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segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Montanha e Eu

Quem hoje procura corridas, novidades, fotos e sorrisos, e episódios engraçados, estúpidos, suados, didácticos, sensuais ou poéticos, pode e deve sair de imediato. Este é um post deprimido e deprimente.

Não sou exemplo para ninguém nem primo pelo optimismo e muito menos por uma conduta “politicamente correcta”. Sou eu. Só. Eu e este blog que é uma parte de mim. Em dias felizes, e em dias assim. Não porque o céu está cinzento mas porque o cinzento está dentro de mim. Por não encontrardes razões lógicas ou as não entenderdes, não é louco o triste porque está triste. Ou talvez o seja e só isso seja já só uma boa razão para estar triste.

Não estou só. Dão-me a mão. Um braço. Um ombro. Uma palavra. Uma ajuda. Agradeço. É pouco no entanto. Insuportavelmente insuficiente. Não que mais me fosse devido ou sequer merecido, não, não é isso. Quem me ajuda não pode dar mais. Deu tudo. Eu, é que não recebo. Fica um vazio. Branco. Imenso, como se o vazio pudesse ter tamanho e atingir o espaço imensurável. Não entendo este sentimento. Ou talvez entenda e não queira falar dele com todas as cartas do baralho sobre a mesa.

Não estou só. Podia ter ido ontem ao Corre Praia. Claro que podia! Não fui. Não o lamento sequer. E o facto de o não lamentar entristece-me ainda mais, pois significa a renúncia em receber. A renúncia de mim…

É o princípio do fim, se continuar em frente com o acelerador a fundo neste caminho que sigo em direcção à falésia, e se eu não for capaz de virar numa próxima encruzilhada da estrada. Propositadamente eu sei. E isso assusta-me.

E a Montanha, que me diz? Próximo domingo há os 13 Km do Guincho, Entre Serra e Mar, a contar para o Campeonato Nacional de Montanha. E a Montanha, que me diz, vendo-me assim a esquartejar-me?





Vem dos lados da montanha (14-11-1931)

" Vem dos lados da montanha
Uma canção que me diz
Que, por mais que a alma tenha,
Sempre há-de ser infeliz.

O mundo não é seu lar
E tudo que ele lhe der
São coisas que estão a dar
A quem não quer receber.

Diz isto? Não sei. Nem voz
Ouço, música, à janela
Onde me medito a sós
Como o luzir de uma estrela. "

Fernando Pessoa

1 comentário:

Anónimo disse...

as minhas vozes são as lutas travadas. São lutas em silêncio. não sei se quero, mas também não sei se quero deixar de querer.
este é o caminho sem retorno, o caminho da perdição, quando se perdem almas e vidas. de forma rápida que o mundo espanta-se.
sinto sobretudo o apelo irresistível da desistência. Ainda não hoje, talvez não amanhã, contudo, possível de acontecer aqui e agora ou em qualquer outro aqui e qualquer outro agora.
Paula