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terça-feira, 7 de novembro de 2006


Desalento

Um velho problema. Não me conseguir amar. A insistência em me maltratar. A incapacidade de dar um passo, e se o dou trémula, a seguir recuo, medrosa, cobarde. Cobardia maior que a dos suicidas. Sem a cobardia suficiente para sair da vida, mas também sem a coragem suficiente para me ir embora num segundo, sem força para mudar, vou andando indiferente, definhando, anulando-me, maltratando-me, matando-me. É o que eu estou a fazer. A matar-me. Aos poucos, devagar, em silêncio e passando despercebida aos demais, sem força para o derradeiro impulso e sem a verdadeira coragem para dar a volta e mudar de direcção. Sem a verdadeira coragem (para viver) e sem a falsa coragem (para morrer). Sem nada afinal. Vazia apenas. Eu.
Porquê?! Porquê? Se eu vejo isto tudo e de tudo tenho plena consciência? Preferia mil vezes ser um burro e não me aperceber sequer do que me estou a fazer.

Olhar o Sol, tomar um café, ver as gaivotas e estar com uma amiga. Coisas simples mas gostosas. Onde está o gosto agora? O pouco gosto que existia em respirar, em correr, em estar viva. Olhar o mar? Rir? Onde está? Perdi-o. Talvez saiba onde o possa encontrar mas uma força qualquer que não consigo vencer impede-me de o ir tentar reencontrar. Continuo a punir-me, quase quase resignada. Resta ainda um ténue brilho lá no fundo, uma luz que me diz que é possível, que ainda não está tudo perdido (se estivesse nem sequer estaria aqui a gritar), mas está lá tão no fundo que não sei se algum dia serei capaz de a trazer cá acima.

Até quando?

Correr? Treinar? Para quê? Não, nem ontem nem hoje, e provavelmente nem nos próximos dias.

Domingo Nazaré. Irei? Sim irei. Porquê? Para me salvar do sono em que não se acorda. Por isso vou com certeza. Mas não é a solução, apenas um subterfúgio efémero. Depois voltarei para de onde não posso fugir: a esta casa e a este ser: voltarei a mim de novo.

“Coitada! Que falta de força de vontade” - pensarão muitos a esta hora. Mas muito poucos sabem do que estou para aqui a falar, e ainda bem que é assim.

10 comentários:

Anónimo disse...

Olá Maria sendo um leitor assíduo do teu blog (mas tímido) não consegui resistir em te escrever qualquer coisinha par te levantar a moral sou um amante do atletismo a cerca de um ano já tive fases da vida em que me sentia um tapete, não vou tentar adivinhar o que tens mas imagino bem ou mal escrevi umas coisinhas para ti mesmo se não acertar espero que gostes e até domingo espero te ver em Nazaré com outro animo e quem sabe talvez conversar um bocadinho.

O que estarás a sentir…
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Porque choro sem razão?
Nem te consigo dizer…
Choro pelo que me vai no coração
Choro porque tenho que o fazer.

Talvez seja por sofrer
Ou então por estar feliz
Ou posso até estar a esconder
A vontade de ser feliz.

Não sei o que sinto
Não consigo perceber
Talvez seja por saber tanto,
Talvez seja por não saber.

Só queria que me respondessem
A uma simples pergunta.
Seria bom que entendessem
Porque estou tão confuso.

Queria fazer uma pergunta
Não sossego porque não a fiz.
Espero que alguém entenda
Quem ama pode ser feliz??

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Tens coragem de amar?
Tens coragem de imaginar,
de optar pela vida sem retorno
(dos que vivem no imediato da paixão)
na lembrança fugaz de um beijo?
Tens coragem de ser
a onda, o vento, a força...
Tens coragem de viver
sem restrições, limites ou leis?
Tens coragem de viajar
na dobra do tempo e do espaço,
incólume à realidade?
Tens coragem de perseguir
sonhos ou ilusões,
de estares infeliz por não estares completamente feliz?
Tens coragem de admitir isso a ti próprio?
Tens coragem de amar?
Ou é medo que percorre o teu pensamento
na lembrança de um olhar?
Tens coragem de infringir
penas aos limites da paciência,
mesmo quando não há retorno possível
à inocência?
Eu tenho coragem!
Por isso amo!
Já pensei em esquecer...
mas outrora alguém me disse:
-Quem ama tem de sofrer!

Anónimo disse...

Monótono ...
A conversa, a acção, a vida...

É chato ver alguém com algum valor desperdiçar a sua essência em queixas...
A ignorância traz a felicidade, mas a consciência de um facto e não fazer nada contra ele não é também um acto de ignorância?

Alguém como tu, merece algo bem melhor da vida, mas não é com a cabeça na toca a espera que ela venha até ti...

A busca na monotonia de uma fuga para ela mesma é algo inconsistente, passo a explicar, vives saturada com a vida que tens e em muitos casos fazes aquilo que sabes estar errado para ti vezes sem conta... isto sim é monótono.

Sabes quando alguém te dá a mão tens que ver 2 coisas
1º se a mão te quer ajudar a ti ou ajudar a si mesmo...
2º acima de tudo se tu queres agarrar essa mão

Anónimo disse...

Olá Ana

Há muito tempo que não escrevia no teu blog, mas será necessário? estou contigo quase todos dias! mas estes últimos posts fizeram-me escrever...

Apesar de algumas vicissitudes da vida, sou o teu companheiro de momento, é comigo que tens compartilhado os últimos meses da nossa vida. És uma mulher espectacular em todos os aspectos,lembras no domingo à tarde aquele momento em que parei o carro para fotografares o pôr do sol? Lembras aquele passeio nocturno em Vilamoura em que te tirei dezenas de fotos. Lembras quando nos levantámos domingo no quarto do hotel e tinhamos a casa de banho inundada de água? E na meia do Algarve o empurrão que te dei até ao 2º lugar do escalão...São momentos alucinantes da nossa vida que me levam a pensar sem rodeios que o que estarás a sentir, são coisas muito valiosas e imprescindíveis e é tempo mais do que suficiente para o aproveitar essa imensidão de felicidade. O que estarás a sentir? ontem ao jantar senti em ti algum cansaço, alguma tristeza, mas isso são momentos do teu próprio interior, perfeitamente ultrapassáveis. Quem não os tem.
Vive a vida com alegria e esperança, conta comigo para isso e para o resto.
Um grande beijo

Eduardo Santos

Lénia disse...

Ana,
A vida às vezes parece conspirar contra mim, parece querer derrotar-me, quando afinal sou eu a fazê-lo a mim própria. Na maior parte das vezes sou eu a minha pior inimiga.
Mas o que me vale nesta vida são a família e os amigos (que às vezes são pouquinhos mas que valem por muitos.
Não estou a par desse teu mal-estar, não te posso aconselhar. Mas deixa que te diga: tens aqui uma amiga, e uma que gosta de ouvir. E é tudo.
Beijinhos e muita força, porque amanhã é outro dia e com certeza o sol irá brilhar.

Anónimo disse...

Olá

Rectificação à minha mensagem:
Quando digo pôr do sol? Queria dizer arco-íris (foto do teu post anterior)

Um beijinho grande

Eduardo Santos

Anónimo disse...

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer

(É urgente o amor - Eugénio de Andrade)

José C.

Zen disse...

Se a Maria sem Frio escreve estas coisas, aonde pára a Ana Pereira?
Não perceberam? Eu explico. A Maria sem Frio é uma personagem ( quem sabe inspirada na Virginia Wolf) não é a Ana Pereira ( desculpa Ana mas não resisti a revelar isto)! Então vocês acham que uma mulher com esta força de viver, amar e correr vinha para aqui revolver as entranhas em público?!Tolos! Bem... a minha revelação, não é o fim da Maria sem Frio, pelo contrário, eu continuo a não saber quem é a Maria sem Frio. Só conheço mesmo é a Ana Pereira ( e será que vale a pena pensar que isto não é verdade? Naaaa.)

Beijinhos.

Anónimo disse...

Ana,Desalento? mas Porquê? tem
Emprego, tem Familia,tem amigos então qual é
o problema,eu sei que é facil falar
naturalmente, que á fases da nossa
vida menos boas, se olhar-mos por
esse Mundo fora, HÓ Ana Pereira
dê graças a Deus, ao que tem á sua volta, vá não se deixe ir abaixo
isto no Domingo com a Meia já passou,até porque eu preciso de
companhia para a Meia da Nazaré.
AP

Anónimo disse...

A questão mais interessante é o motivo interior que leva alguém que aparenta, na versão A. P., ser
uma mulher com força de viver, amar e correr, ter necessidade de
vir para aqui revolver as entranhas em público, agora na versão M. sem F. nem C.
Porque, quer se queira quer não, a personagem criada tem sempre muuuuito do criador...

Anónimo disse...

Muita força Ana!...

ls