Quem vai lendo este blogue, talvez se recorde que há tempos a Flora perdeu o companheiro, encontrado morto no fundo da gaiola, frio e inerte, de forma inesperada e surpreendente.
A Flora chorou em silêncio e no seu silêncio interrogou-nos pedindo respostas que não soubemos dar. Amamo-la. Nessa altura aprendi o que era amar um “estúpido” pássaro. Na altura, sofremos com ela, impressionadas como cabia imensa dor num coraçãozinho tão pequeno. Sofremos.
Depois do luto, trouxemos-lhe para casa um menino verde, o Ervinha, ligeiramente mais novo que ela, na esperança dela o não rejeitar e de o aceitar como novo companheiro. Dois dias fechada no ninho, espreitando desconfiada, e após alguns “incentivos” para sair do único sitio em que se sentia segura, negando a vida, o desafio, a amizade, o amor, lá conseguimos que a Flora estabelecesse contacto com o Ervinha.
Em menos de uma semana já eram amigos. Ambos de personalidade forte. Amigos e carinhosos num momento para logo discutirem e disputarem um lugar no baloiço, ou um pedaço de pão.
Refilões mas Amigos. Tornaram-se amigos. Namorados. Acasalaram e começaram os treinos para uma alimentação boca-a-boca. Experimentaram o ninho e brincaram aos pais e mães.
Por fim nasceram quatro ovinhos, espaçados por dias. Ela estava sempre no ninho, saindo de vez em quando e não permitindo a entrada do Ervinha sem a presença dela lá. Por vezes, ficavam ambos em simultâneo dentro do ninho, quentinhos e calados, a manter os ovos quentes.
Um dia, um ovo apareceu partido, praticamente vazio, liquido espalhado…
Restam agora três ovinhos mas de forma assustadora e ao contrário do que se passava inicialmente, a Flora passa agora a maior parte do tempo cá fora.
Contentes eles, brincam, ralham, dormem encostados e aconchegados um no outro, cá fora num poleiro, ignorando o que poderiam vir a ser as suas crias. Virão? Alguém me ajuda a perceber o que se poderá estar a passar? A mãe ao perder antecipadamente um filhote, rejeita de imediato os outros, deixando-os ao gelo da noite sozinhos no ninho?
Que se passa? Compreender a Natureza é preciso, mas neste caso… não estou a conseguir… Bem…para dizer a verdade, nem neste nem noutros… mas esses outros, ficam para outro dia.
Os meus meninos:
Até amanhã querido diário, tu que me lês e ouves...
5 comentários:
Ana, durante anos criei periquitos.
Grande paixão essa. Nasceram-me "nas mãos" centenas de periquitos. Pela experiência que tenho posso vislumbrar um grande "erro" nesta sua "criação". Os animais não gostam de ajudas na confecção dos seus ninhos e eu vejo que o ninho está forrado com um pano. Os ninhos devem ser só a caixa de madeira, e nada de mexer neles ou limpá-los. Só depois de as crias nascerem.
José que também corre.
Olá AMIGA,
só para dizer que também te leio e te escuto...sempre com muito prazer.
Bom fim de semana e bjs,
AAlmeida
Obrigada aos dois...
António Almeida, eu sei que me lês e escutas, eu sei, mas é sempre bom receber um comentário a confirmar isso mesmo. Obrigada.
José que também corre: obrigadíssima pela dica... mas... e agora? Deito fora os ovos? Estarão já mortos? E o ninho deve ser mesmo só a caixa de madeira? Nem umas palhinhas? É que nos primeiros dias eles aceitaram bem as palhinhas e o paninho...
Se me puder dar uns conselhos, aqui deixo o meu mail:
anamariasemfrionemcasa@gmail.com
Obrigada
Ana Pereira
Tinha ficado viúva
Do finado periquito
E a dona, em dia de chuva,
Viu-lhe um esvoaçar esquisito.
-Ah, como eu te compreendo...
-Disse ela p’rà periquita-
Ambas vamos conhecendo
Os amargos da desdita.
Tu, tão só, nessa gaiola
E eu nesta, em igualdade,
A ambas ninguém consola
Nem nos traz felicidade.
Vou fazer umas mèsinhas
Ou vou à feira comprar,
Hei-de trazer-te um “Ervinhas”
Para contigo ficar.
E a Flora – assim se chama
A boa da periquita-
Tem no poleiro e na cama
Um companheiro catita
E pouco tempo passou
Surgem ovinhos no ninho
-Que coisa gira ! – exclamou,
Em breve tenho um “netinho”.
E uma avó, é sempre avó
De coração sempre mole
Trata a bicha a pão-de-ló
E põe-lhe um fino lençol.
Foi então que, de repente,
A bicha se desleixou,
Passou a ser negligente
E os ovos abandonou.
Surge então no panorama
O “José que também corre”,
Um criador já com fama
Que do saber se socorre :
- Maria! que fazes tu ?!
Num ninho, cama lavada ?
A bicha vira-lhe o cu
E os ovos não vão dar nada!
Beijinho, Ana
FA
Olá a Ana!
Acho que alguém vai ser avó na próxima Primavera!
Luís Mota
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