Correr sem blogue

Saio para a rua, à hora de almoço para um volta rápida com a Molly. Fazer xixi, com sorte cócó e para o bicho mexer as pernas, arejar um bocado e ver outras coisas para além do céu.

Ao longe, avista-se um homem a segurar uma trela esticada e na extremidade um ponto vermelho minúsculo.

"Que é aquilo Molly?" - sim, eu falo para a minha cadela! "Um cão de casaquinho? Com esta temperatura?!"

O animal é minúsculo, deve pesar apenas algumas gramas, está preso e a Molly por norma costuma ignorar outros canídeos, por vezes com algum esforço da minha parte, fazendo-me testar a autoridade e segurança. Mas por norma, o mais que pode acontecer é ir cheirar o outro e deixar-se cheirar e brincar um pouco se o outro estiver na mesma onda e seguimos o nosso caminho. Se não surge empatia, ela simplesmente passa por eles e segue, muitas vezes até acelera o passo para se afastar deles, quando sente alguma agitação, antipatia ou agressividade.

Ora desta vez, a Molly, assim que a libertei da trela correu para o tal ponto vermelho, interesssadíssima. Mas ao aproximar-se da coisa, a coisa desata a ladrar e vira-se à Molly como se a quisesse morder. Ora a Molly que é muito boazinha, mas já deixou há tempos de ser tão boazinha que passava a ser mas era parva, trata de reagir da mesma forma, rosna e mostra-lhe os dentes.

Ora o cavalheiro, supostamente dono do animal vestido de vermelho não tem outra reacção que não fosse levantar a trela para cima, elevando o animal no ar, ficando este completamente suspenso e vai rodando sobre si próprio na tentativa de o retirar do alcance da Molly que mediante tal cena, achou que aquilo devia ser algum jogo e vai de se elevar nas duas patas traseiras e saltita para o bichinho que balançava no ar e ainda assim continuava a querer virar-se aos 34 quilos de cão que a Molly representa.

Alcanço a Molly e agarro-a pondo cobro ao espectáculo. Peço desculpa ao cavalheiro, afinal o seu bicho nervoso estava preso e a minha peluda estava solta e foi ter com o dele, ralho com aMolly e faço-a seguir o nosso caminho habitual.

Reflicto e não chego a conclusão nenhuma. Devemos respeitar os outros, eu sei.  Se o nosso cão incomoda os outros, não lhe devemos permitir andar solto...mas o animal tem de mexer as pernas e ter alguma liberdade para se movimentar livremente, e a Molly não agride nada nem ninguém, no entanto pode provocar danos por acidente (derrubar pessoas, irritar/provocar outros cães, etc.). Fico um bocado chateada com o episódio... mas passear um cão sempre à trela é demasiado castrador na minha opinião.

Ao fim do dia fomos andar para outra zona, mais frequentada e praticamente desconhecida para a Molly e aí só andamos de trela, por segurança. Nossa e dos outros.

A dona arranjou maneira de correr um bocado e isto dos treinos e da Maratona está um bocado complicado. Ou não, mas apetece-lhe à dona regressar às origens e regressar às origens neste momento é...correr sem blogue.

Até amanhã querido diário