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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

"São pessoas afinal" ou " Prenúncio ignorado"

Falam-se há anos. A profissão as aproximou mantendo as devidas distâncias profissionalmente impostas e também a que vai da cidade de Viana do Castelo à capital do seu pequeno país.

São diferentes sem dúvida. Estas cidades e estas mulheres. Vivências e circunstâncias de vida bem diferentes. Idades idênticas no entanto, como idênticas as suas essências afinal, com os mesmos medos, ânsias e desejos. Mulheres. Mães. Esposas. Trabalhadoras. Filhas. Vidas não tão diferentes assim, camufladas atrás de um profissionalismo exigido e cumprido.

São competentes. São tolerantes também. São compreensivas mas são também exigentes. E são falíveis como pessoas que são afinal.

Falam-se há anos. Sem sentimento ou emoção. São profissionais. Nunca se viram cara a cara nem os seus olhares algumas vez se trocaram. A linha que as liga é agora invisível aos olhos.

No entanto aos poucos, foi-se estabelecendo uma relação. De confiança, respeito, admiração e amizade também. Por trás das palavras sem calor pressentia-se a pessoa, humana que é, tão diferente e tão igual. São pessoas afinal.

Falam-se há anos e só hoje por uma necessidade sentida e por uma receptividade adivinhada, espontaneamente falaram como se de conversa entre duas amigas íntimas se tratasse. Confidentes desabafaram, partilharam temores e procuraram apoio e obtiveram-no transformando uma mensagem à primeira vista negativa, num optimismo carregado de fé, esperança e amor à vida. Não foi preciso muito tempo, apenas o suficiente e necessário de que ambas precisavam hoje. Para se sentirem melhor. Porque precisavam de se fazer ouvir naquelas palavras que queriam brotar para fora de si e precisavam de igual forma de ouvir aquelas outras palavras também. Porque elas são pessoas afinal.

5 comentários:

S* disse...

Gosto mesmo disso, da cumplicidade criada. :')

Jorge Branco disse...

Mais um texto magistralmente bem escrito!
Andam escritores perdidos nos blogues e andam pretensos escritores a vender literatura de cordel como se fossem grandes obras e valessem alguma coisa!

Anda por ai muita boa gente (ou péssima gente) que só vê as pessoas como números!
Se calhar nunca passaram, nem de perto nem de longe, pelo drama do sofrimento humano senão teriam aprendido outras lições da vida.

Bom fim de semana "Pikena" Um beijinho.

C. disse...

e é engraçado que às vezes essa cumplicidade e amizade, para ser real, não precisa de ser 'face to face'.

Joana (Palavras que enchem a barriga) disse...

Não consegui evitar sorrir ao ler o teu post :D De facto muitas vezes a amizade está onde menos esperamos ;)

Beijinhos e tem uma óptima Sexta-feira :)

Isa disse...

Concordo com o Jorge Branco.
O que não falta para aí são pessoas que se intitulam escritores, mas que não merecem tal designação. E depois há pessoas como tu que escrevem textos magníficos.
Parabéns!
Já pensaste em escrever um livro?
Beijinhos e bom fim-de-semana!