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domingo, 4 de fevereiro de 2007




Hoje não foi um dia particularmente feliz. Por outro lado também não foi um dia particularmente infeliz. Foi só um dia. Vivido como os outros. Só saí de casa para treinar. Não sei se por isso me sinto um bocado sorumbática.

Falta-me a minha filha, falta-me o meu pai, faltam-me as viagens e as provas, falta-me companhia para treinar, faltas-me tu e ainda outras coisas que não vou dizer.

Não me falta saúde nem tempo nem vontade para treinar. Não me faltam amigos à distância de um telefone que toca, não me faltam amigos em pensamento nem reais.

No entanto, hoje sinto-me assim, nem feliz nem infeliz, antes pelo contrário. Há dias assim. Ponto final.

Tentei melhorar as coisas e sai de casa para treinar perto do meio-dia. Fui em direcção ao Centro de Estágio do Benfica onde figuras humanas que mais parecem macacos agarrados às redes pelo lado de fora olham lá para dentro só para ver as vedetas a entrar e sair dos carros… estranha actividade aquela, mas provavelmente pensam o mesmo ou pior de mim (se é que me vêem) que em vez de estar a almoçar, por ali passo a correr, de colete reflector vestido e me dirijo à baía cá em baixo.

Visito a estação fluvial e sempre sob um Sol magnífico sigo juntinho à baía contornando-a até à Amora velha. Retorno. Dá 1h30m de corrida contínua. Nada mau.

Depois o banho. De imersão pois claro. Hoje posso dar-me a esse pequeno luxo. Há muito tempo que não achava o meu corpo bonito. Mas hoje estava, ondulando sob a água morna cheia de espuma que o acariciava com doçura. A corrida deixa-me sempre com outra perspectiva sobre mim mesma.

Agora já é noite e eu quis ir a correr deitar-me. Queria ver se ainda te apanhava acordado, para me poderes beijar e abraçar e acariciar o cabelo e o rosto.

Mas tu já dormias. Enrosquei-me em ti e tu, sentindo o meu corpo encostado ao teu, instintivamente vens de um sonho longínquo, e de forma natural me envolves com os teus braços nus e me apertas contra o teu peito. De encontro a ti, beijo-te o peito, o pescoço, o queixo, o rosto e os lábios. Leve, levemente sem te despertar. Fecho os olhos e por momentos estás aqui.

Amanhã é um novo dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que texto bonito, cheio de sensualidade e de um vazio preenchido com ausências presentes...
Realmente Ana tens razão: "nada como uma banheira cheia de espuma e a consciência de que "amanhã é um novo dia".
Bem hajas!
Tartaruga