Repousavam há demasiados dias debaixo do alpendre. Inactivos, inúteis numa dormência de sentidos e acções, aguardavam. Impotentes, total e completamente dependentes dela, não podiam fazer mais nada para além de aguardar. Aguardar o dia que ela voltasse a pegar neles, calçá-los e correr com eles. Era disso que eles gostavam. Era por isso que eles aguardavam, pacientes embora preocupados. E se ela os tivesse substituído? E se ela tivesse desistido deles? E dela? Não, isso não ia acontecer outra vez. Eles acreditavam que já não ia demorar muito para ela os voltar a chamar à vida. À vida dela, da qual eles fazem parte.
Foi hoje. Ao fim da tarde, ela pegou neles, e levou-os a passear:
Correu com eles 11.060 metros num tempo de 1h:00m35s, numa média de 5:28 / Km, contra um vento forte, por vezes muito forte, mas também por vezes a favor. Assim como na vida, ora o vento sopra contra, ora sopra a favor, tal e qual como no treino de hoje.
"Ela, a doninha, não me levou hoje. Foi correr para aquela serra verde ali ao fundo. Ai...como eu queria que ela me tivesse levado... Só me resta esperar que ela chegue e me leve a passear. Ela chega sempre, e depois, leva-me sempre a passear, que eu sei."
3 comentários:
Olá Ana
Gostei
Excelente imaginação
Dos textos já estamos
habituados a serem excelentes
Continuemos a correr
Bjs
J.Lopes
Olá Ana;
E os sapatos que até estavam todos contentes. Estavam de férias, no repouso e na boa vida.
Mas foste lá, e muito bem, e estragaste aquilo que era a vida boa deles.
Devo dizer-te que fizeste muito bem, sapatos é para treinar e tem nos interválos muito tempo de descansar.
Continua assim.
Um abraço
dos Xavier's
olá, ana!!!
hoje mesmo vou tirar as teias de aranha de meus tênis... estão abandonados desde sexta-feira...
fiquei inspirada!
e certamente me lembrarei de você durante minha corrida;)
bjs
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