Se não tinham coração
Se o tinham, porque escondidas
Na folhagem sempre estão?
Responderam-me a chorar,
Com voz de quem muito amou:
Sabeis que dor os desfez,
Ou que traição os gelou?"
"Há sonhos que ao enterrar-se
Levam dentro do caixão,
Bocados da nossa alma.
Pedaços do coração!
Ai tirem-me o coração
Que o tenho todo desfeito!
Cada pedaço um punhal
Que trago dentro do peito."
"COVEIROS, SOMBRIOS, DESGRENHADOS,
FAZEI-ME DEPRESSA A COVA,
QUERO ENTERRAR MINHA DOR
QUERO ENTERRAR-ME ASSIM NOVA
COVEIROS, SÓ O CORPO É NOVO,
QUE HÁ POUCOS ANOS NASCEU;
FAZEI-ME DEPRESSA A COVA
QUE A MINHA ALMA MORREU."
Florbela Espanca
1894: A 8 de Dezembro, nasce Florbela Espanca em Vila Viçosa.
1930: Em Matosinhos, Florbela põe fim à vida
"Examina-se diante do espelho e dizendo-se "grosseira e feia, grotesca e miserável" põe em dúvida se saberia fazer versos. Colocando-nos uma vez mais em face das contradições que a atormentam permanentemente e que exprime numa outra frase: "Viver é não saber que se vive".
…/…
Poucos dias antes de morrer interroga-se "que importa o que está para além?" Responde, repetindo o que diz no soneto A um moribundo: seja o que for será melhor que o mundo e que a vida.
A morte anunciada ao longo da sua escrita ocorrerá pouco depois. Põe fim à vida em 8 de Dezembro de 1930, dia em que faz trinta e seis anos, em Matosinhos, onde vive. Aí é enterrada sendo mais tarde trasladada para a sua terra natal.
Com a morte de Florbela, morre, não talvez a maior poetisa do seu tempo, mas uma das que mais agudamente e sem temor exprimiu as grandes contradições da sensibilidade feminina nas suas paixões. Ao mesmo tempo, com uma certa ingenuidade, impregnada das verdades simples ou complexas do que é a mulher, na convergência da cultura e do ser.
Que conduz Florbela para a morte?
Fernanda de Castro, em escrito citado por Carlos Sombrio, sintetiza a resposta: "Porque nunca soube pôr de acordo o seu corpo, o seu espírito e a sua alma".
Ver artigo completo em: http://www.vidaslusofonas.pt/florbela_espanca.htm (Vale a pena)
por ROLANDO GALVÃO
Nota: Se corri estes dias? É óbvio que não. Tenho vindo a caminhar, a pisar e repisar merda e lama. Patinho, e chapinho no estrume. Inevitavelmente aconteceu: Caí. Perdi o controlo e comi mais nesta semana do que nos últimos dois meses. Comida em quantidade e qualidade industrial que dá para alimentar um hipopótamo durante meses. Porque o fiz? É apenas mais uma forma de me destruir. Porque o faço? Não tenho bem a certeza. Porque o escrevo publicamente? Porque enquanto não me puder dar ao luxo de pagar a um "Bom" profissional de saúde mental, e tudo o que isso significa (horas roubadas ao emprego e/ou à filha, e a coragem de tomar uma decisão inteligente) o meu blog é o meu psicanalista, que me ouve e me obriga a ouvir-me. O que pensam de mim? Estou-me nas tintas!
Domingo, Nazaré? Já não sei porque vou nem se valerá a pena...
5 comentários:
Com tanta mágoa dentro de si, tente pensar sempre em algo, simples e agradável. Eu penso sempre numa que muitas vezes acaba sempre no bem estar…. Correr.Cmp desportivos.
Ana, já há tempos aqui lhe escrevi, dizendo que por vezes temos de atravessar um deserto. É o que lhe está a acontecer. Não desanime.
Sabe, o sol existe, é quente e agradável. Por vezes não o conseguimos sentir, simplesmente porque temos uma qualquer nuvem escura que nos está a escondê-lo. Como não o vemos até não nos lembramos dele. Pensamos que não existe.
E, muitas vezes, a solução mora mesmo ao lado. Basta que nós tenhamos a coragem de afastar essa insignificante nuvem que teima em nos esconder o sol.
Sabe, quando estamos na lama, nada pior nos pode acontecer, a partir daí é só melhorar. É preciso que tenhamos coragem para mudar. E, quando digo mudar, não é só pensar diferente, é agir diferente e tomar decisões que podem ser custosas e que por vezes nos conduzem à solidão. Não tenha medo da solidão. A solidão é só a ausência de pessoas. Nos meus momentos de solidão sou imensamente feliz, pois consigo voar, viver, imaginar e muito mais.
Talvez eu consiga imaginar o que se passa consigo.Mas é só talvez...
E por isso lhe escrevo assim.
Se estiver errado, peço-lhe desculpa. A intenção é ajudar.
A Ana está condenada a dar a volta por cima. Não lhe resta alternativa.
Força Ana.
José que também corre
Talvez estejas a enfrentar a "prova" mais difícil da tua vida.
Como em tantas outras, apesar das dificuldades, conseguiste vencê-las, esta também não a podes perder!!!
Eu apenas grito mais uma vez,como o fiz na mararona do Porto, agora ainda mais alto:
- Força Maria Sem Frio!!!!
José C.
Ana, lembre-se que mesmo na noite mais escura, basta uma pequena luz, vinde não se sabe de onde, emergindo lá do fundo, bem lá do fundo... para nos guiar e nos ajudar a encontrar o nosso caminho.
De certeza que essa réstea de luz existe. Siga-a.
Força.
José que também corre
Parece que não leio e não ligo, mas leio e ligo.
E as palavras também servem para alguma coisa. Para muita coisa aliás.
Se costumo dizer que os actos é que contam, as palavras leva-as o vento, isso só se aplica aos próximos, àqueles a quem de alguma forma nos damos e que por isso mereceríamos desses muito mais que apenas palavras.
Dos que aqui escrevem, aqueles que nunca saberei quem são,nem isso importa, nada se espera, nada se exige, por isso a Palavra é tão importante, pois mais que isso seria ridículo esperar. E a única coisa que lhes é permitido dar é precisamente isso: a Palavra.
A Palavra que mima, que fere, que ama, que nos transporta e que pode até mudar a direcção dos carris de uma vida. Pois a Palavra é poderosa. Saibamos usá-la e ouví-la.
Obrigada a todos e todas pelas
Palavras, que sempre de alguma forma me tocam, quer ao de leve a roçar a pele somente, quer bem lá no âmago do meu ser onde se escondem e coabitam fantasmas e sonhos.
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