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quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Abrandamento

O veículo seguia já a mais de 190 km/hr. A estrada era boa e o carro também, mas havia uma inquietude que se traduz em insegurança e medo e é melhor abrandar. O risco é demasiado grande e o preço da alucinada liberdade demasiado elevado. Ela estava bem consciente disso.
Os cento e muitos cavalos têm de ser refreados e as rédeas de novo puxadas para trás. Não se deve andar depressa demais nem voar sem pára-quedas. É bom voar e não ter medo, mas os pés, esses devem sempre estar assentes em terra que cremos firme (mesmo que não o seja).
Devemos soltar amarras para voar mas assim como o barco preso ao cais, quando parte apesar da aventura mar dentro sabe ao que vai, os riscos que corre, vai preparado para acidentes e incidentes (pelo menos deveria de ir) e dali a horas voltará ao cais e será preso com amarras, para se sentir seguro e não ser levado pela maré da madrugada sob a lua prateada e perdido à deriva ficar até as ondas o despedaçarem contra as rochas de além.

Ele parte, navega e voa, mas volta, tem para onde voltar e é bom que haja sempre alguma coisa que o prenda à terra, à vida, se não corre o risco de se perder para sempre e se despenhar contra os rochedos.

A rapariga à mesa do café, entornou a chávena nervosa e os seus dedos trémulos não acertavam uma. Sob o olhar penetrante e firme dele voltou a deixar cair a colher e com um risinho nervoso não conseguiu disfarçar o que sentia. Tentava desviar os seus olhos dos dele mas estes eram como ímanes e os seus colaram-se aos dele. Até hoje ainda.

Abrandei. Sinto-me doente e desde domingo que não corro.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

A zona da partida

28 Janeiro 2007 - Grande Prémio Fim da Europa: de Sintra ao Cabo da Roca, ponto mais ocidental da Europa

Pela primeira vez participei nesta prova. Esta é daquelas: toda a gente nos mete muito medo, e depois eu, ou sou maluca ou qualquer coisa muito parecida, pois acabo a prova e já a coloquei na lista das minhas preferidas e a não faltar sempre que possível!

Cheguei cedo a Sintra. Levantar dorsal, beber café, reencontrar amigos e conhecidos e desconhecidos e a partida é dada. Por fim só!

Correr é um acto solitário! Estou só no meio do pelotão. Estou comigo sob um céu que me abençoa com flocos de neve (Sim! Neve! Em Sintra!) no meio de um verde esplendoroso. A serra de Sintra! Cai neve e chuva sobre nós. Rosto levantado ao céu (que isto de correr devagar dá-nos o privilégio de tanta coisa…) e na falta de originais palavras só me vêm à cabeça estas de José Luís Peixoto:

“…
quando ia treinar passava pelas ruas a correr e ninguém podia imaginar o mundo de palavras que levava comigo. Correr é estar absolutamente sozinho. Sei desde o início: na solidão é-me impossível fugir de mim próprio. Logo após as primeiras passadas, levantam-se muros negros à minha volta. Inofensivo o mundo afasta-se. Enquanto corro, fico parado dentro de mim e espero. Fico finalmente à minha mercê. No início, tinha treze anos e corria porque encontrava o silêncio de uma paz que julgava não me pertencer. Não sabia ainda que era apenas o reflexo da minha própria paz. Depois, quando a vida se complicou, era tarde demais para conseguir parar. Correr fazia parte de mim como o meu nome…”

Foi assim a minha corrida. Sozinha. Apenas comigo. Verde, verde, verde, neve, chuva, vento gélido e cortante. Subir, subir, subir ao céu! Descer e subir, subir e descer vezes sem conta, e sempre o verde a envolver-me. Por fim, meu Deus, por fim avisto o Cabo da Roca! O mar, o farol, oh meu Deus, que aparição divina! Corro para lá, cheia de força, cheia de vida, cheia de alegria, cheia de… simplesmente cheia, já não há vazio dentro de mim!

Termino os 17 Km com 1h28m. Absolutamente extasiada, arrebatada e comovida. Acabei de passar por uma experiência maravilhosa neste mundo que é também de corrida! E depois ainda senti que basta treinar um pouquinho só para me sentir melhor e ver resultados. E resultados não são a marca que fiz ou a classificação obtida, mas sim, o facto simples de como tão bem me senti!

À chegada uma tenda com uma farta mesa onde nos serviam de quase tudo com amabilidade e simpatia, mas acho que o simples chá quente foi o mais apreciado.

Depois, depois foi o pior: entreguei a roupa a um grupo de conhecidos (em vez de entregar à Organização) e houve um pequeno desencontro no final, o que me obrigou a vir procurar o carro cá fora onde fui literalmente varrida e trespassada por um vento cortante sobre a roupa molhada agarrada ao corpo. Oh, meus Deus, ia morrendo! Depois, longos e dolorosos minutos mais tarde, já vestida, entro no autocarro da Camâra que de imediato se pôs em marcha para Sintra onde me aguardava o meu fiel carro, e somente aí consegui deixar de tremer. Mas o mal já estava feito. Os minutos de espera à mercê do vento gelado, até me vestir foram suficientes para hoje ter passado o dia a limpar o nariz e os olhos. É só um resfriado, eu sei, isto passa.

A Organização? Cinco estrelas! Para o ano lá estarei! Acho que não preciso dizer mais nada.

Perdida?

Encontrada!

Fotos de Carlos Viana Rodrigues e Zé Gaspar - mais fotos desta prova em http://www.ammamagazine.com/

sábado, 27 de janeiro de 2007

O meu blog. Desvio e reencontro o caminho de novo.

Solto de novo os cães e os cavalos sem rédeas correm agora e outra vez desenfreados, como nunca deveriam ter deixado de estar. Em absoluta liberdade confundem-nos com loucos e alucinados doentes.

Corpo: Invólucro de plástico que contem e guarda o Ser. Navego neste, busco e rebusco no teu interior sinais, voz, calor, dados que interiorizo, analiso e assimilo. Em autêntica cirurgia revolvo-te as entranhas, sigo o teu sangue e percorro as tuas veias, na tentativa de te atravessar o coração sem o danificar mas antes pelo contrário deixando um rasto que desejo que sigas. O teu Ser, do cérebro aos pés, de forma minuciosa e atenta, analiso este sem te conhecer ainda aquele. Detenho-me nalguns pormenores e sigo em frente, buscando novos dados. Estranha forma de conhecimento este.

Emergem sensações depressa confundidas com sentimentos, originadas pela fraqueza do Ser e do Corpo também que as produz de forma quase instantânea e absolutamente involuntária. Ingénua de novo, tímida e insegura. Tens o dom de me despertar o que estava já há muito adormecido. Imagino? Sonho? Acredito. Acreditarei sempre. Enquanto estiver viva. E eu estou viva.

Depois, quando o Ser estiver desbravado, e a mente embriagada de doçura, será dada a vez ao Corpo.

27 de Janeiro, véspera do Grande Prémio Fim da Europa – Sintra – Cabo da Roca
Levantei-me cedo e corri durante 45 minutos contigo à beira da minha baía de águas mansas. Só para pôr a máquina a funcionar – expressão com que simpatizei bastante ao ponto de adoptar - pois amanhã é dia de prova, e segundo dizem não é nada fácil.

Amanhã voltarei para contar


quarta-feira, 24 de janeiro de 2007


Fiz anos hoje.

Tive um dia feliz. Sou uma menina (de 38 anos) mimada, estimada e querida de muita gente.

Chorar pelo que não se tem, ou Sorrir pelo que se tem?

Como se tivesse acabado de fazer uma descoberta astronómica e só acessível a indivíduos com uma inteligência acima da média, escolhi a segunda feliz, e hoje sorri até bater com o sorriso nas orelhas, rasgando-o até ao limite.

Fiz 1h30m de corrida contínua lenta ao longo dela, contornando-a de mansinho como que a afagá-la com o meu corpo inteiro, sob um Sol bonito e uma paisagem clara, límpida e brilhante. Emana vida esta luz. Tudo está mais bonito hoje. Apenas um vento gélido me fustiga no regresso, mas chego a casa com o tempo estipulado.

O dia esteve assim para mim! Maravilhoso! Ou fui eu que estive “assim” para ele e o influenciei?


segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

O dia seguinte

Depois da Meia de ontem não julguem que arrumei as botas, e que vou estar parada até a uma próxima prova para depois me vir queixar da falta de treinos, o que deverá acontecer já no próximo domingo: o Grande Prémio Fim da Europa (Sintra - Cabo da Roca)

Isto agora não é para parar! A forma, redonda ou quadrada, vai ter de melhorar! Ai isso é que vai! E para o conseguir, há que Treinar, Treinar, Treinar, Descansar, Treinar, Treinar, cuidar da alimentação, Treinar, Perder peso, Treinar e Treinar.

Literalmente a correr, fui correr e corri de forma relativamente cómoda durante 42 minutos à beira da minha baía. Linda, com o reflexo da cidade e as barcas deitadas e adormecidas nela, sob o olhar vigilante e atento dos guardiães da noite dispostos em fileira ao longo dela. A ponte e o Cristo Rei ao longe. Magnífica prenda para os olhos e para a alma. Depois, ainda com poucos alongamentos feitos, o corpo a fumegar e o rosto coberto de suor limpo a correr também, apresento-me na aula de Patinagem da minha filha para a ir buscar! Faltam exactamente 30 segundos para as 20:30hrs e entro no ringue! A aula acabou de terminar e a pequena descansa a expressão ao ver-me entrar enquanto ia já tirando os patins. Sorrio para ela. Sorri-me ela também! Nova corrida se inicia. A do fim do dia.

domingo, 21 de janeiro de 2007




9ª Meia Maratona Manuela Machado

Estive lá.

-Vais sozinha?
- Vou. – Respondo com naturalidade defendendo que mais triste que ir sozinho é deixar de ir por não ter quem vá connosco. E porque eu quero ir, vou, mesmo sabendo também que a viagem e parte da estadia seria solitária, assim como as despesas apenas a dividir por um. É o custo da independência.

Pois se a viagem fiz só (cerca de 420 Km), já o mesmo não posso dizer desde que pisei solo vianense. É porque os Amigos são bem mais que simples anónimos e hipotéticos admiradores que nos apoiam e valorizam em meia dúzia de palavras numa comunicação virtual. São reais! De carne e osso, com sangue a correr nas veias e brilho no olhar. Como eu.

Assim vi Viana mais bonita que nunca. A noite caída, os telhados molhados da geada, as ruelas estreitas, o piso irregular, o eco dos passos e o frio a contrastar com o calor da amizade, o vinho nos lábios, o momento especial repetido a cada segundo, pareceram-me coisas extremamente valiosas e belas que vou guardar no peito. E para o ano vou querer voltar a Viana.

A Prova

Divido a prova em três estádios. Até ao km 6 sensivelmente, em que, “entregue” ao Serafim Lourenço pelo meu amigo Jorge Teixeira, andamos num passo calmo que me parecia devagar demais mas temia avançar e quebrar pouco depois, pelo que me deixei ir.

Nessa altura o Serafim resolve abrandar para acompanhar um amigo que estava com algumas dificuldades, e eu sigo aproveitando para diminuir a lentidão em que seguia. Depressa fico sozinha e avanço. Cada mulher avistada é motivação para avançar e assim mesmo devagar fui passando alguns atletas e mantendo o meu “novo” ritmo.

Pena que só durou até ao Km 18 sensivelmente. Aí, acabou-se-me o gás quase todo. Restou algum para não parar de correr mas quase alucinada ia avançando com a nítida sensação mecânica de mexer as pernas sem saber muito bem até quando as pernas resistiriam. É a consequência da falta de treinos.

E as pernas resistiram até à meta, onde chego com vontade de me atirar e de cair nos braços de alguém, mas não caí! Mantive-me de pé, como se de uma vencedora se tratasse. 1h57m44s marca o meu cronómetro.

Como disse o meu amigo Zen num comentário aqui deixado, independentemente do tempo que demoraria a fazer a prova, o que realmente importa e interessa é o facto de eu ali estar, para correr e conviver.

E eu estive lá, corri e convivi. O que realmente importa e interessa, simplesmente ... aconteceu!


sábado, 20 de janeiro de 2007

Véspera da Meia Maratona Manuela Machado – Viana do Castelo

Levanto-me cedo e faço 30 min de corrida contínua. 30 min lentos, que por todas as razões não poderiam ser de outra forma.

Como me sinto? Pesada. Como farei amanhã isto multiplicado por 4 vezes (4 x 30m = 2 horas) ?

Não sei. Mas também me parece que me senti melhor perto dos 25 minutos de treino do que antes disso…

Espero cá estar amanhã para contar.

Agora, vou fazer-me à estrada.

Até amanhã

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Novo ano, novo cronómetro, novo Pulso!

Pois se vou fazer a Meia Maratona Manuela Machado (
http://www.mmviana.com/ ) daqui a três dias, achei por bem voltar a pôr a máquina a funcionar mais um bocado, dado o tempo que esteve parada.

Assim ao fim do dia lá roubei uma horinha e fui correr. 1 hr de corrida contínua não muito lenta. Que significará isto? Nem eu sei, simplesmente foi a um ritmo não muito fácil para mim. Que significará isto? Que andei rápido (para mim) ou que estou tão mal que até o lento me parece rápido? Bem, a distância percorrida diz-me que comparando com alguns treinos nos passados meses, de facto não me foi um treino muito lento. Cheguei com 27m27s onde já cheguei a chegar com 30m. Lá andei às voltas, de forma que acabei por chegar a casa com 1 hora de treino, conforme tinha planeado. Para a Meia de Viana do Castelo, prevejo fazer umas duas horas. Hoje terei feito meia Meia? Conseguiria manter o ritmo pelo dobro do tempo? Acho que hoje fiz mais que meia Meia, mas conseguiria manter o ritmo pelo dobro do tempo de forma a fazer menos de 2 horas na Meia?

Estes pensamentos cansam-me mais que o treino…

E preciso de dormir. O sono é parte integrante do treino. Sem o sono necessário, por mais que se treine, só daremos oportunidade à fadiga de se instalar.

Até amanhã

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Os Homens e as Máquinas, ou neste caso

A Mulher e a Máquina

Eles passam por mim e vejo-os através da vidraça do escritório. É quase meio-dia, está Sol em Lisboa, e correm em grupos numerosos ou de 2 ou 3 apenas, de camisola ensopada e pernas másculas e bem trabalhadas exibindo os músculos em cada passada vigorosa subindo ou descendo a calçada. Homens. Ainda não vi lá passar nenhuma mulher a treinar, já que a correr é frequente, tendo em conta o bulício em que a cidade vive e no qual eu participo. Têm sorte eles. A correr a esta hora.Não, a foto não está estragada nem ficou escura sequer. Está autêntica, é pura realidade em imagem digital. E é apenas o lugar e a hora em que termino o meu treino de hoje: 6:30Hrs da manhã e findo um treino de 46 minutos sensivelmente.

Seguindo o conselho de um companheiro de estrada (obrigada Serafim Lourenço), hoje tive de ir “pôr a máquina a funcionar”, e é se quero ir correr os 21097 m da Meia Maratona de Viana já no próximo domingo. E eu quero! Ai isso é que quero! Quero ver se me colo ao grupo das 2 horas e não os largo.

A “máquina” funcionou suficientemente bem no meio da escuridão. Luzes de presença, médios e máximos penetravam na noite e abriam caminho. As juntas estão bem oleadas e o peso da carroçaria não é demais para os pneus. A máquina funcionou, e bem iluminada enfrento a Meia com uma tranquilidade relativa.



Mas uma outra máquina já não funcionou assim tão bem.

Com a humidade da noite, se andava já a mostrar sinais de cansaço e velhice, hoje, o motor gripou por completo.

Chego aos 23 minutos e retorno.

A partir desse fatídico momento, nunca mais o meu querido e único cronómetro deu sinal de vida.

Sinais vitais perdidos. Morreu…

Não, não é da pilha, ele já andava com problemas de saúde antes. E hoje morreu.

Ele que me acompanhou nos últimos 12 anos, o que corresponde a praticamente todo o tempo de corrida e provas de forma mais regular e activa, hoje deixou de respirar.

Fiz com ele todos os treinos, todas as preparações especiais e vulgares e todas as provas e todas as maratonas.

Uma vida em conjunto que acaba hoje.

Sob o Sol escaldante, a chuva intensa, o granizo, e até a neve, ele esteve sempre comigo enquanto eu corria.

Na estrada, na praia, na serra, no pinhal. Ouvindo-me respirar e amparando o meu suor, misturando-se nele, entranhando-se-me na pele e fundindo-se em mim. Sentindo o que eu sentia, sofrendo e sorrindo comigo.

Um verdadeiro companheiro este. Já me era absolutamente impossível prescindir dele quer nos treinos quer nas provas. Ainda vou ver se o ressuscito mas temo que não seja possível, pois nesta vida há danos que são irreparáveis e irreversíveis.

É assim a vida. Páginas viradas, páginas em branco para preencher, perdas e ganhos, portas fechadas e outras portas à espera de ser abertas. Avanço para a próxima porta e aperto a chave na mão direita fechada e transpirada pelo medo da incerteza mas também pela coragem da descoberta.

sábado, 13 de janeiro de 2007

O quê? Pensam que já estou na mesma? É p'rá amanhã, amanhã começo, amanhã mudo, amanhã faço, amanhã peso-me, amanhã corro, amanhã estreio os ténis, amanhã VIVO?!

“É p'rá amanhã
Bem podias fazer hoje
Porque amanhã
sei que voltas a adiar

E tu bem sabes
como o tempo foge
Mas nada fazes
para o agarrar

Foi mais um dia
e tu nada fizeste
Um dia a mais
tu pensas que não faz mal

Vem outro dia
e tudo se repete
E vais deixando
ficar tudo igual

É p'rá amanhã
Bem podias viver hoje
Porque amanhã
quem sabe se vais cá estar

Ai tu bem sabes como a vida foge
Mesmo que penses que está p'ra durar
Foi mais um dia e tu nada viveste
Deixas passar os dias sempre iguais
Quando pensares no tempo que perdeste
Então tu queres mas é tarde demais”


António Variações

NÃO! Pois fiquem sabendo que estreei os ténis hoje, corri hoje (podia só estrear os ténis e ter ido com eles dar uma volta ao centro comercial, mas não!), mudei hoje, fiz hoje, diverti-me hoje, ri-me hoje, amei hoje, sonhei hoje e VIVI hoje!

Só não me pesei hoje… e… também não fiz umas tantas outras coisas hoje que gostaria de ter feito, mas essas não digo, e o importante é o que fiz, e não o que não fiz!

Pois, de facto experimentei os ténis e estão aprovados.

Muito levezinhos, a deixar arejar os pés com o ar frio e húmido da baía passava pouco das sete da manhã, um amortecimento razoável (pensei que fossem melhores neste aspecto ou então os que tenho usado estão ainda em muito bom estado e daí não sentir grande diferença, acho que é isso), mas não me estão como uma luva… há ali um espaço na lateral exterior à frente que não me agrada muito.

Talvez umas meias mais grossas resolvam o problema. Experimenta-se para a próxima.

Se há coisa com que sou esquisita é com os ténis para correr. E se quando descobri os ténis que se encaixavam nos pés como as luvas nas mãos, e os passei a adquirir – sempre o mesmo modelo – até à quantidade de uns 3 pares, a partir da altura em que se deixaram de fabricar a minha satisfação com os ténis adquiridos não tem passado do apenas razoável.

Se isto pode parecer uma preocupação ridícula pelo facto de ser uma "atleta" do nível que sou, pois engane-se quem assim pensa. O calçado é apenas uma das muitas preocupações e necessidades absolutamente comuns entre a elite e os coxos. Na sua maioria, atletas com níveis incomparáveis têm as mesmíssimas preocupações e necessidades.

Estes primam pela leveza e arejamento. Um dia quando eu for uma atleta menos lenta, ainda vou gostar muito deles, não sei é se nessa altura eles ainda estarão no seu tempo de vida útil.

Resumindo: aprovados eles, e eu ? Hum, … nem por isso.


Assim, hoje corri à beira da baía no meio do nevoeiro durante uns 40 minutos. Com quem? Comigo e com esses companheiros das águas mansas onde repousam exaustas as barcas e os meus olhos.






sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Não corro desde a S.Silvestre do Porto.

Hoje entra-me no escritório um jovem simpático com um embrulho tipo caixa de sapatos e pergunta :

- Bom dia! Ana Pereira, está ? É uma encomenda

- Sou eu. – Respondo sabendo já o que era.

O rapaz sorri-me e dá-me o papel a assinar: - é da Reebok. – Assino e retribuo o sorriso. Tem um sorriso bonito o rapaz.

Era o prémio que ganhei no mês de Novembro, de forma algo suspeita (ou não) no fórum Mundo da Corrida, visto o júri estar resumido a um único indivíduo, tendo sido o concurso suspenso pelo mesmo logo depois da súbita suspensão e atribuição de prémios.

Acontecimentos estes que me passam ao lado e não me incomodam nem um pouco. Na prática, ganhei mais um par de ténis, o que muito me enalteceu (o texto nem é mau de todo e até teve um voto dos utilizadores do fórum) e depois com o magro orçamento que grande parte dos portugueses auferem comprar ténis de corrida não pode ser quando se quer e se precisa, por isso, acho que não preciso dizer mais nada. Ganhei um par de ténis. Ponto final parágrafo.

Seria assim e estaria muito feliz se tivesse podido escolher o prémio, tendo obviamente de me cingir a “sapatos de corrida” e até um determinado valor. Como por essa altura nem me fazia falta mais um par de ténis, resolvi pedir o prémio (o meu prémio) com um determinado tamanho e características. Queria oferecer o meu prémio a um amigo meu que se anda a iniciar na corrida, tem mais dificuldades económicas que eu e que passa o tempo a queixar-se das costas e dos joelhos cada vez que corre, enquanto eu lhe ralho que anda a correr muito mal calçado! Queria dar-lhe o meu prémio e por isso pedi os ténis com características que se adaptassem a ele.

Quando a Revista Atletismo tinha em vigor um concurso idêntico e onde o patrocinador era precisamente o mesmo (Reebok), e os ténis oferecidos eram do mesmo nível de qualidade, e onde eu cheguei a ganhar uns 5 ou 6 pares, cheguei a pedir ténis para o meu pai e irmão, e nunca houve obstáculo algum. Afinal o ganhador tem direito a pedir o prémio com as características que entender desde que dentro de óbvias limitações.

Pois qual não foi o meu espanto quanto o Júri e Administração e proprietário do dito Fórum e concurso me dizem que não senhor, não podia pedir sapatos para homem nr. 43! O que não diria a Reebok se uma mulher pedisse um sapato para homem nr. 43. Ia agora aquele concurso, aquele júri, aquela administração e aquele fórum atribuir-me um prémio para depois eu o ir dar! Ainda por cima a um amigo! Um Amigo! Não podia e ponto final!

E como quem pode, manda, o utilizador do fórum e ganhador do concurso (neste caso eu) teve de se submeter à vontade do dono do fórum e se não quis ficar sem prémio, teve de pedir um sapatinho feminino!

Et voilá! Esta é a história do muito provavelmente último prémio que ganhei no afamado fórum.

E são lindos os sapatos!!! Oh se são! E claro, escolhidos por mim até ao pormenor da cor! Obrigada Reebok!

Reebok, Sapato de Corrida, Modelo específico para mulher, Aero Elite , DMX Foam. Está definido no site da Reebok como um sapato ideal para corredores em busca de um ritmo rápido (lá em busca ando…), mas o que me fez escolhê-los foi a sua principal característica ser um excelente amortecimento combinado com uma óptima flexibilidade. São muito leves e macios. Amortecimento é sempre o que mais procuro que um sapato de corrida me dê, tendo em conta o meu peso e a Osteopenia de que padeço. Talvez este sapato perca um pouco em estabilidade, e talvez não seja o ideal (se é que isso existe) para mim. Talvez o Paulo Silva me pudesse ter aconselhado qualquer outro modelo mais indicado para as minhas características, mas acho sempre que as pessoas têm mais que fazer que aturar-me.

Bom, o que interessa é que amanhã vou estreá-los.

Digam lá se não são lindos?

O meu amigo? Claro que continua a correr e já anda bem melhor calçado! As costas e os joelhos agradecem-lhe! Um dia destes ainda o vemos por aí numa "provazeca" qualquer.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Vontade de escrever? Tenho sim, mas tenho optado pelo silêncio, numa tentativa vã de me salvaguardar e proteger. Inibo-me de ser eu e isso não é bom. Ou simplesmente serei tão mais eu que não necessito disto? Não, é mentira, ainda não é altura. E tu ainda não chegaste.

Este espaço foi sempre terra prometida de liberdade. De índios e búfalos e cavalos a correr. Onde crescem plantas magníficas às vezes ameaçadas por ervas daninhas. Terra de sonhos, contos, fábulas e realidade também, essa companheira intrínseca à vida. Terra onde perversão e desejos se misturam deliciosa e maliciosamente num sonho às vezes quase real .Onde as balas dos cowboys nos põem a sangrar mas jamais nos matam. Porque não deixamos.

E assim vai continuar a ser! Alheia a tudo, despida, aqui me encontro.

E lanço-me nos teus braços, repouso a cabeça sobre o teu peito e enquanto me acaricias o cabelo e o rosto, eu adormeço feliz, enroscada em ti. Porque tu afinal existes e eu estou só, e tu tão só estás (assim dizia a canção do Variações), e hoje o meu coração tem música lá dentro. Embalo-me na doce melodia e deixo-me ficar, ganhando forças para mais tarde me levantar.

Amanhã ao acordar eu e o Sol, não sei se ainda tu existirás. Mas importa isso? Nem eu sei se existirei. Nem o Sol. Abraça-me só, hoje. Amanhã é outro dia.
"Uau! Que cena, meu!"

Outra versão do mesmo filme:

E amanhã acordarei a sorrir. E vou ter de recomeçar a correr, chega de vida nada boa! Estou quase como esse gato gordo!

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

2007 - Ano Novo, Vida Nova. É o que se costuma dizer não é?


2007 - Feliz Ano Novo para todos, com muitas Corridas e todas as condições para as correr! (podem acrescentar o que mais quiserem...que eu deixo)



Nalgumas coisa, a mesma vida, porque isto há coisas que por mais que nos esforcemos não há grande volta a dar. Porque se a déssemos (a volta) teria de ser mesmo muito e muito grande. Não quer dizer que não a dê, mas vamos com calma que isto de voltas acabei de dar uma bem grande e sem retorno. Já não era sem tempo! E este Ano, no que depender de mim, vai ser um Ano Bom! Isto porque se costuma (eu costumo) pedir que desejos se realizem e depois ter atitudes (eu outra vez) que dificultam, impedem ou mesmo contrariam de todo o que se desejou. Complicado? Não, não é. Eu é que costumo ser…às vezes.

O Regresso

Acabaram-se as férias escolares da filhota e felizmente tudo regressa à normalidade. À minha normalidade.


Pouco passa das seis da manhã e toca o despertador. Saio da cama quente e já despida pronta para o banho espreito a rua do alto do meu primeiro andar, e uma lufada de ar frio e nevoeiro invade-me a casa, contra o meu rosto e peito, arrepiando-me da cabeça aos pés. É escuro ainda e mal se avistam os carros no passeio tal é a densidade do nevoeiro. Apresso-me a fechar a janela, e a abrir a torneira de água quente com a qual me lavo em gestos prazenteiros.

Se treinasse de manhã, era a esta hora que deveria já ter acabado o treino e estar exactamente a entrar na banheira, ainda a fumegar e a escorrer suor.

Bom, novo ano, novas provas. Recebo a "Atletismo" e a agenda de corridas pode ficar já cheia com provas em que gostaria de participar:

21 de Janeiro – Meia Maratona Manuela Machado – Viana do Castelo
28 de Janeiro – Grande Prémio Fim da Europa - Sintra

4 de Fevereiro – Grande Prémio José Afonso – Grandola
11 de Fevereiro – Grande Prémio do Atlântico – Costa Caparica
18 de Fevereiro - 20 Km de Cascais

4 de Março – Corrida da Mulher - Porto

11 de Março – Corrida das Lezírias – Vila Franca Xira

18 de Março - Meia Maratona de Lisboa

25 de Março - Corrida do Dia do Pai - Porto


31 de Março – Trilhos do Mogadouro


Como se vê, estímulos não faltam, agora, há que escolher a quais quero ir, quais me é possível ir (por todos os motivos), treinar para as escolhidas, e … Recomeçar!