Atravessou os portões, abertos de par em par como que a acolherem-na ou a convidarem-na a entrar.
O edifício estava iluminado, fortes holofotes incidiam nele a fazerem-no sobressair da noite e da escuridão envolvente em que se encontrava. Portas altas e estreitas e janelas similares, como olhos a mirarem-na do alto, uns abertos, outros meio fechados, conforme as persianas estavam subidas ou descidas. Iluminados alguns, às escuras a maioria, como a guardar quem a vigiava, em segredo e silêncio, supostamente protegidos de um mundo austero.
O edifício olhou-a do alto. Imponente, majestoso e misterioso, austero, frio e forte. Como uma fortaleza no meio da cidade. E o silêncio… Ao mesmo tempo aterrador e reconfortante. É noite na cidade. Há o burburinho do trânsito lá fora, para lá dos portões, o normal para uma hora de ponta ao fim do dia na metrópole, mas ali dentro, há sossego e paz. Por instantes ela desejou pernoitar. Em paz e sossego, e dormir uma noite bem dormida como há muito tempo não dorme. Esta noite. E talvez outra e mais outra ainda.
Mas não. Não será certamente esta noite ainda. Pelo menos ali, protegida pelas espessas paredes cor de rosa suave, a fingir uma doçura e a esconder uma realidade dura por trás delas. Tão suave e tão dura como a vida cá fora afinal. E há uma vida para viver, um fim de semana para passar e uma corrida para correr. Por isso ela deu meia volta e voltou a atravessar os mesmos portões, agora em sentido oposto, com a certeza no entanto, de que vai lá voltar.
2 comentários:
Nuska
Uma escrita de sensibilidade tocante que me deixa com um nó na garganta e me faz ter vontade de te abraçar.
Aqui ou noutro lado qualquer, estarei sempre presente..quando de mim precisares !!!
Bjos
Bjos
Olá Ana, podias me enviar mais informações sobre o troféu da Costa?? e as datas das provas, gostaria de participar
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