12 de Maio de 2013
Acontece assim às vezes, a mim e a outros também...
Depois de ter feito o 1º Trilho das Lampas, há uma semana atrás, andei toda a semana muito cansada. Treinei. Devagar e pouco, mas mesmo durante o dia houve sempre um cansaço predominante.
Assim, chego a hoje, domingo, 12 de Maio de 2013 e quando o despertador toca ainda tive aquela tentação tantas vezes cedida no passado, de o desligar e deixar-me ficar. Mas como já sabia que acabaria por me arrepender, lá liguei o guindaste e levantei o corpo da cama.
Chegada a Setúbal e não há uma grande vontade de correr hoje. Não há. Nem o ambiente me altera o ânimo. Sozinha com o meu pai, levanto o meu dorsal e literalmente desapareço. Nem me apetece muito o habitual convívio com os velhos e novos companheiros de corrida. Vou tomar café e vou até ao carro. Também não sobrava muito tempo. Preparo-me e dirigimo-nos de novo para a zona da partida.
Parece que há um silêncio que me cerca e me isola do mundo. Como se estivesse numa bolha protectora e dali não me apetecesse mesmo sair. Há uma nostalgia qualquer misturada com tristeza, com ou sem razão, a atormentar-me o juízo.
Vejo todos e não vejo ninguém. Até que alguém, no meio do multidão, me acena.
A Carla, o Pedro e o filhote. E com aquele aceno e ao chegar-me ao pé deles, é quebrada a tal bolha, quebra-se a nostalgia e lentamente regresso a mim. Sorrisos genuínos, palavras amigas e prazer em rever-nos mutuamente. Logo ali outros amigos que chegam e então já estou de novo em mim. Quebrada a tristeza, chega-me de novo a vontade. De ali estar. De correr. De viver. De ser.
E sem lebre desta vez, corri por mim. Tendo em conta a semana que tinha tido, queria fazer uma prova calma, a rondar as 2 horas. Mas fui-me sentindo bem. O ritmo ia bom. Sofri um bocado nas rectas sem fim e sob o sol quente. Para agravar esqueci-me de pôr protector solar e podem imaginar o meu rosto agora. A sorte foi ter ido com um equipamento bastante tapado senão os estragos seriam maiores.
Não revi o meu pai nas zonas onde deveria estar a tirar fotos durante o percurso e estava um pouco preocupada. Corro ao lado do Sado e gosto. Não gosto do cheiro das fábricas. Gosto dos operários em fato de macaco empoleirados no mundo a baterem-nos palmas e a incentivarem-nos. Gosto da água dos abastecimentos que giro em pequenos goles e faço durar até ao próximo abastecimento, onde deixo a garrafa vazia. Está calor. Revejo muitos companheiros de estrada pelo caminho. Na maior parte do tempo, sigo só comigo. Bem. Relativamente bem. De regresso a Setúbal, não há quebras. Sinto que o esforço é maior devido ao calor, mas o ritmo não quebra e não sofre grandes oscilações.
À medida que me aproximo da meta, procuro com os olhos o meu pai e não o encontro. Corro, corro rápido e aí sim o ritmo altera-se, sendo o último km o mais rápido (5:11). Estou em esforço mas estou bem. O coração está bem. Só me falta o pai. E...a poucos metros da meta, avisto-o! Sorriso aberto instantâneo. Encostado ao portal da meta, aproveitando a sombra, lá está ele a captar imagens, a guardar momentos, valiosos para alguns. Valiosos para mim. Como este, em que o vejo!
Desligo o cronómetro que marca: 1h56m35s. Bom! Sem mais. Simplesmente bom!
Recebo o saco com uma camisola e ... estou feliz. Como um amigo hoje escreveu, foi uma"manhã em grande a funcionar como um fantástico carregador de baterias para mais uma semana".
Agora a Meia de Setúbal, a frio e sem coração:
Organização da Camara Municipal de Setúbal
Apoio Técnico da Xistarca
Inscrições a custo moderado: boa relação qualidade/preço
Prémios de presença: t-shirt técnica
Prémios monetários por classificação
Abastecimentos de água em quantidade suficiente
Percurso bem marcado
Kms marcados
Percurso totalmente vedado ao trânsito
Animação na Partida e na Chegada
Entrega de prémios no local com rapidez
Meios de auxílio médico pelo percurso
Boa prestação das autoridades nomeadamente ao que aos cliclistas diz respeito
Alguns zonas animadas pelo público
Resumo: uma Meia que se realizou pela 24ª vez e que merece a confiança e presença dos atletas para a sua 25ª edição
Fotos da 24ª Meia Maratona de Setúbal, podem ser vistas em:
Na AMMA - Atletismo Magazine Modalidades Amadoras
Da Mafalda Lima - João Lima, aqui no seu album do picasa
De Bip-Bip Runners, aqui - da Carla e do Pedro Carvalho
A todos que nos permitem guardar estes momentos em forma de imagens, o meu muito obrigada:
Antes da prova...por ali, com amigos |
Com Isa e João Lima |
Meu pai, eu, Pedro Carvalho, Carla e filhote |
Agora também com Jorge Góis |
Em que cada um pensa naqueles instantes antes da Partida? Só cada um pode responder... |
Não, eu não roo as unhas... juro! - muito bem apanhado Mafalda! Obrigada! Por esta e por todas as outras! Muito obrigada! |
Durante a prova |
A uns metros da meta, ao ver o meu pai |
António Melro, meu pai, a olhar para o relógio para tentar perceber se estaria na hora de eu chegar |
e já meta cortada... deixando para trás o homem da Cruz Vermelha, presença constante |
Não, o "meu" tempo foi 1h56m35s! |
A confirmar o tempo, ver a pulsação |
E mais um momento só meu |
6 comentários:
Ótima prova, Ana. Parabéns!!! encontrar a família na chegada é muito bom!
bjs do Brasil,
Sergio
corredorfeliz
Que óptima prova Ana, parabéns!
Num dia difícil estiveste à altura. Venha a próxima.
Beijos!!!
De Meia em Meia (Maratona) cá espero vê-la no próximo domingo na Régua.
Força Ana!
Seu fã, Abílio Nunes
Apesar do calor, fez uma marca muito boa.
Bons treinos.
Boa!
Eu vou fazer 10km de trilhos, vamos ver se não saio de lá de ambulância...
Obrigada beijinho
Tendo em conta o teu balanço, parece ter sido uma grande organização.
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