade ou interesse reduzido, ou pelo menos, muito relativo. Não são raras as vezes que questiono a sua existência e continuidade, para além de um entretimento pessoal que se veria plenamente realizado ao retornar ao velho diário de papel e de capa preta, esse sim, que ninguém leria.

Pois hoje, ao contrário do que vi no meu país, vejo o "Maria Sem Frio nem Casa" mencionado e divulgado na revista brasileira “Contra-Relógio”, inserido num artigo sobre o fenómeno de Corrida e Blogues.

Carregue na imagem para ampliar

Misturado no meio de dezenas de blogues, ele está lá. Divulgado e anunciado como… o que é: um blogue de alguém que corre e que escreve sobre corrida. Um eco do outro lado do Oceano...

Também por isso, reitero a minha convicção (por vezes abalada) de que a “Maria” deve e tem de continuar a existir. Como até aqui.

Mesmo com altos e baixos, palavras bonitas ou feias, diplomáticas ou escandalosas, intensas ou vazias, prazenteiras ou dolorosas, quentes ou frias, tristes ou sorridentes, claras ou embaraçadas nelas próprias, ela tem de continuar pois há quem repare nelas, as leia, as saboreie, absorva e use. Para qualquer coisa. E ainda ache que elas merecem ser divulgadas. Do outro lado do Oceano, ecoa a Maria. Por isso, também, ela continuará. Obrigada “Contra-Relógio”.

sábado, 15 de novembro de 2008

III Grande Prémio da Arrábida

Sábado, 15 de Novembro de 2008

Querido diário

Abro-te nas páginas em branco que aguardam palavras. Palavras cheias ou vazias, como as marés e como as pessoas. À espera de serem escritas. Páginas da vida em branco, ainda por preencher.

Grito. Mudo. Queria um nome para chamar. Mas já perdi os nomes. Todos os nomes. Não tenho já nomes para chamar e gritar desesperadamente por eles, na esperança de um abraço, de um amparo na queda vertiginosa em que propositada e inconscientemente me lancei. Como se o propósito e a inconsciência fossem possíveis de coabitar na mesma frase mantendo esta um ténue que seja sentido lógico. Mas tem a vida alguma lógica de facto?

Não tenho problema nenhum. Pelo menos problema nenhum de importância. Por isso posso massacrar-me privilegiadamente com outros problemas. Os sem importância. Sem importância nenhuma. Sendo a importância não uma classificação exacta regendo-se por parâmetros rigorosos e científicos, mas a subjectiva forma de nós os encararmos. Não tenho problemas nenhuns.

Não corro. Já não sei se gosto de correr. Penso cada vez mais que já só corro para tirar retratos e sorrir como se quisesse mostrar que o instante fotografado não é mais que o registo da constância da minha felicidade.

Corro para escrever. Corro para sorrir entre amigos e para tirar retratos. Está tudo errado.

Até amanhã querido diário. Tu, pelo menos tu, estarás aqui amanhã. Eu? Não sei.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Frio / Doente / ou / Outro título qualquer

3 de Novembro de 2008. Está frio na Casa. Está Frio fora e dentro dela.

Sente um Frio penetrante apesar das mantas que a cobrem e das faces rosadas e mornas que traz, reflexo talvez de um estado febril e alucinado em que se encontra desde a Maratona que não correu. Ficou doente desde esse dia. Talvez por uma outra vez não a ter corrido. A Maratona do Porto.

3 de Novembro de 2008. Está Frio. Está anormalmente Frio hoje nesta Casa. Suportando nas costas o peso dos dias, ela fez e faz de novo a ponte. Entre os dias. Invariavelmente de segunda a sexta, carregando os dias, e as semanas, assim como quem carrega os sacos das compras contendo fruta e leite, e põe na mesa o pão. Incontáveis os dias e as semanas e as refeições tomadas nesta e noutra mesa. Restam vinte e oito pequenos-almoços para servir em Novembro, para se completar outra ponte e atravessar Dezembro, já histérico na rua à espera de chegar. O mesmo número de jantares e apenas oito almoços preparados aos fins-de-semana. Dia após dia, levantado a mesa e o corpo da cama, pondo a mesa e, carregando os pratos e os dias, ela avança unindo dias, semanas, meses. E por vezes sente-se cansada. E hoje é uma dessas vezes.

No leito, descansa o corpo e os olhos para logo reparar no olhar dela. Invadiu-lhe o pensamento assim sem pedir licença e entrou impondo-se ali à sua frente. Olhar vivo mas triste o desta outra mulher bonita e jovem apesar dos anos que já viveu. Olhar triste mas que irradia brilho quando em inconsciente busca de socorro responde a quem pergunta se ela se sente melhor pois sabe-a doente, que não tem nada e que estava só a chamar a atenção… Menosprezando as suas próprias queixas e dores numa estúpida tentativa de desculpar um hipotético companheiro, ausente, desatento e desinteressado, é traída também pelo seu olhar que revela abertamente um pedido de ajuda, um grito mudo que ela leu sem dificuldade. Puta de vida esta. Esta mulher não merecia isto… E ela… ela em certas situações não devia sequer saber ler…

Necessidades do corpo despertam-na e obrigam-na a levantar-se. Doem-lhe os músculos sem ter corrido, e as costas sem ter caído. Sente dificuldade em respirar, engolir e até em se equilibrar quando se desloca, e uma ligeira dormência dos membros acompanhada por um coração descontrolado quase que a assustam. Volta da casa de banho com a manta pelas costas, apoiando-se nas paredes e regressa ao leito onde fecha de novo os olhos, aconchega as mantas ao queixo e dorme. Dorme fazendo a ponte para outro dia. O amanhã. O amanhã que se quer e espera surpreendente e assustadoramente igual e diferente.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Alguns Amigos e Eu, na 5ª Maratona do Porto

Na feira, eu e filhota:




Em conversa com Tatiana e Helena, do Apoio Psicológico ao Maratonista:


O meu pai:

Já depois de almoço, na sobremesa:


O dia da prova, 26 de Outubro de 2008, momentos antes da partida. O meu pai e amigos, Daniel e João:
Com Luís Mota e família, António Almeida e família e Miguel Paiva, os 3 estreantes na distância:



O início. Deixar partir os Maratonistas, os atletas da prova de 14 Km, e até os Caminheiros. Só depois nós. Na cauda da Caminhada:

Durante a caminhada, conversas e risos:





E agora, alguns amigos na Maratona...


José Capela, a 50 metros de bater o seu record pessoal na distância.

Fernando Sousa, que outra vez não conseguiu fazer abaixo das 3 horas...


Herculano Araújo:


Fernando Andrade:

Elísio Costa:

Margarida Pinto:

Chantal Xhervelle e Jaime Lamego (ele há fotógrafos que cortam as pessoas ao meio...):

José Valentim:

E António Pereira:

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

5ª MARATONA DO PORTO – 26 de Outubro de 2008

Não Fiz a 5ª MARATONA DO PORTO

Estar na Maratona do Porto e não a correr é… é… é como comer rebuçado com papel, beijar sem amor, degustar imaginativo e carente. Carente do sal do suor, do pulsar do sangue, da garganta apertada, dos sorrisos, olhares e toques de mãos. Dos passos no asfalto, o olhar no rio, o transbordar em silêncio de um rio de emoções que nos jorra do peito em catadupas que se sucedem ao ritmo dos passos.

Este ano, não me consegui motivar o suficiente para demover montanhas e vales, diques e rios, e só dessa forma conseguir treinar e preparar uma maratona. Não o consegui de novo. E nem sequer corri os 14 Km, prova que decorria em simultâneo com a Maratona. E fiquei-me apenas pela participação na Caminhada. 6 Km com partida na cauda da avalanche vermelha constituída por milhares de pessoas que participaram na 5ª Maratona do Porto (no total das 3 provas).

Estive lá, mas um véu invisível, uma película transparente, deixou-me ver mas impediu-me de tocar e sentir. Ela, a Maratona estava lá, mas apenas 583 indivíduos a viveram e sentiram o seu próprio pulsar, sendo esse o número deles chegados à meta dela. 5h30m de corrida. 5h30m de vida de um Veterano 5.

Mostrou-se inacessível para mim ela. No dia 26 de Outubro de 2008. A 5ª Maratona do Porto. Com um número de participantes bastante interessante para uma Maratona em Portugal, mais ainda se considerarmos que é uma Maratona muito jovem (4 anos apenas), a 5ª Maratona do Porto veio confirmar o que se tinha suspeitado nas edições anteriores: veio para ficar e tem já um lugar no calendário nacional e promete ter no internacional.

Num percurso propício a boas marcas, salvaguardando o empedrado tradicional das ruas à beira Douro, esta Maratona detém o melhor tempo na Maratona em solo português. Atletas de elite e de pelotão são bem tratados. Desde a divulgação da prova, passando pela Feira, entrega de dorsais e sacos, e chegando ao dia e às classificações da prova, serão poucos os pontos a aprimorar.

Sem a correr, estive lá, bem perto e vivi-a com os olhos e o coração de quem me levou a correr, consigo, ao longo das margens do Douro. E não foram poucos, por isso posso sem erro escrever o que escrevo.

Destaco:

A Feira e a Pasta Party. Organizada, bonita e acolhedora ao mesmo tempo. Gabinete de Apoio Psicológico ao maratonista (ou aspirante a maratonista), e diversos outros stands. Um espaço muito agradável onde se fez a entrega dos dorsais e onde se podia comer um bom prato de massa;

Os muitos e bons abastecimentos ao longo dos 42195 metros, e negativamente, a sua escassez no final, consequência da inequívoca ganância dos próprios atletas (desengane-se quem pensa que este – mundo da corrida - é um mundo aparte, onde as pessoas são diferentes, amigas, solidárias, correctas, civilizadas, etc., pois não o são);

A beleza do percurso, a sua sinalização, marcação de Kms, controlo, a constante presença de atentas equipas médicas, assim como a segurança, com excepção de bicicletas que admito serem de muito difícil controlo;

A partida, com oferta de café quente, e guarda da roupa dos atletas, e a chegada, segura e digna de uma Maratona, até ao último chegado;

Resultados colocados no site da organização em poucas horas, assim como fotografias da prova;

Os prémios de presença, sobressaindo aos demais a garrafa de Vinho do Porto com o logótipo da Maratona, a camisola de corrida e o medalhão;

Massagem no final;

E por tudo isto que vi – passaram por mim todos os atletas chegados à meta e todos eles tiveram as minhas palmas, pois numa Maratona não há vencidos – é também a Runporto merecedora das minhas palmas! Pela magnífica Maratona que organizou - a 5ª MARATONA DO PORTO, que sem sombra de dúvida dignificou o nosso país e a cidade do Porto.

sábado, 18 de outubro de 2008

Peso e reeducação alimentar

Uma semana passada. Correria, correria. Sem tempo sequer para correr. Ou para viver. Ou para morrer. Essa queria eu ver! Como logo o tempo parava e as tarefas obrigatórias se tornariam ridículas e absolutamente desnecessárias.

Dando uma volta pelos blogues cujo tema é o emagrecimento, reeducação alimentar, controlo de peso e assuntos afins, assustadoramente se verifica que quer o número de visitas quer o de comentários nesses blogues é bastante elevado, mesmo quando 95% deles se limitam exclusivamente a dissecar o problema existente entre comer uma ervilha ou duas ervilhas, ou se ingerir metade de um queque irá comprometer uma eficiente perda de peso. É de facto impressionante a necessidade e a procura que estes problemas (obesidade e distúrbios alimentares) suscita, demonstrada na proliferação e procura deste tipo de blogue.

Nesse tema também este blogue se foca de vez em quando, tema aparentemente frívolo para os mais desatentos e desinteressados. Eu tenho andado a emagrecer. Com cuidados alimentares fundamentalmente. Infelizmente o exercício físico tem sido quase nulo.

Hoje, o meu blogue vai também parecer frívolo e apenas dizer que depois de semanas e semanas a “comer bem” (leia-se saudavelmente) esta semana tive um deslize. Um deslize grande. Uma escorregadela. Um trambolhão. Ventas no chão!
Comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi, comi… Sim, isso tudo e ainda mais! Não só a quantidade foi excessiva como a qualidade foi bera também.

E hoje é sábado, dia de pesagem! Treme a balança e tremo eu! Ainda assim, dispo-me corajosamente aqui e e na casa de banho, e subo para a balança.

Fica já a promessa, como se a vida se pudesse parar e recomeçar outro dia, como se se pudesse adiar e fazer promessas apenas para mais logo quando nem sabemos se iremos cá estar: nesta semana, que se inicia hoje), a disciplina vai voltar! Garanto-vos que vai! Afinal tropeços todos temos ou não? É preciso é não nos deixarmos ficar caídos. Levantar! Levantar! 2000 gramas (2 Kg soa demasiado duro) de aumento de peso numa semana? Não admira tendo em conta as porcarias que ingeri compulsivamente.
Até amanhã querido diário

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Convite para um chá... especial: O Chá dos Cinco

Porque a vida os uniu nalgumas passagens, com laços e correntes de resistência variável, por vezes tão frágeis quanto cristal, por vezes tão sólidas quanto grilhetas, agora que o Outono se aproxima, eles juntaram-se à volta de uma mesa. Uma mesa onde se serve chá numa sala onde se convida todos a entrar e a tomar...

O Chá dos Cinco

domingo, 12 de outubro de 2008

Transporte para Maratona do Porto


Domingo passado corri pela última vez pelos AFIS, em Ovar.
Esta semana, duas situações diferentes mas similares:

1)
- Então companheira, sempre vai aceitar o meu convite para nos representar esta época?
- Não, não me parece. Deixei os AFIS sim, mas acho que não me quero vincular a ninguém. Obrigada…
- A minha amiga é que sabe. Como deixei claro desde o 1º convite, só pretendia que nos representasse nas provas onde estivéssemos de harmonia. As únicas provas que peço sempre aos atletas para tentarem dentro das suas possibilidade estarem presentes é as integradas no troféu de atletismo do Seixal todas as outras o atleta têm opção de escolha
- Eu percebo, mas ainda assim não. Agradeço, mas não, obrigada.
- Tudo bem, se mudar de ideias e nalguma prova nos quiser representar terei todo o gosto em tê-la integrada na nossa equipa.

2)
- Podias ir pela equipa. Posso fazer as inscrições, corrias pela equipa…
- Não, obrigada, mas não…. - Bem, já sabes, estás à vontade. Dormida podemos arranjar-te, mesmo que não corras por nós, estás à vontade.
- Arranjavam-me dormida? Isso pode ser decisivo para fazer a diferença entre o ir e o não ir… humm… isto está a tornar-se interessante… (risos)
- Sim, mas se quiseres, podes correr por nós.
- Não obrigada. – um nó na garganta, assuntos mal resolvidos nos quais não quero remexer.


Diz assim a canção dos Tribalistas, e eu hoje como nunca, tenho-a na cabeça e canto-a baixinho sorrindo:

“Eu sou de todo mundo... E todo mundo me quer bem. Eu sou de ninguém. Eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também."

A próxima:
26 de Outubro 2008 – prova de 14 Km integrada na MARATONA DO PORTO

Relembro os atletas Lisboetas e dos arredores que a organização da MARATONA tem ainda alguns lugares disponíveis para transporte ida e volta para o Porto, quer para Maratonistas, quer para qualquer participante em prova associada à Maratona ou mesmo apenas acompanhantes, pelo custo de EUR 10,00, ida e volta.

Contactos: Ana Pereira, Telef: 964 937 456, mail: anamariasemfrionemcasa@gmail.com

Até lá: a vida rodopia e vai correndo sobre rodas (literalmente). Com mais ou menos velocidade, com paragens, quedas e recomeços, sozinhos ou acompanhados, sonhos e desilusões, clareza e distorção, mas sempre a rodar. De sapatilhas para correr, é que desde Ovar... não se tem ouvido falar...



11 de Outubro 2008 -XXV Seixalíadas 2008 - Patinagem Artística, onde o Clube do Pessoal da Siderurgia Nacional alcançou um honroso 1º lugar em esquemas de grupo, com o o esquema "Estátuas"