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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

38ª Corrida do Tejo


Domingo, 23 de Setembro de 2018


Mas não queres falar nisso? Estás-me a evitar?! Tu não estiveste nessa coisa do Tejo? Na Corrida? Conta lá como foi! Eu conto, eu conto, ando só cansada, muito cansada, só isso, tal qual como corri neste dia.Mas eu conto.

O convite estava feito e eu não ia falhar. Podes pensar que sabes tudo da prova se visitares o site da Organização, mas não. Enganas-te redondamente! Não ficas a saber quase nada para além de que a prova é organizada pela Câmara Municipal de Oeiras em parceria com a New Balance, com a colaboração da Last Lap – Eventos e Comunicação e o CCD 477 Oeiras e que conta com o apoio da Água Serra da Estrela, Gatorade e a Peugeot Sucursal.

Ficas depois a saber que houve 7849 chegados à meta, que havia preços de inscrição crescentes à medida que o número de inscritos aumentava, que houve treinos de preparação organizados nas semanas que antecediam a prova, que irias receber uma t-shirt da New Balance e uma medalha se chegasses ao fim, que havia blocos de partida por tempos, animação, abastecimentos, possibilidade de tomar banho no final da prova, guarda-roupa, transporte gratuito entre a partida e a chegada, diploma que se pode tirar do site com o teu tempo e classificação. Que o percurso é linear, entre Algés e Oeiras, sempre ao lado do Tejo, que dá nome à Corrida. Que os dorsais são personalizados, com chip incorporado, que há controlo a meio do percurso. Ficas a saber que há atletas de topo e que a Corrida, com os blocos de partida até te permite caminhar se não tens condições para mais, mas és posicionado na cauda da partida. Que há 3 vagas de partidas. Que o percurso está totalmente fechado ao trânsito. Que os dorsais se entregam apenas nos dias de véspera da prova.

Ficas a saber tudo isto e pensas que sabes tudo. Mas não. Inscreve-te. Através do site da prova, fácil e rápido e sentes que, após esse esse último "clic", por impulso ou após profunda reflexão, acabaste de te comprometer. Com o Tejo, com a Corrida do Tejo e especialmente contigo! 

Treinas. Ou não treinas. Ou treinas muito pouco, como foi o meu caso. A organização promove treinos, fortalece-te a motivação ao longo das semanas. Para estares o melhor possível no dia da prova. Da tua prova. Aproveitas ou não.

Na véspera, ainda na 6ª feira ao fim do dia, vais levantar o dorsal, nas Piscinas do Jamor. Uma mini-feira, um último treino a decorrer, com a animação ao rubro, uma fila considerável  de gente para levantar o dorsal mas uma rapidez surpreendente e num instante estás na tua vez. Um saquinho de cartão do Município de Oeiras, uma t-shirt bonita, do tamanho que pediste aquando da inscrição, de boa qualidade, (não fosse New Balance!), e com corte feminino se fores mulher, o que é sempre um cuidado especial, que eu, como mulher que sou, muito aprecio, o dorsal com o teu nome impresso e o chip incorporado e 4 alfinetes, e ainda panfletos de publicidade e informações importantes para o dia da prova.

E já de dorsal ao peito, no domingo de manhã, deixo o carro em Oeiras, onde a meta está instalada, despeço-me do meu pai que me iria aguardar aí, e corro para a estação de comboio, que gratuitamente para todos os portadores de dorsal, faz o transporte até Algés, local da partida. Um mar de gente enche já o comboio, Quase todos para a Corrida. Já em Algés, aguarda-se agora a hora de partida. Um ou outro reencontro com amigos da Corrida e algum aquecimento. Pouco, que isto é para partir e acabar nas calmas, penso. Entro no bloco dos Sub 60, justificadíssimo pelo tempo feito na distância durante o último ano, mas sabia bem que acabar abaixo da hora seria já um bom feito para mim actualmente. Aliás, fazer a prova sem ser obrigada a caminhar era o meu objectivo, que não cheguei a concretizar. Mas na hora da partida sonhava com 59m59s e acreditava que estavam ao meu alcance. 

A animação é muita a contrastar com as águas serenas do Tejo mesmo ali ao lado. Já vem de longe o Tejo, mais de 1000 Km e está cansado. Apazigua as lutas travadas até aqui chegar e agora, corre serenamente para o Mar e entrega-se nos seus braços por fim. A música desperta-me e o alvoroço agora é muito. Tempo de reflectir, de expelir o nervoso miudinho através de um saltitar de pés ou nuns últimos, curtos e breves alongamentos.

Já está cheia a caixa de partida. É dada a 1ª partida (1ª vaga) e dali a 5 min, é a nossa partida. Imensa gente mas é sempre possível correr. E eu corro! E como me sinto bem a correr! Muita animação pelo caminho. Uma avenida cheia de corredores, completamente fechada ao trânsito. Marcadores de ritmo. O dos 60 min vai ali perto à minha frente, sempre à vista...até o perder de vista, ainda antes de metade da prova feita. O Tejo a correr ao nosso lado. Paz. Alegria. E  serenidade roubada às águas do Tejo, que no bulício da Corrida, me conseguem contagiar e me invadem de paz. Os meus olhos nem sempre pousam nele, mas sei-o ali e eu corro com ele. Com o Rio Tejo! 

Está muito calor e surge em boa hora um abastecimento de água. Música a tocar ao vivo. Chuveiros de água para refrescar. Vou muito bem sensivelmente até meio da prova (passei aos 5 Km com 31min) mas depois...houve por ali qualquer coisa que morreu em mim. A força! A força que uma preparação adequada me teria dado, não estava a ser suficiente para que eu conseguisse manter uma passada de Corrida, por mais lenta que fosse. Caminho, e partir daí até à meta, caminhei alguns períodos, mais do que queria. E estava calor. E aquela marginal, não é plana, já todos sabemos, com excepção de quem só lá passa de carro. E aí quando eu estou a  afundar-me, eis que surge mais um chuveiro para nos refrescarmos. E recomeço a correr. E quando de novo penso em caminhar, um animador, e eles eram tantos, nos gritam: "façam isto por vocês, vocês conseguem, vá lá, façam isto por vocês!!" E se alguém estava "esquecido" da razão que o levou ali, foi de imediato chamado à terra, e o passinho lento de Corrida foi mantido. Não faltou água (2 abastecimentos durante a prova) nem os chuveiros para referescar. E assim, devagarinho, alternando Corrida e caminhada, vou alcançando as placas dos kms, avisto o meu pai e a meta já não estará longe. Sinto que o apoio foi imenso. Muitos animadores, música ao vivo, e muitos atletas. Nunca estamos sós. Por fim, passo ao lado da meta, mas ainda tenho de ir à rotunda dar a volta e aí sim, entrar na recta da meta. Três cronómetros distintos, cada um a registar o tempo de cada vaga de partida. Muita gente e muita animação. Corto a meta! Estou exausta. Feliz por ter conseguido terminar apenas. Temos água, uma peça de fruta e Gatorade. Dão-nos uma medalha, muito bonita, uma medalha de peso, verdadeiramente à altura da Corrida do Tejo. Mas...então mas tem de haver um "mas"?! As pessoas nunca estão contentes, bolas! Bem...eu estou contente! Mas acho que se a medalha nos fosse colocada ao pescoço tinha outro valor e outro sentido, completamente diferente de ser dada com a fita meticulasamente embrulhadinha dentro do saquinho de plástico em ambiente perto do esterilizado, feito à medida. Esta agora! Mas tens sempre de reclamar? Não, eu não estou a reclamar! Estou apenas a sugerir outra forma de entregar a medalha aos finalistas, uma forma bem mais carregada de simbolismo, que nos faz sentir vencedores, gesto que valoriza o nosso esforço e nos faz sentir merecedores, mas isto é a minha opinião, que também valorizo as coisas aparentemente insignificantes. 

E meta cortada, reencontro amigos da minha equipa, foto tirada e é tempo de procurar o meu pai e rumar para casa.

Fui o 5188º participante a cortar a meta, com o tempo de 1h07m47s de um total de 7849.

Esta custou-me sobremaneira. Remete-me  à reflexão e reprogramação de todo um estilo de vida levado ultimamente, e leva-me à promessa de querer voltar para o ano, melhor preparada, o que à primeira vista, não será nada difícil. 

Muitos Parabéns à Organização, a 38ª edição da Corrida do Tejo foi uma excelente prova. A permitir uma boa competição na frente e também cá pelo meio e cauda do pelotão. Uma prova para todos os andamentos, permitindo a todos usufruir da Corrida e das excelentes condições criadas para o fazer.

Não menos importante, a prova teve ainda uma versão para a pequenada, a Corrida do Tejo Kids, que decorreu no sábado no Jamor, em que as receitas reverteram totalmente para a David Vaz Associação, associação cuja missão se prende com a promoção da amizade, do desporto inspirado na ética e na solidariedade, e do encorajamento a apoio de projetos de investigação no âmbito da oncologia. 
Mais uma vez, os meus Parabéns à Câmara Municipal de Oeiras por ter elevado a Corrida do Tejo ao nível da excelência.

Ana Pereira

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Algumas imagens:

Antes da Partida, junto à entrada do bloco "Sub 60", quando acreditava que ia conseguir:

A Partida:
Foto da Organização

Foto da Organização

Foto da Organização

Foto da Organização

"Estação" para refrescar, durante o percurso, uma de entre várias existentes:


A meta já não está longe mas eu vou que não posso...

Meta cortada, aqui junto aos amigos da equipa: Runners da Frente Ribeirinha da Póvoa de Santa Iria











O video da chegada, para ver aqui, minuto 43:27

Até para o ano Corrida do Tejo!

4 comentários:

JoaoLima disse...

Excelente texto (como habitualmente!)

Sem preparação, é complicado mas mais terá sido o facto de ter estado aquele calor todo. Isso é que te deve ter quebrado mais cedo.

É uma boa sugestão a que fazes de colocar a medalha ao pescoço. Há muitos anos atrás, tive uma Meia que correu mal no Porto, cortei a meta decepcionado mas quando me colocaram a medalha, senti que afinal tinha feito qualquer coisa :)

Beijinhos e bons treinos. Força!

Anónimo disse...

Um texto à "Ana Pereira"...uma fotografia excelente do que é, do que foi a Corrida do Tejo.
Ana, o tempo que fizeste foi o possível do momento e com o calor que estava... para o ano já tens um objectivo, fazer menos de 1h que acho que vais conseguir com uns bons treinos adequados.
As lesões que nos surgem de um momento para o outro fazem-nos abrandar ou mesmo interromper os treinos, afectam a nossa melhor forma física e acontece a todos. Para recuperar de uma paragem prolongada e em que muitas das vezes o nosso peso aumenta bastante, temos de ter muita cabeça e paciência. Quem gosta de correr não baixa os braços, lança sempre o desafio de conseguir superar a sua marca anterior ou de voltar à forma que mais deseja (isto para quem tem um espírito competitivo).
Bons treinos amiga.

Bjs.
Fernando Sousa

Filipe Torres disse...

Muito bom texto, como sempre! Engraçado que tenho exactamente a mesma opinião que tu em relação às medalhas. Nunca a recebi dentro de um saquinho, mas se as estão a dar à mão faço sempre questão de me baixar para a meterem no pescoço, nunca a recebo na mão ehehe e que bem que sabe!

Horticasa disse...

Olá minha querida, tenho saudades tuas.
beijinho, eugénia