Claro que nem por isso se julgue que esteve efectivamente parada. Bem pelo contrário.
Entre outras (muitas outras) coisas, ela mexeu. A entrada da filha na escola, as caminhadas (longas e duras) e a praia, ainda enquanto se pode aproveitar despida e sentir o sol e o sal na pele.
E mais um recanto deste Portugal descoberto: A Praia da Ursa, a praia mais ocidental da Europa, a dois passos do Cabo da Roca, ali mesmo pertinho de Sintra e da Azóia.
De acesso difícil, ela constatou o que já sabia: jamais será uma atleta de trail. Ela tem consciência que é uma medricas a descer, e gostaria de ter metade da perícia e destreza dos pescadores que por ali abaixo deslizam como serpentes brilhantes e carregados que nem uns burros com o material de pesca. Ligeiros descem a encosta numa harmonia e equilíbrio admiráveis. Mas ela não. Ela vai pé ante pé, tem medo, escorrega, e é uma medricas é o que é. Mas nem por isso desiste, é persistente. Devagar, a escorregar, rabo no chão, ora cai ora levanta, ela demorou imenso tempo a descer ao areal mas nunca duvidou que valeria a pena.
Lá em baixo uma pequena praia acolhedora. Rochas sobressaem da água e ela procura "a ursa", a que dará nome à praia. Várias rochas de vários ângulos observadas com atenção à espera da ursa. E de repente parece que a ursa é ela. Assim como de repente, quando já tinha deixado de procurar e descansa a cabeça no peito dele molhado, salgado e quente, de repente avista-a: a Ursa. Magnífica e imponente. A Ursa. Ao Sol, de barriga para cima como ela. Bela e magnífica. Mais tarde a rapariga averigua, procura alguma informação sobre tão singular lugar de beleza arrebatadora e parece que afinal a Ursa da praia não era aquela mas sim outra, embora já meio destruída pela erosão...
Parece pois que afinal a Ursa era uma outra rocha, do lado Norte da praia, rocha alta a fazer lembrar uma ursa em pose altiva. Conta a lenda que há milhares de anos, quando a terra estava coberta de gelo, ali naquele lugar vivia uma ursa e suas crias. Quando o degelo começou, os Deuses avisaram todos os animais para abandonarem a beira-mar, mas esta ursa, teimosa que nem uma ursa, recusou-se pois ali tinha nascido e ali queria ficar. Os Deuses enfurecidos transformaram a ursa em pedra e os seus filhotes em pequenas rochas dispersas à volta da mãe e ali ficaram para sempre dando assim o nome à praia.
A descida e o medo vencido |
A meio da descida |
A vista sobre a praia |
Descubram a Ursa |
Está plenamente convicta que viu a ursa, teimosa e persistente como ela.
11 comentários:
Olá Ana,
Gostei das fotos e do que escreveste...mas quanto a ursas...podem existir muitas mas não as vejo por aqui. O que vejo são duas belezas...
Fernando Sousa
Bjs
Essa foi a praia da minha infância!
Fui lá inúmeras vezes!
Já passaram uns anos valentes desde a última vez que lá fui. Num dia que fui assistir ao Grande Premio do Fim da Europa deu-me na cabeça ir lá abaixo à Praia da Ursa. Lá dei com o caminho e tenho ideia que não me custou muito a descida. Se calhar lembrava-me da aventura que era descer aquilo na minha infância com a família e agora pareceu-me mais facíl!
Também não sou um atleta de trail no sentido que desço muito mal e tenho péssimas condições morfológicas para fazer descidas técnicas!
O grande "problema" é que cada vez gosto mais de trail e menos de alcatrão!
Claro que isso do trail, como em tudo, com o treino e a pratica melhora-se sempre e a "pikena" tem a enorme vantagem de poder fazer alguns treinos com esse grande (enorme) senhor do trail que é o Joaquim Adelino.
Quem me dera a mim poder fazer uns estágios com ele e ter as vossas condições para treinar (aqui é tudo muito plano).
Conto consigo na Corrida do Monge (para chegar bem na minha frente!)que ainda me lembro do comentário que fez o ano passado no UK sobre a prova! Beijinho.
Não sei porque dizes que jamais serás uma atleta de trail. Quem sou eu para falar, mas a verdade é que venceste os teus medos e não desististe!
Esse é que tem de ser o espírito, certo?
Beijinhos.
De "crocas" estavas à espera de quê? Calça lá uns Asics de trail e vais ver... ;)
Beijinhos
Eu também acho que realmente parece um a ursa, ou outro animal deitado de barriga para cima, sim.
Descer não é bom mesmo....
vamos à Nazaré??
beijinho
Olá Ana :D
Estive no Cabo da Roca há bem pouco tempo, mas não fui à praia! Por outro lado, em Arenas pude treinar à vontade o meu lado de cabrinha montesa, porque passávamos o dia a trepar pedras, a subir e a descer o rio e a trepar às árvores :) E é tão bom o contacto com a natureza :D
Beijinhos e tem um bom resto de semana :D
essas descidas...
a gente se acostuma, viu, ursa;)
o lugar é lindo, e eu já me imaginei subindo e (morrendo de medo) descendo esse morro aí da foto:)
fiquei encantada com o lugar!
Já me falaram dessa praia e do difícil acesso. Compensa o difícil acesso pela beleza e sossego.
Eu gostaria de fazer trail mesmo por isso, mesmo fazendo figura de ursa. :)
Bjs
Ui, tenho pavor de descidas inclinadas!
Olá Maria
A praia da Ursa é paradisiaca, pela paisagem, pela areia macia, e pelo sossego, este ultimo muito ajudado pelas condiçoes de acesso bastante dificeis.
Nas dificuldades com as descidas, como me diz uma amiga "isso quer é continuação" e a gente habitua-se :)
Bjs especiais
Pois estava a pensar o mesmo que o Pedro carvalho!
Com uns Trabuco outro galo cantaria!
Claro que não transforma uma pessoa num super especialista em descida técnicas mas faz muita diferença e é uma grande ajuda!
Depois se a descida for mesmo "feia" (ou bonita depende do ponto de vista!) o uso de bastões de caminhada é outra grande ajuda!
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