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domingo, 23 de abril de 2006

Ainda Cinfães

8 de Abril de 2006 – IV Prova de Montanha – Cinfães

A 400 Km de casa, encontro-me na partida da prova de montanha injustamente menos participada de todas entre as que em alguma vez estive! O isolamento e a falta de divulgação contribuíram para tal. Mas eu estive lá!

É a IV Prova de Montanha, organizada pela Associação Cultura e Desporto de Cinfães.

Cinfães pertence ao distrito de Viseu e é sede de concelho. Aglomerado de casas com os pés no Douro, às portas do maciço montanhoso da Serra de Montemuro. Entre a serra, o céu e o rio, subsiste esta gente.

Cinfães traz vestígios de ocupação pré-histórica, da era do calcolítico e do bronze, assim como marcas deixadas por todo o concelho, de ocupação romana.

Hoje o seu artesanato é um trabalho minucioso, desde a Chapelaria até à Tamancaria e Miniaturas em madeira passando ainda pela cestaria, latoaria e tecelagem.

A gente é afável, acolhedora e boa anfitriã. Os 400 Km que me separam daquela gente, valeram-me o dorsal numero um. Senti-me e fui absolutamente lisonjeada!

A prova tinha também uma Caminhada pela serra, que teve uma boa adesão, e como foi bom ver aqueles rostos cansados e corados no fim, de quem já aprendeu que mexer-se faz bem!

Com partida separada dos Caminheiros saíram os atletas. A distância anunciada tinha sido 12,5 km, o que se veio a confirmar incorrecto, mas perfeitamente desculpável dada a extrema irregularidade do percurso e todo o cuidado e primor desta organização em tudo o resto. O mesmo em relação a uma sinalização ligeiramente deficiente que provocou alguns enganos.

Éramos pouco mais de três dezenas, onde se incluíam duas mulheres apenas.

A malta do norte corre que se farta, habituada a estes caminhos montanhosos, e depressa me isolo na cauda com outros dois ou três companheiros, sendo ainda passada numa subida pelo atleta mais idoso (78 anos), cuja preparação nos deixou simplesmente a milhas!

A paisagem é verde e a serra abre-se para nós, onde trilhos cortam o verde com as lajes gastas pelo tempo abrindo caminho ondulando, e levando-nos num constante sobe e desce até ao Miradouro, onde somos deslumbrados pela magnitude da vista sobre o Douro no fundo do vale, separando as encostas. Respiramos e sentimos força para continuar. É também de momentos destes que nos alimentamos.

Sigo para chegar à meta, honrando como pôde o dorsal numero um. Esperam-nos água e lembranças regionais, para além das palavras de reconforto e de agradecimento também. Senti-o perfeitamente.

A componente Convívio era objectivo desta organização e ela bem o alcançou. Depois de um banho quente, faz-se a entrega dos prémios e espera-nos uma mesa onde tínhamos uma amostra da rica Gastronomia desta terra, conjuntamente com o prazer de oferecer desta gente. Em Cinfães pode-se comer um excelente cabrito assado no forno, torresmos, papas de milho com fígado de porco cozido, ainda a lampreia, o sável e os rojões, devidamente acompanhados por um bom vinho verde da região. Na doçaria destacam-se o Pão de Ló e a Sopa Seca entre outros.

Trago os meus prémios (uma taça-jarra de vidro e uma peça de artesanato).

“Cuidado para não partir!” – alguém recomenda.

Sim, terei cuidado, mas o verdadeiro e mais valioso prémio jamais se partirá porque está guardado no local mais seguro do mundo. Porque para mim, a Corrida é muito mais que correr. Corrida é história, é cultura, é gente! É conhecer o mundo e os outros, e dessa forma, conhecer-me melhor a mim própria! Sempre, Corrida será Vida.

1 comentário:

Jorge Branco disse...

Uma prova que nunca tinha ouvido falar! Eu que até sou um pioneiro destas "coisas" da montanha!