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segunda-feira, 30 de junho de 2008

29ª Corrida das Foguerias – Peniche, em palavras

Só pelo facto de se conseguir manter uma prova durante 28 anos, é meritório de admiração e de parabéns. Fazê-la chegar ao nível com que ela hoje se apresenta, torna-a digna dos maiores aplausos, tantos ou mais quanto o público que enche as ruas de Peniche presenteia os atletas.

Conheço-a há cerca de 12 anos apenas. Mas desde logo me apercebi que é das provas que devem fazer parte do currículo de todos os atletas que se prezem.

É lá que tenho a minha melhor marca aos 15 km (1h04m). Num percurso certificado. O que tem importância. Até para atletas como eu.

A nível de inscrições, considero o valor justo para o que nos é oferecido. São feitas de forma que considero acessível e é fácil e expedito o contacto com a organização – Câmara Municipal de Peniche - para eventuais dúvidas ou esclarecimentos.

Já a entrega de dorsais, esteve um pouco aquém do nível da prova em geral, que considero muito bom. Problemas a nível de sistema informático registavam como dorsais levantados na totalidade, os de uma equipa desde que, e mesmo que apenas 1 elemento tivesse levantado apenas 1 dorsal pertencente à equipa. E quando solicitado o contacto do elemento que efectuou o levantamento, constata-se a falha de que esse registo não é feito. Perante a minha insatisfação e insistência que não tinha combinado com ninguém para levantar o meu dorsal, lá resolveram verificar melhor e de facto o meu dorsal não tinha sido levantado e estava lá. A mesma sorte já não tiveram outros colegas de equipa. Um lapso. Grave, sob meu ponto de vista.

A partida foi dada a horas e juntou perto de 2000 atletas para a prova principal (15 Km) e cerca de 2500 para a Mini/Caminhada, de 6 Km, num ambiente festivo, onde senti falta dos animadores a que já nos habituamos noutras provas e que nos incentivam de forma enérgica a um aquecimento na base da ginástica aeróbica ao som de música, acabando sempre com muito bons e correctos alongamentos, preparando-nos de facto para o início da corrida.

Partidas dadas em separado, com tiro e foguetes e muito público a dar-nos a maior força em palavras, gestos, olhares e sorrisos.

A uma dada altura corremos ao lado dos caminheiros e isso não é bom. Essa parte deveria ser numa faixa mais larga. Por muito que se vá apenas para usufruir da corrida, os caminheiros em situação alguma deveriam impedir o andamento dos corredores, seja lá que andamento for, e isso aconteceu ao longo de talvez uns 2 kms (no meu caso, no meu andamento).

A passagem pelo local da meta, onde “deixamos” os caminheiros, dá-nos um alento invulgar. De novo, um mar de gente iluminada contagiou-nos com a sua força, que tenho a certeza nos foi transmitida para prosseguirmos caminho. Junto à Fortaleza, chegam-me ao ouvido as palavras de Sérgio Godinho, claras como um dia soalheiro “Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida”. Nada que se adequasse mais. À situação, a mim. Dá-me vontade de chorar, mas sorrio. E sigo.

Sigo para penetramos na já noite agora. Estrada junto ao mar, num negrume total, uma fogueira lá à frente para nos guiar. Os salpicos do mar, o cheiro, os nossos passos, e os compassos dos corações. A chama chama-me e sigo-a cega com a luz ao fundo. Várias subidas e descidas. Várias fogueiras. Fantástico. Por estes momentos, perdoa-se todos e quaisquer pontos em que a prova estivesse menos bem. Animação junto às fogueiras. Voluntários, membros da organização, e gente. E vozes, e palmas e cantos. Sou impelida para a frente. Não sinto as pernas. Apenas o coração. Água suficiente ao longo do caminho.

A chegada a Peniche enche-nos de novo ânimo, corremos agora para a meta de novo num corredor de gente que nos aplaude. Somos queridos ali.

A meta aguarda-nos onde a cortamos com prazer. Prazer como em mais nenhuma corrida se tem. A Corrida das Fogueiras, pelas características acima descritas, é de facto única. De um carisma invulgar e único no nosso país. Criado há 28 anos e que se deseja que se mantenha.

Os prémios de presença são entregues aquando da entrega dos dorsais. Uma t-shirt original e bonita, um troféu que muito pessoalmente opino que As Fogueiras mereciam muito mais: um banal troféu de plástico transparente, muito “foleiro”, mas isto não passa apenas da minha mera opinião pessoal. Uma lata de sardinhas terminava o saco de plástico que apesar de ter inscrito o logótipo da prova, a esta hora já deve estar a fazer de saco para o lixo em maior parte das casas. As Fogueiras mereciam também um saquito melhorzinho. Uma prova destas merecia um medalhão. Sem dúvida alguma.

Talvez o orçamento não tenha chegado para mais, e assim já está muito bom, mas podia estar bastante melhor.

Atletas controlados através de chip electrónico e classificações enviadas pouco mais de 1 hora após o final da prova, individualmente para o número de telemóvel deixado por cada atleta, com marca, e classificação na geral e no escalão. Apesar de enganos, é um serviço bom, mas seria melhor sem enganos: recebi a classificação de outro atleta e só hoje a minha: Dorsal 1984 ANA PEREIRA 01h29m41s (este é o meu tempo real); Geral: 95ª, Escalão: 35; SAUDAÇÔES DESPORTIVAS. Um serviço original, mas que não dispensa as classificações na Internet, o que me parece que até esta hora (a 48 horas da prova) ainda não esteja disponibilizado.

Com esta marca (fraca sem dúvida) tirei 4 minutos à Corrida das Festas Cidade do Porto, na semana passada em que na mesma distância e num percurso praticamente plano gastei 1h33m. E agora em Peniche, levada sabe-se lá por quê, num percurso desnivelado, fiz menos 4 minutos. Só se explica pela frescura em oposição ao calor que fez no Porto.

No final da prova, um convívio onde se ofereciam sardinhas, mas que eu dispensei pelas muito más experiências de anos anteriores. Admito que uma sardinhada para milhares de pessoas não seja das coisas mais fáceis de organizar e controlar, e o português, como os outros, mata-se por uma sardinha. Também agora com a crise que o país (algumas pessoas do país) atravessa, até poderia facilmente compreender (mas não compreendo!) que se encham geleiras de sardinhas para levar para casa enquanto outros ainda das sardinhas só sentiram o cheiro, mas ainda assim, preferi eu ir para casa digerir a prova, com a barriga cheia do cheiro do mar e envolta no brilho e no calor das fogueiras, contrastando com a brisa fresca que vinha do mar.

Pensei no Paulo, um amigo de quem fui forçada a despedir-me esta semana. Pensei que um dia acabarei, como ele. Como todos nós. E um dia nada disto será possível. Mas só tenho na cabeça as suas palavras: Viver! Viver sempre! Enquanto cá estamos! E enquanto cá estiver, e mesmo depois, que venham mais Fogueiras. Conto desde já estar presente na 30ª edição!

Ana Pereira
28 de Junho de 2008

8 comentários:

António Almeida disse...

Olá Ana

parabéns pela prova.
Gostei de a ver chegar.
Continuação de boas corridas.
Uma boa semana...

Unknown disse...

OLÁ Ana

Obrigado pela visita ao meu blog. Também gostei muito de rever, é sempre bom ver amigos. Bons treinos

luis mota disse...

Olá Ana!
Parabéns pelos resultados que ultimamente tem vindo a obter.
Em uma semana recuperar 4 minutos é muito bom.
Apesar de não ter ficado satisfeito com o meu desempenho adorei a prova e tenciono, como a Ana, voltar na próxima edição.
Boas corridas
Luís Mota

.JOSÉ LOPES disse...

Ana
Parabens pela prova.
Tem uma forma de escrever que faz com que as pessoas como eu, (estava inscrito)que não participaram nessa prova, ficarem ainda mais desgostosas, de não terem estado presentes.
Fica para o próximo ano.

Continue a participar e treinar

Bjs
J.Lopes

Jaqueline Araujo disse...

Já fazia um tempão que não postava e hoje voltei! Queria pefir para vc marcar presença lá!
Teu Blog tá super!
Beijos

Anónimo disse...

Olá Ana,

"Já fazia um tempão que não postava e hoje voltei! Teu Blog tá super!"
A amiga Jaqueline me desculpe o copianso mas estas palavras são bastante adequadas ao momento.

Estou satisfeito por saber que estás bem e que tens ido às provas de que tanto gostas. Também pelo que vejo o peso está de novo a regredir o que acho óptimo.

Eu já corro à uns bons 15 anos e acredita que nunca fui à prova de Peniche. Duas razões me travam, o ter de correr à noite (não me dou lá muito bem) e o ter de regressar após "a petiscada". A oferta de sardinhas também nunca me cativou pois não gosto da confusão que todos relatam por lá existir.
Pode ser que para o ano vá...no entanto só pernoitando por lá depois da corrida...já petiscava e bebia uns copitos mais e sem preocupações.

Continuação de boas provas e de bons treinos e até...

Fernando Sousa

Anónimo disse...

Oi Ana,

Tenho uma curiosidade sobre as corridas em Portugal. Quanto custa a inscrição das corridas bem organizadas e se o numero de corredores não inscritos no evento (bandits) é grande aí na "terrinha".

Boas corridas!
Harry

Jorge Cerqueira disse...

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-o--oO--(_)--Ooo-
Amiga Ana mais uma vez parabéns pela corrida da Fogueira.
Bom aninha...
Querida amiga ANA obrigado por participar da pesquisa no meu blog, O seu relato foi imprescindível e será de muita valia para todos atletas. Bom amiga todos nós temos limites e devemos sim respeitar eles pq senão pode gerar grandes conseqüências nas nossas vidas e uma delas pode ser até a morte. Mais cada atleta é um atleta e o mesmo deve analisar se deve continuar a corrida se superando ou não, já vi muitos atletas insistindo na corrida para se superarem alguns se superarão mais alguns tiveram que parar mesmo, um deles fui eu na Maratona do Rio de Janeiro de 2007 em que quando estava faltando 5km para terminar e quando senti que a minhas vistas estavam escurecendo e vi que eu iria apagar pq estava fazendo um calor infernal, ainda bem que fui sensato parei por alguns minutos e após mais ou menos 10 minutos parado eu vi que dava para voltar a correr e terminei a maratona trotando. Mais se não tivesse tido essa atitude eu hj acho que não estaria aqui para contar o que tinha acontecido comigo. Acho também que todo corredor atleta de elite ou amador quando se supera e quando faz isso são uns heróis pq não é mole não, ainda mais quando se corre longas distâncias. E todo atleta quando toma uma atitude de parar a corrida como vc disse que parou na maratona passada meus parabéns vc também foi uma heroína tomou uma atitude que muitos que eu conheço não tomaria, mais foi para o seu próprio bem, receba também os meus aplausos pela atitude. E lhe desejo boa sorte nesta maratona e com certeza vc conseguirá ver os erros que cometeu e não cometerá mais. Boas provas.
Tenha uma boa semana e continuação de boas passadas.
Jorge Cerqueira
www.jmaratona.blogspot.com