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segunda-feira, 26 de junho de 2006

26 de Junho de 2006

Sentados à mesa do café, de olhos nos olhos, ela entusiasmada diz:

- Dia 9 vou à Serra da Freita! Queres ir? Podias ir! Ias gostar! Não queres ir? – a sugestão saiu espontânea e natural como era o brilho dos seus olhos quando falava de corridas e partilhava o seu entusiasmo na por vezes vã tentativa de transmitir aos outros o que sentia ela, contagiando-os.

- Ir…até podia ir. Até podia ir contigo… - diz o moço num misto de vontade e de falta dela – …mas depois…lá começava o outro outra vez a desconfiar, a ameaçar-me…essas coisas…

Ela, decepcionada sem surpresa, compreendeu e baixou os olhos, talvez para o não magoar mostrando a sua desilusão, ou talvez pelo contrário para dessa forma a acentuar:

- Pois….Claro…

Com os dedos delgados e compridos sensuais pegou na chávena de café e deu o último trago amargo e intenso, mudando de assunto, falando de nada.

- Tu já sabes, sou teu amigo – tenta remediar ele – Ajudaste-me quando precisei, por isso conta comigo quando precisares, já sabes.

Ela já sabia, e sozinha na mesa, sorri com tristeza.

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Ai, se nós não precisássemos de ninguém!

Se fôssemos independentes de tal forma, que uma total auto-suficiência de sentimentos e emoções nos chegasse para sermos felizes e estarmos bem!

Mas por mais que os outros nos passem ao lado, vivemos com os outros, e somos nós os outros para os outros.

É esta a nossa riqueza e a nossa perdição. A capacidade de sentir emocionalmente. O envolvimento e o sentimento que nos une, nos separa, nos ampara ou nos destrói.

Felizes os que se amam o suficiente para não precisarem de ninguém.

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