Treino de Agachamentos ou "Caracoletas Treino"

Choveu a noite toda. Torrencialmente, com trovões e relâmpagos e muita e muita água.

O dia amanheceu sereno, e apesar de férias, levanto-me cedo, pois só estou de férias de um dos meus dois trabalhos, e vou trabalhar o que me compete por agora, para depois, já equipada, pegar no meu pai e ... parque com eles!

Não chove apesar do céu estar carregado de negro. Mas o cheiro, meu deus, o cheiro que exala das plantas e arbustos molhados do parque, misturado com o cheiro da terra molhada, dos pinheiros, do rosmaninho, num trilho só agora descoberto... é algo... absolutamente divino, que nos aviva a bênção que é estarmos vivos e de saúde para usufruir daquilo tudo. Pintassilgos e pardais esvoaçam à minha passagem, pousando galhos mais à frente para logo levantarem voo de novo.

Pelo caminho há inúmeras caracoletas que o meu pai quis apanhar para mais tarde cozinhar num belo petisco. Claro que o ajudei! Mesmo a treinar! Não precisava de as procurar... elas apareciam-me à frente do caminho, só tinha de me agachar, apanhar o bicho e logo mais à frente, outra, e mais outra e ainda mais outra. Mão cheia de baba, e quis acreditar na moda dos cremes de baba de caracol, para não vomitar enquanto sentia os corpos viscosos a agarrarem-se à minha mão, como ventosas escorregadias. Procurava o meu pai, dava-lhe os enormes caracóis e continuava o treino no mesmo ritmo. Com esta brincadeira, fui a recantos do parque onde nunca tinha ido - para entregar a minha colheita ao meu pai, vezes sem contas - e posso dizer que fiz um treino de corrida + agachamentos! Corre, baixa, apanha o bicho, levanta, corre, baixa, apanha o bicho, levanta, corre, corre! E repeti esse ritmo continuamente durante 8,1 Km e 50:10, média de 6:11 / km. Bom, muito bom! Quem o diz sou eu que estive lá e sei!


Para o meu amor:

Meu amor, não te queria a par dos seguidores e comentadores que à distância de um teclar nas teclas certas, me apoiam e encorajem e animam, sempre dando palavras carinhosas, amigas e sentidas. Queria-te que me abrisses a porta, depois do meu treino, e me abrisses os braços e assim, molhada de chuva e de suor, me abraçasses e não te importasses sequer com a baba dos caracóis ou com a minha própria baba, e que depois, tu também de roupas encharcadas pelas minhas, as tirasses, e com suavidade me ajudasses a livrar-me das minhas, para depois, de novo me abrires os braços, me puxasses para ti encostando o teu peito quente ao meu e me abraçasses. E assim ficássemos, num abraço apertado, quietos e calados, por tempo indefinido. Sim, era isso que me teria sabido mesmo bem, meu amor.

Entretanto, as férias continuam!

Beijos e abraços e até amanhã