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segunda-feira, 23 de junho de 2014

O aranhiço e a teia



Tenho um aranhiço a viver no meu carro.

Todas as manhãs quando o abro, sento-me e pouso os olhos sobre o espelho lateral esquerdo, lá está ele, vaidoso, suspenso na teia que vai construindo devagar, imagem reflectida no espelho, criando a ilusão de companhia.

E todas as manhãs, invariavelmente, quando abro o vidro, ligo o motor e começo a fazer a manobra para sair do estacionamento, ele, com alguma pressa, recolhe para trás do espelho, deixando a sua teia intacta a aguardar a noite. E na manhã seguinte o episódio repete-se.

Tem sido assim desde há muitas manhãs para cá. A teia está cada vez mais composta, começa mesmo a dar um ar de abandono ao carro.

Se eu fosse uma pessoa normal, já tinha limpo o espelho, destruído a teia e matado o aranhiço.

Mas começo a gostar dele, da sua imagem reflectida no espelho, do seu empenho na construção da teia e da ilusão de companhia.

6 comentários:

JoaoLima disse...

No meu antigo carro, tinha uma no retrovisor do lado direito. E esteve lá muito tempo! Até foi baptizada de Natasha.
Quando o carro foi trocado, seguiu com ele (mas não me deram mais por isso!).

Beijinhos :)

Jorge Branco disse...

Uma excelente companhia!
Eu como corredor rural que sou tenho aqui por casa a companhia de muitos aranhiços e por norma também os deixo sossegados nas suas vidas!
Beijinhos

S* disse...

ahahah O carro da minha mãe também tem uma aranhita de estimação!

Sérgio Pontes disse...

Também tenho um no meu espelho da esquerda

Anónimo disse...

Olá Ana,

Qunato a aranhiços, eu não tenho um a viver nomeu carro, tenho uma família! Todos os dias limpo as teias de aranha dos dois retrovisores e da escova delimpa vidros traseira...mas no outro dia lá estão novamente as teias de aranha. Eu bem lhes digo "está na hora de irem embora"...mas eles não vão...são teimosos e acho atá que são "laranjinhas". "Estas melgas" nunca mais se vão embora!!!! Somos um País de aranhiços.

Bjs.
Fernando Sousa


Pode ser que

Horticasa disse...

Em casa dos meus avós havia todos os dias de manhã uma teia enorme, no espaço entre a cancela do alpendre e a beira do telhado, aquilo ainda devia ser meio metro mais coisa menos coisa, todos os dias ao abrir a cancela se desfazia a teia mas, era uma teia enorme, muito bonita, parecia uma renda, brilhava ao sol.
Não era muito inteligente aquela aranha pois fazia a teia de noite mas mal raiava o dia ficava sem ela, assim nunca caçava nada! Digo eu.
Beijinho