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sábado, 12 de abril de 2008

Exagerada II

Tinha-lhe telefonado e propôs-se a ir almoçar com ela. Prontamente ela responde:

- É melhor não. Estou tesa e não vai dar. Sabes que isto de andar a almoçar fora todos os dias da semana não é para todos, e para mim neste momento… nem um dia sequer. Faz diferença e não posso. Desculpa.

Aquela resposta fora sincera e necessária, pois amigo que não vive em condições muito diferentes das nossas, quando nos sugere um almoço, significa que as despesas são para dividir, salvo raras excepções, que ora paga um, ora paga outro, sem a mesquinhice de tomar nota quem paga, pois quando as pessoas se conhecem o suficiente para saber que não são de se “pendurar”, essa questão nem se põe, e o equilíbrio e a confiança existem.

- Não te preocupes, eu pago. Não me faz diferença. E tenho muito gosto em almoçar contigo. Eu pago. – Insiste ele.

- Mas não te vou poder retribuir tão depressa. É melhor não… - teima ela.

- Vá lá, eu pago. Já há tanto tempo que aí não vou, e quero estar um bocadinho contigo. Quando estiveres melhor, logo me pagas tu.

Aceita, pois amigo é amigo, e a situação estava esclarecida.


Quando no dia combinado se encontram frente a frente à mesa do restaurante, consciente de que ele lhe vai matar a fome, ela olha a ementa e pergunta-lhe:

- Posso escolher e comer o que quiser? És tu que vais pagar…

- Estás parva? Pede à vontade.

Percorreu de novo os olhos pela ementa, e com água na boca e sem saber quando voltaria a comer uma refeição digna desse nome, chamou o empregado e pediu:

- É um prato de cada!

E valendo-se da sua descomunal capacidade estomacal desenvolvida nas crises de compulsão alimentar, comeu até não poder mais.

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