4ª feira, 11 de Outubro de 2006
Faltam já e apenas 4 dias para a Maratona do Porto
Fora e Dentro
Lá fora escurece rápido. Aqui dentro escurece rápido também.
Lá fora chove. Aqui dentro chove também.
Lá fora está frio. Aqui dentro está frio também.
Lá fora já a noite caiu sem estrelas. Aqui dentro é noite sem estrelas também.
Lá fora estou só. Aqui dentro só estou.
Lá fora não corri. Aqui dentro também não corri.
Lá fora parei. Aqui dentro paro.
Lá fora morri. Aqui dentro morro também.
Resta-me esperar que amanhã nasça o dia. E que aqui dentro o dia nasça também.
Que o sol brilhe lá fora. E que aqui dentro brilhe o sol também.
Que eu corra lá fora. E que corra cá dentro também.
Sem força, por agora, resta-me esperar com a resignação própria dos derrotados, que sabem que serão sempre degolados e queimados vivos, dêm lá as voltas que derem... (não, é claro que não estou a falar da Maratona), e assim será por uma simples e cobarde razão: deixarem de ser eles próprios... incapazes de alterar o rumo do seu barco mesmo que seja evidente que este se precipita contra a ravina fatal...
Gritos de ajuda. Socorro... Ninguém me ouve. As pessoas passam indiferentes e alheias na rua, distraídas a ver as montras e incomodadas pelos moribundos estendidos no chão no meio de excrementos e sangue e urina, tudo fresco como nos melhores hipermercados onde as famílias passam os domingos.
2 comentários:
Olá, Ana.
Gostei do texto (como sempre)e do extraordinário "boneco". Depois...saíu-me isto:
Com lápis de carvão em folha branca
É feito p’ró o papel um exorcismo
E nesses traços o artista arranca
A expressão da volúpia num grafismo.
Olhando tal gravura, que é tão franca,
A mente é invadida pelo realismo
Despertando os instintos animais
E as sensações não são só visuais.
Beijinho.
Olá Fernando!
Se acho bem, "aprovo", se não "apago"... - palavras suas. Oh Fernando, as suas palavras aqui são sempre uma autêntica lisonja para mim.
E se fui "obrigada" a esta prévia "aprovação" ou "não aprovação" dos comentários, que pode ser confundida com Censura do tempo do outro senhor, o Fernando é daqueles que sabe bem as minhas razões, pois como se viu, sob o hipotético direito ao anonimato (que se mantém aqui ainda), há ainda muita gente que se acha no direito de ofender, consporcar e o pior de tudo, fazer-se passar por outro (como tentaram fazer-se passar por mim), com a clara intenção de denegrir a imagem desse outro (esse direito tirei-o, pois ninguém o tem - é a tal história que nem todos compreendem: a nossa Liberdade acaba quando começa a do Outro), pois como se diz por aí, esta é a minha casa, escreve cá quem quiser desde que eu queira também, e para eu querer basta que saibam usar a Liberdade a que têm direito,e parando quando estão a entrar na Liberdade do Outro.(e fazer-se passar por outro, é não saber usar a Liberdade...)
Sinto-me trapalhona hoje (só hoje perguntarão?) mas espero ter-me feito entender.
Um Beijinho Fernando, e espero lê-lo mais vezes por aqui.
Ana Pereira
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