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domingo, 20 de janeiro de 2008

Amigos, O Encontro e Promessas


Amigos

Acordei e não me apetecia treinar. Tenho a minha filha doente (nada de grave) e apetecia-me mesmo era ficar em casa com ela, a levar-lhe leite com mel quentinho e torradas ao sofá. Mais que a tratá-la, a mimá-la. Como ontem.

Mas a pequena até já está bem melhor que ontem, e hoje estava combinado ela ir passar o dia ao pai, e eu ir treinar com uns amigos.

Mas não me apetecia ir treinar. Mas quando temos um treino combinado, há sempre várias razões para não falharmos: eles estão a contar connosco, e o facto de ser um treino conjunto, pensei: eles levam-me! Só tenho de mexer as pernas e sei que quando der por isso, terei perto de hora e meia de corrida. E assim foi, eles “levaram-me” e corremos 1h25m. Na Herdade da Apostiça, ou Mata dos Medos, local que ainda não percebi muito bem a quem aquilo pertence e se o facto de pular a cerca se poderá considerar invasão de propriedade e consequentemente não me possa queixar de nada que lá dentro me aconteça. Mas propriedade de quem? De um particular? Do estado? Da NATO – que tem as instalações logo ali? Alguém que o saiba que me explique por favor.

A mata, pelas suas características excelentes é usada durante todo o ano por caminheiros, corredores e ciclistas para a prática de exercícios físicos mas também tem outro tipo de utilizador, como proxenetas e afins, seitas religiosas e trabalhadores (exploração do pinhal). Depende do dia da semana e do horário escolhido para a probabilidade de encontro com determinado tipo de utilizador se potenciar. Hoje, domingo de uma manhã de Janeiro até caçadores de colete reflector vestido e seus cães com coleiras também reflectoras avistámos…

A Mata da Apostiça, é um local belo ainda, mas não aconselho a ninguém ir para lá sozinho. Quilómetros e quilómetros sem vivalma. E o problema não é esse. Era bom se fossemos só nós e os bichos selvagens, era bom era! O problema é precisamente o oposto: se nos cruzamos com uma alma pouco pacífica ou mesmo mal intencionada. Ou ainda, com animais que poderão ser perigosos, ABANDONADOS pelos outros animais, aqueles que se dizem racionais.


O Encontro

A Paula já vinha a ouvir latidos há um tempo. Nem eu nem o António nos apercebemos disso, mas as pegadas ENORMES de cão na areia eram inequívocas: andaram por ali cães e a avaliar pelas pegadas, cães de grande porte. Bom, esse facto já não era novidade. Até passou por nós um ciclista com seu canito correndo velozmente ao lado da bicicleta. Lindo, de língua de fora quase a tocar-lhe o pescoço como se fosse um cachecol. Nada de medo, por enquanto.

Até que… ao aproximar-nos de um cruzamento avisamos um cão GRANDE deitado. Deitado? Mas nem se levanta com a nossa aproximação?

- Passa pela esquerda – adverte o António, visto o animal estar na berma direita.

Era enorme. Um corpo possante e imóvel. Sem coleira. Adormecido? A aguardar a nossa passagem? Não, o animal estava parado demais. Inerte, diria.

Sempre correndo, chegamos perto. A cabeça do bicho pendia para uma poça de água. Sangue escorria-lhe do crânio e alastrava na água tingindo-a de vermelho. A boca entreaberta mostrando os dentes, os olhos abertos e baços, perdidos no horizonte. A cabeçorra raiada de sangue vermelho escuro, escorrendo para o focinho e finalmente libertando-se para a água. Quente sem dúvida, a avançar na água.

Não mostrava sinais de luta. Dir-se-ia que foi uma valente pancada (pouco provável pois os raros veículos que ali passam andam sempre bastante devagar) ou … um tiro, viemos a imaginar (ou não) mais tarde quando avistamos os caçadores.

Que sentir? Que pensar? Pobre cãozinho? Pobre Pit bull assassinado? Pobre pit bull abandonado? Matar é um prazer? A caça é um desporto? Importa assim tanto o que se mata? Homem mau, pobre cãozinho?

Não sabemos a história mas sabemos que se tivéssemos chegado ali minutos antes, o encontro teria sido bem diferente e o desfecho também. Com que armas lutaríamos nós singelos e quase despidos corredores se o animal nos atacasse revoltado pelo abandono do seu dono talvez? Que fazia ali um pit bull?



No entanto, ficar deitado na berma do caminho, com a cara a tocar uma poça de água colorindo-a com o seu próprio sangue, nem um pit bull merece. Não, eu também não o trouxe às costas para lhe dar um enterro decente. Limitamo-nos a continuar o treino, e se todos os que por ali passaram fizeram o mesmo que nós (incluindo os implicados na história), daqui por umas semanas, a sua carcaça estará no mesmo sítio a apodrecer, até ser esqueleto apenas.


Promessas:

Mudando de assunto, pelo Grande Prémio Fim da Europa, esta semana prometo:

- que me vou mexer, seja lá corrida, saltar à corda ou luta livre!;

- não vou comer que nem uma besta como se a vida não tivesse mesmo mais nada de interesse (mas tem?);

- e o meu blog será mesmo um Diário, até porque esta semana é a última em que posso dizer que tenho 38 anos.

PS: Lénia!!!!!!! Por onde andas tu??

3 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ana
Porreiro, um bom treino pelos vistos ( bom percurso+boa companhia).
Quanto ao blog desactualizado, pois... estive demasiado ocupado nestes últimos meses e o meu acesso à internet não foi muito regular. Penso que em breve o actualizarei com as "novas experiências" que referiste. Gostava que um dia experimentasses com a Mafalda a orientação, certamente que iriam gostar ( próximo fim-de-semana em Belas com muita gente do desporto escolar).
Domingo estou ocupado e por isso não vou ao "fim da Europa", boa sorte! "Companheira(o) para treinar"? Sim, aqui no clube temos várias meninas crescidas que treinam juntas ( 7h00 no Parque da Cidade do Bareiro todos os dias, Mata da Machada e Serra da Arrábida ao fim-de-semana).
Quanto ao "equílibrio", o que é isso?! Normalmente constumo pensar que um dia vem depois do outro,"hoje estou a bater mal, amanhã estarei mais afinadinho". A "ideologia da perfeição" ( muito na "moda")produz carradas de insatisfação inútil.

Beijinhos

Lénia disse...

Oi Ana, aqui estou.

Palavras acertadas as deste teu amigo. O equilíbrio é como a felicidade, não é? Não é possivel estar em equilíbrio permanentemente, vai-se conquistando um pouco disso todos os dias, e se não hoje, amanhã.

É assim exactamente que eu vivo. Embore sempre buscando o equilíbrio e a perfeição, tenho plena consciência de que não é possível ter tudo, por isso todos os dias sei que tenho os meus momentos de equilíbrio e desiquilíbrio. Amanhã há mais, e sou feliz assim, e sei que tu tb o és, só que às vezes não conseguimos vê-lo!

Mtos beijinhos,

Lénia

Zen disse...

Este de cima, sou eu!

Boa semana.

Zen