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sábado, 6 de janeiro de 2018

Estórias que as casas nos contam


As janelas

As janelas permanecem fechadas desde aquele dia. Antes disso, todos os dias pelas cinco da tarde o menino assomava à janela e em bicos de pés encostava a testa à vidraça para ver o pai chegar. O cão, um São Bernardo imponente acompanhava-o sempre. Até àquele dia, em que assistiram ambos ao assassinato do pai, ali mesmo em frente à casa, na estrada. Os gritos do menino e o ladrar enlouquecido do cão ouviram-se pela casa toda, que desde esse dia mantém as janelas e as portadas fechadas. Diz, quem lá passa em certos dias precisamente às cinco da tarde, ainda ouvir os gritos desesperados do menino e o ladrar enraivecido do cão.



2 comentários:

Joaquim Margarido disse...

Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.
(...)

Federico Garcia Lorca

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

Magnífico Joaquim Margarido,
Obrigada por trazeres aqui esse poema, belo e doloroso, que cai sobre as minhas palavras como uma luva. Obrigada por dares a conhecer um pouquinho de Federico García Lorca (nunca tinha lido nada dele nem conhecia)