Tinha apenas 5 anos. Sentada no poial à porta de minha avó, sentindo o frio da pedra no rabo, ouvia a “Tourada” de Fernando Tordo. Lembro-me.
Tourada
"Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram asa canções."
Tourada
"Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram asa canções."
Poema de José Carlos Ary dos Santos
Sem compreender e sem me explicarem pois o medo ainda se manteve por muito, só sei que 3 anos depois ingressei num clube de atletismo, dos muitos que abriram as portas ao povo pelo povo. E desde aí o amor nasceu. Pela corrida. Com 8 anos apenas corri pinhais, estradas e pistas. E amava isso. E isso eram portas abertas. À vida, à felicidade, à liberdade, à aprendizagem, ao crescimento, à formação e socialização. E hoje, 34 anos depois da Revolução, essa porta continua aberta e eu posso correr: por vales, montanhas e serras e estradas.
Não podia passar esta data em branco. Tenho uma filha de 10 anos e é meu dever ensinar-lhe que esta vida como ela a conhece neste país, não foi sempre assim. Felizmente em Almada, na escola que ela frequenta, o dia de ontem foi em absoluta e pedagógica comemoração. Aprendendo brincando. Um Peddy Paper cujo tema foi o 25 de Abril de 1974. Uma actividade lúdica que a deixou feliz e mais consciente. Aprendeu, a brincar.
Sem compreender e sem me explicarem pois o medo ainda se manteve por muito, só sei que 3 anos depois ingressei num clube de atletismo, dos muitos que abriram as portas ao povo pelo povo. E desde aí o amor nasceu. Pela corrida. Com 8 anos apenas corri pinhais, estradas e pistas. E amava isso. E isso eram portas abertas. À vida, à felicidade, à liberdade, à aprendizagem, ao crescimento, à formação e socialização. E hoje, 34 anos depois da Revolução, essa porta continua aberta e eu posso correr: por vales, montanhas e serras e estradas.
Não podia passar esta data em branco. Tenho uma filha de 10 anos e é meu dever ensinar-lhe que esta vida como ela a conhece neste país, não foi sempre assim. Felizmente em Almada, na escola que ela frequenta, o dia de ontem foi em absoluta e pedagógica comemoração. Aprendendo brincando. Um Peddy Paper cujo tema foi o 25 de Abril de 1974. Uma actividade lúdica que a deixou feliz e mais consciente. Aprendeu, a brincar.
Hoje podemos dizer como a criança, voar como a gaivota e crescer como a papoila. Livres.
Uma liberdade que deve ser aprendida também. E para isso cabe-nos a nós ensinar. Ensinar a ser livre respeitando o outro e fazer uso da frase que poucos entendem: a nossa liberdade acaba quando começa a do outro. E esse papel é de todos nós: pais, educadores, de toda uma sociedade adulta que por vezes não teve ela esse ensinamento, e por isso não sabe ensinar, apontando apenas o dedo à geração que lhe seguiu, esquecendo-se que essa geração é fruto deles, dos que apontam o dedo.
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