Mergulho no Arquivo, prateleiras cheias, meticulosamente arrumadas e divididas por meses, e de Abril de 2006 parto e folheio e releio algumas partes, salto outras, avanço no tempo e no espaço também e chego de novo a hoje, a esta casa de quem não tem casa.
Poucas coisas parecem ter mudado. Porque eu não quis nem quero o suficiente. Enigmática explicação esta, fácil e levianamente traduzida e interpretada como estupidez e debilidade.
As roseiras do meu quintal continuam a crescer selvática e assustadoramente, no meio de um emaranhado de arbustos silvestres e ervas daninhas e outras que parecem querer engoli-las e encostá-las ao muro, esmagando-as, mas elas, as roseiras por podar insistem em crescer e viver e avançam em direcção ao céu. Já ultrapassam o muro do meu quintal, e eu, perante a selvajaria que se apoderou dele, prostrada e inerte, através da vidraça, só as vejo se levantar os olhos para o céu.

Fui vencida e já perdi o controlo, embora teime muitas vezes em dizer o contrário. Mas é preciso que o continue a dizer sempre. Pois o dia em que deixar de o fazer, não será só a esperança a ter morrido.
Lá fora passa a vida. E eu aqui, sem ninguém para impedir que o Sol me acorde e invada a casa todas as manhãs e me fira e magoe como raios de lume e ferros em brasa que me espicaçam a carne e a estorricam deixando no ar um odor nauseante e fétido, obrigando-me a levantar e suportar-me mais um dia.
Enjoada. Estou enjoada. Enjoada de mim, como se viajasse há demasiado tempo em jangada de madeira à toa em mar tempestuoso. À deriva, sem timoneiro e à mercê da ondulação que eu própria gero.
Hoje não corri. Simplesmente porque não quis.
Lá fora passa a vida. E eu aqui, sem ninguém para impedir que o Sol me acorde e invada a casa todas as manhãs e me fira e magoe como raios de lume e ferros em brasa que me espicaçam a carne e a estorricam deixando no ar um odor nauseante e fétido, obrigando-me a levantar e suportar-me mais um dia.
Enjoada. Estou enjoada. Enjoada de mim, como se viajasse há demasiado tempo em jangada de madeira à toa em mar tempestuoso. À deriva, sem timoneiro e à mercê da ondulação que eu própria gero.
Hoje não corri. Simplesmente porque não quis.