Primeiro foi o choramingar da criança. Logo de seguida a resposta do adulto, mulher, áspera e rude que ralha com dureza na voz. A petiza cala-se, e nessa altura, quando a nossa Maria já virara a cabeça e observava agora a cena cujos sons haviam chamado a sua atenção, a miúda leva a fralda ao rosto onde uma chupeta parecia ser o centro, escondido por largos e numerosos caracóis louros, e num gemido sussurrado, cala e segue caminhando atrás da mulher que encabeça o grupo caminhando vigorosamente e arrastando pela mão, em cada um dos seus lados, uma criança que deveria ser de colo até há muito pouco tempo. Atrás da nossa petiza, segue uma outra miúda, a mais velha do grupo, como que a fechar o grupo, certificando-se de que nenhum ficaria para trás. Carrega no semblante uma responsabilidade que não lhe deveria ter sido atribuída, e cumpre-a como aprendeu e sabe, empurrando a nossa petiza para a obrigar a caminhar. Carrega também às costas uma mochila maior que ela, que a julgar pelo volume e pelos passos arrastados da miúda, adivinha-se pesada. Demasiado pesada para o seu corpo franzino. E demasiado pesada para o 1º ano de escola, mas provavelmente mais leve que outras cargas e pesos que a sua vida a faz suportar.
Veio a Maria a saber depois, que a escola fica a cerca de 2 km do local onde a cena decorreu.
Pesada a vida da Maria, desta e de outras que sempre se lastimam? Só porque não consegue treinar nas condições desejáveis, ou até nas apenas possíveis? Nem por sombras!
Até amanhã querido diário
Treinos: Zero a Zero no marcador
1 comentário:
Enquanto não chegam as condições desejáveis ou possíveis, alguma coisa é sempre melhor que nada. Como fica em caminho é só parar, dar umas voltas e seguir. Fácil não é ?
Agradeço a mensagem sobre a Susana.
Beijos do Pára.
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