Com a 26ª edição dos 12 km Manteigas – Penhas Douradas realizada ontem dia 2 de Março de 2008, “só” se deu início ao Circuito Nacional de Montanha Salomon 2008.
Hoje, mais de 24 horas depois, as informações sobre este acontecimento são inexistentes, ou tão difíceis de encontrar que eu… não as encontro.
Certamente (?) daqui a uns dias, se encontrem classificações e a “notícia oficial” no site da Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada, ou no Terras de Aventura, ou ainda no da Câmara de Manteigas, entidades organizadoras, ou ainda nalgum jornal local. Mas hoje não. Afinal foi só o início do Circuito Nacional de Montanha Salomon 2008.
Eu estive lá. Não sou nem tenho aspirações a jornalista, cronista ou repórter. Sou apenas uma Amante. Da Corrida e da Montanha.
A corrida
Levar a cabo uma corrida pela 26ª vez não deve ser nada fácil. Mas a Câmara Municipal de Manteigas, em colaboração com a Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada fê-lo. E fê-lo muito bem!
Uma prova integrada no Circuito Nacional de Montanha Salomon 2008 e no XXVII Troféu Spiridon, proporcionando também uma Caminhada, prova de BTT e Cicloturismo.
A prova partiu de Manteigas, nos Paços do Concelho, a 770 m de altitude, e depois de uma volta inicial pelas principais artérias da cidade, encaminhou os atletas para uma constante subida em estrada florestal asfaltada e um pequeno troço em terra batida, com uma inclinação média a oscilar entre os 7% e os 10%. O percurso passa pela Capela de São Sebastião e pelo Observatório Meteorológico das Penhas Douradas, e a prova termina, a 1530m de altitude, no Largo do Vale Formoso – Penhas Douradas, em pleno coração da Serra da Estrela. (Informação retirada de O Norte Deportivo on-line)
Uma inédita e excelente iniciativa foi a criação do “Prémio Estrela Limpa” que incentivou os caminheiros a recolher a maior quantidade de lixo da serra (garrafas de plástico, papéis, etc.) enchendo sacos fornecidos pela organização.
Inscrições, levantamento de dorsais, e partida com controlo dado a cada atleta, feitos de forma satisfatória e regular.
Três postos de abastecimento, e uma meta que soube receber o atleta chegado com simpatia e cuidado (apesar do excesso de “tráfego” de atletas e caminheiros que já tinham acabado a sua prova e se passeavam poucos metros à frente do funil da meta), e pequenos detalhes dos quais destaco o chá quente e a laranja.
Os prémios de presença foram a tradicional T-shirt e um medalhão colado a um pedaço de madeira, recordando-nos a Natureza e todo o cenário deslumbrante onde esta prova decorre: o coração da Serra da Estrela.
No final, foram também disponibilizados autocarros para o transporte dos atletas de regresso a Manteigas, assim como balneários.
Prémios monetários para os primeiros. Uma, que se espera boa, reportagem fotográfica levada a cabo pelo Monte da Lua, e cerimónia de entrega de prémios a que não assisti pelo que forçosamente me tenho de abster.
Por tudo isto, está de parabéns a organização. Foi a primeira vez que lá fui e não deverá ser a última.
Ana Pereira
Agora... "a Maria na corrida" ou "Eu e a Montanha":
Saí de casa às cinco da manhã. Com o meu pai e o meu amigo Fernando. A noite e o intenso nevoeiro não facilitaram a viagem que teve paragem em Castelo Branco para uma solta de pombos (o meu pai já foi columbófilo e como as corridas, há coisas que nos correm no sangue e nunca nos abandonam).
Seguindo as indicações dadas pela organização, chegamos a Manteigas passava pouco das 8:30.
O inevitável e sempre agradável reencontro com amigos e conhecidos, café e mais café, arranjar boleia para o pai (estas provas com partida num sítio e chegada noutro dão-nos sempre mais trabalho), e depressa estou eu alinhada na partida. Nem acredito. Eu nos 12 km Manteigas – Penhas Douradas! Uma estreia na 26ª edição!
O dia está primaveril, e é como se Manteigas nos abrisse os braços num afago morno. A Serra e nós. Olhamo-nos. Respeito-a. Não a temo. Amo-a. Quero-a. E sei que ela me aceita e me chama. Por isso estou ali. Ao encontro dela. Ao meu encontro.
Sem muito tempo, a partida é dada. E já desfilam pelas ruas empedradas os coloridos diversos dos atletas, como auréolas que transportam e levam pela cidade dentro, para depois se embrenharem na serra, começando a subida, diluindo-se nela.
Vou calma, devagar (como poderia ir de outra forma??) e sinto-me muito bem. Confiante nela. Confiante em mim. Inicia-se a subida. Por uma estrada florestal asfaltada. Depressa me isolo. Quase todos vão bem mais à minha frente. Muito poucos vão atrás de mim. Vou comigo! Nela. Com ela. Ouço-me. Água cristalina a cair em cascata invade-me os sentidos. Pássaros. A respiração. Eu. Ela.
Queria chegar aqui e dizer que fiz a prova toda a correr, mas não consegui. Passei aos 6 Km com 46 minutos. Aqui o tempo não importa. Continuei a correr. Com palmas agora dos poucos que eram público. Corri até aos 51 minutos. Entramos num caminho de terra. A inclinação acentuou-se e as minhas coxas não podiam mais e custava-me a respirar. Caminhei. Corri, caminhei. Passei alguns atletas e um que caminhava diz-me: “para que me meti nisto?!” Respondo-lhe que quando chegar lá acima terá a resposta. Eu já a tinha. Ali. Comigo. Em todos os instantes.
E entre correr e caminhar, ora passo, ora sou passada por outros que iam como eu. Sou apanhada por um companheiro que vendo-me caminhar me anima dizendo que dali a nada se volta ao asfalto e a inclinação diminuirá bastante. “Depois é mais fácil.”. Acreditei. Tinha lido algures que os últimos 2 ou 3 kms não eram tão acentuados como os restantes, com excepção do 1º ainda na cidade. Mas fi-lo confirmar que não me estava a mentir, e ele confirma, que já tinha feito a prova muitas vezes, que há 3 ou 4 anos aquele caminho de terra estava enlameado com neve, e que a estrada que iríamos pisar estava totalmente coberta de gelo escorregadio.
Chegamos à estrada e sim, agora era mais fácil. Não o largo, ele não me larga. Continua-se a subir. Mas é mais fácil, bem mais fácil. Quase fácil…
É praticamente Verão. Sinto muito calor. As Penhas Douradas brindaram-me com Sol e a neve era quase miragem lá muito longe.
Atletas que já acabaram a prova incentivam-nos dizendo que falta pouco. E falta. Agora é verdade. Falta pouco. E vou bem. Bastante bem. Avisto o meu amigo Fernando já de saco na mão e logo a seguir o meu pai de máquina em punho. Cheguei.
Já fiz os 12 Km Manteigas – Penhas Douradas! Marca o cronómetro 1h28m31s.
Mas na Montanha não há “tempo”. O tempo somos nós.
E que arranjei com tudo isto? Vontade de ir no fim do mês aos Trilhos de Mogadouro – Amendoeiras em Flor, só isso…
Maria Sem Frio Nem Casa
Seguindo as indicações dadas pela organização, chegamos a Manteigas passava pouco das 8:30.
O inevitável e sempre agradável reencontro com amigos e conhecidos, café e mais café, arranjar boleia para o pai (estas provas com partida num sítio e chegada noutro dão-nos sempre mais trabalho), e depressa estou eu alinhada na partida. Nem acredito. Eu nos 12 km Manteigas – Penhas Douradas! Uma estreia na 26ª edição!
O dia está primaveril, e é como se Manteigas nos abrisse os braços num afago morno. A Serra e nós. Olhamo-nos. Respeito-a. Não a temo. Amo-a. Quero-a. E sei que ela me aceita e me chama. Por isso estou ali. Ao encontro dela. Ao meu encontro.
Sem muito tempo, a partida é dada. E já desfilam pelas ruas empedradas os coloridos diversos dos atletas, como auréolas que transportam e levam pela cidade dentro, para depois se embrenharem na serra, começando a subida, diluindo-se nela.
Vou calma, devagar (como poderia ir de outra forma??) e sinto-me muito bem. Confiante nela. Confiante em mim. Inicia-se a subida. Por uma estrada florestal asfaltada. Depressa me isolo. Quase todos vão bem mais à minha frente. Muito poucos vão atrás de mim. Vou comigo! Nela. Com ela. Ouço-me. Água cristalina a cair em cascata invade-me os sentidos. Pássaros. A respiração. Eu. Ela.
Queria chegar aqui e dizer que fiz a prova toda a correr, mas não consegui. Passei aos 6 Km com 46 minutos. Aqui o tempo não importa. Continuei a correr. Com palmas agora dos poucos que eram público. Corri até aos 51 minutos. Entramos num caminho de terra. A inclinação acentuou-se e as minhas coxas não podiam mais e custava-me a respirar. Caminhei. Corri, caminhei. Passei alguns atletas e um que caminhava diz-me: “para que me meti nisto?!” Respondo-lhe que quando chegar lá acima terá a resposta. Eu já a tinha. Ali. Comigo. Em todos os instantes.
E entre correr e caminhar, ora passo, ora sou passada por outros que iam como eu. Sou apanhada por um companheiro que vendo-me caminhar me anima dizendo que dali a nada se volta ao asfalto e a inclinação diminuirá bastante. “Depois é mais fácil.”. Acreditei. Tinha lido algures que os últimos 2 ou 3 kms não eram tão acentuados como os restantes, com excepção do 1º ainda na cidade. Mas fi-lo confirmar que não me estava a mentir, e ele confirma, que já tinha feito a prova muitas vezes, que há 3 ou 4 anos aquele caminho de terra estava enlameado com neve, e que a estrada que iríamos pisar estava totalmente coberta de gelo escorregadio.
Chegamos à estrada e sim, agora era mais fácil. Não o largo, ele não me larga. Continua-se a subir. Mas é mais fácil, bem mais fácil. Quase fácil…
É praticamente Verão. Sinto muito calor. As Penhas Douradas brindaram-me com Sol e a neve era quase miragem lá muito longe.
Atletas que já acabaram a prova incentivam-nos dizendo que falta pouco. E falta. Agora é verdade. Falta pouco. E vou bem. Bastante bem. Avisto o meu amigo Fernando já de saco na mão e logo a seguir o meu pai de máquina em punho. Cheguei.
Já fiz os 12 Km Manteigas – Penhas Douradas! Marca o cronómetro 1h28m31s.
Mas na Montanha não há “tempo”. O tempo somos nós.
E que arranjei com tudo isto? Vontade de ir no fim do mês aos Trilhos de Mogadouro – Amendoeiras em Flor, só isso…
Maria Sem Frio Nem Casa
9 comentários:
Olá Ana,
Os resultados já foram publicados na pagina de câmara Municipal de Manteigas: http://www.cm-manteigas.pt/main.html
- Agenda
- Desporto (depois é fácil)
Esteve um dia de Verão e a organização teve o cuidado de por mais 2 abastecimentos.
Parabéns pela tua prova.
Lá estaremos no Mogadouro onde tem alguns trilhos muito bonitos.
cumprimentos,
C. R.
Para mim foi a primeira vez, mas nem com manteiga consegui fazer o teu tempo.
Parabens, foste espectacular.
Um dia espero fazer igual.
JB
Parabéns Ana
Grande espectáculo!
Agora é continuar no ritmo que der prazer, continuar, porque "o caminho se faz caminhando".
Bjinho
até breve
AB
Olá Ana
os meus parabéns por mais um desafio vencido.
As fotos estão muito boas.
Olá Ana,
Realmente não sei o que muita gente vê em ti, alguém especial? Porquê? Pela tua escrita? A menina meiga que aqui escreve coisas dôces não existe, mas sim uma fera isso sim e, se alguém não concorda contigo sente logo essa força maléfica que tens dentro de ti. Devias usá-la nas corridas pois fazias melhores tempos de certeza.
Também acho que devias treinar mais e escrever menos. É sempre a mesma coisa...hoje não tive tempo, tive que fazer isto, comi mais do que devia, estou triste com...vou deixar de correr...etc.
Aproveito para agradecer a companhia (que companhia?) que me fizeste na viagem ida e volta a
Manteigas. Tão cedo não devo de ir contigo, tudo depende...
Adeus e vê lá se não te queixas tanto quando escreves pois é sempre o mesmo. Vais deixar de me falar? Paciência.
Corre mais e como deve de ser e vais vêr que os resultados aparecem...ou não queres melhorar?
Beijinhos se os quiseres
Fernando Sousa
Obrigada ao C.R, e seja lá quem for o C.R. aponte aí:
Este ano, será a 3ª vez que participo nos Trilhos de Mogadouro! Fui lá 2 vezes e numa delas havia neve por todo o lado, um céu negro de onde caiam mais cristais de neve sobre nós, e um sol tímido à mistura! Um espectáculo maravilhoso que a Natureza nos ofereceu!
Na altura até escrevi sobre a prova, e esse texto pode-se ver em:
http://ascronicasdaana.blogspot.com/
Se tiver tempo passe por lá.
Obrigado pelas informações acerca das classificações. O meu tom de crítica e de alguma tristeza recai sobretudo sobre a Comunicação social, e a sociedade que a dita: "não é futebol... que interesse tem?", percebe?
Ao JB... seja lá quem for também: que tempo fizeste só por curiosidade? Para fazeres igual, há que nos esforçarmos, e eu, para fazer melhor, tenho de me esforçar mais. Praticamente fiz a prova a correr apenas aos domingos.
Ao António Bento e ao António Almeida, agradeço imenso as palavras, que são sempre importantes, vindas de quem vêm, porque a importância das palavras/acções tem de se ver de onde vêm. E vós, estão num patamar elevado de consideração, pelo que muito aprecio aqui as vossas palavras.
Ao meu amigo Fernando Sousa com quem tive o prazer de partilhar a viagem e a curta estadia na Serra, lamento que a "companhia" não tenha sido especialmente de teu agrado, talvez esperasses outro tipo de "companhia"... mas eu... sou assim... e não deverias esperar outra coisa.
Lamento também que me descrevas da forma que o fazes ("uma fera com forças maléficas usadas sempre que alguém discorda de mim"). Até parece que não me conheces Fernando...
Estes 2 pontos do comentário surpreenderam-me bastante, mas aprecio-os ainda assim, pois admiro quem diz o que pensa com frontalidade, o que cada vez é mais raro encontrar.
Quanto ao resto, os meus queixumes, o desanimo, o escrever sempre a mesma coisa, etc, etc... agradeço o comentário, está registado e eventualmente será tido em consideração em fututos "posts", apesar de o objectivo principal deste blog ser escrever para mim própria, sobre mim própria, expressando o que me vai na alma, e não uma tentativa de o tornar mais do agrado de A ou B ou C. É público para que exista de facto a possibilidade de intereação com quem lê, e eventualmente o que escrevo poder ser útil a alguém.
Já o correr mais e escrever menos... não sei se concordo. Correr está-me no sangue mas escrever assim como eu escrevo está-me no sangue também e transborda pelos poros em suor e lágrimas. Por isso é que eu sou... "assim"!
Agradeço e aprecio a tua participação neste bloguezito de trazer por casa. É sempre bem vinda, assim como a de todos os comentadores. Tira-se sempre alguma coisa positiva...
Um beijinho e até à próxima aventura, ali, ali ou além
Ana Pereira
Olà Ana;
nâo posso istar ai nêsse dia ;
tenho uma currida de montanha no dia 23 de Março de 22km ;
dans le sud de la france a 700 km de Paris.
ié muinto dura ;
para você daqui até là bons treinos.
obrigada pêla passagen no blog.
cumprimentos à familia.
antonio,
Olá Ana !!!
MULHER, símbolo de ternura e amor.
FELIZ DIA DA MULHER!!!!!!!!
Beijoquitas grandes
RA
Oi Aninha...
Que bela prova que fizeste menina!
Pelas fotos fica claro o quão íngreme é o percurso... ótimo para acabar com celulite.. rssss
Brincadeiras a parte, sabe bem que toda vez venho aqui, ganho mais animo para não desistir dos meu objetivos!
Por falar em objetivos, como não farei mais a maratona este ano, estou pensando seriamente na possibilidade de correr a meia de Lisboa em dezembro! Meu marido está me animando... estou fazendo todo orçamento para ir...
Se realmente decidir, vou pedir uma dicas para vc e para os blogueiros portugueses ;-)
um beijão!
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