O dia passa. Rápido ou lento consoante as curvas da estrada, ondulando com mais ou menos intensidade, e oscilando entre subidas e descidas, num constante carrossel. Tensões, pressões e decisões, forças rebuscadas, perdidas e encontradas, luta travada em cada minuto que passa. Fácil ou difícil, assim passa o dia.
E ao fim, ao fim dele, ela precisa. Precisa de sentir a sua voz doce e sensual a sussurrar-lhe ao ouvido palavras de amor e outras também. Precisa dos seus braços e do seu abraço quente e forte. Das suas mãos nela, acariciando-a e aninhando-a como porto de abrigo seguro, onde ela sabe que pertence desde sempre e para sempre, mesmo sabendo que sempre é uma palavra demasiado longa. Precisa descansar a cabeça no seu peito e recarregar forças, assimilando emoções e sentimentos resgatados nesse encontro, agora esporádico e raro.
Assim, ao fim do dia, correndo ao seu encontro, encontro esse que ela sabia não ir durar o tempo desejado, mas ainda assim gratificante e muito compensador, ela chegou a casa a correr, despiu-se a correr, equipou-se a correr e saiu a correr para se encontrar e se dar, e dando-se, dessa forma receber. Receber amor e através dele o ânimo e a força necessária para ainda viver esta noite e para o dia de amanhã que há-de nascer. Com sol ou sem sol, que se põe agora, prometendo voltar.
É assim a história deste amor. Por vezes aparentemente distante e até impossível, mas inequivocamente presente, sempre e tão presente e constante e consistente, mais que qualquer outro amor. É assim a história do amor dela e da Corrida, que nasceu há mais de trinta anos, quando se encontraram pela primeira vez numa dessas curvas da estrada, era ela uma miúda pequena.
Correu apenas 45 minutos, o tempo possível, e ficou feliz, muito feliz com o reencontro, alimentando-se e fortalecendo-se.
1 comentário:
Diz-me, Maria:
Prometes amar e respeitar a Corrida, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte vos separe ?
Tchan-nan-na-rá-rá-´ra
tchan-na-na-naia-na.
eheheheheh
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