Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

32ª Meia Maratona de S.João das Lampas – 13 de Setembro de 2008

Não são raras as vezes que me apaixono pela pessoa errada. Já o mesmo não posso dizer das vezes que me apaixono por uma prova.



Sendo as provas mutáveis como as pessoas, com a consequente alteração da nossa visão/opinião/sentimento sobre elas, a Meia Maratona de S.João das Lampas, designada por MMSJL de ora em diante, não foge à regra. No entanto, com algumas alterações desde que a conheço, a MMSJL tem-me mantido a chama acesa pois na sua essência não sofreu alterações que me fizessem mudar de ideias.



Quando em Setembro de 2005 a conheci, depois de ter sido durante anos por demais amedrontada com a dureza da prova, descobri-a doce como o mel.



Com um percurso de facto duro, mas que vem ao encontro dos meus gostos pessoais, a MMSJL acarinha o atleta de pelotão de uma forma ímpar. Encontra-se em cada passo, uma humildade e dedicação que faz manter a prova já há 31 anos. No ar que se respira, nas serras e ao longe o mar, nas terras que atravessamos, nos moinhos, nos olhares e nas palmas e nas vozes das gentes que aplaude e incentiva, no cuidado e dedicação da organização, um conjunto de coisas que nos faz sentir queridos. Ali. Na MMSJL.



Sentimentos e gostos à parte, que também os sei pôr de lado, a MMSJL este ano uma vez mais não me desiludiu.

Com um novo site, onde as inscrições se fazem com facilidade e eficiência, a um custo acessível e sensato, a prova deu um pulo nesta sua 32ª edição, com um significativo aumento no número de participantes de cerca de 22%. A entrega de dorsais fez-se de forma regular num espaço onde se pode apreciar um pouco do historial da MMSJL.



Conseguiu-se criar mais uma vez um ambiente festivo, onde não faltou animação e uma Mini/Caminhada acessível a todos, e onde se promove a actividade física de todos.



A partida é dada de forma pontual e em ambiente de festa, como está S.João das Lampas. O percurso está bem sinalizado, quilómetros marcados, abastecimentos suficientes, controle por chip electrónico no dorsal, e uma chegada magnífica com tapete no corredor de asfalto que nos leva a cortar a meta.



Classificações disponibilizadas com rapidez e digna entrega de prémios aos diversos escalões, o que considero particularmente positivo no que ao sector feminino diz respeito e que tantas vezes é menosprezado e esquecido num escalão único ou apenas 2 escalões.



Prémios por classificação e de participação com artigos regionais, medalhão, t-shirt e saco que satisfazem o atleta de pelotão.



Destaque nesta 32ª edição foi a significativa melhoria num ponto que historicamente era a nódoa desta prova: o condicionamento do trânsito e a (in)segurança dos atletas. Nesta edição as forças policiais cumpriram o dever de condicionar o trânsito de forma a que os atletas em prova corressem em segurança. Uma melhoria que marca muitos pontos numa prova que já tinha tudo o resto para agradar ao atleta de pelotão.



Ainda uma grande cobertura fotográfica levada a cabo pela equipa da AMMA, que dificilmente deve ter deixado de fora algum atleta.



O salto desta 32ª edição, que vinha prometido já do ano passado, deve-se sem dúvida alguma também a novos apoiantes e patrocinadores, que cobriram sobejamente a perda de um dos principais e mais antigos patrocinadores locais. E é desta forma que a MMSJL nos recebe e trata. Tanto a cabeça como o coração continuam a dizer-me que há razões para lá voltar para o ano, e a recomendar esta prova. Assim farei.


Ana Pereira

13 de Setembro de 2008

Agora, deixo algumas fotos gentilmente cedidas por AMMA :

Levantamento de dorsais:




Ainda na fase inicial da prova:




Pelo caminho:
A chegada à meta com o meu amigo António, comprovadamente fiel companheiro, de outras e desta prova também. 2h17m42s sem me deixar para trás:
Surpreendemente, no pódio, 5ª classificada no escalão:

sábado, 13 de setembro de 2008

32ª Meia Maratona de S.João das Lampas

A Meia Maratona de S.João das Lampas está de saúde - muito boa saúde - e recomenda-se!


Vocês que correm já sentiram (e os que não correm que imaginem) que num dia de corrida, passaram quase literalmente o dia inteiro a correr? Antes, durante e depois da prova? Pois hoje tive um dia desses. Agora repouso por minutos no puf cor-de-laranja.

Ai, dêem-me espaço, dêem-me tempo, que asas já eu tenho e hoje voei.

Terminei há pouco a 32ª Meia Maratona de S.João das Lampas com o terrível e assustador tempo de 2h17m!

O que ganhei de valor inestimável: invisível, não se toca nem ouve ou cheira, apenas se sente, e agora tenho as palavras mas não o tempo para o traduzir por aquelas, se é que o consegurei algum dia.

Depois ganhei: um lugar no pódio, que me valeu um Troféu e 20,00 EUR. Nem discuto a legitimidade do prémio! Corri, CORRI 21,0975 metros e classifiquei-me em 5ª posição no meu escalão. Mereci-os simplesmente! Ponto final!

Ganhamos todos: t-shirt, ovos, bolos, saco, pequeno medalhão e mimo, muito mimo, quer dos membros da organização quer do público.

Eu ainda: ganhei sorrisos e beijos e abraços e amizade e amor. Ganhei um balão entrançado em forma de coroa que após ter estado na cabeça do vencedor, e ter sido oferecido à linda e simpática Vitória, ela me deu, com um sorriso lindo e tímido e um olhar puro e doce.

Ganho, proveito e balanço: entre correr continuamente durante 21097,5 metros num tempo de 2h17m (dentro do tempo limite da prova) e não ter ido, para que prato pende a balança? Eu não tenho dúvidas!

Tenho mais palavras, e fotos que os amigos me enviarão. Hoje deixo apenas os prémios visíveis e os Parabéns ao principal mentor desta festa que me proporcionou mais um pedaço de vida feliz: Fernando Andrade.

Até amanhã com outras palavras (se conseguir uma pausa nesta corrida da vida, pois o dia de amanhã não está propriamente vazio)


O medalhão alusivo à prova, para todos os que a terminaram :

O Troféu para a 5ª VF - F35:


O recheio do saco, o meu dorsal, e o prémio por classificação:

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Passado e Véspera - Meia S.João das Lampas

As férias, definitivamente (as deste ano!) acabaram e gradualmente temos vindo a voltar a entrar na engrenagem, na rotina que por mais imaginativos que sejamos nos acompanha durante 11 meses no ano.

Devagar, primeiro vieram as actividades extra curriculares da minha filha, logo de seguida as curriculares, e com elas inscrições, apresentações e reuniões, para além dos cordões da bolsa abertos para compras de material, pagar mensalidades, etc.. Eu própria experimento novas actividades e ensaio retomar antigas. O trabalho esse é já rotina de novo desde meio de Agosto. Aos poucos, estamos a prepararmo-nos para já a partir de 2ª feira retomarmos a Rotina sem grandes hipóteses de fuga, esse monstro que queiramos ou não queiramos nos consome, nos limita e condiciona por vezes de forma desesperante e absolutamente avassaladora.

E assim, sem saber ler nem escrever chego à véspera da 32ª Meia Maratona de S.João das Lampas. Chego… assim…

Algum medo. Alguma confiança. Pouco e ineficiente treino. Consciência. Serei uma entre muitas na partida.

A pisar o tapete depois de 21,097 5 Km não sei se serei, ou pior, em que condições será. Mas isso, nada nem ninguém tem garantias se e como chega. É ou não é verdade?

É-me possível. Tenho de adaptar o ritmo à minha (falta de) forma actual desde o início da prova. E acredito que cortarei a meta ainda dentro do tempo limite para a mesma, e que ainda terei alguém “à minha espera”.

Até amanhã

As minhas participações nesta prova:

2007 - 31ª edição: 2h02m:

2006 - 30ª edição: 2h00m (o meu cronómetro é que conta):

2005 - 29ª edição, 1h49m53s (como é que consegui????) - Não tenho imagens disponíveis, mas tenho as palavras escritas por quem fez a Meia de S.João das Lampas pela 1ª vez, apenas na sua 29ª edição, depois de ouvir muita gente a meter medo com a prova, que afinal se revelou deliciosa (para quem aprecia o género, claro). Ora, para quem tiver paciência, aqui ficam essas palavras:

Por Ana Pereira:

29ª Meia Maratona S.João das Lampas – 10 de Setembro de 2005

Chego a S.João das Lampas sem me perder (a sinalização na estrada já vai sendo melhorzinha) uma hora antes da prova.

Dorsal levantado com ordem e despacho. O ambiente é caloroso mas ordeiro. As ruas estão enfeitadas e grades, policiamento e a meta estão já prontos para receber os atletas pela 29ª vez.

Tenho o prazer de conhecer pessoalmente o Fernando Andrade e aperto-lhe a mão num gesto sólido de efectivo mas na maior parte das vezes banalizado e oco “Prazer em conhecer”.

A hora não é para muita conversa e depressa me perco no meio dos atletas que fazem o aquecimento.

“Faltam aproximadamente 5 minutos para se dar a partida!” – anuncia a organização que começa a nomear atletas de elite presentes na prova, mas dado algum esquecimento, resolve-se a situação dizendo qualquer coisa como: “

Daqui a nada será dada a partida! Logo se destacarão os atletas de elite, os de pelotão e os … (longa pausa de hesitação)… os que se atrasam mais! Mas todos eles serão vencedores!” – Bem rematado! Não deixo de sorrir pois a espontaneidade e naturalidade encantam-me, principalmente porque me incluo nesse 3º grupo de atletas difícil de definir, e que só eles sabem porque correm.

A partida é dada e o ambiente é festivo. A prova decorre com normalidade.

Bons e suficientes abastecimentos, percurso muito bem assinalado ao longo da prova, kms bem marcados, e apesar da prova ter apenas o trânsito condicionado em vez de cortado como seria o ideal, o facto é que a prestação da polícia foi excelente, pois ao longo de toda a prova esteve no meio do trânsito, efectivamente condicionado (só numa faixa nalgumas partes), e assim nos foi dada alguma segurança.

A passagem por S.João das Lampas ao km 13 é animadora, e nada deste mundo me faria desistir ali conforme me vinham amedrontando com o percurso antes até da minha inscrição!

Seguimos por terreolas onde o público nos apoia. Existem 2 postos de controlo, certamente em locais estratégicos (para mim, quisesse eu cortar caminho, e ainda lá devia andar às voltas perdida!).

A chegada à meta é excelente. Corto a meta a correr, sou fotografada e “mimada “ pela organização.

Pessoalmente estou satisfeita com o meu resultado e muito satisfeita com a organização desta prova em que tive a oportunidade de participar pela 1ª vez!

Os prémios de presença são perfeitamente satisfatórios: t-shirt bonita, produtos regionais, desde os ovos, passando por fruta e batatas fritas e acabando em bolinhos secos.

Pela ausência de atletas femininas tive a sorte (e não só!!) de ficar classificada em 4º no escalão (Vet. F), pelo que recebi uma bonita taça, umas lindas flores e ainda EUR 35,00. Mas este não é o Maior prémio com certeza. O Maior prémio foi participar e ser simplesmente muito bem tratada!

Fiz 1h49m58s, e esta Meia fez parte da minha preparação para a Maratona do Porto, não podendo no entanto considerar a marca como referência para a Maratona, dado as características específicas do percurso desta prova (constante sobe-desce).

Pessoalments gosto do tipo de percurso, e vai dar-me muito gozo lá voltar! Agora, depois de ver no terreno o trabalho conseguido, quero voltar a apertar a mão ao Fernando Andrade, dando-lhe os Parabéns pelo trabalho feito, e a maior força para a 30ª edição, onde conto desde já estar presente!

Ana Pereira, Setembro 2005

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Body Combat - 1ª experiência



Nos relógios tradicionais, lentamente o ponteiro sobe para as doze, que serão vinte e quatro e não já doze, que doze só voltarão a ser amanhã.

Os brócolos acabados de ingerir à pressa ainda mal tiveram tempo de atravessar o esófago e assentarem no estômago.

Mas detenho-me aqui ainda antes de cair na cama. Volto aqui porque ontem ficou uma pergunta sem resposta. E a rapariga já sabemos é conhecida como quem gosta de deixar os pontos nos “is” embora por vezes espalhe pontos onde não há “is” e coloque “is” onde não se vislumbram pontos e ninguém consiga interpretar os textos de acordo com o ímpeto com que dela saíram as palavras. As palavras e os pontos, assim como os “is” isolados e perdidos nas frases.

Tudo isto para responder ao jovem que lançou a pergunta, que o “drama”, o “Drama” está em que faltam apenas cinco dias para a 32ª Meia Maratona de S.João das Lampas e a rapariga tem na memória fresca a prova em que mais sofreu e as razões para tal. Não, não foi a Maratona em que desistiu ao 30º Km, não senhor. Desistir é fácil. A prova em que mais sofreu foi precisamente uma meia maratona (em que não desistiu) e para a qual partiu com meia dúzia (nem sei se chegaram a tantos) treininhos de meia hora apenas. Guarda bem na memória o estado absolutamente alucinado em que chegou à meta. Cada passo dado a partir do Km 16 e sem consciência se cada passo dado seria o último. Estados que não nos devemos permitir experimentar. O preço pode ser demasiado elevado e afinal era só uma corrida… está bem que ela já conseguiu correr agora há dias 1h30m seguidos, mas é pouco, é muito pouco. E o medo é que o “drama” se repita. Bem… ela também tem na memória que partiu num ritmo que jamais poderia manter por 21097,5 metros, dada a sua condição física na altura. E esse erro (pelo menos esse) não vai ela repetir agora.

E não foi hoje ainda que voltou a correr. Entre 40 minutos de corrida sozinha e a oportunidade de experimentar uma aula (que ela sabe que dificilmente conseguirá manter devido aos horários) de Body Combat, com umas amigas e um professor bom como ò milho (dêem um desconto que em certas alturas do campeonato de uma mulher, qualquer estafermo pode apresentar semelhanças incríveis com o Mel Gibson) , optou a rapariga pela segunda evidentemente. 40 minutos a doer. Mas a doer mesmo! E não sei porquê mas acho que amanhã ainda vai doer mais e nem sei mesmo se ela se vai conseguir mexer. Ai homem, deste cabo delas!

domingo, 7 de setembro de 2008

Uma história de sucesso

Uma história de sucesso "apenas" porque o lema é:




De sucesso pessoal e funcionando como exemplo e incentivo pela forma simpática, dinâmica, dedicada e altamente motivadora, de sucesso de muito mais gente. Muitos Parabéns Gina! Pelo que conseguiste. Para ti e para muitos outros. O exemplo de como um "simples" blogue pode ajudar até ao ponto de ser fundamental, muita e muita gente.


- Depois do magnífico treino de 6ª feira à noite, Sábado e Domingo não treinei... - lastimou-se ela.
- E depois? Qual é o drama? - perguntou ele tendo ficado sem resposta.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sob uma chuva contínua... eu continuei

O relógio marca 7 da tarde quando chego a casa, e chuvisca. Nada que me amedronte, hoje. Um fantasma meu assombra-me ameaçador, mas hoje sopro-lhe no rosto afastando-o, equipo-me e quando saio para a rua já chove a sério. Demasiado a sério. Meto-me no carro e em 5 minutos estou no Parque da Paz. Percurso que poderia fazer já parte do treino, mas com demasiados carros, peões, maus passeios e passadeiras e semáforos. Não gosto. Preferi ir de carro e treinar num ambiente aprazível que me faria lembrar o campo não fosse o constante zumbido do trânsito em hora de ponta, longe mas não o suficiente para o esquecer.

Uma mata dentro da cidade. Chove a potes sobre o pára-brisas do carro já estacionado. Um ou outro carro espalhado pelo parque e eu saio do meu, alongo e espreguiço-me (há melhor alongamento que um bom espreguiçar?) e arranco eu e arranca o cronómetro. Limpo o visor do relógio e vejo que levo já 2 minutos. A t-shirt já está colada ao corpo. Frente e costas, totalmente encostada à pele. Mas não sinto frio. Corro. E sinto-me bem.

O Parque está deserto. Melhor não podia ser. Chove. Cai água do céu como uma bênção sobre mim. Os odores da terra e as fragrâncias da miscelânea de plantas enchem-me as narinas e chegam-me ao cérebro num perfume maravilhoso. A terra, sempre que podia procurava-a fugindo aos caminhos. Subi e desci entre pinheiros e outras árvores por trilhos estreitos, com os ramos a tocarem-me, pulando raízes e pedras. Até ficar demasiado escuro e sentir medo. Um medo misteriosamente agradável. A floresta tem mistérios e aquela era a sua hora, já não a minha. Continua a chover. Escorre-me água pelo rosto, para se juntar no queixo e em fio se soltar para o solo exalando odores escondidos todo o Verão. De boca entreaberta sinto doce e salgado em simultâneo. Água doce da chuva e o salgado da transpiração diluída. E a chuva não se demoveu. Nem eu. Ora parecendo agulhas picando-me ao de leve no rosto e no pescoço ora doces e suaves salpicos macios imitando carícias. Ao fim de cinquenta e dois minutos a chuva abranda, e como já está escuro limito-me à área mais humanizada, com alguma iluminação e caminhos com melhor piso.

Hoje corro sem tempo. Podia ficar ali toda a noite. Senti. E era verdade. Corri o tempo que tinha estipulado: 1h30m em ritmo vivo (o possível) e em terreno desnivelado, o mais belo do parque e o que me dá mais prazer fazer.

A roupa e os ténis completamente encharcados:


O jantar:


Até amanhã

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Vida Própria




"- Mãezinha, devias dormir mais e alimentar-te melhor… "–
Abraçou-me e senti-me de novo pequenina e apertada e quente e protegida envolta nos seus bracitos de menina.
Uma vontade de chorar disfarçada por um sorriso e um beijo doce, tão doce…

Ontem e hoje não treinei. Amanhã, outro dia.

Hoje, no seguimento de uma conversa em que me questionava se deveria deixar a minha filha no pai no domingo, ou não, para eu ir a um almoço pouco apelativo para uma criança, dois amigos disseram-me que eu não tenho vida própria. Acredito que foi num misto de alerta amigo sincero pois me desejariam uma vida social e emocional mais activa, livre e independente, mas também com uma subtil mas perfeitamente perceptível depreciação à mistura.

- Define vida própria – pedi
- Claro que toda a gente tem a sua vida própria, mas pronto, tu tens a tua vidinha… Podias ir a sítios, ao cinema, ter mais amigos, sair mais, sei lá, tanta coisa. Sem ser só corridas, percebes amiga? Sem a tua filha, tu só vais às corridas…

Percebo. Percebo que a intenção é a melhor. O aviso, o conselho, o desejo do melhor para mim sob o seu ponto de vista. Percebo sim. O que tu jamais perceberás é que as pessoas que correm, e quando vão ao Minho ou ao Algarve correr, fazem exactamente as mesmas coisas que todos os outros, e para além dessas, correm. Porque gostam de correr. É difícil para quem não corre entender e aceitar isso.

Se ter vida própria é ter muitos amigos e muitas farras, eu de facto não tenho.
Se ter vida própria é ir a muitos lados, ao cinema, sair muito, eu de facto não tenho.
Se ter vida própria é deixar de correr para fazer outras coisas, eu de facto não tenho nem desejo ter.
Se ter vida própria é fazer vários e muitos programas que excluam a minha filha, eu de facto não tenho.
Se ter vida própria é ter muitos motivos para deixar mais vezes a minha filha com o pai, eu de facto não tenho.

Razões existirão mil e uma, para cada alínea, mas não interessa falar delas. Não será difícil adivinhá-las.


Se ter vida própria é apenas o acima descrito, eu de facto não tenho vida própria. Mas felizmente a definição de “Vida própria” tem tantas versões quanto o número de indivíduos existentes.

E hoje porque não me apeteceu correr e tinha uma montanha de roupa para passar a ferro, a minha “vida própria” levou-me a passar um serão assim: TV ligada para simular companhia, enquanto o ferro desliza ligeiro sobre os trapos e o pensamento viaja. E hoje, esta foi a minha vidinha. Própria, sem dúvida alguma.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Correr a correr, 30 minutos apenas



Pode carregar nas fotos para ampliá-las e ler as legendas com mais facilidade

Das 24 horas do dia de hoje, encaixei o treino nos exactos 30 minutos que pareciam sobrar sem actividade definida e obrigatória ou qualquer imposição que me impedisse de sair para correr.

30 minutos apenas. A correr. Melhor do que nada sem dúvida. Até porque uma preparação que se queria (e devia) de meses, não se adquire às colheradas num gesto continuamente crescente em apenas 2 semanas.

A espiral não funciona de forma contínua e producente. Sobe sobe mas acaba sempre por se desmoronar e nós cairmos com ela. Há que dar tempo ao corpo para recuperar do treino anterior para lhe impor um outro. A duração e ritmo deverá acrescentar-se lentamente e a seguir a um treino mais puxado ou simplesmente mais esforçado para a nossa condição física actual, deverá seguir-se um mais fácil, para dar tempo ao corpo de assimilar o trabalho do anterior. No meu caso neste momento, isto significa apenas que não posso nem devo ir fazendo sempre um treino de duração superior ao anterior. De outra forma, se quisermos mais e mais e sempre mais, acabamos por cair. O trabalho do treino não é assimilado e torna-se até contraproducente criando um clima propício a lesões e ao mais vulgar do que devia ser, estado de fadiga crónica.

Por tudo isso, e porque estou parada há meses, hoje corri apenas 30 minutos. Melhor do que ter ficado no sofá a curtir as saudáveis dores musculares que me preenchem o corpo, resultantes dos 2 treinos em dias consecutivos que fiz.

30 minuto apenas. Melhor do que nada. Que contribuição terão estes 30 minutos no dia 13 de Setembro na Meia Maratona de S.João das Lampas? Veremos.

É preciso é continuar. E amanhã continuo. Sem dúvida que sim.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Faltam apenas 13 dias para a 32ª Meia Maratona de S.João das Lampas. Uma Meia Maratona que se realiza pela 32ª vez não é coisa que se veja todos os dias. Não é coisa em que se possa participar todos os dias. Não é coisa a que se seja indiferente. Eu não sou.

Para mim, é sem dúvida alguma, uma honra poder fazer parte do pelotão da 32ª Meia Maratona de S.João das Lampas. Ser pelotão. Mostrar que há gente que corre apenas e só porque a corrida é uma forma de prazer, fonte de onde se bebe sofregamente vida que transborda da concha formada pelas mãos juntas e levadas à boca com sede e ânsia. Da corrida se resgata alimento e força. Força para viver. Exercício mental enquanto o corpo corre. Por fora e por dentro. Correr… Difícil de explicar e difícil convencer os que a não experimentaram. Ou que a experimentaram mas nela não se encontraram. Se há coisa e lugar onde ainda me encontro e sei que pertenço é a Corrida. Quando desistir dela, sei que estou a desistir de mim… e ainda é cedo.

Não tão só por isso, mas também, eu vou estar em S.João das Lampas no dia 13 de Setembro de 2008, para dar e receber.



Continuação do Diário:

Meus caros amigos, leitores ou outro substantivo qualquer que julguem adequado…

Não vos disse que nos encontraríamos aqui hoje? Não disse que impreterivelmente estaria aqui hoje? Não acreditaram? Ai pois não, mas desta vez enganaram-se. A Maria chegou à beira da baía e à falta de melhor companhia foi com ela mesmo, e com ela mesmo correu 50 minutos.

Não. Não está eufórica nem histérica com o novo caminho tomado, mais curto, mais leve e portanto de aparente mais fácil acesso. Na verdade está com medo. Está quase aterrada. A partir dos 30 minutos de corrida, o treino não decorre com leveza nem facilidade. A caixa torácica começa a carburar mal, o sangue mal bombeado não leva o oxigénio onde este devia chegar. Há um atrofiamento respiratório de certo resultante de muitos meses de inactividade e de peso acumulado, que se reflecte num cansaço que invade todos os músculos do corpo, até dos braços dos quais aparentemente não se lhes exige grande esforço em corrida. E ao cabo de 30 minutos ainda faltam muitos minutos para se terminar uma Meia Maratona… Será ela capaz? Desistir já? Sem sequer tentar? Não! Estes restantes 13 dias levar-me-ão até onde conseguir chegar. Só tenho de fazer uma coisa: ir. Não desistir. Ir. Ir até 13 de Setembro em S.João das Lampas.

Amanhã voltaremos a ver-nos de certo.

domingo, 31 de agosto de 2008

Um Treino, Uma Festa

Não sei quantos dias faltam para a Maratona do Porto. Já nem estou muito preocupada com isso, pois para mim, o tempo esgotou-se. Rendo-me. À minha realidade, às circunstâncias actuais da minha vida, à minha incapacidade para as contornar ou modificar, ou simplesmente por fim, assumo que, neste momento que se pode estender por mais de um ano, as implicações que a preparação de uma maratona exige não se coadunam minimamente com as circunstâncias da minha vida. Irei lá sim, à Maratona do Porto, mas participarei apenas na prova de 14 Km, fazendo parte da festa. Como principiante ou incapacitado. Como ser menor ou inferior, mas que ainda assim põe o pé na rua e não desiste.

Hoje, preocupo-me sim porque faltam apenas 14 dias para a Meia Maratona de S.João das Lampas. Isso sim, é uma preocupação real e uma meta ainda que difícil, atingível (digo eu…)

Durante os próximos 14 dias, chamar-se-á este caderno: “Como se prepara (mal) uma Meia Maratona em 14 dias”

O título inclui propositadamente a palavra “mal” porque preparar “bem” uma Meia Maratona em 14 dias é tarefa ilusória. Aliás, é um acto um tudo nada tresloucado, mas ainda assim possível e por isso vou lutar por ele.

Hoje, Um Treino, Uma Festa: 40 minutos, terreno ligeiramente desnivelado

O meu pai, a minha filha, a cachorra, o solo, o céu, o ar, e eu a correr e a pensar que S.João das Lampas não vai ser pêra doce.

Impreterivelmente… meus caros, até amanhã

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Mais um dia da nossa vida...








Se é para ver a minha filha feliz, e se me é possível, faço! Não me importo os quilómetros, o tempo gasto a conduzir, o gasóleo que o carro bebe aos galões, de forma bem mais gulosa do que eu bebo galões, nem a chuva ou o sol, ou as batatas cozidas comidas sem conduto na mesa escassamente metade farta.

E ontem foi mais um dia. Da minha vida. Da nossa vida, visto que de momento não concebo a de uma sem a outra, ou mais a minha sem a dela, mas adiante. Um dia em que me cansei, mas que não me cansei nada de ouvir repetido na voz da petiza que tinha sido um dos dias mais felizes e divertidos da vida dela. Pois, então o meu também, não só por lhe ter deixado um dia “desses” mas porque com ela, as coisas tornam-se de facto divertidas, estimulantes e sinto por vezes a euforia, a expectativa vivida em ansiedade, a alegria das (re)descobertas, a genuinidade das sensações, das emoções vividas pela primeira vez por ela, e redescobertas por mim, com ela ao lado.

Tudo estaria perfeito não fosse chegarmos a casa e termos encontrado o Gilocas morto na gaiola. Não fosse a miúda cair-me em cima com soluços mal contidos, num choro miúdo, mas sentido que lhe sentia a dor no seu pequeno peito a bater descontroladamente contra o meu.

Partidas que a vida nos prega. Agora temos é de cuidar da Flora, que ficou só, e que piou hoje o dia inteiro de uma forma como nunca a houvéramos ouvido piar. O seu parceiro, em quem se amparava para dormir, lado a lado, onde amparava muito mais que o corpo certamente, desapareceu. Ao seu lado no poleiro, não está ninguém agora. Dói o piar do animal. Só pára à noite, quando derreada pelo cansaço e pelo sono e certamente também pela dor, se deixa vencer e se cala.

O corpo do Gilocas está embrulhado num pano de algodão branco. Parece mais frágil, magro e indefeso agora morto. Parece um bebé dormindo. Um pequenito que se deixava pegar e passeava pousado no meu indicador. Vou ter saudades do Gilocas. Está numa gaveta frigorífica, como se esperasse autópsia e vai amanhã a enterrar, no campo, onde será visitado pelas borboletas e abelhas e libelinhas, onde nascerão flores, até se transformar ele em pó, e mais tarde também ele será flor, borboleta, ou pássaro para de novo poder voar. Livre dessa vez. Na Natureza, nada se perde, tudo se transforma.

Agora, temos de cuidar da Flora. Temos de cuidar da Flora, filha. – repito-lhe enquanto lhe limpo as lágrimas da cara.



A nossa Flora, hoje:

Não costumo ser “destas coisas”. Mas não foi só um pássaro. Não foi só um estúpido e insignificante pássaro amarelo. Foi o nosso Gilocas. Com a sinceridade de que dificilmente me consigo dissociar, a mim particularmente não me machucou por aí além. A vida é mesmo assim. Sem darmos conta, já nos está a tirar o que nos deu, ou o que conquistámos. A justiça não passa de uma utopia. Quer a dos homens quer a outra, a que dizem divina, mas que não passa afinal de meros acasos e conjunto de condições reunidas para provocarem a circunstância. Mas doeu-me a dor da minha filha e a dor da Flora, durante um dia inteiro chamando em vão pelo seu companheiro, para lhe pousar a cabeça no seu peito, para dividirem comida, conversarem, brincarem ou beijarem-se. Desta vez senti…

Descansa em paz Gilocas.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Regresso do Diário

Faltam 61 dias para a Maratona do Porto


Recostou-se na cadeira confortável, pegou o livro e tencionava ler. Umas palavras mais que conseguisse acompanhar e lhe permitissem entender a sequência da história. Uma leitura densa, de frases extensas, compostas por palavras que se enroscam no cérebro como jibóias, contorcendo-se e apertando até se tornar impossível a compreensão, o entendimento, e então sem dar conta, o pensamento dela dispersa-se, liberta-se, e dá por si noutro lugar e tema, onde o exercício mental é fácil e o físico também.

Como as palavras que se sucedem fluidas num livro, passo a passo, com facilidade os seus pés percorriam o trilho com uma leveza de que mal se recorda.

Há dias assim. E há livros assim. E histórias assim. E vidas assim. Tenebrosas e escorregadias como jibóias. É preciso querer. É preciso vontade, alma, de onde brota a dedicação, concentração e motivação que leva ao acto dedicado. Como na Corrida.

O “Homem Duplicado” repousa agora na mesa, como o treino de corrida que ainda não foi hoje que foi feito, ao lado da chávena de café vazia e da mente cheia de uma vida onde reina o caos, e que se alivia ligeiramente no papel com a ajuda de uma esferográfica.

Até amanhã

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Alguns dias de férias





E assim passaram uns dias de férias. Bem. Eles os dias, e nós.

Treinos: Inexistentes

Planeamento para a Maratona do Porto: desmoronado (o planeamento) e deveras e seriamente posta em causa a minha participação enquanto Maratonista

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Maratona do Porto 2008 - Transporte Lisboa - Porto

5ª edição MARATONA DO PORTO

Transporte ida e volta: LISBOA-PORTO

A par das últimas edições, vai a Runporto também este ano, na 5ª edição da Maratona do Porto, proporcionar transporte Lisboa – Porto – Lisboa, para Maratonistas, acompanhantes e participantes dos eventos associados ( Mini Maratona, prova não competitiva de 6 Km e Corrida da Família na distância de 14 Km).

Infelizmente, com muita pena da organização, a oferta do transporte gratuito para Maratonistas como se fez nas últimas edições, este ano não é viável e o encargo tornou-se completamente insuportável.

No entanto, não quis a Runporto deixar de minimizar os custos dos atletas do Centro e Sul do país, que se queiram deslocar à melhor Maratona que se realiza em Portugal, e a partir de Lisboa, terão transporte ida e volta pelo custo simbólico de Eur 10,00, quer para Maratonistas, quer para acompanhantes ou participantes em qualquer dos eventos acima mencionados.

A saída de Lisboa será Sábado dia 25 Outubro de manhã, e o regresso, domingo 26 de Outubro meio/fim da tarde. Mais detalhes a divulgar oportunamente, e contacto para mais informações e/ou inscrições para o transporte deverão ser tratadas com Ana Pereira, Tlm. 964 937 456 ou via e-mail: anamariasemfrionemcasa@gmail.com

Certos da vossa compreensão, estamos ao inteiro dispor para quaisquer questões que entendam necessárias, e contamos desde já com a vossa presença numa prova que vos dá a oportunidade de correr 42195 metros num dos cenários mais belos do país, e que certamente não irão esquecer.

Mais informações sobre a prova no site da Maratona do Porto e/ou na Runporto , entidade organizadora.


------------------------------------------------------------------------------------------------

A Maria:


"É Verão, está calor e os treinos têm sido dias de "Descanso"(*). Então porque sinto este frio e este cansaço? Talvez esteja a precisar de Sol e de férias...

Está tudo bem, está tudo bem, termino hoje a medicação para a infecção que tive no pé, pode ser que o estômago e restantes órgãos do aparelho digestivo me dêem tréguas. Agora parto por uns dias e estarei ausente, mas volto, prometo que volto dentro de dias para retomar o Diário, diariamente como ele e eu queremos e merecemos.

Até outro dia amigos"


Maria Sem Frio Nem Casa

(*) – a única corrida que fiz, foi ontem, 5ª feira, um sprint atrás de um assaltante romeno(?), com cerca de 12 anos, na tentativa de recuperar o meu telemóvel, o que se veio a verificar. Enfim, cenas banais e diárias de uma capital europeia moderna (?). Que bom que é viver em Lisboa e em Portugal, país de gente boa e costumes brandos, que abre os braços a todos que cá entram. Xenófoba eu? Nem pensar! Então porque digo isso? Porque o pequeno assaltante assim como os seus 4 acompanhantes pouco mais velhos, eram romenos ou ucranianos ou o raio que os parta. Eram! Não estou a inventar! Eram imigrantes que (com seus paizinhos ou outros familiares) vieram para Portugal para roubar! Certamente outros não. Certamente que outros vêm para trabalhar e ganhar a vida de forma honesta. Mas estes não! Vieram para roubar! E fizeram-no ontem, e fazem-no hoje e amanhã! É um facto. E contra factos não há argumentos! Podiam ser portugueses, chineses, espanhóis ou brasileiros (grande probabilidade de serem brasileiros, já que a sua percentagem em relação à população portuguesa é cada vez maior), mas não. Estes eram da Europa de Leste. Eram! E andam a roubar! Mas nós somos de brandos costumes e de mentalidade e fronteira aberta… coitadinhas das crianças que não têm culpa nenhuma. E viva a liberdade e as fronteiras abertas. Eles só vêm em busca de uma vida melhor não é? Pensando bem, até devia ter deixado o puto levar o telemóvel, e mais, até lhe devia ter dado a carteira quase vazia (que era como estava), coitadinho…

- nem acredito que escrevi isto. Eu que não gosto de generalizar e gosto tanto da frase: “há de tudo em todo o lado”, quer referindo-me a regiões, povos, nações, etc, etc., mas o que aconteceu, aconteceu! Se eram uns filhos da mãe imigrantes que culpa tenho eu? Vou omitir esse pormenor? Porquê? Alguma razão? Não encontro. Vou chamar-lhes queridos porque coitadinhos sofrem muito e são pobres e têm de se fazer à vida? E se o deveria fazer para parecer politicamente correcta, desculpem mas isso não é comigo. Experimentem passar pela experiência e depois escrevam qualquer coisa sobre isso. Ou contem aos amigos no café. Gostaria de vos ouvir.

Boas férias para vocês

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Raid Melides - Tróia 2008

2ª feira, 1º dia da 2ª Semana – faltam 76 dias para a Maratona do Porto

Hoje já me sinto melhor da infecção no pé. Apesar de ainda chegar ao fim do dia inchado e com uma composição de tonalidades nunca vista em mim, variando entre o vermelho e o roxo escuro, passando por cor-de-rosa e manchas brancas, o gajo (pé) não me dói e sinto apenas uma ligeira tumefacção ao andar e ao tocar.

Apesar as significativas melhoras, por precaução e cautela e também porque os medicamentos dão-me volta ao estômago e causam-me naúseas constantes de ligeiras a fortes, propositadamente hoje, o treino foi… dia de Descanso. Isto com tanto descanso… não sei onde irá parar, mas enfim, não desesperemos que os dramas na vida não são isto.




O Raid Melides - Tróia 2008, onde não estive:

Ao receber o correio no escritório hoje, vinha um pacote para mim. Um envelope almofadado, e no seu interior um outro também almofadado (objecto muito bem acondicionado), e… já sei! O meu amigo António Miranda não estava a brincar quando me escreveu “Apanhei em Melides uma grande concha que transportei por 40 kms para essa amiga, mas não sei a morada... Mande-ma…”

Pois este ano não consegui estar no Melides – Tróia, a fotografar e a admirar já quem parte, como o fiz em 2006 e 2007 com um prazer descomunal como só o coração é capaz de entender, e que muito gosto de recordar em http://www.pbase.com/mariasemfrionemcasa/ , mas pelos vistos estive lá sim! Não só porque muito pensei nalguns amigos que lá estavam a participar, mas porque alguns desses amigos me levaram com eles, por minutos ou segundos que fossem, lembraram-se de mim e corri com eles. Um bocadinho. Obrigada António Miranda.

A concha repousa agora “…na frescura da minha casa, … ao lado da tartaruga de madeira…” e de “preciosidades da vida contidas em forma de pedras” – pedras parideiras, trazidas do Memorial Sálvio Nora, Julho 2006.

É este o valor das pedras e das conchas… é este. Mais palavras para quê? Conseguem sentir? O cheiro a mar e o suor das mãos num objecto precioso liberto da força dos dedos ao alcançar a meta?

sábado, 9 de agosto de 2008

E porque isto é um Diário…

Sábado, 6º dia da 1ª Semana – faltam 78 dias para a Maratona do Porto

1ª Paragem Obrigatória – tendo em conta que saio da Margem Sul com destino ao Porto, considero: Pragal. O comboio parou no Pragal. Ainda estou na Margem Sul, nem sequer atravessei o Tejo, e mais de 300 Km me separam do cais de destino.

Uma meia (peúga) velha com elásticos sem força que a deixam deslizar para dentro da sapatilha. Uma caminhada longa. Uma bolha no calcanhar. Novas caminhadas e treino com pensos ineficientes. Uma bolha rebentada, pele arrancada e carne viva a enfrentar o mundo.

Se na 5ª feira decidi não correr por opção, já ontem quis correr, mas cheguei ao fim do dia com o pé num trambolho. Da mínima área de carne viva exposta, o inchaço e vermelhão com consequente dor e calor, só não se espalhou num raio de mais de 20 cm, porque a partir do ponto de pele rasgada, nem em todas as direcções há 20 cm de pele. Assim cheguei a 6ª feira ao fim do dia nas Urgências, onde de imediato me diagnosticaram uma infecção.

Vacina anti-tétano, Antibiótico, Anti-inlamatório e analgésico, desinfectante e anti bactericida e gelo e descanso com o pé elevado.

Hoje, sábado à noite, 24 horas de tratamento e ... não estou melhor. Só não sinto dor. Aliás, a zona está praticamente insensível ao toque, há apenas um latejar. Mantém-se vermelha e dura, desinchando apenas nos momentos de gelo. A febre (consequente da vacina ou da infecção) volta quando se aproxima a hora da próxima dose de medicação.

Bolas! Que chatice! Dois treininhos de nada, apesar do entusiasmo, e vejo-me assim obrigada a parar durante uns dias. Quantos? Bem… 12 semanas para a Maratona, 11 semanas… 10 semanas, não há-de fazer grande diferença no meu caso. Ou fará? Sim, porque a evolução (melhoras) desta coisa não me parecem evoluir a velocidade suficiente que me permita recomeçar a correr já nos primeiros dias da 2ª semana…

Enfim, há que ter paciência. Quando puder, assim que puder, recomeço (ou começo?). Não há-de fazer grande diferença, não há-de fazer grande diferença…

No entanto, outra questão de outra dimensão me inquieta. Porque reagiu assim o meu organismo? Porque se deixou assim invadir e contaminar desta maneira? Porque não reagiu como em situações passadas idênticas? Bem… mas isso também não interessa muito para agora, digo eu… Há que continuar a medicação e aguardar.


Treino de ontem, hoje e amanhã: obrigatoriamente de Descanso

Até depois

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Isto é um Diário…

4º dia da 1ª Semana – faltam 80 dias para a Maratona do Porto

Vislumbro um bando, uma legião de fãs e curiosos, aves várias, raras algumas, pássaros de plumas vistosas e coloridas ou de penugem suave, curta e discreta, belos todos, onde se misturam aves de rapina também, e até aves de hábitos necrófagos, como abutres e urubus, pacientes até que a presa sucumba e se torne num cadáver de que se possam alimentar.

Imagino-os frenéticos ou apenas curiosos em frente ao computador, as teclas carregadas, viciadas, os dedos saltitando sobre elas, em busca dela. Desejosos e ansiosos por saber se ela correu, se não correu, se desistiu ou se mantém o entusiasmo, se emagreceu ou se engordou. Como se isso e ela tivessem alguma importância.

Imagino… imagino como se a legião existisse e como se no meio do bando, existissem aves que de facto se importam. Com ela, ave ferida que tal Fénix, não desiste e renasce das cinzas para voltar a cantar e a voar outra vez. Sempre. Tantas as vezes quantas as que ela se transformar em cinza, tantas as vezes ela renascerá. Assim está escrito e assim será. Até à eternidade.




Hoje estou feliz. Tenho dinheiro hoje. Não que o dinheiro traga felicidade! Traz lá agora… Estou feliz porque ao ter dinheiro hoje pude ir ao supermercado e comprar broa de milho, requeijão, legumes e peixe fresco, iogurtes e fruta colorida e alegre para encher a minha fruteira, sem ter a negra preocupação de chegar à caixa e não ter dinheiro suficiente para pagar tudo o que coloquei no cesto já depois de exaustiva escolha do estritamente imprescindível e de cálculos mentais se mais um pacote de leite ou menos um pacote de leite, fariam essa diferença.

Hoje, enchi a minha fruteira de fruta colorida e alegre. Hoje estou feliz e alegre e colorida. Mais ainda que a fruta na minha fruteira.

Treino: hoje foi propositadamente dia de Descanso

Até amanhã

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

3º dia da 1ª Semana – faltam 81 dias para a Maratona do Porto

Hoje cheguei cansada a casa. Talvez o facto de, para poupar uns míseros 13 euros, e porque é Verão, o tempo é melhor e maior (a minha filha não tem aulas nem outras actividades), só trabalho 10 dias este mês e sou da opinião que é coisa que só me faz bem e mal nenhum, (só tenho de sair de casa ligeiramente mais cedo e chegar ligeiramente mais tarde), resolvi nestes dias do mês de Agosto, fazer parte do percurso de casa para o trabalho e o regresso, a pé, caminhando, em vez de usar o autocarro ou o carro. Assim, 30 minutos certinhos a andar bem (mas a andar mesmo bem, num ritmo acelerado), e bem calçada, demoro eu de casa ao barco e outros tantos do barco a casa. A distância não deve faltar muito para os 4 Km, que se desdobra: de manhã e ao fim da tarde. A caminhar desde o dia 1 de Agosto. A travessia do rio continuo a fazer de barco já que não se me meteu na cabeça que o poderia fazer a nado e poupar mais 13 euros. Fosse o Tejo o Douro (imensamente mais estreito) e não sei mesmo se não teria optado também pela natação.

Este novo comportamento tem particularidades engraçadas. Mudando a rotina, obriga-me a usar roupa ainda mais prática do que aquela que habitualmente uso, e outra coisa engraçada é que é ao chegar ao escritório, a primeira coisa a fazer, passou a ser… lavar os pés, limpá-los e massajá-los rapidamente com creme hidratante e substituir os fedorentos ténis por umas frescas e práticas (sempre!) sandálias. Até à hora do regresso. E só não tomo banho porque… não há condições.

Pois hoje, fosse pelo calor, ou por outra coisa qualquer, cheguei a casa cansada. Moída, amassada e morta como rato na boca de gato que brinca com o corpo deste, inerte, horas a fio antes de o devorar.

Confesso que a vontade de me atirar para cima da cama superava e bem a de ir correr, mas ainda assim, equipei-me e fui. Porque quero fazer esta Maratona! E claro, como sempre, quando se contraria a inércia e/ou preguiça, nunca nos arrependemos de termos decidido ir treinar. Sempre. Em mais de 30 anos de corrida, esta é máxima que nunca me falhou. Basta vencer a inicial falta de vontade, e eis que no fim regozijo-me sempre: ainda bem que fui treinar!

Pois durante o treino não me senti nem melhor nem pior que ontem. Algumas dores nos gémeos (normal), e para além da terrível constatação já confirmada ontem do meu estado físico em geral e consequente dificuldade em correr, outra quase tão terrível suspeita de ontem se confirmou hoje: preciso comprar ténis novos! Os que tenho, quer pelo uso quer pelo peso extra que entretanto ganhei, já não me oferecem o amortecimento que preciso agora mais do que nunca. A carga vai aumentar, e por ora o peso ainda é demasiado. Há que prevenir lesões. A carga vai ser aumentada aos poucos, e um bom amortecimento é essencial particularmente nesta fase para as minhas características individuais neste momento.

Corri apenas 41 minutos. Poderia ter corrido um pouquito mais, mas não estava especialmente interessada. Venho do zero, as provas de 15 em 15 dias ou mais espaçadas no tempo, em que tenho participado nos últimos meses, são o mesmo que não fazer nada, em termos de treino e de preparação física. São o mesmo que fazer rigorosamente nada! Hoje fiz 41 Minutos de corrida lenta e contínua como só poderia ter sido. Foi bom. Amanhã outro dia. Mantém-se portanto a direcção certa.

Até amanhã
ah! E hoje não há fotos. Quem tiver preguiça de ler, azar, nem vê os bonecos, porque hoje, não há bonecos.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Arco-Irís sobre capa de caderno

2º dia da 1ª Semana – faltam 82 dias para a Maratona do Porto

A capa negra do caderno pincela-se de cores. Pálidas e um pouco esbatidas, mal definidas ainda, mas não há dúvida que são cores. Um arco-íris de cores suaves brota de mim e irrompe timidamente sobre a capa negra do caderno, de folhas brancas já maculadas de sangue que num fio delicado vai formando palavras que contam já o início desta história. A minha Maratona do Porto 2008.

.../...

Quem me visse assim, (não deitada nas dunas roendo maçãs), mas assim, correndo muito lentamente, vermelha como um tomate, com dificuldade em levantar os pés e as pernas, e até em respirar, suando por todos os poros, carregando penosamente 67 Kg mal distribuídos por uma altura de 1,65 m, e desligar o cronómetro com apenas 30 minutos de corrida contínua, jamais iria imaginar que eu estava a dar início à Maratona do Porto. Essa, essa mesmo, que só se vai realizar dia 26 de Outubro de 2008. O tiro foi dado e eu parti. Já muita gente disse parafraseando alguém que todas as grandes viagens ou caminhadas se iniciam com um passo. Um único e singelo passo. O primeiro. E a partida de uma maratona é dada muito tempo antes do tiro oficial da Partida. Muitas semanas antes. No meu caso, 82 dias antes. Parti. Dei o primeiro passo. Agora é continuar para chegar à meta.

.../...

Nota: agradeço sinceramente (e quando eu digo sinceramente, quero dizer sinceramente, quero dizer que as senti, apreciei e absorvi a tal ponto que ganharam o poder de me ajudar a definir o caminho, a pintar um arco-íris na capa do meu caderno) as palavras deixadas em forma de comentário na mensagem anterior, de Fernando Sousa, Fernando Andrade, Luís Mota, MPaiva e José que também corre, e que seria uma grande alegria, mas uma grande alegria mesmo, encontrá-los (aos que vão lá estar também para vencer ou apenas para ver) quando eu pisar o tapete da meta e desligar por fim o meu cronómetro depois de 42195 metros muito corridos e muito amados.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

3 Alternativas

Dizem que me lêem. Que gostam de me ler. Para eu continuar a escrever. Algumas pessoas, entenda-se! Duas, três, ou talvez quatro. Mas ainda que não sejam mais que duas ou três, elas existem. Porque me lêem? Pelas mais diversas razões, tantas ou mais quantas aquelas porque eu escrevo. Dizem que devo continuar a escrever. Também pelas mesmas variadas razões. E por essas e outras, continuo a escrever, e até sonho voltar a correr. A correr uma Maratona. A do Porto.

Alternativa I para a mensagem de hoje:


Faltam exactamente 83 dias para a Maratona do Porto. 12 semanas. O tempo indicado de preparação para uma maratona, para quem já tem algum treino ou pelo menos o hábito da corrida.

Presentemente não me englobo neste quadro e muito sensatamente sei que precisaria de mais tempo. Precisaria ter começado mais cedo. Mas esse tempo já não tenho. Tenho apenas 12 semanas. Esse é o tempo que tenho. Esse é o tempo que vou aproveitar e esse é o tempo que vou usar para me preparar para a Maratona. Sem ambição maior do que acabar num tempo que não ultrapasse muito as 4 horas.
Conseguirei? Não sei. Sei perfeitamente porque desisti no ano passado ao Km 30. Não quero que isso se repita. Evitando os mesmos erros poderei evitar a repetição da desistência com facilidade. Alinhando à partida, quero chegar à meta. Desde que alinhe à partida…

Este é o Diário de uma mulher que se propõe fazer a sua 5ª maratona antes dos 40 anos. Diário de 12 semanas que se inicia hoje e se estenderá até 26 de Outubro de 2008.

Recordo:

1ª Maratona: 4h04m – 2001 – Paris

2ª Maratona: 3h39m – 2004 – Lisboa

3ª Maratona: 4h02m – 2005 – Porto

4ª Maratona: 4h04m – 2006 – Porto

5ª Maratona : este epaço será preenchido a 26 de Outubro de 2008, directamente do - Porto.



1º dia da Sem 1: Descanso (que o fim de semana foi muita cansativo, e o dia de hoje não ficou atrás, ufa). Restam-me 82 dias.



Alternativa II para a mensagem de hoje.

Faltam exactamente 83 dias para a Maratona do Porto. 12 semanas. O tempo indicado de preparação para uma maratona, para quem já tem algum treino ou pelo menos o hábito da corrida.

Presentemente não me englobo neste quadro e muito sensatamente sei que precisaria de mais tempo. Precisaria ter começado mais cedo. Mas esse tempo já não tenho. Tenho apenas 12 semanas. Esse é o tempo que tenho.

Por muito que me custe, às vezes é importante saber dizer “não”, até para mim própria, ou principalmente para mim própria. Saber parar, quando é necessário, quando o corpo e a mente assim reclamam. Assumir que nas condições actuais (em vastas áreas) não sou física e mentalmente capaz de manter um ritmo (de vida) durante 12 semanas que me proporcionaria fazer uma maratona com o mínimo de desconforto e sofrimento. É preciso ser racional, aceitar as minhas fraquezas e fragilidades, e assumir de uma vez por todas que as condições e circunstâncias que a vida me proporciona no presente não são de todo propícias ao embarque nesta Maratona , e dizer assumidamente sem vergonha ou fraqueza: não, tenho muita pena mas neste momento não sou capaz de me preparar para fazer uma maratona em Outubro.




Alternativa III

Sonho. Correr no dia 26 de Outubro de 2008, 4horas seguidinhas, nas calmas, confortável, depois de ter treinado o suficiente no tempo que falta até lá, ou até um bocadinho mais para ir confiante, ao lado do Douro e por fim, não desiludir a minha filha desta vez e deixá-la acompanhar-me nos últimos metros da Maratona até cortarmos a meta juntas. Eu sei que apesar da rabugice, ela sente orgulho (também) nestas façanhas da mãe, e no ano passado desiludi-a sim. Apetece-me ter força para dizer: Eu vou! E quero é ter força para levar este barco a bom Porto, sem descurar outros barcos (bem mais importantes) que remo sozinha, sem motor, comandante ou bússula, apenas estrelas no céu e na terra para me guiarem, nem os quero deixar para trás perdidos no mar tempestusoso onde acabarão em náufragos encalhados em ilhas desertas.


. EU VOU

Como dos 3 textos não sabia qual deixar, resolvi deixar as 3 alternativas. Cada leitor escolha a sua e dê continuidade à história se for capaz. Eu até agradeço.