Se há coisa que gosto de fazer na vida é conduzir. E conduzo bem. Dá-me um prazer intenso, que me completa, enche e satisfaz. Já o mesmo não posso dizer do estacionamento. Nem gosto nem o faço bem. Conduzir sim, melhor do que conduzo a vida, conduzo o veículo, poderosa e confiante. Só é chato quando a polícia nos apanha em excesso de velocidade (mesmo que sejam apenas uns míseros 31 quilometrozinhos a mais do que a velocidade permitida por lei numa via rápida, sem passeios onde nem sequer são permitidos peões ou animais, onde os separadores de betão separam as vias – mas a Lei, essa madrasta injusta e cega, que não passa de uma forma legalizada do Estado roubar em muitas e muitas situações fez-se cumprir hoje).
E eu hoje fui roubada em 120 euros. Quer dizer, o homem levou um papel assinado por mim com esse valor referenciado, a que vulgarmente se chama cheque. Se tem cobertura ou não, logo se verá, depende do dia e da temperatura que fizer no dia em que os homens o puserem ao banco, e de tantos outros factores.
Isto a vida tem de se levar com calma. Muita calma e serenidade. Uma coisa de cada vez, um dia de cada vez, um momento de cada vez. As soluções são para o momento. É necessário e imperativo satisfazer as necessidade de agora. Matar a fome, ler ou escrever ou conversar. Agora. Quem sabe se quando o cheque chegar ao banco eu ainda cá estou? Para quê me preocupar com o indefinido e incerto? Talvez até o mundo acabe antes, ou o carro da polícia que deve transportar o meu cheque neste momento vá contra uma parede, expluda junto com agentes e os papéis desapareçam para sempre, apagando definitivamente as provas do crime cometido. Ou ainda talvez o simpático senhor agente tenha lido qualquer coisa nos meus olhos e nas palavras que não proferi que lhe façam ter um acesso de humanismo e rasgue os papéis e o cheque desapareça. Estou tranquila e serena e preciso de ir dormir. Dois comprimidos cor-de-rosa como a vida não me devem permitir insónias esta noite. Tenho de estar serena e tranquila amanhã pois tenho um fim-de-semana para passar com a pessoa mais importante da minha vida. Tudo o resto, até as multas, os agentes da autoridade e os cheques sem cobertura são apenas merda na puta desta vida.
Assim, da mesma forma serena e tranquila, a praticamente 13 semanas da Maratona do Porto, ainda não mexi uma palha. Mas suspeito que a teoria acima descrita não se aplique com exactidão a este caso. Se quero (quero?) fazer a Maratona a 26 de Outubro de 2008, na magnífica cidade que amo, Porto, tenho de me começar a mexer. Antes do Momento. Terei de ter muitos momentos antes para conseguir atingir aquele. E por via das dúvidas de algum leitor desatento, a par dos últimos dias, semanas, meses, da minha vida, anteriores a este dia, ainda não foi hoje que recomecei a treinar.
13 semanas. Ainda dá tempo? Acredito que sim, mas não assim: parada.
3 comentários:
Ana, lembre-se que para ver Maomé é preciso subir à montanha.
Se quer correr a maratona do Porto é bom que comece já a treinar. Não é amanhã, é hoje mesmo.
Se nós estudassemos hoje e amanhã fossemos licenciados, toda a gente seria doutor.
Se nós treinassemos hoje e amanã corressemos uma maratona toda a gente seria maratonista.
É assim mesmo, é muito difícil esta tarefa árdua de andar meses ou anos seguidos a trabalhar por um objectivo que custa a ser alcançado. Trabalhamos, trabalhamos e não vemos nada.
É aí que entra o sonho.
Eu sei que sabe isto e muito mais, só estou a lembrá-la.
Por isso, nada de lamentos e mãos à obra.
Sabe que mais, há coisas que nós nunca conseguimos esquecer, que nos vão "atormentar" o resto da vida. Por isso temos de conviver com elas e arranjar sonhos que as ultrapassem, e nada de comprimidos cor de rosa.
Desculpe a franqueza mas não estou a dizer-lhe nada que não diga a mim mesmo.
E por fim, mas não menos importante, lembre-se que o correr e o coçar vai do começar.
Um abraço
José que também corre
Correndo, normalmente, devagar
O seu carro reserva-lhe a “vingança”:
E, em estrada boa, vai de acelerar
Que andar depressa, assim, até nem cansa!
Mas a “bófia”, vilã, estava a "topar"
E em desumano acto - mas voz mansa(!)-
Lhe lembra a transgressão e, com requinte,
Lhe diz p’ra pôr no cheque, cento e vinte.
Olá Ana,
Vamos em frente...faz o que gostas e não te vás abaixo, treina vá.
Quanto à multa...também eu já fui multado o ano passado por duas vezes.
A primeira foi no túnel do Marquês onde estava a tentar manter a velocidade de 50 só que na descida do Marquês quando olho para o conta kms já estava perto dos 60. Multaram-me atribuindo-me uma velocidade de 55km/h (60€). Se me fizessem a média dentro do túnel de certeza que não ultrapassava os 50 pois por vezes andei a 45...mas paciência. Perto do Saldanha onde muitos peões atravessam a estrada circula-se a cerca de 70,80,90kms/h e cadê aqui os radares?
A segunda multa também foi ridícula. Tive um problema eléctrico no carro de noite. O painel não estava iluminado, logo não teria as luzes acesas. Para não atrapalhar o trânsito pois nem os intermitentes poderia acender, virei num local que me parecia bom para parar. Logo me surgiram dois polícias de mota referindo que tinha um sinal que dizia que tinha de seguir em frente. Mais uma multa onde a minha explicação de nada valeu (outra multa e também perto do Marquês).
Para a próxima paro o carro no meio da estrada (criarei confusão e até poderei ser atropelado mas assim o farei).
Por isso Ana, foram duas multas que me revoltaram depois do que vejo na estrada todos os dias...
Mas voltando atrás, começa já a fazer os treinos...ainda estás a tempo, treina...a teinar também aliviamos o stress diário, somos como que colocados noutra dimensão que é indescritível para quem não corre.
Como alguém o disse "queres correr, corre uma milha, queres mudar de vida corre uma maratona".
Beijinhos e bons treinos.
Fernando Sousa
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