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domingo, 11 de fevereiro de 2007

A Máquina e os Homens (neste caso, a Mulher)

Se a máquina funciona sempre da mesma forma quando carregamos no mesmo botão, já o mesmo não se pode dizer dos Homens.

Carreguei no mesmo botão que costumo carregar quando vou treinar, programei-me para uma hora e meia, mas assim como a máquina que apanhou chuva e começa a falhar, falhei eu também que andei debaixo de temporal severo. Ainda o que me valeu é que houve braços amigos estendidos que me seguraram e evitaram que eu fosse na enxurrada lamacenta.

Se queria correr 1h30m, pus-me atrás de uma lebre de pernas depiladas e musculadas, calções de licra preta e tatuagem lateral, e sem dar por isso gastei mais energia do que queria e podia. Estupidamente. Pois nem apanhei a lebre que seguiu em frente onde eu tinha de retornar (aos 45 min) e eu fiquei toda rota quando chego aos 52 min. Esforcei-me para chegar à hora, mas até parecia que as pernas me fraquejavam e os joelhos se quebravam. Oh caraças, há muito tempo que não me sentia assim. À hora, começo a caminhar até à 1h02m. Retomo a corrida. Mas estou a arrastar-me. E arrasto-me até à 1h04m, onde inicio uma subida íngreme e que faço toda a caminhar. Chego à 1h09m e retomo qualquer coisa parecida com corrida. Chego ao final com 1h13m.

Porquê isto? Porque não sou uma máquina. Porque há dias assim. Porque o ser humano sobre influências de “n” coisas e depois… há dias assim.

Bebo litros de água com sumo de limão. Tremem-me as pernas e os braços. Caio na banheira e o meu corpo continua inutilmente bonito sob a água morna. Fecho os olhos. Vou perdendo a consciência. O coração bate lentamente e sinto todos os sinais vitais a diminuírem, e eu, a ir para o outro lado, outro lado qualquer. O sangue pulsa-me nas têmporas e a respiração torna-se lenta e superficial e eu não desgosto deste “apagar”. Sinto os braços a elevarem-se na água, ficando a boiar sobre o ventre ilusoriamente liso. Fecho os olhos e deixo-me ir.

Amanhã a água já gelada despertar-me-á e amanhã será outro dia se eu não me afogar hoje.


Bonnard

3 comentários:

Lénia disse...

Há dias e dias...

Eu sinto o mesmo, mas não sei qual é a razão...

Bem, Ana, vemo-nos no próximo domingo, se a sorte ou Deus quiser?!

Beijinhos.

Anónimo disse...

Também eu preciso de desligar-me da vida, pelo menos por momentos, nem que sejam curtos momentos.
Todos temos os nossos problemas, uns mais que outros, problemas de dinheiro, problemas de eu sei lá o quê, mas eu particularmente neste momento tenho o problema que nunca tive.
Sinto que a origem da minha existência já não durará muito, só hoje fiquei com essa noção.
Dói para caraças, doi-me o peito, doi-me a cabeça, doi-me a alma, eu sei lá....
Estou de rastos, só me apetece andar, andar sem destino, como que à procura da solução perdida.
Ainda por cima, estava deitado na cama do Sálvio.....MERDA

Jorge Teixeira

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Lénia, fico contente que venhas aos 20 Km de Cascais.

Talvez se dêssemos uma mãozinha a esse Deus ou à Sorte, tivéssemos uma maior probabilidade de nos ver, não? É que isto de confiar na sorte e em Deus já me deixou muita vez pendurada... Quase tantas vezes como quando confio nas pessoas. (rsrsrsrs)

Bem, lá estaremos à partida e espero ver-te sim senhora. Para que tempo vais? Eu conto fazer entre 1h48 e 1h50m. Mas como todos os factores estarão em campo, quase tudo poderá acontecer.

Um beijinho e até lá!