Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Vida de mar


Se te fosse permitido abraçar-me, sei que me darias a segurança por que anseio. Porto de abrigo que afaga as barcas, as embala no doce sussurrar das suaves ondas que murmuram segredos baixinho, com carinho e suavidade e ao mesmo tempo as segura e protege nos seus braços com viril firmeza e solidez. Porto de abrigo com farol que ilumina, afasta os perigos e dá segurança.

Mas eu, vaga perdida no meio do oceano, prefiro as tormentas do mar tempestuoso, dos oceanos revoltos e falsos, que tão depressa nos afagam e envolvem com a água gelada que nos purifica, exalta e faz renascer em cada momento, e só desta forma me fazem sentir viva, para logo a seguir nos abandonar atirando-nos violenta e fatalmente contra as escarpas rochosas aguçadas que nos ferem superficialmente o corpo para penetrarem em profundidade na alma. Feridas fechadas e abertas vezes sem conta. Que nem o sal do mar cura. Uma infindável luta. Contra mim própria. Até ao dia em que me sentir demasiado cansada... para viver.

Esta semana tenho eu corrido alguma coisa. No próximo domingo, fim da 4ª das 12 semanas de treino que antecedem a Maratona do Porto, farei aqui o resumo. Entretanto, mergulho no mar. Vezes sem conta.

E sei que vou emergir, salgada e viva, qual sereia desgrenhada que luta com muita dificuldade para conseguir meter o rabo gordo na elegante e típica cauda sensual das sereias, recusando histórias gastas e inventando outras a toda a hora,

e assim surgirei do mar com esperança, na Meia Maratona de S. João das Lampas que se aproxima (sábado à tarde, 8 de Setembro), onde, pela terceira vez consecutiva, com feridas lambidas e iluminada pelo luz do farol de que me alimento e de que necessito também para viver, correrei.

Sem comentários: