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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Crise e as Farturas

Fim de tarde, dia de trabalho findo, escuro e frio húmido na rua. Sai do Pingo Doce com um saco de plástico que comprou para trazer as compras, pois mais uma vez esqueceu-se de trazer um dos tantos que lá tem em casa e usa para juntar o lixo.

Abancada no parque de estacionamento está de novo a rulote das farturas, com o óleo quente a fumegar e a perfumar o ar frio com o cheiro doce, quente  e reconfortante da fartura. Apeteceu-lhe uma. Muito. Como se o desejo a invadisse e se apoderasse dela, assim de repente, como se estivesse grávida outra vez na sua vida e isso fosse uma banalidade para expressar num blogue e razão para sentir desejos súbitos.

Podia comprar uma. Não. Não iria comprar uma só para si. Teria de levar uma para a filha que tanto as aprecia e também para a Mãe e outra para o Pai, com quem ia estar dali a minutos, e sabendo quanto eles gostam de farturas.

Fez contas rápidas de cabeça. Não seriam menos de um euro cada uma. Não teria dinheiro que chegasse na carteira. Ou teria, mas faltaria para comprar o pão diário e o leite e mais uma fruta ou outra talvez, que terá de durar pelo menos até à próxima jorna, que recebe semanalmente pelo seu segundo trabalho e será já segunda feira.


Desculpou-se mentalmente que estava praticamente na hora de jantar, argumentou para si própria que ninguém tem necessidade de farturas, e que ela menos que ninguém precisa delas pois está de novo a engordar que nem uma vaca (no tempo em que as vacas eram gordas).

Apressa o passo pois uns faróis de carro incidem sobre ela, aproximando-se mais depressa do que deviam, e chegada ela ao seu próprio veículo, toma o caminho de casa e retoma a sua lida. Sem farturas.

Até amanhã querido diário

7 comentários:

Zen disse...

Olá Ana

Mesmo não havendo fartura, ainda há farturas. Antes era igual, mas as farturas tinham um preço "democrático" e todos podiam comê-las. Além de que, sem censura, ainda podíamos lamber os dedos e o papel no qual ficava colado a combinação divina da canela com açúcar...

Como diz a canção "dantes matava-se o tempo meu..." agora é ele que nos mata, entre outras coisas...

Adoro farturas!

Fazem parte da minha infância de "feirante" (juntemos-lhe o algodão doce e os sorvetes).

Continuo a achar que gosto delas porque me fazem lembrar as saborosas filhós natalícias da minha mãe, ou talvez não... Pode ser a distante e saudosa infância, a alegria pujante dos mercados da época, a gulodice que ainda conservo... não sei, talvez isso tudo junto, a memória é como a raiz de uma árvore. Gosto pronto!

Beijinhos.

horticasa disse...

ÓÓh que desilusão, já estava a pensar que te tinhas deliciado a comer as farturas todas sem dividires com mais ninguém?! Afinal nem sequer as compraste....
Fizeste bem as farturas não fazem falta nenhuma, beijo eugénia

E disse...

tão bom se a fartura nunca faltasse, e não engordasse;)

aqui brincamos dizendo que vivemos com fartura: farta tudo, pão leite, dinheiro rsrsrsrrs

esse doce me lembra a minha infância...

bjs

Anónimo disse...

Ana,

Gordinha ou não, participes ou não participes nas corridas, nunca deixarás de ser a Ana Pereira do blogue mais famoso entre os atletas do nosso País.
Quanto às farturas, no mês passado também me veio esse desejo e comi duas. Eram também a um euro cada mas reparei que em relação a 2010 o seu tamanho tinha diminuído (razão porque uma só não me acalmou o estômago)e a sua qualidade também me pareceu pior. Sendo assim, fizeste um sacrifício que só te beneficiou tanto na carteira como no peso...e as maçãs que te ofereceram, já as comeste todas? Lembras-te da história do lobo mau e do capuchinho vermelho? Cuidado com o que te dão pois nunca se sabe o efeito que poderá ter no nosso corpo...e também engordam se comeres mais do que duas por dia.

Bjs e mantém-te atenta à balança.

Fernando Sousa

António Almeida disse...

Olá Maria
e porque não comprar um fartura e partilhar, palavra tão esquecida nos últimos anos, palavra de novo presente aqui por casa muito por culpa da Vitória verdade seja dita, partilhar, uma linda palavra.
Partilhar o que se come mas também e mais importante que isso partilhar as ideias, os sentimentos,...
Obrigado por isso "Maria" pela partilha com que nos tens presenteando aqui no teu/nosso "Maria Sem Frio Nem Casa", com diz o Fernando Sousa (conheci-o pessoalmente em Portel e foi um prazer estar à conversa com ele, grande atleta também), o mais famoso entre a blogosfera corredora.
Grande abraço.

Anónimo disse...

Bem, com isto fiquei a saber que cada fartura custa 1€. Não fazia ideia e estou neste momento a comparar esse valor com outros preços. Acho caro por um pedaço de massa frita polvilhado com muito açucar e canela e que sabe bem comó caraças :)

Fernando Andrade. disse...

Isto foi só para fazer água na boca, não foi Ana?
Agora marchava uma.
Beijinho
FA