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sexta-feira, 20 de março de 2009

Aninhou-se nos braços dele, como criança assustada e cansada, como se de porto de abrigo se tratasse e ali, segura, ao lugar que sabia agora, ela sempre pertencera, pudesse por fim descansar, ser amada e feliz, onde o único medo seria perder aquilo que a vida lhe dá hoje.

Fechou os olhos e adormeceu feliz, sentindo o calor do corpo dele junto ao seu, e a sua respiração no seu pescoço. Adormeceu e sonhou. Sonhou toda a noite e o dia seguinte também.

E por fim, quando os braços dele a soltaram, livre mas segura e forte, como se o amor que ele lhe dera perdurasse eterno dentro dela, ela levantou-se, equipou-se e saiu para a rua para correr.

Correu livre, com força apesar de cansada. Estranhamente o seu corpo avança mais rápido do que alguma vez nas suas últimas lembranças. Menos tempo para correr, o mesmo percurso. Mais rápido portanto. 40 minutos apenas. A corrida soube-lhe bem. A corrida sempre a ajudara a clarificar ideias e a imprimir-lhes uma clareza difícil de obter noutras circunstâncias. Sentiu-se forte, livre, independente. Não precisa dele. O porto de abrigo são afinal os seus próprios braços, e a força que aparentemente ele lhe dera, não era mais que a sua própria força adormecida.

Ao chegar a casa, a cama encontrava-se vazia a confirmar as suas suspeitas. Afinal, ele nunca tinha existido. Nem mesmo as manchas de esperma seco sobre os lençóis a convenceram que ele existia. Nada daquilo tinha acontecido de facto.

1 comentário:

joaquim adelino disse...

QUANDO UMA PORTA SE FECHA, OUTRA SE ABRE. MAS MUITAS VEZES NÓS FICAMOS OLHANDO TANTO TEMPO, TRISTES, PARA A PORTA FECHADA QUE NEM NOTAMOS QUE SE ABRIU OUTRA PARA NÓS.
(Graham Bell)

Até amanhã.