A Máquina e os Homens (neste caso, a Mulher)
Se a máquina funciona sempre da mesma forma quando carregamos no mesmo botão, já o mesmo não se pode dizer dos Homens.
Carreguei no mesmo botão que costumo carregar quando vou treinar, programei-me para uma hora e meia, mas assim como a máquina que apanhou chuva e começa a falhar, falhei eu também que andei debaixo de temporal severo. Ainda o que me valeu é que houve braços amigos estendidos que me seguraram e evitaram que eu fosse na enxurrada lamacenta.
Se queria correr 1h30m, pus-me atrás de uma lebre de pernas depiladas e musculadas, calções de licra preta e tatuagem lateral, e sem dar por isso gastei mais energia do que queria e podia. Estupidamente. Pois nem apanhei a lebre que seguiu em frente onde eu tinha de retornar (aos 45 min) e eu fiquei toda rota quando chego aos 52 min. Esforcei-me para chegar à hora, mas até parecia que as pernas me fraquejavam e os joelhos se quebravam. Oh caraças, há muito tempo que não me sentia assim. À hora, começo a caminhar até à 1h02m. Retomo a corrida. Mas estou a arrastar-me. E arrasto-me até à 1h04m, onde inicio uma subida íngreme e que faço toda a caminhar. Chego à 1h09m e retomo qualquer coisa parecida com corrida. Chego ao final com 1h13m.
Porquê isto? Porque não sou uma máquina. Porque há dias assim. Porque o ser humano sobre influências de “n” coisas e depois… há dias assim.
Bebo litros de água com sumo de limão. Tremem-me as pernas e os braços. Caio na banheira e o meu corpo continua inutilmente bonito sob a água morna. Fecho os olhos. Vou perdendo a consciência. O coração bate lentamente e sinto todos os sinais vitais a diminuírem, e eu, a ir para o outro lado, outro lado qualquer. O sangue pulsa-me nas têmporas e a respiração torna-se lenta e superficial e eu não desgosto deste “apagar”. Sinto os braços a elevarem-se na água, ficando a boiar sobre o ventre ilusoriamente liso. Fecho os olhos e deixo-me ir.
Amanhã a água já gelada despertar-me-á e amanhã será outro dia se eu não me afogar hoje.
Bonnard
3 comentários:
Há dias e dias...
Eu sinto o mesmo, mas não sei qual é a razão...
Bem, Ana, vemo-nos no próximo domingo, se a sorte ou Deus quiser?!
Beijinhos.
Também eu preciso de desligar-me da vida, pelo menos por momentos, nem que sejam curtos momentos.
Todos temos os nossos problemas, uns mais que outros, problemas de dinheiro, problemas de eu sei lá o quê, mas eu particularmente neste momento tenho o problema que nunca tive.
Sinto que a origem da minha existência já não durará muito, só hoje fiquei com essa noção.
Dói para caraças, doi-me o peito, doi-me a cabeça, doi-me a alma, eu sei lá....
Estou de rastos, só me apetece andar, andar sem destino, como que à procura da solução perdida.
Ainda por cima, estava deitado na cama do Sálvio.....MERDA
Jorge Teixeira
Lénia, fico contente que venhas aos 20 Km de Cascais.
Talvez se dêssemos uma mãozinha a esse Deus ou à Sorte, tivéssemos uma maior probabilidade de nos ver, não? É que isto de confiar na sorte e em Deus já me deixou muita vez pendurada... Quase tantas vezes como quando confio nas pessoas. (rsrsrsrs)
Bem, lá estaremos à partida e espero ver-te sim senhora. Para que tempo vais? Eu conto fazer entre 1h48 e 1h50m. Mas como todos os factores estarão em campo, quase tudo poderá acontecer.
Um beijinho e até lá!
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