Quando despia a camisola para se equipar e os seus olhos depararam com a nódoa negra, mesmo em cima da veia do braço, ela parou com a camisola meia vestida meia despida, e sentiu uma satisfação, quase uma vaidade, como se ostentasse um prémio de que se orgulhasse. Como se um segredo guardasse, como se aquilo fosse a prova que ela ia um nadinha mais além. Além do seu mundinho onde se acostumara e acomodara a viver. Aquilo poderia parecer nada, mas era alguma coisa. Alguma coisa que lhe lembrava que há vidas bem diferentes da sua e que ela pode fazer a diferença. Todos nós podemos, mas que quase sempre nos “convêm” esquecer. Por comodismo, egoísmo, ignorância até. Esquecermos enquanto pudermos e a própria vida não se encarregar de nos atirar com uma outra vida pela frente, que não foi escolhida, caída sobre nós em catadupas de peso que julgáramos impossível suportar. Fora do nosso mundinho, há dramas de tamanho e maiores que o próprio mundo. Alheios, seguimos a nossa vida. Mas por vezes custa muito pouco, pelo menos tentar, fazer diferença para alguém. Uma pequena diferença ou até a diferença… entre a vida…e a morte.
Não tinha pensado escrever nada disto. Tinha até pensado não dizer a ninguém. Como se temesse que a intitulassem de qualquer coisa similar a exibicionista, ou tipo “tem a mania que é boa, e vem para aqui gabar-se”, mas depois as linhas saíram naturais, fortes e sem medo perante a hipótese de, como ela quando recebeu um mail alusivo ao assunto tomou a iniciativa, mais alguém, um único indivíduo que seja, ao ler estas linhas, possa dar o passo. Real. E vir de facto, a fazer diferença para alguém. Esteve hoje de manhã ela, no CEDACE, onde completou a sua inscrição como dador de medula óssea.
Depois, levantou os braços e acabou de tirar a camisola que atirou para cima da cama. Equipou-se e foi correr. 40 minutos apenas, suficientes para lhe mostrar que ela não pode jamais deixar de correr...
4 comentários:
Um acto nobre e de grande significado.
"A esperança é um empréstimo pedido à felicidade"
(Bach)
Um abraço
Olá
Parece que a recuperação da prova de Sintra foi rápida, 40 minutinhos nada mal. A minha recuperação também não foi má mas ainda não tive tempo de pôr as pernas a mexer, mas hoje à hora do almoço irei realizar 30 minutos (não dá para mais)
Olá,acho que devemos dar sempre a saber qualquer iniciativa que contribua para o bem de outros. Como é o caso de fazer parte da base de dados de dadores de medula óssea ou de sangue. São coisas que não custa nada e que trás um grande impacto para os outro em talvez para os nossos.
Já faço parte dessa base de dados à uns anos, e muito recentemente fui dar sangue.
http://asminhaspedaladas.blogspot.com/2009/01/dar-sangue.html
Bons treinos!
Ana
felicito-te por fazeres a diferença, afinal os 40 fizeram-te bem.
Boas corridas.
Beijinho,
antónio
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