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terça-feira, 28 de novembro de 2006

Há um livro para escrever. Inacabado. E para pintar também. Personagens brancas delineadas com um traço grosso a preto, esperam cor.

As palavras são escritas e apagadas consecutivamente. Escrevo de novo sobre o que escrevi, apago, volto a escrever, borro a tinta sobre elas e quase rasgo o papel ao tentar apagar.

Difícil este capítulo. Longo, já sem interesse e difícil da página virar. Escrevo. Insisto e não desisto, apesar dos retrocessos, do apagar com raiva até quase rasgar o papel para depois afinal escrever as mesmas frases, as mesmas lamúrias e ainda os mesmos sonhos.

Para as figuras faltam-me os lápis de cor. Tenho de pedir à minha filha. Na sua imensa mochila da escola, a avaliar pelo peso, de certeza que traz até o arco-íris inteiro e o céu atrás!

De tanto borrão neste papel amarelo, já muito poucos conseguem ler o que lá está escrito e descrito, tantas vezes a história alterou, avançou e recuou. Hoje, muito poucos me ouvem e são ainda menos os que me vêm quando me olham. A paciência esgota-se, e até eu estou farta de mim. Compreendo todos. Os que deixaram de me ouvir e de me ver ao olharem-me. Como os compreendo…

Mas sabe bem saber que ainda sobra alguém, que simplesmente… me vê, quando me olha.Correr? Já nem sei o que isso é. Tenho as vias respiratórias em chagas, o corpo debilitado e a cabeça pesa-me uma tonelada, o que me parecem razões mais que suficientes para não treinar sem ter quaisquer problemas de consciência pesada. O pior vai ser quando melhorar...

5 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do cão

Anónimo disse...

Escrever é levar as palavras a dar um passeio!
Tu levas as palavras a dar lindos passeios, elas devem ficar deliciadas com tantos e tão belos lugares que lhes propocionas.
Estou certo que essas palavras,que são profundamente altruistas, repletas de alma e carregadas de vida, irão em breve trazer-te para a estrada, para que tu também voltes a dar e a proporcionar belos passeios a ti própria.
As palavras merecem, tu também!

José C.

Anónimo disse...

Ana, o mal não está em si. Pelo facto de nós não termos assistência não quer dizer que o nosso "espectáculo" não valha. Talvez o público não tenha olhos suficientes para ver ao longe.

E mais, não consigo ficar calado. Olhe para os dois posts anteriores, veja as diferenças de sensibilidade.

Como é possível que alguém que teve o privilégio de ler o que escreveu, e que teve acesso ao que ia no mais profundo do seu ser se limite a dizer "gostei do cão".

Ainda bem que o José C., com o seu belo comentário, mostra que há pessoas com sensiblidade suficiente para "atingir mais longe".

Parabéns Ana pelo que escreve e parabéns José C. pelo seu comentário.

José que também corre

Anónimo disse...

As melhoras Ana.
Vamos ver se conseguimos dar a volta a isto e começar a correr de novo. Estou a pensar marcar aquele treino interactivo para este fim-de-semana. Que te parece?
Beijinhos,
Lénia

Anónimo disse...

Anuska
Como sabes gosto MUITO do que escreves e sei entender o que dizes porque te conheço como ninguém. (sem pretenciosismos)
Por mim continuo a olhar para dentro de ti, embora muitas vezes o cansaço me assalte, e sabes que esse cansaço se deve ao saber o que poderias ser pelo potencial que tens... e o que na realidade és.
Perdes tempo demais a bater em ti própria e a vida continua a passar sem se compadecer com as tuas fraquezas e hesitações . Eu, continuarei a tentar
que despertes desse marasmo !!!
Mas já lá vão quase 20 anos...
Mas mesmo assim tem valido a pena pelo que a nossa amizade vale...
No fim só te posso dizer que podes sempre contar comigo como até agora e eu sei que posso sempre contar com a mulher lucida inteligente e sensivel que tu és
quando ouves e aconselhas!!!
Mil Beijos TD