Monte Serves, Vialonga, 5 de Fevereiro de 2016
Sete ovelhas pastavam num prado verde, resplandecente, sob um Sol brilhante e quente num céu azul decorado com algumas nuvens alvo branco, numa calmaria estonteante só interrompida por um ou outro balido acompanhado pelo som do chocalho e pelo chilrear dos passarinhos.
Este seria o cenário idílico propício a uma bela e encantadora história que poderia contar.
Mas não! As nossas ovelhas saíram dos seus currais antes das cinco da manhã e reuniram-se no vale noite escura ainda.Juntas saíram para o campo sob um céu negro salpicado de brilhantes estrelas e uma Lua sorridente.
Algumas correm desenfreadas tal é a sede de Monte, causada por ausências forçadas e consequente saudade e necessidade urgente. Outras seguem aquelas e sem saberem muito bem o caminho, aventuram-se Monte acima.
Falta-lhes o pastor e o fiel canino, que as guiaria e manteria juntas pelo caminho certo, sem as perder de vista. Mas não. Elas vão sós e vão agitadas. Umas avançam destemidas, outras recuam e seguem por caminhos distintos e já não se encontram. A que melhor poderia fazer de pastor, acompanha a ovelhita mais traquina, a que saltita com ligeireza, bale como nenhuma outra, escolhe caminhos e envereda por trilhos ao acaso. A outra, a que poderia melhor guiar, acompanha-a pois sabe da inconsciência desta ao atirar-se assim noite dentro e cuidadosa e protectora, acompanha-a sem um balido.
Esquecidas, outras cá atrás, duas delas completamente às escuras por problemas técnicos, avançam cautelosas e nervosas. Já não sabem das outras.Há caminhos e bifurcações e já não avistam o resto do rebanho.
Hesitam, balem,cada uma para seu lado, avançam e recuam de novo.
O tempo é especialmente limitado hoje, para a maioria e há protestos velados, e muita agitação por não se perceber o porquê de tantas invenções. Vão avançando às cegas, orientando-se pela bússula interior de cada um e várias são as vezes que não sabem onde se encontram. No Monte, sim, isso é certo, mas gostariam de tomar o caminho mais curto e não sabem por onde ir.
Por fim, depois de quase 11 km percorridos em 1h27m, em que a subida ao Monte Serves foi obrigatória, juntam-se de novo no vale de onde partiram e regressa cada uma delas ao seu curral. E foi assim o treino de hoje: sete ovelhinhas tresmalhadas no meio do Monte.
Treino diferente, mas, muito bom.
2 comentários:
Caramba a Ana cada escreve melhor!
Está absolutamente magistral!
Vai já para os Aplausos lá no UK.
Só espero é que as ovelhas fossem negras para a "coisa" ficar perfeita!
Beijinhos.
Logo vi que se tratava das ovelhas xonés, ainda hesitei mas, não!! Eram mesmo ovelhas xónés
beijoquinhas cá de nós!!
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