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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Anne Frank

"Toda a gente" já deve ter lido o "Diário de Anne Frank". Como primo por raramente fazer parte desse grupo fantástico que é "toda a gente", só agora eu, estou a ler essa preciosidade, que mais que um livro, é um verdadeiro documento histórico.

Para outros que como eu não sejam "Toda a gente", esclareço muito resumidamente que Anne Frank (1929-1945) foi uma jovem de família judia, que se viu obrigada a esconder-se com a família e alguns amigos num esconderijo (Anexo Secreto), em Amsterdão, durante a II Guerra Mundial, para se protegerem dos Nazis. Durante esse período de cerca de 25 meses, fechada e assustada com as notícias que iam recebendo de fora, sustenta um diário onde expõe os seus pensamentos, e descreve com pormenor a sua vivência, e o daquelas pessoas, o que é considerado um autêntico documento histórico. Acabaram por ser denunciados e descobertos. Anne Frank foi deportada para campos de concentração nazistas e acabou por morrer de Tifo pouco antes da guerra acabar. O Diário é hoje um livro que "toda a gente" deveria ler.

Isto a propósito de quê? Do meu estado de espírito de hoje. Ao avançar no Diário, equiparo algumas vertentes da minha vida com a vida dos judeus escondidos. Não no aspecto das perseguições, terrores que passaram e que viam os seus amigos passar. Não tenho dúvidas que a isso nada se poderá comparar. Também não no aspecto de ter de viver em silêncio, fechada, caminhar em bicos de pé pela casa ou ter sempre as cortinas corridas sem ver o sol.

"Então em quê, sua mal-agradecida que mais devias era dar graças pela vida que tens?!" – perguntarão alguns.

E eu respondo: no aspecto de ter a sensação da minha vida hoje se resumir a cumprir os dias, os meus e os da minha filha. Fazê-los passar, o mais segura possível, mais confortável possível, mais agradável possível. Garantir que se alimenta o corpo e o espírito, e aguardar. Cumprir os dias e aguardar. Que a guerra passe. Que venham outros dias, menos turbulentos e menos instáveis. Com alguma sensação de segurança e de estabilidade.

O pior é que esta guerra, não tem fim à vista. E se é verdade que no Diário, as pessoas assim viviam porque a isso foram obrigadas, eu sou livre para escolher. No entanto, diversas circunstâncias limitam-nos a escolha, e a sensação, essa não a escolho entre muitas outras.

Podemos ordenar as nossas acções, mas jamais o que sentimos. Mas pior ainda, é quando temos consciência que até mesmo a sensação de segurança, não passa disso mesmo, de uma sensação. No entanto precisamos dela, e se ela nos falta para dar lugar a outras sensações, podemos estar à beira de um abismo.

Fecho o livro e respiro. Pouso-o na mesa. Hoje, acaba-se mais uma semana cumprida. Sem treinos.

2 comentários:

Fernando Andrade. disse...

Olha!!!
Eu também estou fora do grupo de "toda a gente"!
Do Diário de Anne Frank só lhe conheço o nome e que era uma jovem judia escondida da guerra. E que ia escrevendo, escrevendo, como uma "Ana-Que-Eu-Cá-Sei" e que também se anda a esconder da "guerra" das corridas...
Beijinho
FA

joaquim adelino disse...

Já vi o filme vezes sem conta e li o livro, é uma história que abala o coração e os sentimentos de qualquer um.
É um exemplo de coragem, sofrimento e de disponibilidade para ajudar os outros, coisa rara nos dias de hoje, e que "toda a gente" devia ler para compreender finalmente o significado da palavra Solidariedade e do respeito entre todos, sem barreiras.
A nossa luta de hoje é diferente mas é sempre uma luta, com dor e sem dor, com sofrimento ou sem ele, sendo livre ou sem liberdade e seja qual for a situação de cada um a luta nunca terá um fim e vai-se vencendo de etapa em etapa. Enquanto ouver vida.
Um abraço